Texto: Eclesiastes 3.1-8
INTRODUÇÃO: Muitos filósofos denominam os
nossos dias de "a era do vazio e das incertezas". Há uma explicação
para isso: a rejeição à tradição bíblica propagada pelo Cristianismo. Podemos
perceber o desencadeamento desse processo na relativização da ética e na total
rejeição à verdade absoluta. Neste ambiente de contradições filosóficas não
existe verdade, e sim "verdades" desprovidas de qualquer sentido.
O livro de Eclesiastes mostra a
crise de um homem que vive a falta de harmonia existencial que hoje
presenciamos. Procurando viver intensamente a vida, ele mergulhou num mundo
duvidoso e sensual, para descobrir que a vida sem Deus é um mergulho no vazio e
uma corrida atrás do vento.
I. ECLESIASTES, O LIVRO E A
MENSAGEM
- Datação
do livro.
Estudos indicam que o relato dos fatos ocorridos em Eclesiastes podem ser
datados por volta do ano 1000 a.C., período no qual o rei Salomão
governava Israel. De fato, o próprio Eclesiastes diz ser o rei Salomão o
autor da obra sagrada (Ec 1.1, cf. v.12).
- Conhecendo
o Pregador. Salomão
identifica-se como o pregador, traduzido do hebraico qoheleth (Ec 1.1,12).
A palavra "pregador" deriva de qahal, expressão que possui o
sentido de "reunião" ou "assembleia". A Septuaginta
(que é a tradução da Bíblia Hebraica para o grego) traduziu qoheleth pelo
seu equivalente grego ekklesia, daí o nome Eclesiastes: uma referência a
alguém que fala, ou discursa, em uma reunião ou assembleia.
O pregador foi Salomão, que já
estava velho, mas tinha uma visão bem realista da vida. Conforme registradas em
Eclesiastes, e embora retratem um período de declínio político, moral e
econômico de Israel, suas palavras apontam para Deus como a única fonte de
satisfação, realização e felicidade humana.
II. DISCERNINDO OS TEMPOS
- A
transitoriedade da vida. Um tema bem claro em Eclesiastes é o da
transitoriedade da vida. Ela é efêmera, passageira. E Salomão estava
consciente disso (Ec 1.4). Sendo a vida tão curta, que "vantagem tem
o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol?" (Ec
1.3). Esse é o dilema que Salomão procura responder.
A vida é passageira, dura pouco.
Por isso, muitos buscam satisfazer-se de várias formas. Há os que acham que a
sabedoria resolverá o seu problema (Ec 1.16-18; 2.12-16). Outros buscam preencher
a sua alma com os prazeres dessa existência (Ec 2.1-3). Ainda outros recorrem
às riquezas (Ec 2.4-11). E, por último, há aqueles que se autor realizam no
trabalho (Ec 2.17-23). Tudo é vaidade! O centro da realização humana não está
nessas coisas.
- A
eternidade de Deus. Cerca de 40 vezes o Pregador refere-se a Deus no Eclesiastes. Ele o
identifica pelo nome hebraico Elohim, o Deus criador. Isto é proposital,
pois Salomão alude com frequência àquilo que acontece "debaixo do
sol" (Ec 1.3,9,14; 2.18). É debaixo do sol que está a criação; é
debaixo do sol que o homem se encontra.
Mas o Pregador tem algo mais a
dizer. Ele quer destacar o enorme contraste entre a criação e o Criador, mais
especificamente entre Deus e o Homem. Deus é eterno, onipotente, auto existente,
enquanto o homem é finito, frágil e transitório. Por ser mortal, o homem não
deve fixar-se apenas nas coisas dessa vida, pois o Deus Eterno pôs a eternidade
em seu coração (Ec 3.11 - ARA).
III. - O TEMPO E AS RELAÇÕES
INTERPESSOAIS
- Na
família. O
Eclesiastes ensina que uma das características de nossa vida é a
brevidade. Por isso, devemos usufruir com intensa alegria, juntamente com
o nosso cônjuge e filhos, dos bens que o Senhor nos proporciona (Ec
9.7-9), pois a vida pode rapidamente se acabar.
Nesse capítulo, Salomão refere-se
a vários itens que eram usados pelos israelitas em ocasiões festivas (Am 6.6;
Ct 1.3; 2 Sm 14.2; Sl 104.15). O que isso significa? Antes de mais nada, que o
nosso lar deve ser uma permanente ação de graças a Deus por tudo o que Ele nos
concede.
Nossa casa deve ser um lugar de
celebração. Desfrutemos, pois, as alegrias domésticas em companhia da esposa
amada (Ec 9.9). A metáfora tem uma mensagem bastante atual: a família cristã,
sem recorrer às bebidas alcoólicas e outras coisas inconvenientes e pecaminosas
(Ef 5.18), pode e deve alegrar-se intensamente. A vida do crente não precisa
ser triste.
- No
trabalho. O
trabalho não deve ser um fim em si mesmo. Quando ele é o centro de nossa
vida transforma-se em fadiga (Ec 5.16,17). Mas quando deixa de ser um fim
em si mesmo, passa a ter real significado, tornando-se algo prazeroso, não
pesado (Ec 5.18).
A palavra traduzida do hebraico
samach é "gozar", evocando regozijo e alegria. Isto significa que o
nosso local de trabalho deve ser um lugar agradável e alegre, fruto das
relações interpessoais sadias.
O relacionamento familiar do
crente deve ser intenso, assim como o trabalho deve ser uma atividade prazerosa
e agradável.
IV. - ADMINISTRANDO BEM O TEMPO
- Evitando
a falsa sabedoria e o hedonismo. A busca pelo conhecimento tem sido o alvo do
homem através dos séculos. Salomão também empreendeu essa busca (Ec
1.17,18). Mas quem procura o conhecimento desperta a consciência em
relação ao mundo ao seu redor, e é tomado por um sentimento de impotência
por saber da própria incapacidade de melhorar a natureza das coisas. Nesse
aspecto, a busca do conhecimento, como o objeto de realização pessoal,
pode conduzir à frustração.
Semelhantemente, a busca por
prazer, por si só, configura uma prática hedonista e contrária a Deus (Ec
2.1-3). Muitos são os que buscam a satisfação no álcool, drogas, sexo etc. Tudo
terminará num sentimento de vazio e frustração. Quem beber dessa água tornará a
ter sede (Jo 4.13). Somente o Evangelho de Cristo pode satisfazer plenamente o
ser humano.
- Evitando
a falsa prosperidade e o ativismo. Em Eclesiastes 2.4-11, Salomão desconstrói a
ilusão daqueles que buscam, nos bens terrenos, a razão fundamental para a
vida. A falsa prosperidade leva o homem a correr desenfreadamente para
acumular riquezas, alcançar elevadas posições na sociedade e obter
notoriedade e fama. Tudo isso, conclui o sábio, é correr atrás do vento.
Por outro lado, e não menos
danoso, é a prática de um ativismo impiedoso, que pode estar nas esferas da
profissão ou de qualquer outra prática (Ec 2.17-23). Isso também é correr atrás
do vento. O trabalho, quando empreendido racionalmente, não nos desumaniza, mas
nos faz crescer como pessoas.
CONCLUSÃO: Vimos que há um tempo para todas
as coisas! Esse tempo é extremamente precioso para ser desperdiçado! Por conta
da transitoriedade da nossa existência, devemos saber usar bem o nosso tempo,
seja buscando conhecimento, seja desfrutando da companhia de nossos familiares
e, principalmente, servindo ao Senhor. Somente Deus é eterno e somente Ele deve
ser o centro de nossa busca. PENSE
NISSO!
Deus é Fiel e Justo!