Texto Base: Atos 17:22-28
"Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando o concerto de nossos pais?" (Ml.2:10).
Atos 17:
22-E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos;
23-porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: Ao Deus Desconhecido. Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo é o que eu vos anuncio.
24-O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens.
25-Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas;
26-e de um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação,
27-para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar, ainda que não está longe de cada um de nós;
28-porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos da “unidade da raça humana”. A doutrina que trata disto chama-se “monogenismo”; ela ensina que todo ser humano é proveniente de um único tronco genético, e as Escrituras Sagradas são a maior autoridade de informação com relação a este tema. As gerações surgidas, desde Adão e Eva até o dilúvio, permaneceram em contínua relação genética com o primeiro casal, de maneira que a raça humana constitui não somente uma unidade no sentido em que todos os homens participaram da mesma natureza humana, mas também uma unidade genética e genealógica, oriunda de um mesmo tronco: Adão e Eva. Com este casal, o Criador formou a primeira instituição divina, a família, dela surgindo todas as outras pessoas existentes. Para este primeiro casal Deus ordenou: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a" (Gn.1:28).
I. A UNIDADE RACIAL DO SER HUMANO
A origem divina do homem, a sua unidade racial e psicológica, confirmam a unidade da raça humana, e isto vem de encontro às teorias falaciosas do ateísmo e anticristãs do evolucionismo.
1. A origem divina do ser humano
Já estudamos sobre isto nas duas primeiras Aulas, mas não é demais enfatizar que a origem do ser humano é, indubitavelmente, divina. A criação do ser humano foi uma decisão amorosa e soberana da Santistíssima Trindade - “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn.1:26). O verbo “fazer”, no plural, na primeira pessoa do imperativo, denota que o Criador não estava sozinho, na criação do homem. A compreensão humana não alcança a grandeza daquele momento único e singular, totalmente distinto de todo processo criador dos demais seres. Apesar disso, pode-se entender que, num ponto do planeta, no Oriente, Deus (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) se reuniram solenemente para fazer surgir o novo ser: o homem à imagem e semelhança de Deus, obra prima da criação, que haveria de revolucionar toda a criação.
O fato de que os membros da Trindade falaram entre si indica que este foi um ato transcendental e a consumação da obra criadora. Isto refuta, efusivamente, a teoria da evolução do ser humano; enquanto, esta, ainda não saiu do terreno das hipóteses, a narrativa bíblica faz-se cada dia mais convincente, tendo a boa ciência, não discriminatória, provado a veracidade da narração bíblica.
Certamente, não somos o resultado de um longo e entediante processo evolucionário, mas a coroa de um ato criativo de Deus. De maneira singela, mas verdadeira e literal, a Bíblia Sagrada descreve a formação do homem: “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn.2:7). Aqui, o fôlego de vida soprado por Deus não é o ar que respiramos, mas a própria vida dada ao homem, a própria imagem e semelhança de Deus. O homem é imagem e semelhança de Deus exatamente porque Deus lhe imprimiu algo de Sua essência, algo que veio diretamente dEle, ao contrário do restante da criação, que foi feito a partir da vontade divina expressa por Sua Palavra.
Como bem diz o Pr. Claudionor de Andrade, “a simplicidade da narrativa bíblica induz o academicismo incrédulo e blasfemo a buscar outras explicações sobre o nosso aparecimento na terra. No passado, o mito; no presente, a falsa ciência; e, no futuro, a mentira sistemática do Anticristo”.
2. A unidade racial do ser humano
Diversas são as teorias pagãs surgidas que tentam trazer uma explicação contrária às das Escrituras Sagradas com relação à unidade racial do ser humano, mas não se sustentam diante da contundência da narração bíblica.
-Teoria Pré-Adamita. Os defensores desta teoria afirmam que havia homens na terra antes que Adão fosse criado. Eles não negam a unidade da raça humana, contudo considera Adão como o primeiro homem só da raça judaica, em vez de cabeça de toda a raça humana. Existe muitos escritos sobre essa falaciosa teoria; cito apenas uma dessas fontes: https://pt.qwe.wiki/wiki/Pre-Adamite?ddexp4attempt=1.
-Teoria racista. Os defensores desta teoria difundem que houve raças inferiores ao homem antes da aparição de Adão no cenário mundial, pelos idos do ano 5500 a. C. Essas raças, não obstante inferiores aos adamitas, já tinham faculdades distintas dos animais, enquanto que o homem adamita foi dotado de faculdades maiores e mais nobres, provavelmente destinado a conduzir todo o resto da raça existente à lealdade ao Criador. Todavia, os mentores e adeptos desta teoria nunca foram capazes de dar provas da sua veracidade, comparando-a com o ensino que a Bíblia oferece quanto à unidade da raça humana.
O racismo é uma distorção maligna do ensino bíblico quanto à unidade genética do ser humano. As Escrituras Sagradas são claras em afirmar que existe apenas uma única raça humana – “Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando o concerto de nossos pais?” (Ml.2:10).
O apóstolo Paulo, ao contrário do que narram as mitologias pagãs, em seu discurso no Areópago de Atenas, perante os filósofos epicureus e estóicos, deixou bem claro a doutrina bíblica do monogenismo da raça humana, isto é, que todos os homens, apesar de sua diversidade racial e linguística, provêm de um único tronco genético: Adão e Eva. Ele afirmou que Deus “de uma só fez toda a raça humana para habitar sobre a face da terra, havendo fixados os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação" (At.17:26).
Diante dessa proposição, não há o que se negar: todos somos filhos de Adão e Eva. Logo, brancos e negros, judeus e árabes, ocidentais e orientais, somos todos irmãos, no sentido de procedermos do mesmo tronco genético: Adão e Eva. Concluímos, daí, existir apenas uma única raça, que, providencialmente, divide-se, multiplicando-se em famílias, tribos, nações, povos e línguas.
O DNA, conhecido como Ácido Desoxirribonucleico, está aí para não deixar dúvida de que o ser humano provém de um único tronco genético: Adão e Eva. Ele é um composto orgânico cujas moléculas contém as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e alguns vírus, e que transmitem as características hereditárias de cada ser vivo.
O Projeto Genoma Humano, criado em 1990 com o apoio de 18 países, inclusive do Brasil, mapeou bilhões de bases químicas de DNA, concluindo que todos os homens descendem de um único homem que viveu na África Oriental. O que se conclui que todos os seres humanos descendem de um ancestral comum.
O Pr. Claudionor de Andrade ainda explica - em seu livro “O começo de todas as coisas” – que o mapeamento do DNA revela de maneira surpreendente a unidade da família adâmica. Se levarmos em conta que cada mulher recebe o DNA mitocondrial da mãe, ser-nos-á possível retroceder à primeira fêmea. Diante desse fato, os cientistas alcunharam-na de “Eva Mitocondrial”. Na esteira dessa pesquisa, descobriu-se também o “Adão Cromossômico Y”.
A verdadeira ciência, portanto, não contraria a narrativa bíblica; não obstante, alguns acadêmicos ainda teimam em contrariar as Escrituras Sagradas, optando por explicações absurdas e sem lógica.
3. A unidade psicológica do ser humano
O termo “psicológico” está relacionado com psicologia, ciência que se dedica aos processos mentais ou comportamentais do ser humano; faz parte dos fenômenos mentais, emocionais ou da psique.
No Novo Testamento, a palavra “psique” tem o sentido de "alma" e de "vida", e encontra-se ligado à palavra psíquicos, que significa "pertencente a esta vida". Ela é "a base das experiências conscientes", equivalendo, portanto, à própria vida, à personalidade ou à pessoa mesmo (cf. 2Co.1:23) – “Invoco, porém, a Deus por testemunha sobre a minha alma, que, para vos poupar, não tenho até agora ido a Corinto”.
Do ponto de vista teológico, a alma é a sede do intelecto, da vontade e dos sentimentos, conforme Jesus expressou num contexto de angústia: "A minha alma está profundamente triste até a morte" (Mc.14:34).
A alma é a parte mais importante da natureza constitutiva do homem, e a psicologia revela claramente o fato de que as almas dos homens, sem distinção de tribo e nação a que pertencem, são essencialmente as mesmas. Possuem em comum os mesmos apetites, instintos e paixões; as mesmas tendências, e sobretudo, as mesmas qualidades, as mesmas características que só existem no homem. Portanto, todos os seres humanos têm uma herança psicológica e emocional comum, não importando a diversidade cultural, educacional e ética que apresentarem.
II. A UNIDADE LINGUÍSTICA ORIGINAL DA HUMANIDADE
Houve uma língua primitiva, de Adão até o Dilúvio, seguida de uma confusão linguística, como consequência da rebelião contra Deus da comunidade pós-diluviana, em sua teimosia de construir uma torre, a torre da arrogância, chamada torre de Babel. Atualmente é possível perceber seus indícios nas diversas línguas e dialetos falados no mundo inteiro.
1. A língua original da humanidade
Não se sabe qual a língua original do ser humano. Uma coisa é certa: o primeiro homem não usava mímica e nem linguagem de surdo e mudo para se comunicar com Deus e com a sua esposa Eva; ele dominava com muita habilidade a arte de falar; habilidade esta, dada pelo próprio Criador, no momento de sua formação, porque a Bíblia diz que o homem foi criado à imagem de Deus, conforme a Sua semelhança. Quando Adão despertou do seu sono anestésico, e Deus o apresentou sua companheira e adjutora, ele ficou tão emocionado que se expressou de uma forma poética demonstrando imensa alegria: “E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada” (Gn.2:23).
Quando Adão e Eva pecaram, Deus os chamou à responsabilidade através de um diálogo de altíssimo nível. Veja o texto sagrado: “E chamou o SENHOR Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me” (Gn.3:9,10).
Portanto, havia uma linguagem original que era proferida pelo primeiro casal humano e pelos seus descendentes, porém, não há como determinar qual linguagem eles falavam. Não era o Hebraico, haja vista que esse idioma só viria a formar-se, em termos definitivos, muito após o Dilúvio.
2. A confusão linguística em Babel
A Bíblia enfatiza que, no princípio da humanidade, até o Dilúvio, os seres humanos falavam um só idioma (Gn.11:1). Depois do Dilúvio, a raça humana viveu primeiramente na região de Ararate, nas montanhas da Armênia, e ali Noé tornou-se lavrador (Gn.9:20). Como as pessoas aumentaram em número, uma parte delas se espalhou pelas margens dos rios Tigre e Eufrates, a leste do Ararate, e assim chegou às planícies de Sinar ou Mesopotâmia (Gn.11:2). Ali eles criaram colônias, e muito cedo, como cresceram em riqueza e poder, fizeram planos de construir uma grande torre para fazer célebre o seu nome e evitar a dispersão do grupo.
Em desobediência à ordem de Deus de multiplicar e dominar toda a terra, eles tentaram criar um grande centro para manter a unidade e reunir toda a humanidade em um reino mundial que encontraria sua sustentação na força e na glorificação do propósito e do esforço humano.
Pela primeira vez na história surge a ideia de concentração e organização de toda a humanidade com toda a sua força e sabedoria, com toda a sua arte, ciência e cultura, contra Deus e Seu reino. Essa ideia foi ventilada várias vezes depois dos eventos de Babel, e sua realização tem sido o objetivo de todos os tipos de grandes homens no curso da história; basta lembrar dos grandes impérios já existentes: babilônico, medos e persas, império macedônio, império romano.
A comunidade de Babel tentou construir uma torre e nela permanecer definitivamente (Gn.11:4); os homens queriam algo sem que Deus fosse o centro de sua autoridade; ou seja, eles queriam estabelecer um Estado secular e ateu, para contrariar frontalmente os mandamentos divinos quanto ao povoamento da Terra (Gn.11:1-4).
1.E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.
2.E aconteceu que, partindo eles do Oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.
3.E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume, por cal.
4.E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
O projeto arquitetônico representava uma demonstração de orgulho (tornar célebre o nome deles) e rebeldia (evitar serem espalhados sobre a terra).
Para nós, a torre também ilustra os incessantes esforços do homem caído para alcançar o Céu com seus próprios méritos, em vez de receber gratuitamente o presente da salvação oferecido por Cristo.
Como punição, o Senhor confundiu a linguagem dos edificadores, e eles já não se entendiam mais. Assim, eles formaram grupos, conforme havia entendimento do que falavam, e foram espalhados por toda a Terra, formando assim povos e nações, e assim surgiram as diferentes línguas que o mundo fala atualmente. Com o passar do tempo, muito dessas línguas foram extintas com a sua respectiva população.
“e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. Assim, o SENHOR os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade. Por isso, se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o SENHOR a língua de toda a terra e dali os espalhou o SENHOR sobre a face de toda a terra” (Gn.11:6-9).
Babel significa “confusão”, resultado inevitável de qualquer empreendimento que deixe Deus de lado ou não esteja de acordo com Sua vontade. “Os povos estavam unidos, tinham comunicação aberta entre si, contudo arruinaram estas bênçãos em rebelião contra o Criador.
Deus não permitiria ser ignorado, e a loucura da ilusão humana de que posses e atividades criativas eram insuperáveis não ficaria sem confrontação” (Comentário Bíblico Beacon. CPAD).
3. Indícios da linguagem primitiva
A rebeldia dos descendentes dos filhos de Noé em Babel tornou necessária a intervenção de Deus, fazendo com que todo o esforço para o estabelecimento de um império mundial fosse infrutífero. Deus fez isso pela confusão das línguas, pois nessa época havia apenas uma linguagem. Nós não somos informados sobre como e em que período de tempo essa confusão aconteceu. O que aconteceu foi que pessoas, fisiológica e psicologicamente, diferentes umas das outras, começaram a ver e a dar nome às coisas diferentemente, e em consequência eles foram divididos em nações e povos, e se dispersaram em todas as direções sobre toda a terra.
Hoje existem mais de 6.912 idiomas em todo o mundo, segundo o compêndio Ethnologue, considerado o maior inventário de línguas do planeta. Apesar de tantos idiomas, não podemos de deixar de aceitar a verdade de que todos eles advieram de um tronco linguístico comum, originado em Babel.
III. EM CRISTO, TODOS SOMOS UM
Adão, o primeiro ser humano, não é um mito, mas uma personalidade histórica. John Stott diz que está na moda qualificar o relato de Adão e Eva como mito, e não como realidade, porém, as Escrituras Sagradas nos impedem de pensar assim.
Nenhum texto da Bíblia incomoda mais os teólogos liberais e os arautos do evolucionismo que os três primeiros capítulos de Gênesis. O relato da criação e a criação do homem à imagem e semelhança de Deus entra em desacordo com as pretensões do evolucionismo.
Com o propósito de fazer uma aliança entre o cristianismo e o evolucionismo darwiniano, alguns estudiosos contemporâneos abraçaram o evolucionismo teísta, alegando que Deus é o autor da criação, mas o processo adotado para essa criação é a evolução. Assim, o relato de Gênesis 1 a 3 é mitológico, é uma alegoria, e não histórico. Consequentemente, Adão não foi uma personagem real, mas apenas um emblema.
Se Adão é um mito, um emblema, a Palavra de Deus perde sua credibilidade, pois o descreve como uma personagem histórica. Moisés, Jesus, o apóstolo Paulo, mencionaram Adão como personagem histórica. Assim como Jesus Cristo foi uma pessoa histórica, também Adão foi uma pessoa histórica. Não pode haver paralelo correto entre um Adão mitológico e um Cristo histórico.
Adão é tão necessário ao sistema teológico cristão quanto Jesus Cristo. De fato, as Escrituras chamam Cristo de “o segundo Adão” ou “o último Adão”. Tanto Adão como Cristo nos são apresentados como cabeças de uma raça. Para Paulo, Adão foi um indivíduo histórico, o primeiro homem; mais ainda: é o que o seu nome significa em hebraico – “humanidade”. A humanidade inteira é vista como tendo originalmente pecado em Adão; todos os seres humanos acham-se ligados em Adão quanto ao pecado e, também, quanto à redenção.
1. O pecado universal de Adão
A razão pela qual todos os seres humanos, gentios ou judeus, são pecadores é que o pecado entrou no mundo por meio de Adão. Afirmou o apóstolo Paulo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm.5:12).
No século quinto da nossa Era, Pelágio negou o caráter universal da Queda e defendeu a tese de que somos tão livres hoje quanto Adão o era antes da queda. Segundo ele, o pecado de Adão foi apenas individual, sem consequência para a raça humana. Pelágio ensinava que todos os homens imitam o pecado de Adão e, portanto, morrem em consequência do seu próprio pecado.
A Palavra de Deus, porém, diz que Adão era a cabeça federal da raça humana. Nós estávamos nele quando ele caiu. Com sua Queda, caiu toda a raça humana. Seu pecado nos foi imputado.
Como filhos de Adão, todos os seres humanos nascem em pecado. Como bem diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, “Adão se posicionou na porta de entrada da história e por meio dele o pecado entrou no mundo. Agora todos estão em estado de depravação total”. Adolf Pohl afirma, em seu livro “Carta aos Romanos”, que todas as pessoas depois de Adão carregam a sua imagem.
2. As consequências universais do pecado de Adão
A transgressão de Adão trouxe pecado, morte e condenação à raça humana. Em Adão, todos pecaram; em Adão, todos morreram. Pecado e morte não podem separar-se (Gn.2:17; 3:17-19; Rm.1:32; 3:23; 1Co.15:22).
Segundo John Stott, a pena de morte cai hoje sobre todos os homens não apenas porque todos pecaram como Adão, mas porque todos pecaram em Adão.
Que tipo de morte entrou no mundo pelo pecado? A morte física, espiritual e eterna. Estas três modalidades de morte são consequência do pecado.
§ A morte física é a separação entre a alma e o corpo (2Co.5:8).
§ A mote espiritual é a separação entre o ser humano e Deus, devido a um ato de desobediência (Is.59:2; Rm.7:9) – “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado”; “Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”.
§ A morte eterna ou a “segunda morte” é a separação irremediável e eterna entre o homem e Deus. Trata-se da ida da alma e do corpo para o inferno (Mt.10:28).
O pecado é, portanto, o maior de todos os males. Afirma o Rev. Hernandes Dias Lopes: “o pecado é pior do que a pobreza, que o sofrimento, que a doença e até mesmo pior que a morte. Todos esses males não podem afastar o homem de Deus, mas o peado o afasta de Deus no tempo e na eternidade. O pecado é de fato maligníssimo”.
Portanto, o pecado de Adão sentenciou todos os homens como culpados e condenados no juízo (Rm.5:16,18).
O pecado é um atentado e uma conspiração contra Deus e seu projeto. O pecado atrai a ira de Deus. Por isso os que vivem no pecado não podem agradar a Deus; antes, permanecem sob sua ira; estão sob sentença de condenação.
3. Em Jesus Cristo, o segundo Adão, todos podem ser salvos
Sem dúvida, as consequências do pecado de Adão foram desastrosas para toda a humanidade, mas através da morte expiatória do segundo Adão, Jesus Cristo, a humanidade foi resgatada completamente do pecado, e salva da morte eterna (Ef.2:15). Afirma o Rev. Hernandes Dias Lopes:
ü O primeira Adão caiu no Jardim; o segundo Adão triunfou no deserto.
ü O primeiro Adão é da terra; o segundo Adão é do Céu.
ü O primeiro Adão introduziu no mundo o pecado e por ele a morte; o segundo Adão trouxe ao mundo a justiça e a imortalidade.
ü O primeiro Adão foi expulso do Paraiso; o segundo Adão nos levará ao Paraíso.
Quando Cristo, nosso representante e fiador, foi à cruz, todas as nossas transgressões foram lançadas sobre Ele. Ele carregou no seu corpo sobre o madeiro todos os nossos pecados. Na verdade, Ele foi feito pecado por nós. Foi ferido de Deus, moído e traspassado por nossas iniquidades para nos dar a justificação.
John Stott diz que o pecado de Adão trouxe condenação, mas a obra de Cristo traz justificação. Trata-se de uma oposição absoluta entre a condenação e a justificação, entre a morte e a vida.
O pecado de Adão introduziu o reinado da morte, mas o dom da justiça, fruto da morte vicária de Cristo, trouxe o reinado da vida. O pecado de Adão gerou morte, mas a morte de Cristo gerou vida.
Portanto, a ofensa de Adão produziu juízo, mas o ato de justiça de Cristo, ou seja, sua morte vicária, produziu justificação. Cristo recebeu em si mesmo o juízo que deveria cair sobre nós. Ele sorveu o cálice amargo da ira de Deus que deveria ter sido derramado sobre nós. Ele morreu por nós. Através de sua morte, Ele venceu a morte, resgatando-nos completamente do pecado (Ef.2:15). Todos aqueles que receberam a fé nEle constituem uma única família - a família dos santos (1Co.12:13), a família dos filhos de Deus (João 1:12).
Portanto, a graça do segundo Adão é muito maior que o pecado do primeiro Adão. Onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm.5:20).
Nossa união com Adão significou para nós o reinado do pecado (Rm.5:12-14,21) e o reinado da morte (Rm.5:14,21); mas, nossa união com Cristo, o segundo Adão, significa o reinado da graça (Rm.5:15-21) e nosso reinado em vida por meio de Cristo (Rm.5:17).
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta Aula que todos os povos da terra, apesar de sua diversidade étnica, cultural e linguística, são oriundos de um único casal: Adão e Eva. Por isso, eles são os nossos pais. Portanto, a ideologia racista perpetrada entre vários segmentos culturais, religiosos e ateístas, não deve prevalecer à luz da Palavra de Deus e a verdadeira ciência, que pregam que o ser humano tem como único tronco genético o primeiro casal criado por Deus. O pecado cometido por esse primeiro casal atingiu a humanidade inteira, entretanto, em Cristo, o Homem perfeito, o último Adão, fomos regenerados e reconciliados com Deus (Cl.1:20,21). Tornamo-nos, portanto, parte de uma grande comunidade espiritual a qual o nosso Senhor fundou: a Igreja, instituição, esta, em que todos somos um, formando um só corpo.