Textos: Pv. 10.22 e Pv. 3.9,10; 22.3; 24.30-34
INTRODUÇÃO: No estudo desta semana trataremos a respeito de dois assuntos fundamentais para o cristão: trabalho e prosperidade. O livro de Provérbios contém vários ensinamentos a esse respeito, por isso, abordaremos alguns aspectos desses tópicos com base nesse compendio de sabedoria. Ao final, avaliaremos tais ensinamentos a partir da visão cristã do trabalho e da prosperidade. Destacaremos a necessidade de uma vida que sacralize cada instante de nossas vidas, inclusive o trabalho e os recursos financeiros.
1. O TRABALHO EM PROVÉRBIOS: O livro de Provérbios apresenta algumas orientações práticas em relação ao trabalho, que não podem ser desprezadas pelos cristãos da atualidade. As palavras do sábio destaca que o homem tem a responsabilidade de trabalhar, mais que isso, através dele adquirir o sustento para a vida, especialmente o alimento (Pv. 12.11; 16.26; 28.19). As declarações sapienciais do autor remetem ao princípio, quando Deus estabeleceu o trabalho como uma atribuição para o homem (Gn. 2.15). Por isso, deixar de trabalhar é uma demonstração de falta de entendimento (Pv. 12.11), cujo final é a morte (Pv. 21.25). Justamente por esse motivo, o sábio instrui seus leitores para que saibam discernir a ordem de prioridades na vida, que façam a diferença entre o que deve ter proeminência, e o que pode ser postergado (Pv. 10.5). O planejamento ocupa lugar primordial em Provérbios (Pv. 16.1), fazer as coisas no momento certo é fundamental, mas é preciso também se preparar previamente (Pv. 21.5). Para o autor de Provérbios, o lucro é resultado do trabalho árduo (Pv.14.23), e aquele que não demonstra presteza para o trabalho é equiparado ao destruidor (Pv. 18.9), que conduz a pobreza (Pv. 13.23). A diligência é uma característica fundamental para o êxito no trabalho (Pv. 12.24), aqueles que semeiam a preguiça colherão a necessidade (Pv. 22.13). Mas aqueles que trabalham ceifarão os dividendos do seu esforço (Pv. 12.14), principalmente se demonstrarem habilidade naquilo que fazem, receberão reconhecimento e recompensa (Pv. 22.29). Mas é preciso que o trabalho seja desempenhado com honestidade, principalmente quando envolver sociedade nos negócios (Pv. 16.11; 29.24). A confiança nas relações comerciais advém da honestidade, a desconfiança pode minar qualquer intento (Pv. 14.25). O autor de Provérbios mostra preocupação em relação aos necessitados, a fim de que esses tenham assistência, os direitos deles devem ser garantidos (Pv. 22.28).
2. A PROSPERIDADE EM PROVÉRBIOS: Em Provérbios, a pobreza está relacionada à preguiça, a falta de diligência diante das decisões (Pv. 6.9-11; 20.13; 24.34), mas também à indolência (Pv. 19.15), indisciplina (Pv. 24.34), injustiça (Pv. 13.21-23), opressão (Pv. 14.31; 17.5; 22.16). Nesse livro a propriedade privada é incentivada, os bens devem ser desfrutados com sabedoria. Existem vantagens na riqueza, contanto que essas sirvam 1) como fonte de ajuda aos necessitados (Pv. 27.26,27); 2) para proteger do desastre e da tentação (Pv. 10.15; 30.9); e 3) como meio de adquirir amigos e honras (Pv. 14.24; 19.4; 14.20). Mas essas mesmas riquezas podem provocar um falso sentimento de segurança, pois aqueles que confiam apenas em seus pertences cairão em ruína (Pv. 11.28;23.5), principalmente se esses forem usados para substituir a integridade (Pv. 22.6; 16.8). A prosperidade é importante, pois o Senhor abençoa com riqueza (Pv. 10.22), mas não se compara com a justiça (Pv. 15.6). Nem toda riqueza, principalmente aquela adquirida com desonestidade, vem do Senhor (Pv. 13.11; 15.16; 16.8). A aquisição de bens deve ter um propósito, o principal deles é viver com justiça (Pv. 10.2,3; 15.16). O autor de Provérbios apresenta orientações quanto aos usos dos recursos, não se deve viver com ostentação (Pv. 12.11; 21.17,18; 23. 20,21) A prática da liberalidade é recomendada nesse livro, o acúmulo de riquezas, em detrimento dos mais pobres, é uma prática do capitalismo selvagem. O cuidado para com os mais pobres é uma maneira de honrar a Deus (Pv. 3.5; 19.17; 22.9; 28.27). Ao longo desse livro, o sábio destaca a importância de se voltar para os mais carentes (Pv. 14.21, 31; 17.5; 19.17; 22.9,16,22), tratando-os com generosidade (Pv. 11.24; 19.6). Até mesmo os inimigos devem ser socorridos nas horas de privação (Pv. 25;21,22).
3. TRABALHO E PROSPERIDADE: A Bíblia ensina que: 1) o trabalho é uma ordenança divina (Gn. 1.28; 2.15); 2) que assim devemos fazer enquanto vivermos (Gn. 3.19); 3) que não necessariamente o trabalho é uma punição (Ec. 2.24,25); 4) que devemos trabalhar em obediência, não apenas ao empregador, mas também a Deus (Cl. 3.22); 5) que qualquer trabalho, independentemente da atribuição, deve ser feito com excelência (Pv. Ef. 6.6,7); 6) que nenhum trabalho honesto é desonroso (I Co. 10.31); e 7) esse pode ser uma oportunidade para o testemunho (Mt. 5.16). Isso porque os cristãos são sal da terra e luz do mundo, por isso não apenas na igreja, mas também no trabalho, devem dar exemplo (Mt. 5.13-16; I Pe. 2.12). Não devemos fugir do trabalho, pois no mundo em que vivemos, temos a responsabilidade de trabalhar, e prover o sustento para as nossas famílias (I Ts. 3.9), se assim não fizermos, seremos piores que os infiéis (I Tm. 5.8). Mas é preciso ter cuidado com as prioridades, a justiça, e não propriamente as riquezas, deve ser o objetivo principal (Pv. 11.4, 28; 16. 8). A Palavra de Deus nos ensina que Deus não está fora do nosso trabalho. Muito pelo contrário, ela admoesta a sacralização de tudo o que fazemos. A distinção entre trabalho eclesiástico e secular é um equívoco. A diferença mais apropriada seria entre o trabalho cristão e o profano, o primeiro glorifica a Deus, o último O envergonha. Quando o cristão desempenha suas funções no trabalho com responsabilidade, demonstra que está comprometido com Deus. Jesus é um exemplo para aqueles que servem a Deus, Ele afirmou que o Pai trabalhava e que fazia o mesmo (Jo. 5.17). Paulo, o apóstolo dos gentios, também trabalhou, e recomendou para que os cristãos agissem de igual modo (II Ts. 3.7-10). Recomendamos, no entanto, cautela para não se tornar escravo do trabalho, vivendo em constante ansiedade a respeito do futuro (Mt. 6.34). Na medida em que trabalhamos devemos aprender a viver contentes (I Tm. 6.6), e não apenas satisfazer nossas necessidades, também a dos outros (Gl. 6.2).
CONCLUSÃO: Ao contrário do que prega o mundo, o trabalho não é uma maldição, mas uma criação divina, o próprio Deus trabalha. Ele também nos criou para o trabalho, o fardo é resultado do pecado, da desobediência (Gn. 3.17-19). Em Cristo, podemos aprender a desfrutar do trabalho, mais que isso, nossas atribuições devem ser desempenhadas com responsabilidade, sempre buscando a excelência (Cl. 3.17). Principalmente se o produto do nosso trabalho servir para a difusão do reino de Deus, e para o sustento da família, e daqueles que se encontram em condição de necessidade. PENSE NISSO!
Deus é Fiel e Justo!