Textos: Ex. 23.1 – Ex. 20.16; Dt. 19.15-20
INTRODUÇÃO
O nono mandamento tem a ver com a verdade, trata-se de um alerta necessário nos dias atuais, em que a mentira tenta prevalecer. No estudo desta semana abordaremos a temática bíblica do falso testemunho. Em seguida, nos voltaremos para os males da mentira, e suas trágicas consequências. Ao final, mostraremos a importância de falar a verdade, sobretudo relativizando a Palavra de Deus, mesmo que no contexto social a mentira seja assumida como verdade.
1. O FALSO TESTEMUNHO
Esse é um mandamento que tem relação direta com o contexto jurídico. A testemunha mentirosa era abominação aos olhos de Deus. A palavra hebraica para esse mandamento é shaqar, usada especificamente para o falso testemunho em situações de juízo. Havia outra palavra hebraica, kachash, essa mais ampla, que se referia a qualquer tipo de mentira. Assim, esse mandamento poderia muito bem ser traduzido como: “não mentirás em juízo”. O objetivo desse mandamento era evitar abusos na condenação, e evitar que a pessoa fosse punida inocentemente. Por isso, o próprio Deus destacou que ninguém poderia ser condenado a menos que mais de uma testemunha atestasse o pecado (Dt. 19.15). Essa recomendação se aplicava principalmente nos casos de penas capitais, nos quais ninguém poderia ser condenado com base em apenas uma testemunha (Nm. 35.30; Dt. 17.6). Na execução da pena, aquele que acusasse o transgressor, deveria ser o primeiro a apedrejá-lo (Dt. 17.7). Esse procedimento responsabilizaria a testemunha, na medida em que possibilitaria sua execução, caso a pessoa fosse morta indevidamente (Dt. 19.18,19). Ao longo da Bíblia, a verdade tem proeminência sobre a mentira, por isso o salmista afirma que aqueles que falam a verdade, e não difamam com a língua, habitarão no tabernáculo do Senhor (Sl. 15.1,-3). A mensagem dos profetas também é contundente contra o falso testemunho, por isso cada um deveria falar a verdade (Zc. 8.16). Dentre os profetas, Oséias critica os israelitas, acusando-os de mentirem irresponsavelmente (Os. 4.2).
2. OS MALES DA MENTIRA
A mensagem de Tiago é confrontadora em relação ao perigo da mentira, considerando que esse é um dos males provocados pela língua (Tg. 3.6). Alguns cristãos não calculam os males que essa pode causar, seus estragos podem ser irreparáveis. Por isso também Paulo, em suas epístolas, admoesta as igrejas para fugirem da mentira (II Co. 12.20; Ef. 4.31). O livro de Provérbios traz sérias advertências em relação ao uso indiscriminado das palavras (Pv. 22.1). A fofoca, ao que tudo indica, é um dos males que não está apenas na televisão. Muitos cristãos estão usando a língua para difamarem os irmãos, em alguns casos sem lhes dar o direito à defesa. Mas é preciso ter cuidado também com aqueles que se aproximam com palavras lisonjeiras, pois na verdade estão querendo conduzir as pessoas à cova (Pv. 18.18). Jesus foi categórico quanto aos males da língua, por isso orienta que melhor que falar de alguém, é preferível ir até ele e discutir o assunto (Mt. 18.15). O Senhor também destacou que Satanás é mentiroso, na verdade é o pai da mentira (Jo. 8.44). Esse é o motivo pelo qual Deus odeia tanto o engano, e o abomina entre os fiéis (Pv. 6.16-19). Ananias e Safira pagaram o preço pela mentira, a hipocrisia deles, manifestada pela mentira, os levou à morte (At. 5.1-4). De igual modo muitos estão indo à ruina por causa das suas mentiras. Elas são tão maléficas que aqueles que a proferem ficarão de fora da cidade celestial (Ap. 21.8).
3. A VERDADE PREVALECE
Os cristãos devem ser reconhecidos por falarem a verdade, para tanto não podem pactuar com o falso testemunho (Mt. 5.37). Jesus ressaltou que aqueles que são dEle tem uma relação íntima com a verdade (Jo. 18.37), isso porque Ele mesmo é a Verdade (Jo. 14.6). Como seguidores da Verdade encarnada, devemos mostrar identificação com Ele, seguindo Seu exemplo (I Pe. 1.15,16). Por isso Paulo, em sua Epístola aos Efésios, conclama os cristãos a abandonarem a mentira, e a falarem a verdade entre eles (Ef. 4.25). Mas a verdade não precisa ser falada de modo grosseiro, não podemos esquecer que podemos falar a verdade em amor (Ef. 4.15). Por viverem na verdade, os cristãos devem ser modelos de confiança, e ter cuidado para não relativizar os absolutos de Deus, conforme faz essa sociedade caída. Há muitos que estão pactuando uma ética diferenciada daquela exarada nas Escrituras. O Senhor adverte àqueles que querem transformar a mentira em verdade (Is. 5.20 ). Os fariseus do tempo de Jesus mentiam com suas vidas, exigiam das pessoas o que eles mesmos não praticavam (Mt. 23.27.28). A mentira pode ser demonstrada não apenas por meio das palavras, mas também através das vidas daqueles que desobedecem à palavra de Deus. Há cristãos com uma vida dupla, eles agem diferentemente, dentro e fora da igreja. Exige-se dos cristãos coerência, se falam a verdade, devem também viver na Verdade.
CONCLUSÃO
A mentira campeia na sociedade, e não poucas vezes, por se repetir tanto, acaba sendo absolvida como verdade. Mas os cristãos têm um critério para diferenciar a verdade da mentira, a Palavra de Deus. Com base nesta, devemos nos posicionamos em conformidade com Cristo, falando sempre a verdade em amor. O testemunho do cristão é sincero em seus relacionamentos, porque Ele se encontra debaixo do senhorio de Cristo, a Verdade que liberta (Jo. 8.32).