Texto Áureo: I Pe. 4.10 – Leitura Bíblica: Mt. 25.14-30
INTRODUÇÃO
A Parábola dos Talentos é uma das mais conhecidas no contexto cristão, e precisa ser compreendida de acordo com os ensinamentos de Jesus em relação ao Reino de Deus. Por isso, na aula de hoje, nos voltaremos para o estudo desta parábola, ressaltando, a princípio, a importância de esperar a volta do Senhor, para o estabelecimento do Seu Reino. Ao mesmo tempo, devemos ter cuidado para que essa espera não se transforme em escapismo, antes estejamos empenhados no trabalho do Reino.
1. ESPERANDO A VOLTA DO SENHOR
A Parábola dos Talentos, que se encontra em Mt. 25.14-30, é uma advertência em relação à importância de desenvolvermos a obra de Deus, de acordo com os dons que recebemos da parte do Senhor. Jesus conta que um homem, partindo para fora da terra, chamou seus servos, entregando-lhe bens. Ele entregou a esses servos alguns talentos, considerando a capacidade de administrar cada um deles. A um entregou cinco, que granjeou mais cinco, a outro entregou dois talentos, que ganhou outros dois, mas o que recebeu apenas um talento, talvez por achar que era pouco, e por ter uma visão deturpada do seu senhor, decidiu esconder na terra o talento, para devolvê-lo quando o Senhor retornasse. Os servos que duplicaram seus talentos foram elogiados pelo senhor, por ocasião da sua volta, mas esse que escondeu o talento na terra foi repreendido pelo senhor. Esse servo é identificado pelo Senhor como “inútil”, tendo sido lançado nas trevas exteriores. Essa parábola revela a importância de se dedicar ao desenvolvimento do reino de Deus, e foi justamente isso que Cristo fez durante os dias em que esteve na terra. Os religiosos do seu tempo, principalmente os escribas e fariseus, ao invés de propagaram a boa mensagem, resolveram escondê-la e enterrando-a, privando as pessoas de conheceram a verdade do evangelho. A partir dessa Parábola somos advertidos a trabalho pelo Reino de Deus, atentando para o valor dessa preciosa mensagem.
2. MAS SEM IGNORÂNCIA
A vinda de Cristo era motivo de interesse especial por parte da igreja cristã primitiva (I Co. 15.51). No caso específico de Tessalônica, havia um mal-entendido que gerava angústia e desespero. Os cristãos acreditavam que somente aqueles que pudessem manter-se fisicamente vivos até a volta de Cristo seriam beneficiados pelo estabelecimento do Reino de Cristo. Em I e II aos Tessalonicenses, Paulo esclarece que todas as bênçãos associadas ao retorno de Cristo à terra serão conferidas tanto aos crentes vivos como aos crentes mortos. Paulo já havia pregado a respeito do reino de Cristo quando esteve em Tessalônica (At. 17.7). Contudo, alguns não a compreenderam bem, por isso, ela acabou sendo deturpada. Deus não deseja que sejamos ignorantes a respeito das verdades escatológicas, mas, ao mesmo tempo, é preciso ter cuidado para não as deturpar (Mt. 24.15). A palavra “dormir”, para se referir à morte, era comum no mundo antigo, conforme podemos ver em tanto nas passagens do Novo quanto do Antigo Testamento: Gn. 47.30; Dt. 31.16; I Rs. 22.40; Jo. 11.11-13; At. 7.3; 13.36; I Co. 7.39; 11.3. Paulo ensina, que nós, os cristãos, não podemos agir como os demais, os pagãos (Ef. 2.3), que não têm esperança. Quando corretamente entendidas, as verdades escatológicas são motivos de alegria, não de tristeza. Nossa esperança, de alguma forma, já começou a se concretizar, a partir do momento em que recebemos Jesus como nosso Salvador Pessoal, mas ainda nãoalcançou a sua plenitude. Essa esperança tem como base a certeza de que estar com Cristo, “é incomparavelmente melhor” (Fp. 1.23). A esperança do crente se encontra, inicialmente, na certeza da ressurreição. No Antigo Testamento já é possível ver algumas manifestações dessa esperança (Sl. 16.2,11; 17,15; 73.24; Pv. 14.32). Mas é em Cristo que essa revelação tem o seu apogeu (II Tm.1.10). Isso porque, agora, podemos ter uma resposta à pergunta de Jó (14.14) e a certeza de que, mesmo antes da ressurreição, aqueles que morreram em Cristo estão desfrutando com júbilo a presença de Cristo (Lc. 23.43; Fp. 1.23), e que um dia teremos uma reunião maravilhosa na eternidade (I Ts. 4.17).
3. TRABALHANDO EM PROL DO REINO DE DEUS
Cristo virá, esse é um dos pilares da fé cristã, mas sua volta precisa ser compreendida em dois contextos distintos. Ele virá para arrebatar Sua igreja, como prometeu em Jo. 14.1. O ensino do arrebatamento foi revelado mais precisamente a Paulo que instruiu a igreja a esse respeito (I Co. 15.52; I Ts. 4.13-17). Ao longo dos evangelhos, Jesus fala de seu retorno, mas, a maioria das passagens, se refere à Sua volta gloriosa, quando virá para Israel, estabelecer Seu trono (Mt. 24). O texto de At. 1.11 tem essa duplicidade, pois permite, ao mesmo tempo, que a igreja considere a volta de Cristo, para arrebatá-la, e, também, o estabelecimento do Reino Milenial de Cristo (Ap. 19.11-21). Em relação a igreja, esse retorno de Cristo é denominado de “bendita ou boa esperança” (I Ts. 2.16; Tt. 2.13). A esperança do arrebatamento sempre foi uma doutrina ensinada nos púlpitos das nossas igrejas, mas passado o ano 2000, e agora, uma década depois, alguns cristãos não mais falam a respeito. A secularização da igreja também tem contribuído significativamente para que essa doutrina deixe de ser exposta. Alguns estão demasiadamente conformados com este século, deixaram de orar “maranatah”, ora vem Senhor Jesus, há quem prefira que ele demore, não querem perder as oportunidades que a temporalidade oferece. Cristo não veio em 2000, certamente por que muitos o aguardavam naquele ano, mas virá justamente quando menos se espera. A igreja precisa continuar olhando para cima, em busca do prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus (Cl. 3.1,2).
CONCLUSÃO
A Parábola dos Talentos é uma advertência do Senhor Jesus, em relação a importância de trabalhar em prol do Reino de Deus. Precisamos ter cuidado, não apenas para nos omitirmos em relação a essa importante mensagem, mas também de o fazermos de maneira equivocada, o que pode significar também uma maneira de a enterrar. Não podemos desconsiderar que o Senhor haverá de voltar, e quando isso acontecer haveremos de prestar contas de tudo o que fizemos ou deixamos de fazer para o Seu reino, na dependência do poder do Espírito Santo (At. 1.8).
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The Parables of Jesus. LaSalle Boulevard: Moody Publishers, 1983.
MaCARTHUR, J. As Parábolas de Jesus. São Paulo: Thomas Nelson, 2016.