OBJETIVO: Mostrar que as inovações e modismos atuais precisam ser avaliados à luz dos critérios bíblicos.
INTRODUÇÃO: Aos termos inovações e modismos, de acordo com os dicionaristas, podem-se atribuir os seguintes sentidos: aquilo que é novidade, modo de falar que é aceito no uso, mas não pela gramática. No contexto eclesiástico, essas palavras têm, pelo menos, duas conotações distintas: 1) práticas que não se incorpora com as Escrituras; e 2) atitudes que não se apropriam às tradições de um determinado grupo. Veremos neste estudo, que a Bíblia é o critério que avalia as inovações e modismos, ao mesmo tempo em que destacaremos algumas das práticas atuais que ameaçam a saúde da igreja local.
1. RESTAURACIONISMO JUDAICO: De vez em quando surge um movimento evangélico propondo uma restauração aos princípios originais da Igreja. Nos dias atuais, temos testemunhado a ascensão de um restauracionismo judaico. Seus adeptos justificam que a igreja primitiva era eminentemente judaica, e, por conseguinte, as igrejas, em qualquer parte do mundo, devem assumir práticas judaicas tais como: a guarda do sábado, o ritual da circuncisão e as festas de Israel. Aqueles que defendem esse posicionamento não atentam para o ensinamento bíblico de que o sábado era um concerto exclusivo para o povo israelita (Ex. 31.14-17; Lv. 23.31,32; Ez. 20.12,13). No tocante à circuncisão física, essa é uma prática desconsiderada pelo evangelho (Hb. 8.13; 9.15-17; Mt. 9.16,17; Rm. 2.28,29; I Co. 7.18,19; Gl. 5.6; 6.15). As celebrações das festas judaicas também não fazem qualquer sentido para a igreja cristã. Afinal, Cristo é a nossa páscoa (I Co. 5.7; I Co. 11.20). A festa a que somos instados a celebrar, em comemoração à morte e ressurreição de Cristo, é a Ceia (I Co. 11.20,25; At. 2.42). Ainda nos tempos da igreja primitiva, quiseram atrelar a fé cristã aos rituais judaicos, e, por causa disso, fez-se necessária a instalação de um concílio em Jerusalém (At. 15). Os discípulos de Cristo foram decisivos em não impor maiores encargos sobre a igreja (v. 10,11,28). Em oposição a esse movimento, denominado de judaizante, Paulo escreveu sua Epístola aos Gálatas, na qual ele admoesta a respeito dos perigos de retornar aos rudimentos antigos (Gl. 1.6-9; 3.1-3; 4.9).
2. PROSPERIDADE MATERIAL: As igrejas neopentecostais (e algumas pentecostais) estão aderindo a uma doutrina que, embora pretenda ser bíblica, é, na verdade, resultante de uma visão capitalista do mercado livre. A teologia da prosperidade material chegou ao Brasil sob a influência do estilo de vida americano. Em seu bojo doutrinário, citam passagens isoladas das Escrituras, especificamente, aquelas do Antigo Testamento, nas quais se fala da prosperidade material que Deus havia prometido a Israel (especialmente, a Abraão). Essa teologia, quando analisada a fundo, nem tem qualquer apoio evangélico. A visão de Jesus a respeito do dinheiro é bastante realista, principalmente, ao referir-se a este como um deus-pagão (Mt. 6.24; Lc. 16.13), revelando a insensatez daqueles que se fiam nos seus pertences (Lc.16.1-13), indicando aonde devemos entesourar (Mt. 6.19-21). Paulo também admoesta os cristãos para que não se deixem levar pelo amor ao dinheiro (I Tm. 6.10) e Tiago chama a atenção para aqueles que são controlados pela cobiça (Tg. 4.2,3). O cristão pode buscar alcançar uma condição favorável de vida em gratidão (I Tm. 4.4; 6.17). Mas, diferentemente da visão mundana, não vivemos ansiosos por coisa alguma, fazemos a nossa parte, sem ansiedade (Mt. 6.25-34), tendo o contentamento como meta (I Tm. 1.8), cientes, também, de que precisamos auxiliar aos necessitados (I Ts. 1.11; Ef. 4.28). Afinal, fomos chamados não para acumular riquezas, mas para o amor em sacrifício (I Co. 13; I Jo. 3.16).
3. DESVIOS MINISTERIAIS: A razão de ser do ministério é o evangelho de Cristo (At. 5.42; 8.12,35; 11.20; 17.18; gl. 1.16), tendo, a cruz (I Co. 1.17-25; 2.2) e sua ressurreição (I Co. 15.3,4) como temas centrais. Infelizmente, como nos tempos antigos em que se conduziu a arca do Senhor incorretamente (II Sm. 6.3), vemos, nos dias atuais, uma série de desvios ministeriais que se distanciam do modelo bíblico. Ao invés da pregação da Palavra de Deus (Hb. 4.12), os “animadores de auditório”, diferentemente do apóstolo Paulo, utilizam palavras persuasivas de sabedoria humana a fim de convencer os incautos (I Co. 2.4). As mensagens, ou “tristemunhos” que põem em evidência muito mais a experiência do que a revelação bíblica, estão longe do cristocentrismo que vemos na mensagem evangélica (Mc. 8.45; 10.29; I Co. 1.18; Cl. 2.14,15). Esses supostos pregadores nada conhecem de Bíblia, por conseguinte, apelam para o discurso mundano da auto-ajuda, não atentando para a doutrina da santificação (II Co. 5.17; I Ts. 4.4; II Tm. 2.20,21). Postulam também que os crentes não podem sofrer, mas esquecem que Cristo (Jo. 16.33) e Paulo (II Tm. 3.12) ensinam que as perseguições fazem parte do discipulado. Diferentemente de Jesus, esses pretensos ministros trabalham com vistas à promoção pessoal, visando lucros e cobrando “cachês” exorbitantes, sem levar em conta que devemos dar, de graça, o que de graça recebemos (II Co. 11.7). Ainda que, não devemos esquecer que a igreja do Senhor deva contribuir, de bom grado, com o ministério daqueles que militam, com amor e dedicação à causa do Mestre, principalmente, no que diz respeito à palavra e à doutrina (I Tm. 5.17,18).
4. LITURGIA DO ENTRETENIMENTO: A palavra liturgia diz respeito ao conjunto de elementos e práticas do culto religioso. Cada religião tem seu sistema próprio de adoração. Após a saída do Egito, os israelitas quiseram copiar a liturgia do culto daquele povo, construindo um bezerro de ouro (Ex. 32.4). Nos dias atuais, algumas igrejas locais também estão copiando o mundo, imitando seu hedonismo(prazer individual imediato), provendo um tipo de liturgia que enfatiza muito mais o entretenimento do que a adoração a Deus. A maioria dos hinos(músicas), está muito longe daqueles de que fala Paulo em Cl. 3.16; Fp. 4.8 e I Co. 10.31. Têm como objetivo celebrar a criatura ao invés do Criador. Temos testemunhado uma verdadeira dessacralização(tirar o carater sagrado), isto é, uma apostasia da fé através da música (I Tm. 4.1). O púlpito está sendo transformado em show, o artista em deus, sem falar que muitos ainda pagam para participar. Será que uma análise dos shows, tão em moda atualmente, resiste a um confrontamento bíblico com I Co. 14.26? Será que todos os elementos do culto podem ser encontrados nos show: cântico, Palavra e dons do Espírito? Essas celebrações litúrgicas, na verdade, resultam do pragmatismo pós-moderno, na tentativa de facilitar as coisas (Mt. 7.13,14). Por não suportarem a sã doutrina (II Tm. 4.3), não há mais espaço para a exposição continuada da Escritura, fonte de iluminação para a igreja (II Tm. 4.3); Sl. 119.130; Rm. 10.17). Deus nos livre de nos rendermos ao pragmatismo de Arão, construindo, com a aprovação do povo, um bezerro de ouro para ser adorado. Antes sejamos como Moises que, em seu zelo santo, se opôs aquela liturgia do entretenimento (Ex. 32.19,20).
CONCLUSÃO: A igreja local, deva pedir sabedoria a Deus para não adotar atitudes extremadas em relação às mudanças. Para tanto, faz-se necessário avaliar os movimentos que se instauram no seio da congregação à luz da viva e eficaz Palavra de Deus (Hb. 4.12). Só assim estaremos preservando a sã doutrina, o ensinamento genuinamente cristão (I Tm. 4.16; 6.3,4; II Tm. 4.2,3; Tt. 2.1; Hb. 6.1). PENSE NISSO!