Texto Áureo: Ef. 5.18 – Leitura Bíblica: Lv. 10.8-11; I Tm. 3.1-3
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos a respeito da importância de manter a sobriedade na obra de Deus. Veremos, inicialmente, que o uso da bebida forte, pelo que se infere do contexto, foi a causa de Nadabe e Abiu terem oferecido “fogo estranho” no altar divino. Ao final da aula, destacaremos a necessidade de manter a sobriedade, especialmente aqueles que exercem a liderança, inclusive no contexto eclesiástico.
1. A BEBIDA FORTE NA BÍBLIA
Existem várias passagens bíblica a respeito da bebida forte, e na maioria dos casos se refere especificamente ao vinho, amplamente consumido ainda no Antigo Testamento. A palavra hebraica é shekar que pode ser traduzida como bebida alcoólica destilada, ainda que esse processo somente tenha sido desenvolvido por volta de 500 d. C. Em Lv. 10.9 esse é o termo usado para proibir o uso de bebida forte pelo sacerdote no exercício do ministério. A proibição também era extensiva aos nazireus (Nm. 6.2,3), e especificamente a mãe de Sansao, antes de seu filho nascer (Jz. 13.3,4). Os Israelitas, de maneira geral, deveriam evitar a bebida forte, pois Deus não havia dado essa bebida, durante a peregrinação pelo deserto (Dt. 29.5). Os profetas do Antigo Testamento foram contundentes na condenação da bebida forte – que em alguns casos pode ser traduzida por cerveja. Isaias menciona oito vezes, pronunciando ais sobre aqueles que a tomam (Is. 5.11), o profeta Miquéias observou que as pessoas desejavam precisamente esse tipo de líder, que apoiava o consumo desse tipo de bebida (Mq. 2.11). Nos livros poéticos, especialmente em Provérbios, ocorre o uso da palavra hebraica yayin, com uma conotação negativa, reprovando o uso indiscriminado do vinho. A reprovação ao consumo do vinho está fundamentada nos fins desastrosos: como na embriaguez de Noé (Gn. 9.21); Ló (Gn. 19.32-35), Nabal (I Sm. 25.36,37), Amnon (II Sm. 13.28), Belsazar (Dn. 5.1-3) e Assuero (Et. 1.1-10). Em todos esses casos, o consumo do vinho resultou em efeitos físicos imediatos, identificados em Pv. 23.29-35, por resultar em pobreza (Pv. 21.17) e violência (Pv. 4.17).
2. ADVERTÊNCIA À LIDERANÇA ECLESIÁSTICA
No Novo Testamento, Paulo adverte aos crentes de Éfeso para que não se entreguem aos bacanais daqueles tempos, resultantes da embriaguez do vinho (Ef. 5.18). Ele já havia orientado aos crentes de coríntios para que esses não se deixassem controlar por coisa alguma (I Co. 6.12). E de fato, devemos lembrar sempre que nosso corpo é templo e morada do Espírito Santo, por isso não deve ser usado para extravagâncias, sejam elas de qualquer natureza (II Pe. 2.19). A esse respeito é importante ressaltar que não apenas bebida forte – por causar a perda da sobriedade – não deve ser consumida, os refrigerantes ou alimentos inapropriados também dever ser evitados. É bem verdade que Jesus transformou algo em vinho (Jo. 2.1-11), é preciso ressaltar que naquele tempo a água não era bem tratada, por isso o consumo de vinho era recomendado em algumas situações, a fim de evitar algum tipo de infecção, talvez essa tenha sido a razão de Paulo ter instruído Timóteo a não beber somente água, também um pouco de vinho (I Tm. 5.23). Os líderes da igreja não devem ser “dado ao vinho” – a expressão hebraica vem do termo grego paroinos – usada pelos judeus para a bebida com teor alcoólico (I Tm. 3.3), e que significa literalmente “colocar-se ao lado do vinho”, aludindo a prática de uma vida controlada pela bebida. Espera-se do líder cristão que se porte com sobriedade, que não se deixar controlar pelo álcool, para não se tornar instrumento de escândalo.
3. MANTENDO A SOBRIEDADE
O consumo indiscriminado de bebida alcoólica tem acarretado sérios danos à sociedade, tendo se tornado um problema de saúde pública. As pesquisas comprovam que o Brasil perde mais de 7% do PIB ao ano por causa de problemas relacionados à ingestão de bebidas alcoólicas, prejuízos com acidentes de trânsito, é um exemplo desse problema. O alcoolismo atinge cerca de 15% da população brasileira, e é considerada por alguns especialistas uma doença incurável, que apenas pode ser controlada. Ainda que não haja uma passagem específica no Novo Testamento que proíba o consumo de vinho, está claro que aqueles que vivem no temor do Senhor, principalmente os que estão em posição de liderança, não devem “ser dado ao vinho” (I Pe. 4.3; I Tm. 3.3,8; Tt. 1.7; 2.3). É preciso considerar que um dos maiores danos da embriaguez é o comprometimento da espiritualidade (Ef. 5.18; Rm. 13.13), e que aqueles que se entregam dissolutamente à embriaguez serão excluídos do reino de Deus (Gl. 5.21; I Co. 5.11; 6.10). É preciso considerar, no entanto, que algumas pessoas precisam de tratamento, para não serem controladas pela bebida. A tarefa da igreja não é apenas julgar, mas também ajudar aqueles que se encontram em condição de dependência. É válido ressaltar que a filosofia dos Alcoólicos Anônimos (AA) está fundamentada no princípio cristão da graça. Cada pessoa que faz parte desse grupo deve “evitar o primeiro gole”, pois sabe da gravidade de uma recaída. Por outro lado, deve viver um dia de cada vez, e caso venha a “tropeçar”, deve iniciar de onde parou.
CONCLUSÃO
Os textos bíblicos, sobretudo os do Novo Testamento, deixam claro que os ministros da igreja não podem ser controlados pela bebida forte (I Tm. 3.3,8; Tt. 1.7). Para evitar descontrole, de modo geral, a igreja recomenda que os crentes se afastem da bebida alcoólica, pois essa pode comprometer a espiritualidade (Ef. 5.18). E tomando por base o exemplo dos recabitas, nos tempos do profeta Jeremias, e manter nossa tradição evangélica, fugindo da bebida embriagante (Jr. 35.6-10).
BIBLIOGRAFIA
TIDBALL, D. The message of Leviticus. Leicester: Interversity-Press, 2005.
WIERSBE, W. Be holy: Leviticus. Colorado Springs: David Cook, 2010.