Texto Base: Atos 2:1-13
“Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1:5).
Atos 2:
1.Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;
2.e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
3.E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
4.E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
5.E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
6.E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
7.E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando?
8.Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?
9.Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judeia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia,
10.e Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos),
11.e cretenses, e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.
12.E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
13.E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos do “Batismo no Espírito Santo”, uma experiência vívida no orbe pentecostal tradicional. Não é uma experiencia restrita apenas aos dias iniciantes da Igreja ou, quando muito, aos tempos apostólicos, não. E quem é que o diz? Os teólogos pentecostais? Os líderes das denominações chamadas pentecostais? Claro que não! Quem o diz é a própria Palavra de Deus. No dia de Pentecostes, Pedro já dá a amplitude desta operação do Espírito Santo, ao invocar a profecia de Joel a respeito do derramamento do Espírito. O texto sagrado deixa-nos bem claro que a promessa estava reservada para os últimos dias, até o grande e glorioso dia do Senhor (At.2:16-20), reforçando, ao término da pregação, que a promessa dizia respeito tanto a judeus quanto a gentios, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39). Portanto, pelo que podemos concluir pelas Escrituras, o derramamento do Espírito Santo, qual ocorreu no Pentecostes, foi uma manifestação que tem sua duração prevista até o grande e glorioso dia do Senhor.
I. O QUE SIGNIFICA “BATISMO NO ESPÍRITO”?
O Batismo no Espírito Santo é o revestimento e derramamento de poder do Alto - “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós...” (Atos 1:8) -, com a evidência física inicial de línguas estranhas (Atos 2:2,3), conforme o Espírito Santo concede, pela instrumentalidade do Senhor Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais profunda adoração e eficiente serviço para Deus. O crente batizado no Espírito Santo goza do privilégio de uma comunhão mais profunda com Deus, de uma vida de oração mais poderosa, de mais capacidade para entender a Palavra de Deus. Ele pode suportar as provações, as tentações com mais facilidade.
1. O Fenômeno do Pentecostes (Atos 2:2-4)
O poderoso derramamento do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, inaugurou o movimento pentecostal (At.2:1-47). Cristo subiu e o Espírito Santo desceu. O Cristo ressurreto ascendeu aos céus e enviou o Espírito a fim de habitar para sempre com a Igreja. A partir do Pentecostes, esta é uma experiência normal da Igreja.
Mas, a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes não foi um acontecimento casual, e sim uma agenda estabelecida por Deus desde a eternidade. O mesmo Espírito Santo que desceu sobre Jesus no Jordão, guiou-o no deserto e revestiu-o com poder para salvar, libertar e curar (Lc.3:21,22; 4:1,14,18), agora veio sobre os discípulos de Jesus (At.1:5,8; 2:33). O Livro de Atos narra outros derramamentos do Espírito Santo e, certamente, essa experiência sobrenatural ocorreu inúmeras vezes no decurso do período da graça, chegando até nós.
A maior parte dos chamados evangélicos tradicionais (ou reformados), ou seja, as denominações evangélicas surgidas durante a Reforma Protestante, movimento de renovação espiritual surgido a partir do século XV na Europa e que teve, entre outros, grandes expressões nas figuras de Martinho Lutero e João Calvino, não aceitam que o batismo no Espírito Santo seja uma realidade para os nossos dias. Argumentam que o derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento restrito ao dia de Pentecostes ou, quando muito, aos tempos apostólicos, algo como a própria inspiração do Espírito Santo que resultou na elaboração do Novo Testamento. Entretanto, este entendimento não pode ser aceito, porque não tem respaldo bíblico, pois a Bíblia diz que no dia de Pentecostes, Pedro já dá a amplitude desta operação do Espírito Santo, ao invocar a profecia de Joel a respeito do derramamento do Espírito. O texto sagrado deixa-nos bem claro que a promessa estava reservada para os últimos dias, até o grande e glorioso dia do Senhor (At.2:16-20), reforçando, ao término da pregação, que a promessa dizia respeito tanto a judeus quanto a gentios, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39).
2. Pontos importantes do fenômeno do Pentecostes (1)
a) O significado do Pentecostes (Atos 2:1a) – “Ao cumprir-se o dia do Pentecostes...”. A palavra pentecoste significa o quinquagésimo dia. Pentecostes era a festa que acontecia cinquenta dias após o sábado da semana da Páscoa (Lv.23:15,16). É também chamado de Festa das Semanas (Dt.16:10), Festa da Colheita (Êx.23:16) e Festa das Primícias (Nm.28:26). Cristo ressuscitou como as primícias dos que dormem e durante quarenta dias deu provas incontestáveis de sua ressurreição com várias aparições a seus discípulos. Dez dias após sua ascensão, o Espírito Santo foi derramado no Pentecostes.
b) A espera do Pentecostes (Atos 2:1b) – “...estavam todos reunidos no mesmo lugar”. Os 120 discípulos estavam congregados no cenáculo em unânime e perseverante oração, quando, de repetente, o Espírito Santo foi derramado sobre eles. Estribados na promessa do Pai anunciada por Jesus, havia no coração deles a expectativa do revestimento de poder. Todos estavam no mesmo lugar, com o mesmo propósito, buscando o mesmo revestimento do Espírito.
c) O derramamento do Espírito no Pentecostes (Atos 2:2-4). O historiador Lucas registra a descida do Espírito com as seguintes palavras:
2.e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
3.E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
4.E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
O derramamento do Espírito Santo foi um fenômeno celestial. Não foi algo produzido, ensaiado, fabricado. Aconteceu algo verdadeiramente do Céu. Foi um fenômeno incontestável e irresistível. Foi soberano, ninguém pôde produzi-lo. Foi eficaz, ninguém pôde desfazer os seus resultados. Foi definitivo, Ele veio para ficar para sempre com a Igreja. William Macdonald afirma que a vinda do Espírito Santo envolveu um Som para ouvir, um Cenário para ver e um Milagre para experimentar.
- O derramamento do Espírito veio como um som (Atos 2:2). Não foi barulho, algazarra, falta de ordem, histeria, mas um “som” do Céu. A palavra grega “echos”, usada aqui, é a mesma usada em Lucas 21:25 para descrever o estrondo do mar. O derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento audível, verificável, público, reverberando sua influência na sociedade. Esse impacto atraiu grande multidão para ouvir a Palavra de Deus.
- O derramamento do Espírito veio como um vento (Atos 2:2). O vento é símbolo do Espírito Santo (Ez.37:9,14; João 3:8). O Espírito veio em forma de vento para mostrar sua soberania, liberdade e inescrutabilidade. Assim como o vento é livre, o Espírito sopra onde quer, da forma que quer, em quem quer. O Espírito sopra onde jamais sopraríamos e deixa de soprar onde gostaríamos que ele soprasse. Como o vento, o Espírito é soberano. Ele sopra no templo, na rua, no hospital, no campo, na cidade, nos ermos da terra, na hora do batismo nas águas. Quando ele sopra, ninguém pode detê-lo. As pessoas podem até medir a velocidade do vento, mas não podem mudar o seu curso. Como o vento, o Espírito também é misterioso; ninguém sabe donde vem nem para onde vai. Seu curso é livre e soberano. Deus não se submete à agenda das pessoas nem se deixa domesticar.
- O derramamento do Espírito veio em línguas de fogo (Atos 2:3). O fogo também é símbolo do Espírito Santo. Deus se manifestou a Moisés na sarça em que o fogo ardia e não se consumia (Êx.3:2). Quando Salomão consagrou o templo ao Senhor, desceu fogo do Céu (2Cr.7:1). No Carmelo, Elias orou, e o fogo desceu (1Rs.18:38,39). Deus é fogo. Sua Palavra é fogo. Ele faz dos seus ministros labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo. E o Espírito Santo desceu em línguas como de fogo. O fogo ilumina, purifica, aquece e alastra. Jesus veio para lançar fogo sobre a terra. Hoje, em muitas reuniões, a Igreja parece mais uma geladeira a conservar intacto seu religiosismo do que uma fogueira a inflamar corações. Muitos crentes parecem mais uma barra de gelo do que uma labareda de fogo. Certa feita alguém perguntou a Dwight Moody: “como podemos experimentar um reavivamento na igreja?”. O grande avivalista respondeu: “acenda uma fogueira no púlpito”. Quando gravetos secos pegam fogo, até lenha verde começa a arder. John Wesley disse: “ponha fogo no seu sermão, ou ponha o seu sermão no fogo”. O Espírito Santo, como o fogo, derrete o coração, separa e queima a escória, e acende sentimentos santos e devotos na alma. É na alma, como o fogo que está sobre o altar, que são oferecidos os sacrifícios espirituais. Este é o fogo que Jesus veio lançar na terra (Lc.12:49).
- O derramamento do Espírito Santo traz uma experiência pessoal de enchimento do Espírito Santo (Atos 2:4). Aqueles discípulos já eram salvos. Por três vezes Jesus havia deixado isso claro (João 13:10; 15:3; 17:12). De acordo com a teologia de Paulo, se eles já eram salvos, já tinham o Espírito Santo, pois o apóstolo escreveu: “[...] se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Rm.8:9). Jesus disse: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino” (João 3:5). Além de já terem o Espírito Santo, após sua ressurreição Jesus ainda soprou sobre eles o Espírito Santo, e disse: “[...] recebei o Espírito Santo” (João 20:22). Mas a despeito de serem regenerados pelo Espírito e de receberem o sopro do Espírito, eles ainda não estavam cheios do Espírito. Uma coisa é ter o Espírito Santo, outra coisa é o Espírito Santo ter alguém. Uma coisa é ser habitado pelo Espírito, outra é ser cheio dEle. Uma coisa é ter Espírito presente, outra é tê-lo como presidente. Você, que tem o Espírito Santo, já teve uma experiência pessoal de enchimento dEle?
3. Duas bênçãos distintas
O Batismo no Espírito Santo é uma experiência distinta da Salvação. A salvação vem pela fé em Cristo e não pelo batismo no Espírito. Este, reflete a busca por uma aproximação mais pessoal do crente com Deus; Ele capacita o crente a ser eficaz no testemunho do Evangelho ao mundo. Quando a Palavra de Deus é proclamada sob o poder do Espírito, sua veracidade é confirmada muito mais do que naquelas pessoas que são dotadas apenas de refinamento formal e intelectual, embora isto possa ter um importante papel, desde que esteja sob o domínio do Espírito Santo.
Portanto, todos aqueles que foram salvos em Cristo - sejam eles pentecostais, ou não, foram eles batizados no Espírito Santo, ou não -, têm o Espírito Santo, e foram batizados no Corpo de Cristo (1Co.12:13) – “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito”. Quem não tem o Espírito não é cristão (Rm.8:9) – “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.
Outro texto que comprova que o Batismo no Espírito Santo e a Salvação são duas bençãos distintas é o de Atos 8:14-17. Em Samaria, muitos foram convertidos pela pregação poderosa do Diácono e Evangelista Filipe. Foram salvos, mas não eram batizados no Espírito Santo. Somente após a chegada de Pedro e João eles obtiveram a experiência do Batismo no Espírito Santo.
“Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo”.
4. Conceito teológico
No Antigo Testamento, a festa judaica de Pentecostes - que era comemorada cinquenta dias depois da Festa das Primícias, uma prefiguração da ressurreição de Cristo -, era uma figura, um símbolo, um tipo do derramamento do Espírito Santo e, por isso mesmo, este derramamento se iniciou num dia de Pentecostes, para que, através do que está escrito sobre esta festa judaica, entendêssemos o significado desta operação espiritual, que é fundamental para a nossa vida cristã.
Não é coincidência que o derramamento do Espírito Santo tenha se iniciado no dia de Pentecostes. Em primeiro lugar é importante salientar que estamos diante do "ano aceitável do Senhor" (Lc.4:19), ou seja, o tempo em que haveria a pregação do evangelho. Este ano se iniciou com a morte de Jesus Cristo no Calvário, que nos abriu um novo e vivo caminho para o Pai (Hb.10:20), episódio que, por inaugurar este ano do Senhor, nada mais é que a Páscoa (1Co.5:7). Tanto assim é que, no dia seguinte ao sábado da Páscoa, era oferecido um molho das primícias da colheita ao sacerdote (Lv.3:10), que seria movido perante o Senhor, primícia esta que outra não é senão o primogênito dentre os mortos, aquele que ressuscitou no primeiro dia da semana - Cristo Jesus (1Co.15:20,23; Cl.1:18). Em seguida, cinquenta dias depois, vinha o Pentecostes, a festa que indicava o início da colheita no ano, ou seja, a ocasião que demonstra o início da salvação da humanidade através da Igreja, o início do movimento do Espírito Santo, baseado no sacrifício de Cristo, com poder e eficácia, em prol da colheita das almas para o reino celestial, algo que perdurará até a festa da colheita final, até o final deste ano, que se dará com a terceira festa, a festa das trombetas ou festa dos tabernáculos, que representa a volta de Cristo, o arrebatamento da Igreja.
Assim, a descida do Espírito Santo somente poderia ocorrer, mesmo, na festa das primícias, na festa das semanas, que indica o início da colheita, o início da manifestação plena do Espírito Santo no meio da humanidade com vistas à salvação das almas. Era o começo do movimento, e o Espírito Santo sempre esteve relacionado com o mover, como vemos desde a Sua primeira aparição no texto sagrado (Gn.1:2).
II. O PROPÓSITO DO BATISMO NO ESPÍRITO
Visto que a promessa do batismo no Espírito Santo é diferente da promessa da salvação, visto que é dirigida à Igreja, portanto aos que já são salvos, é imperioso que também verifiquemos qual o propósito de tal promessa, porque toda promessa de Deus tem um propósito, pois tudo quanto sucede debaixo do céu tem um propósito, um objetivo (Ec.3:1).
A necessidade do batismo no Espírito Santo apresenta-se como uma verdade sempre presente já no ministério de João Batista, que dizia que o Messias providenciaria o batismo no Espírito Santo (Mt.3:11; Mc.1:8; Lc.3:16; Jo.1:33), o que foi repetido pelo Senhor Jesus em Seu ministério terreno, tendo tal necessidade se tornado patente e comprovada no dia de Pentecostes, quando, diante das primeiras conversões, ficou demonstrado que, sem tal experiência, a obra evangelizadora que se exigia da igreja jamais poderia ser alcançada a contento.
A Promessa é para todas as pessoas que se convertem ao Senhor Jesus em todos os lugares e em todas as épocas; todavia, nem todos os crentes em Jesus são batizados no Espírito Santo. Jesus, ao anunciar que os discípulos deveriam aguardar o revestimento de poder, Jesus não fez qualquer restrição a respeito de quem deveria aguardar o batismo no Espírito Santo - "Ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até do que do alto sejais revestidos de poder" (Lc.24:49). Estas foram palavras proferidas pelo Senhor no Monte das Oliveiras, por ocasião do seu último discurso antes de ascender os céus que, segundo nos dá conta o apóstolo Paulo, foram ouvidas por mais de quinhentos crentes (cf. 1Co.15:6; At.1:12; Lc.24:50,51). Assim, a promessa foi feita para todos quantos criam em Jesus e professavam Seu nome naquele tempo, ou seja, a toda a igreja então existente.
Lamentavelmente, dos mais de quinhentos que ouviram a promessa, apenas quase cento e vinte perseveraram até o dia de Pentecostes (At.1:15) e, por isso, só estes, naquela oportunidade, foram revestidos de poder. Entretanto, e isto é muito importante, tantos quantos perseveraram e creram nas palavras do Senhor, alcançaram a bênção, mesmo se não eram do colégio apostólico, se eram homens ou mulheres (sim, mulheres também estavam entre os que foram batizados no Espírito Santo, cf. At.1:14), se eram crentes antigos (como os primeiros discípulos, como Pedro, João e André) ou se eram crentes recentemente convertidos (como os irmãos de Jesus, que se converteram apenas depois da ressurreição do Senhor, cf.1Co.15:7). Jesus quer batizar a tantos quantos creiam na promessa e nela perseverem.
Veja, a seguir, alguns propósitos do Batismo no Espírito Santo:
1. Fazer com que o crente possa ser uma testemunha de Jesus Cristo
O primeiro propósito de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é, precisamente, fazer com que o crente possa ser Sua testemunha. É o que verificamos no texto de At.1:8:
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”.
Alguém só pode ser testemunha de alguém se tiver presenciado o fato, se conhecer a pessoa ou a sua vida e obra. Como poderia um crente falar a respeito do amor e do poder de Deus, se não os presenciasse, se não os vivenciasse? Somente o crente batizado no Espírito Santo é testemunha plena e completa da obra de Deus através de Jesus Cristo, pois não só desfruta do amor de Deus, pois é salvo, como também foi envolvido pelo poder de Deus através do revestimento de poder.
2. Proporcionar ao crente a alegria do Espírito Santo
A Bíblia fala-nos que, uma vez cheios do poder do Espírito, os discípulos passaram a falar das grandezas de Deus (At.2:11). Estavam todos alegres, glorificando a Deus e exaltando o nome do Senhor. A alegria no Espírito Santo é uma característica indispensável para quem quer ser semelhante a Cristo (Lc.10:21). A alegria é resultado da ação do poder de Deus nas nossas vidas (cf. Lc.10:17). Quando somos salvos, recebemos a alegria da salvação (Sl.51:12), mas se trata de uma alegria introspectiva, interna, enquanto que o gozo advindo da experiência do Batismo no Espírito faz com que ela jorre para os outros, se expresse com ousadia e seja capaz de compungir os corações dos que nos ouvem.
3. Capacitar o crente para a glorificação do nome do Senhor
Com o batismo no Espírito Santo, o crente passa a ser portador de porção do poder divino, que o torna capaz de operar maravilhas, sinais e prodígios (Rm.15:19) para a glorificação do nome do Senhor. Cheios do Espírito Santo, Pedro e João puderam conceder a cura ao coxo da porta Formosa, dando-lhe aquilo que tinham obtido mediante o revestimento de poder. Aliás, a concessão deste poder está tão relacionada ao batismo no Espírito Santo que o próprio Jesus o denominou de "revestimento de poder". É importante, aqui, observar a expressão bíblica "revestimento", ou seja, o crente já é vestido de poder, pois recebeu o Espírito Santo, foi por ele gerado, é uma nova criatura, contra a qual nada pode fazer o mal (1João 5:18), mas, quando batizado no Espírito Santo, passa a ter um poder todo especial, que lhe permite efetuar obras maiores até que as que foram feitas por Jesus em Seu ministério terreno (cf. João 14:12).
4. Criar um ambiente de maior intimidade entre o crente e o Espírito Santo
O batismo no Espírito Santo é um "mergulho", uma "imersão" no Espírito. A pessoa passa a estar envolvida pelo Espírito Santo, a estar integralmente sob a influência do Espírito Santo, a desfrutar de uma intimidade tal que dispensa até mesmo a intermediação de nossa alma neste relacionamento espiritual (como ocorre quando se fala em línguas estranhas, cf.1Co.14:2). Em consequência desta intimidade, o crente pode ser usado mais eficazmente pelo Espírito Santo e lhe compreende os desígnios com muito mais facilidade, o que não ocorre com o que não é batizado no Espírito Santo. Enquanto Apolo teve de ser orientado por Priscila e Áquila, Paulo não teve dificuldade em discernir onde o Espírito Santo queria que ele pregasse o Evangelho.
5. O Batismo no Espírito Santo é uma necessidade real e atual
Desde os dias de João, o batismo no Espírito Santo foi considerado uma necessidade para que a Igreja pudesse cumprir o seu papel, para que o crente pudesse desempenhar, com eficiência e eficácia, aquilo que o Senhor determinou que fizesse. Infelizmente, hoje, não são poucos os crentes que menosprezam e até descreem do batismo no Espírito Santo, confundindo-o com a experiência da conversão (ou novo nascimento) ou, então, dizendo ser uma experiência que ficou circunscrita aos tempos apostólicos. Se é verdade que a falta do batismo no Espírito Santo não compromete a salvação do crente, também não é menos verdadeiro que tudo o mais na vida espiritual apresenta-se comprometido e prejudicado pela ausência desta bênção.
Ora, se assim era nos dias apostólicos, quando a igreja dava os seus primeiros passos, quando se iniciava o período da graça, que diremos nos nossos dias, dias que a Bíblia chama de "tempos trabalhosos" (2Tm.3:1), dias de multiplicação da iniquidade que esfriará o amor de muitos (Mt.24:12), dias de apostasia (2Ts.2:3; 1Tm.4:1), dias comparáveis aos de Noé e de Ló em termos de maldade (Lc.17:26,28)?
Será que, diante de tamanho risco para a nossa salvação, quando já começa a operar com cada vez maior desenvoltura o espírito do anticristo (1João 4:3; 2Ts.2:7), podemos abrir mão desta promessa que o Senhor nos deixou, exatamente para nos dar maior intimidade com Ele, para nos dar poder, para nos dar ousadia? Obviamente que a resposta é não.
O batismo no Espírito Santo continua sendo o instrumento indispensável e necessário para que possamos enfrentar o nosso adversário e ganhar almas para o reino do Senhor, a começar da nossa própria (pois de nada adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria alma - Mt.16:26).
Jesus é o mesmo (Hb.13:8) e, deste modo, não haveria de mudar. Se determinou aos discípulos que aguardassem o revestimento de poder para que, com êxito, cumprissem a Sua vontade, se é Seu desejo que todos os crentes sejam batizados no Espírito Santo, não haveria de, agora, às vésperas de Sua volta, alterar os Seus desígnios, modificar a Sua vontade.
Sendo assim, se o(a) querido(a) irmão(ã) ainda não é batizado(a) no Espírito Santo, o que está a esperar? Comece, agora mesmo, a buscar esta promessa, que é para tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39b).
III. O RECEBIMENTO E A EVIDÊNCIA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
O Derramamento do Espírito Santo produziu o fenômeno das línguas. O Pentecostes foi o oposto de Babel. Em Babel as línguas eram ininteligíveis; no Pentecostes, não houve necessidade de interpretação. Em Babel houve dispersão; no Pentecostes, ajuntamento. Babel foi resultado de rebeldia contra Deus; Pentecostes, foi fruto da oração perseverante a Deus. Em Babel os homens enalteciam seu próprio nome; no Pentecostes, falavam sobre as grandezas de Deus. John Stott escreveu: “Em Babel, a terra orgulhosamente tentou subir ao Céu, enquanto em Jerusalém, o Céu humildemente desceu à Terra”.
1. As “outras línguas” (Atos 2:4)
“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”.
Lucas destaca a natureza internacional da multidão poliglota reunida ao redor dos 120 discípulos que foram cheiros do Espírito Santo (Atos 2:5-11):
5.E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
6.E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
7.E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando?
8.Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?
9.Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judeia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia,
10.9.e Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos),
11.e cretenses, e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.
Neste glorioso fenômeno do Pentecostes Deus rompeu a barreira da língua, e os judeus de diversas partes do mundo puderam ouvir os discípulos falando em sua própria língua materna. Essas “outras línguas” eram dialetos conhecidos e falados pelos judeus que habitavam diversas regiões do Império Romano e estavam em Jerusalém por ocasião da festa.
O apóstolo Pedro aborda a questão da “glossolalia” de Atos 2 e diz que não foi consequência de uma intoxicação ou embriaguez (Atos 2:13). Os discípulos não perderam suas funções físicas e mentais; foi um fenômeno tanto de fala como de audição. Não foram sons incoerentes, mas uma habilidade sobrenatural para falar em línguas reconhecíveis. Assim, a expressão “outras línguas” poderia ser traduzida por “línguas diferentes da sua língua materna”. Os discípulos falaram línguas que ainda não haviam aprendido. Essas “outras línguas”, portanto, são conhecidas como “glossolalia”, e elas evidenciam externa, física e inicialmente o batismo no Espírito Santo.
Qual a diferença entre as línguas de Atos 2 e as línguas mencionadas em 1Corintios 12 e 14?
· As línguas em Atos 2 eram entendias pelos grupos linguísticos de judeus que habitavam Jerusalém; enquanto em 1Corintios as línguas eram ininteligíveis e existia a necessidade de um intérprete para traduzi-las. Consequentemente, elas eram diferentes também quanto ao caráter.
· As línguas em Atos 2 foram dadas a um grupo específico, num lugar específico, num tempo específico, para evidenciar a recepção do Espírito; ao passo que em 1Corintios as línguas são um dom espiritual que continua sendo outorgado aos crentes para edificação própria e para edificação da Igreja.
· As línguas em Atos 2 eram dialetos (Atos 2:6,8), ou seja, línguas faladas e entendidas pelos vários povos que estavam em Jerusalém; ao passo que em 1Corintios quem fala em línguas profere mistérios e ninguém pode entender (1Co.14:2).
· As línguas em Atos 2 não precisam de intérprete, pois cada um os ouvia falar em sua própria língua; enquanto em 1Corintios até quem fala não entende o que fala, a não ser que tenha também o dom de interpretação (1Co.14:13,14).
· As línguas em Atos 2 têm o propósito de proclamar as grandezas de Deus para fora, edificando as outras pessoas; já em 1Corintios, as línguas não devem ser usadas em público, a não ser que haja intérprete. É um dom de auto edificação (1Co.12:2,3,19).
2. Função das línguas
As línguas sinalizam a presença do Espírito Santo na vida do crente. As “línguas estranhas” são o único sinal bíblico do batismo no Espírito Santo; é uma exuberante oportunidade em que o Espírito Santo usa um servo de Deus para magnificar o nome do Senhor e levar o mundo a conhecer as grandezas de Deus, por intermédio da sobrenaturalidade. As pessoas no instante que são batizadas no Espírito Santo começam a falar com Deus, a exaltá-lo, a louvá-lo, a glorificá-lo de uma forma evidente e que pode ser notada e contemplada por todas as pessoas. Foram as línguas estranhas que sinalizaram o batismo de Cornélio e sua família (cf. Atros 10:47).
Assim, a “língua estranha” enquanto sinal do batismo no Espírito Santo é algo que está presente na vida de cada crente batizado no Espírito Santo. Portanto, a “língua estranha” como sinal do batismo é algo universal. Se alguém foi batizado no Espírito Santo, ele falou em língua estranha pelo menos no instante em que recebeu esta bênção. Deste modo, só existe um meio biblicamente aceitável para dizer se alguém foi batizado no Espírito Santo: ter sido visto falar em “língua estranha”.
Já a língua como dom espiritual tem uma outra abrangência. Como dom espiritual, diz a Bíblia, é repartida particularmente pelo Espírito Santo a quem Ele quer, ou seja, não é uma bênção que seja distribuída a todos os crentes batizados no Espírito Santo, mas tão somente a quem o Espírito Santo quer. O próprio apóstolo Paulo afirmou, em 1Coríntios 12:2, que havia aqueles que falavam em “língua estranha”, prova de que não eram todos os que falavam.
Portanto, o dom de línguas não é para todos, mas para alguns, ainda que seja, historicamente, o mais disseminado dos dons espirituais, o que se compreende tanto pelo fato de que se trata de um instrumento de edificação individual, quanto pela circunstância de ser o dom mais buscado pelos crentes, a ponto de Paulo ter tido necessidade de pedir aos crentes de Corinto que buscassem mais os dons de profecia e o de interpretação das línguas.
Todos os batizados no Espírito Santo falam em língua estranha quando recebem o revestimento de poder, mas nem todos têm o dom de línguas; então há um grupo de crentes que, apesar de serem batizados no Espírito Santo, não possuem o dom de línguas e, por conseguinte, apesar de terem falado em “língua estranha” no instante do batismo, não mais falarão dali por diante. A existência deste grupo deve ser aqui realçada pois, inadvertida e erroneamente, há muitos que acham que, se alguém foi batizado no Espírito Santo e deixou de falar em línguas, precisa ser renovado, não está bem espiritualmente, pecou ou fez algo que não era da vontade de Deus. Nem sempre podemos assim considerar, pois nem sempre quem é batizado no Espírito Santo, recebe o dom de línguas.
3. Atualidade das línguas
O movimento pentecostal é aquele que demonstra, de modo cabal, a observância da Bíblia como única regra de fé e de prática. O evangelho completo, sem restrições, inteiramente assumido como verdade atual só é possível para quem crê na atualidade da operação do Espírito Santo, o que só é possível dentro da aceitação das doutrinas bíblicas pentecostais. Somente a admissão do “derramamento do Espírito Santo” como uma realidade atual poderá dizer que cremos na Bíblia e que a praticamos.
As “línguas espirituais” são o sinal estabelecido por Deus para indicar à Sua Igreja que alguém foi batizado no Espírito Santo, conforme nos informam as Escrituras, e elas são atemporais, pois o Batismo no Espírito Santo está em pleno vigor. Basta apenas buscar essa promessa que é para toda a Igreja em todas as épocas. Porém, não se deve confundir as “línguas estranhas”, como evidência do batismo no Espírito Santo, com o dom de variedades de línguas. Este dom, um dos nove dons elencados pelo apóstolo Paulo, em sua primeira Carta aos Coríntios, é algo diverso e que não é necessariamente presente na vida de todo crente batizado no Espírito Santo.
Portanto, a Promessa de ser batizado no Espírito Santo é para toda a Igreja, e isso engloba todos os crentes em Cristo em todos os lugares e em todas as épocas até à volta de nosso Senhor (Jl.2:28-32; At.2:16-21), de modo que as línguas são inseparáveis do batismo no Espírito Santo.
CONCLUSÃO
O batismo no Espírito Santo é mais do que uma promessa, é o cumprimento do projeto de Deus de revestir seus filhos com um poder para testemunhar das suas grandezas, da salvação e da vida porvir. E esse revestimento de poder não foi somente para os crentes do primeiro século, ele existirá enquanto a Igreja permanecer neste mundo. Devemos ser zelosos e sinceros na busca do batismo no Espírito Santo (Ef.5:18), e realmente falar em línguas somente, e somente só, quando o Espírito Santo o impulsionar para que isso aconteça, para glória de Deus.