Textos: Sl. 54.6 – Fp. 4.14-23
INTRODUÇÃO: Destacamos no estudo anterior que Paulo aprendeu a se contentar com o que tinha em todas as circunstâncias, tendo em vista que a fonte da sua alegria era Cristo, não as condições materiais, nem mesmo a oferta dos filipenses. Hoje nos voltaremos para a apreciação do Apóstolo em relação à contribuição daqueles irmãos. Mostraremos que ele recebeu o suprimento como um sacrifício agradável a Deus, colocando o foco não nele mesmo, mas em Deus, sendo Este o Único digno de honra e glória.
1. O RECEBIMENTO DA OFERTA POR PAULO: Paulo recebeu a oferta dos cristãos filipenses com gratidão, não com um espírito de ganância, como muitos líderes cristãos contemporâneos. Como ele mesmo expressou em Fp. 4.17, seu foco não estava nos presentes. Ele havia aprendido o segredo do contentamento, esse mistério que se encontra em Cristo, a fonte da verdadeira alegria. Essa é uma demonstração de maturidade, nem todos a alcançaram. Há obreiros totalmente dependentes das circunstâncias, que se distraem com qualquer tribulação. Esses certamente passarão por muitas provas, até que sejam capazes de tirar as lições dadas por Deus através do Apóstolo. A escola de Deus é o inverso da humana, primeiro passamos pela prova, depois extraímos a lição. Somente aqueles que passam por esse aprendizado podem dizer como Paulo: “tudo posso em Cristo que me fortalece” (Fp. 4.13). Quando o cristão chega a esse nível de maturidade, então é capaz de depender de Deus, e colocar nEle sua confiança. Tal como o salmista, poderá afirmar: o Senhor é o meu pastor e de nada tenho falta (Sl. 23.1). Essa é a tradução aproximada do texto no hebraico, o Senhor, de fato, é nosso Pastor, mesmo que falte alguma coisa, Ele é nossa suficiência. Para o obreiro que confia em Deus, as ofertas que chegam às suas mãos são sacrifícios, agradáveis a Deus. Primeiramente porque sabe que se trata de uma provisão de Deus, a expressão de renúncia dos irmãos. Além disso, é uma demonstração de generosidade, atitude pouco comum, em virtude da natureza egocêntrica do ser humano. Paulo diz aos crentes filipenses, e por extensão, a nós, que Deus supre as necessidades daqueles que contribuem para a obra do Senhor. De vez em quando alguém quer se apropriar indevidamente de Fp. 4.19, requerendo o suprimento das necessidades, sem predisposição para o sacrifício da oferta. O agricultor investe alguns grãos na terra, a fim de, no futuro, possa colher o seus frutos, assim acontece com aqueles que contribuem para o crescimento do Reino de Deus (II Co. 9.6). Em uma sociedade que endeusou Mamom, curvando diante do Mercado, é um sacrifício ofertar, mas essa é uma demonstração de submissão ao senhorio de Cristo (Mt. 6.24).
2. COMO SACRIFÍCIO AGRADÁVEL A DEUS: Deus ama aqueles que entregam suas ofertas com alegria, não porque são coagidos a fazê-lo, mas com generosidade (II Co. 9. 7). Paulo reconheceu que a atitude dos cristãos Filipenses era um exercício de sacrifício. Esse é um sentimento que precisa ser cultivado pelos obreiros do Senhor. Nem todos atentam para o fato de que muitos abrem mão do pouco que ganham para investir no Reino. Em uma sociedade de consumo, na qual todo dinheiro é pouco, somente os que são fiéis a Deus podem ser generosos. Os obreiros, ao invés de coagir os crentes à doação, devem orientá-los, ao desprendimento. Ao mesmo tempo, serem compreensíveis, e motivando aqueles que têm dificuldade para tal. Eles precisam ser ensinados que na medida em que doam ao outro, menos colocam o foco em neles mesmos. É o que faz Paulo em Fp. 4.17, inicialmente revela que seu propósito maior não é a dádiva, mas o aumento da conta espiritual dos cristãos. O Apóstolo faz uso de uma metáfora contábil, o verbo grego pleonazein, traduzido por “que aumente”, mostra que os crentes têm um banco espiritual no qual precisam investir. Jesus também ensinou Seus discípulos a depositarem não apenas o dinheiro, mas a fé, na eternidade (Mt. 6.19,20). A oferta é um ato espiritual que tem uma dimensão escatológica. Aqueles que o fazem com alegria estão mostrando, não apenas a Deus, mas a eles mesmos, que miram em riquezas eternas. Os líderes da teologia da ganância têm explorado essas passagens bíblicas para explorarem seus adeptos. A teologia da barganha tem campeado nos arraias pseudopentecostais. Os cristãos precisam ter cuidado com esses lobos devoradores (II Co. 12.14-18). Por outro lado, não podem deixar de reconhecer que aqueles que ofertam ao Senhor, exercitam a generosidade, se o fizerem com alegria. As Contribuições devem ser entregues à igreja, mas isso não exime o cristão de atentar para os necessitados. Lembremos, pois, da orientação do sábio: “quem se compadece do pobre ao Senhor empresta” (Pv. 19.17), e que “mais bem-aventurado é dar do que receber” (At. 20.35).
3. TUDO PARA A GLÓRIA DO DEUS: A igreja de filipos supriu as necessidades de Paulo, não os desejos, que são coisas totalmente diferentes. Há muitos líderes, e também liderados da igreja, que querem ter todas as suas vontades satisfeitas. Mas Jesus nos ensinou a orar pedindo “o pão nosso de cada dia”, não tudo o que desejamos (Mt. 6.11). Estar atento às necessidades, e diferenciá-las dos desejos, é uma forma de dar glória a Deus. Na verdade, tudo que nos acontece, deve ser motivo de glorificar o Deus de providência. Lutero dizia que muitas pessoas chegam diante de Deus somente com os cestos vazios. Tal como os nove leprosos curados por Jesus, não retornam para agradecer (Lc. 19.11-19). Em consideração à generosidade dos filipenses, Paulo impetra sobre eles as bênçãos divinas. Ele invoca a graça do Senhor Jesus Cristo, para que essa esteja com eles (Fp. 4.23). Isso porque o tratamento de Paulo para com os filipenses está baseado na graça, o favor imerecido de Deus. Diferentemente dos líderes religiosos que tentavam se infiltrar naquela igreja, ele tinha amor pelo rebanho de Deus, e não fazia imposições legalistas. Ele saúda “a todos os santos em Cristo Jesus”, esse é o fundamento da comunhão cristã, sem ela imitamos o mundo, em suas hierarquias e relações de negociação. Os santos que estavam com Paulo também enviaram saudações aos filipenses, principalmente os que estavam “na casa de Cesar” (Fp. 4.22). O evangelho de Jesus Cristo estava sendo disseminando até mesmo no seio do império romano. Esse era um espaço inóspito, repleto de traições, opressão e violência. Mas o senhorio de Cristo estava tomando lugar entre os súditos do imperador, vidas estavam sendo transformadas naquele antro de dissolução. O lugar dos cristãos não é escondido em guetos, ou em clausuras, mas no mundo, para nele serem sal e luz (Mt. 5.13-15). Paulo compreendeu que sua prisão em Roma era uma oportunidade, não uma adversidade, para que o evangelho se espalhasse a partir daquele grande centro.
CONCLUSÃO: Como Paulo, devemos, no mundo, agir como súditos do Reino de Cristo, certos de que somos embaixadores de uma pátria celestial. Essa não é uma tarefa fácil, na verdade, é desafiador proclamar uma mensagem que é considerada ultrapassada pela sociedade moderna. Mas devemos, com amor, investir esforços e recursos, para a expansão da mensagem de Cristo até aos confins da terra (At. 1.8). Para tanto é preciso demonstrar generosidade, na contribuição para com aqueles que estão além-fronteiras, trabalhando na seara de Cristo, esses devem ser objeto da nossa consideração, e não poucas vezes, sacrifício, inclusive financeiro. PENSE NISSO!
Deus é Fiel e Justo!