Objetivo: Mostrar que é impossível o cristianismo subsistir sem amor, simplesmente, porque Deus é amor (I Jo. 4.8).
INTRODUÇÃO: O que é o amor? Muitos poetas já apresentaram definições bastante primorosas. Camões disse que “o amor é contentamento descontente, é dor que desatina sem doer”. Na linguagem do cotidiano confunde-se amor com paixão desatinada, ou mesmo com sexo, quando se diz que se vai “fazer amor”. Mas qual o real significado do amor para o cristão? Por que não é tão fácil encontra-lo atualmente?
1. DEFINIÇÕES DE AMOR: A palavra “amor”, refere-se ao relacionamento marital entre um homem e uma mulher (Gn. 24.67). Essa mesma palavra, como se depreende do próprio texto anterior, e de I Rs. 11.1; pode ter conotações sexuais. Mas essa mesma palavra é usada para mostrar o amor entre pais e filhos (Gn. 22.2; 25.28) ou entre amigos (I Sm. 16.21; 18.1,3). Pode ser usada, inclusive, para “gostar” de objetos, tais como Jerusalém (Gn. 27.4,9,14), uma vida longa (Sl. 34.12). É de maior interesse saber que essa palavra é apresentada, no AT, tanto para o amor de Deus pelo homem quanto do homem para Deus (Dt. 5.10; 6.5; 7.9; 10.12; Js. 22.5; 23.11). No grego do Novo Testamento, o significado para “amor” é desmembrado em vários vocábulos. O mais específico é ágape, que, em Jo. 3.16, revela o grandioso amor de Deus pelos homens, e, em I Jo. 3.16, o amor entre os cristãos. Esse é um amor sacrificial, desinteressado, que não busca obter vantagem própria (I Co. 13). Outro verbo é fileo, cujo sentido reflete o sentimento de amizade (Jo. 5.20; Mt. 10.37; Jo. 11.3; Tt. 3.15). Uma outra palavra para “amor”, no grego, que não se encontra no Novo Testamento (apenas na versão grega do AT, a septuaginta), é eros. Os estudiosos costumam dar uma conotação negativa a esse tipo de amor, por associa-lo ao sexo. Contudo, numa perspectiva bíblica, o “eros”, dentro do casamento, é um componente do amor (Hb. 13.4).
2. A FALTA DE AMOR: Nos dias atuais vemos uma ausência de amor, e, Jesus, mostrou que esse seria um sinal dos últimos dias que antecediam a tribulação (Mt. 24.12). Por extensão, entendemos, pelo texto, que um dos principais motivos para falta de amor, tanto dentro quanto fora da igreja, é a multiplicação da iniqüidade. Quanto mais o homem se volta para ele mesmo, dando lugar ao egoísmo, menos chance haverá para o amor. É válido destacar que em Gl. 5.19-22 o amor, como fruto do Espírito, é posto em oposição contra as obras da carne. Assim, é possível afirmar que a ausência do amor é resultado de uma vida distanciada do Espírito. Aqueles que andam na carne, seguindo os princípios da iniqüidade, colherão os frutos que plantarem. É por isso que temos testemunhado uma ausência gritante do genuíno amor, inclusive entre os cristãos. Superabunda o pecado: Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, onde deveriam superabundar amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Todos esses aspectos do fruto do Espírito estão encapsulados pelo amor, a maior, senão a virtude do cristianismo, as demais apenas o acompanham (Jo. 15.10-13; Rm. 12.10; 13.8-10; Gl. 5.13; Ef. 3.17,19; 4.2; 5.2; Fp. 2.7; Cl. 3.14; I Ts. 4.9; II Ts. 3.5; II Tm. 2.2).
3. EM BUSCA DO AMOR INTEGRAL: O amor cristão precisa é sustentado por um tripé: Deus – próximo – a si mesmo. Não se pode privilegiar um detrimento do outro, sob pena deturpação. Aqueles que dizem amar somente a Deus tendem ao fanatismo. Os que dizem amar apenas ao próximo tendem a filantropismo antibíblico. E os que amam apenas a si mesmos tendem ao egoísmo. Por isso, aprendamos, com o Senhor Jesus, o modelo perfeito do amor integral, a amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos. 1) a Deus (Dt. 6.5; Sl. 103.1; Mt. 22.37; Mc. 12.30; Lc. 10.27) – devemos amá-LO com todas as nossas faculdades, inclusive com a mente, isso quer dizer que amar a Deus é também meditar, refletir, pensar, com base na revelação que Ele nos proporcionou. Não podemos esquecer que se podemos amá-lo, hoje, é porque Ele nos amou primeiro (Jo. 3.16; I Jo. 4.9); 2) ao próximo (Lv. 19.18; Mt. 19.19), considerando que este, tanto pode ser um de fora, como o samaritano da parábola (Lc. 10.29-37) quando um doméstico da fé (Rm. 15.2; Gl. 6.10). É válido sempre lembrar a advertência de João como critério para avaliar quem ama verdadeiramente a Deus e ao próximo (I Jo. 4.20); e 3) a si mesmo – não é pecado ter amor próprio, é desejo de Deus que zelemos pela nossa integridade física, psíquica e espiritual (Ef. 5.29; III Jo. v. 2). No entanto, é preciso ser cuidadoso para que o amor próprio não se transforme em egoísmo, o que resultará em carnalidade (Rm. 7.5,18; 8.7-13; Gl. 3.3; 5.13-17,24).
CONCLUSÃO: O amor é característica fundamental do cristão, é justamente por ele que somos conhecidos (Mt. 7.16-20). Mas para que este se concretize, é preciso que haja sacrifício, afinal, Deus provou seu amor quando entregou Seu Filho pelos nossos pecados (Rm. 5.8; Jo. 3.16). Não devemos, porém, pensar que o amor se reduz à caridade, pois, como bem nos alerta Paulo, ainda que entreguemos tudo que tenhamos, e doemos aos pobres, se não tivermos amor, de nada vale (I Co. 13). Quem ama não apenas doa o que têm, doa, sobretudo, a si mesmo. PENSE NISSO!