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DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS – UM DOM IMPRESCINDÍVEL


Texto Áureo: I Co. 2.15  – Leitura Bíblica: At. 16.16-22

INTRODUÇÃO
Conforme temos estudado a respeito de Batalha Espiritual, o espírito do engano campeia na sociedade, muitos distorcem o conteúdo da mensagem evangélica. Há também os que são instrumentalizados para ludibriar, até mesmo os crentes. Diante dessa realidade, faz-se necessário nos fundamentar nas Escrituras, e do dom de discernimento de espíritos, a fim de não se tornar prisioneiros das hostes malignas de Satanás.

1. ANÁLISE TEXTUAL
Esse relato lucano se refere a entrada de Paulo na Europa, depois da visão do homem que em sonho clama para que ele passe a macedônia para ajudá-los. Quando o Apóstolo chega a Filipos decidiu ir a oração, quando se deparou com uma jovem – paidisken, alguém que se encontra escravizada – pois tinha um espírito de adivinhação – pneuma puthon – um tipo de espírito com capacidade de revelar coisas sobrenaturais. Aquela mulher estava escravizada pelo mundo dos negócios religiosos, pois dava grande lucro – ergasia – aos senhores que escravizavam aquela jovem, pois essa tinha a capacidade de adivinhação – manteuomene, essa palavra grega dá a ideia de revelar a sorte das pessoas (v. 16). Essa mulher seguia os apóstolos, e clamava – ekrazen, com o sentido de gritar em alta voz, reconhecendo que eles anunciavam a salvação – hodon sôtêria, e que eram servos do Deus Altíssimo – theos ho hupsistos (v. 17). É digno de destaque que ela não fez isso apenas uma vez, mas muitas vezes – polás hêmeras. Paulo, ao invés de se gloriar com aquela afirmação, ficou perturbado – piaponeomai, incomodado – com aquelas palavras, voltou-se para a jovem e disse ao espírito: en onomati Iêsou Christou exelthein ap autês. O verbo encontra-se no imperativo, e é uma ordem para que o espírito saísse imediatamente. Como resultado, o espírito saiu na mesma hora – tô ôra. Os senhores daquela jovem não gostaram, por causa do lucro que a jovem lhes dava, a expressão grega é hê elpis tes ergasias autôn, denotando que aqueles senhores – kurioi – tinha esperança naquele negócio. E por causa da frustração, por saberem que iriam ter prejuízo, prenderam Paulo e Silas e os levaram à praça – agora em grego, seria uma espécie de mercado público, à presença dos magistrados, os archontas – que eram as autoridades da cidade (v. 19). Os senhores viram em Paulo e Silas uma ameaça aos negócios religiosos da cidade, e os identificou como judeus – Ioudaioi, e acusaram-nos e perturbarem – ektarassousin – causarem agitação na cidade. A acusação deles, além de religiosa, também foi cultural, por exporem costumes – ethos, comportamentos – não acharam lícitos, e também uma prática, que não era condizente com romanos – rhomaios (v. 21). Por causa daquela acusação, a multidão – ochlos, as pessoas – se levantou unida – sunepeste, em ajuntamento, contra eles, incitados pela tumba, os magistrados mandaram açoitá-los com, mas antes rasgaram as vestes deles (v. 22).

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Durante a passagem de Paulo, e os demais missionários, pela cidade de Filipos, esse se depararam com uma jovem que tinha um espírito de adivinhação, de procedência demoníaca, com capacidade para conter segredos das vidas das pessoas. Essa prática sempre foi proibida no contexto da religiosidade judaica (Dt. 18.10; I Sm. 28.8; II Rs. 17.17; Mq. 3.11). A palavra grega usada nessa passagem – manteuomai – é a mesma na Septuaginda que se encontra nessas passagens do Antigo Testamento (v. 16). Ao que tudo indica, as adivinhações dessa jovem eram verdadeiras, essa foi uma das razões da perturbação de Paulo, pois poderia parecer que ela estava do mesmo lado do Apóstolo, e que teria alguma identificação com o evangelho pregado pelos missionários (v. 18). O Espírito Santo deu a Paulo a capacidade para discernir a procedência das declarações daquele espírito de adivinhação, e com autoridade espiritual ordenou que deixasse a menina, como fez Jesus em várias ocasiões (Mt. 8.16; 12.28). Aquela jovem era escravizada pelo comércio religioso, os senhores daquele mercado se aproveitavam desse poder, por isso ficaram revoltados quando Paulo expulsou aquele espírito (v. 19). Há vários relatos em Atos de pessoas que queriam ganhar dinheiro por meio da religião, tais como Simão, o mago (8.18-24), Elimas (13.8-12) e Demétrio (19.24). Paulo e Silas foram levados aos magistrados, que eram as pessoas responsáveis por manterem a ordem civil, como oficiais das colônias Romanas (v. 20). Eles estavam a serviço do império, para que as leis fossem cumpridas, principalmente quando comportamentos ameaçavam a prática romana. A multidão ficou polvorosa, e tomou logo partido contra os apóstolos, argumentando que esses contrariavam os costumes romanos, tentando impor práticas judaicas sobre o povo. Esses missionários foram açoitados com varas (v. 23). Na verdade, eles foram injustiçados, pois a opinião pública foi usada contra eles, ainda que Paulo fosse cidadão romano, recebeu açoitado sem que fosse ouvido, como preconizava a lei.

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
O dom de discernimento de espírito é uma capacitação sobrenatural, dada pelo Espírito Santo, para identificar manifestações que não procedem de Deus. Nada tem a ver com o julgamento humano, partindo de critérios analíticos, fundamentados na psicologia. Há quem pense que o dom de discernimento de espírito serve para identificar as falhas dos outros, ou que é uma antecipação do pensamento alheio, com base em técnicas humanas e/ou satânicas. O dom de discernimento de espíritos (gr. diakrisis pneumaton) é uma habilitação sobrenatural que permite a identificação da natureza e do caráter dos espíritos. Não podemos esquecer que Satanás pode se transformar em anjo de luz, para difundir o engano inclusive dentro da igreja (II Co. 11.14). Estamos diante de uma batalha espiritual, portanto, precisamos estar preparados, inicialmente com toda armadura de Deus, para vencer as hostes celestiais do Maligno (Ef. 6.11,12). Para tanto devemos cingir os lombos com a verdade, vestir a couraça da justiça, calçar os pés com a preparação do evangelho da paz, o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do Espírito (Ef. 6.13-17). Precisamos, para vencer as hostes satânicas, permanecer atentos quanto ao “espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef. 2.2). E saber que o espírito do Anticristo, está presente no mundo (I Jo. 4.1-3). Existem manifestações desse dom no ministério de Cristo, Ele revelava que seus opositores agiam pelo espírito do Diabo (Lc. 13.11-16), que algumas enfermidades eram provenientes de opressão maligna (Mt. 12.22; Mc. 9.25; Lc. 8.29). Paulo, que foi usado pelo Espírito para revelar que havia um espírito de adivinhação em uma jovem em Filipos (At. 16.16-18), admoesta os crentes, através de Epístola a Timóteo, quanto às falsas doutrinas dos últimos dias (I Tm. 4.1). O engano na igreja pode ser identificado através do ensinamento bíblico, por isso Paulo instrui Timóteo a ensinar (I Tm. 4.11). Mas em alguns casos, de modo sobrenatural e instantâneo, o Espírito Santo pode capacitar a igreja a identificar uma atuação enganosa. Isso evita que a igreja seja conduzida ao erro, e se deixe levar pelo ensino dos falsos mestres, que querem desvirtuar o rebanho de Deus (At. 20.30).

CONCLUSÃO
Existem forças poderosas que se opõem a Palavra de Deus, espíritos demoníacos que trabalham contra o evangelho de Jesus Cristo. Precisamos do poder do Espírito Santo, e principalmente do dom de discernimento, para identificar a manifestação diabólica. Esse é um dom imprescindível, ou seja, que não pode ser dispensado, sob o risco de ser conduzidos facilmente pelo espírito do engano. Dependamos cada vez mais de Deus, e do poder do Seu Espírito, para que possamos agradá-LO, com vistas a liberação de vidas escravizadas por satanás, ainda que o mercado religioso se incomode com nosso testemunho.

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.