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O DIACONATO

 

Texto Base:  1 Timóteo 3:8-13

“Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus” (1Tm.3:13). 

1 Timóteo 3:

8.Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância,

9.guardando o mistério da fé em uma pura consciência.

10.E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis.

11.Da mesma sorte as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo.

12.Os diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas.

13.Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.

INTRODUÇÃO

Na sequência do estudo das funções eclesiásticas, estudaremos nesta Aula a respeito da função de Diácono. Este é escolhido pelo Senhor para servir na Igreja Local, notadamente em assuntos de ordem material.

No início da Igreja, Satanás tentou impedir o seu avanço em pelo menos três táticas: primeiro, ele tentou suprimir a Igreja por meio da perseguição - pela força das autoridades judaicas (Atos 4); segundo, tentou corrompê-la com a mentira e hipocrisia - através do casal Ananias e Safira (Atos 5); terceiro, ele promoveu dissensões internas (Atos 6:1) - ele tentou distrair seus líderes da oração e da pregação através de algumas viúvas murmuradoras, para expor a Igreja a erros e à injustiça social. Se Satanás tivesse obtido sucesso em qualquer uma dessas tentativas, a nova comunidade de Jesus teria sido aniquilada em seu princípio.

Todavia, os apóstolos estavam alertas o suficiente para detectar “as ciladas do diabo”. Eles resolveram, então, designar “homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria”, para que cuidassem do sustento da Igreja e do cuidado com os pobres, liberando os apóstolos para dedicação exclusiva à oração e ao ensino da Palavra de Deus. E assim, “crescia a Palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé” (Atos 6:7). Acredito que todos são concordes: os diáconos são fundamentais para o bom funcionamento da obra de Deus.

I. A DIACONIA DE JESUS CRISTO

1. Significado do termo

“Diaconia” significa "ministério” ou “serviço". Quando vamos ao texto original grego, notamos que a expressão “ministério cotidiano” é tradução de “diakonía té kathemeriné”, enquanto que “servir às mesas” é tradução de “diakonein trapedzais”, de modo que se sobressai em ambas as expressões a palavra “diakonía” ou “diakonein”, que têm, respectivamente, os significados de “servidor” ou “servo” e de “servir”. Portanto, o papel do “diácono” é o papel de “servidor”, “daquele que serve”.

Como bem diz o Pr. Elinaldo Renovato, aqui na Terra, Jesus demonstrou o verdadeiro sentido da diaconia em todos os seus aspectos. Na realidade, Seu Ministério terreno evidenciou o quanto Ele foi “apóstolo da nossa confissão” (Hb.3:1), profeta (Lc.24:19), evangelista (Lc.4:18,19), pastor (João 10:11), mas, principalmente, diácono por excelência (Mt.20:28). O apóstolo Paulo disse que, Jesus, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp.2:6-7).

Em seu sentido mais amplo, a diaconia não surgiu com a instituição de diáconos em Atos 6:1-7, mas permeia toda a Bíblia. No Antigo Testamento, os profetas chamavam a atenção dos reis e do povo para os órfãos, viúvas e os pobres que estavam sendo oprimidos e privados de seus direitos. O Salmo 41:1-3 fala que Deus tem cuidado especial dos fracos e indefesos, e abençoa quem demonstra compaixão pelos necessitados.

2. Serviço de escravo

Na véspera da sua crucificação, o Senhor Jesus reuniu os seus doze discípulos para participar da última ceia. Tomando uma toalha e uma bacia com água, ele começou a lavar os pés dos discípulos, um a um (João 13:4,5). O texto diz o seguinte:

“levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido”.

À época de Jesus, era costume que, antes de se assentarem à mesa, as pessoas lavassem os pés. Os discípulos tinham vindo de Betânia, e seus pés estavam cobertos de poeira. Eles não podiam assentar-se à mesa antes de lavar os pés. Só que lavar os pés era serviço de escravo, principalmente do escravo mais humilde de uma casa. Jesus estava no cenáculo com eles, e ali não havia servos. Jesus, então, esperou que eles tomassem a iniciativa de lavar os pés uns dos outros. Mas eles eram orgulhosos demais para fazer um serviço de escravo. Ninguém tomou a iniciativa. Aliás, os discípulos abrigavam no coração a dúvida de quem era o mais importante entre eles (cf. Lc.22:24-30). O vaso de água, a bacia, a toalha-avental dispostos ali à vista de todos, os acusavam. Esses utensílios constituíam uma acusação silenciosa contra aqueles homens. Mesmo assim, ninguém se mexia. Eles pensavam que privilégios implicava grandeza, reconhecimento, aplausos e regalias. Jesus, porém, reprovou a atitude deles, mostrando-lhes que, entre os que o seguem, mede-se a grandeza de qualquer um pelo serviço prestado.

Foi no meio de tais homens que se sentiam muito importantes, entre eles Judas Iscariotes, o traidor, que Jesus se levantou; mesmo sabendo que era o Filho de Deus, e que tinha vindo do Céu e voltava para o Céu, Jesus cingiu-se com uma toalha, deitou água em uma bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha. Jesus repreendeu o orgulho dos discípulos com sua humildade. Jesus mostrou que, no Reino de Deus, maior é o que serve. O que Jesus teve em mente não foi um rito externo, o “lava-pés”, mas uma atitude interna de humildade e vontade de servir. A grandeza no Reino de Deus não é medida por quantas pessoas estão a seu serviço, mas a quantas pessoas você está servindo. Devemos ter o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus (Fp.2:5). Ele, sendo Deus, não julgou com usurpação o ser igual a Deus. Ele se esvaziou. Ele se humilhou. Ele sofreu morte humilhante, morte de cruz.

Jesus, sendo o Soberano do Universo, cingiu-se com uma toalha. Sendo o Rei dos reis, inclinou-se para lavar os pés sujo dos seus discípulos. Ah, como precisamos hoje dessa lição de Jesus! Temos hoje muitas pessoas importantes na Igreja, mas poucos servos; muita gente no pedestal, mas poucas inclinadas com a “bacia e a toalha” na mão; muita gente querendo ser servida, mas poucas prontas a servir.

A humidade de Jesus repreende o nosso orgulho. Devemos nos revestir de humildade, porque aquele que se humilhar será exaltado (Lc.14:11). O cristão mais pobre, o mais fraco e o mais ignorante pode todos os dias encontrar uma ocasião para praticar amor e humildade. Cristo nos ensinou a fazer isso. Entre os discípulos um novo tipo de relacionamento deve prevalecer, ou seja, os discípulos devem ser servos (diakonos) uns dos outros e escravos (doulos) de todos.

3. O discípulo é um serviçal

É bom enfatizar que o objetivo de Jesus Cristo nunca foi a de estabelecer uma hierarquia de poder temporal para a sua Igreja, mas a de serviço, conforme demonstra sua resposta aos filhos de Zebedeu:

 “mas entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc.10:43-45).

Jesus, percebendo a ambição no coração dos seus discípulos, chamou-os à parte e ministrou-lhes uma lição sobre o espírito de grandeza que predomina no mundo. Ser grande no conceito do mundo é usar o domínio sobre as pessoas para desvantagem destas e para vantagem de quem assim domina. Porém, no Reino de Deus, a pirâmide está invertida - a grandeza é medida pelo serviço e não pela dominação. Ser grande é ser servo; ser grande é estar a serviço dos outros em vez de ser servido pelos outros.

O padrão de Deus é que uma pessoa deve ser um servo antes de Deus promovê-la a uma posição de liderança. Foi dessa maneira que Deus trabalhou com José, Moisés, Josué, Davi e mesmo com Jesus (Fp.2:5-11). Se não sabemos obedecer a ordens, não saberemos dar ordens. Antes de uma pessoa exercer autoridade, deve saber o que é estar debaixo de autoridade. Pense nisso!

II. A INSTITUIÇÃO DOS DIÁCONOS

1. O conceito da função

Segundo o dicionário Wycliffe, a forma verbal de diácono (diakonein) significa “servir”, particularmente “servir às mesas”. Tem a conotação de um serviço muito pessoal, intimamente relacionado com servir por amor.

Na Igreja há dois ministérios funcionais: a diaconia das mesas (Atos 6:2,3) e a diaconia da Palavra (Atos 6:4), ou seja, a ação social e a pregação do Evangelho. O diácono é aquele que coopera com aqueles que se dedicam à oração e ao ministério da Palavra. Os primeiros diáconos foram nomeados assistentes dos apóstolos. Como bem diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, o ministério das mesas não substitui o ministério da Palavra, nem o ministério da Palavra dispensa o ministério das mesas. Nenhum dos dois ministérios é superior ao outro. Ambos são ministérios cristãos que exigem pessoas espirituais, cheias do Espírito Santo, para exercê-los. A única diferença está na forma que cada ministério assume, exigindo dons e chamados diferentes.

2. Origem do diaconato

No início da Igreja era costume distribuir alimentos diariamente às viúvas pobres da congregação que não tinham outro meio de se sustentar. Alguns dos judeus de fala grega se queixavam porque as viúvas deles não estavam sendo tratadas da mesma forma que as viúvas dos hebreus (os judeus de Jerusalém e da Judéia). É muito provável que o esquecimento das viúvas helenistas não fosse proposital. A queixa acabava recaindo sobre os apóstolos, que estavam encarregados dessa distribuição (At.4:35,37).

Uma medida imediata precisava ser tomada para corrigir o problema. Os apóstolos não foram negligentes nem remissos. Agiram com rapidez e sabedoria para estancar aquela hemorragia que colocava em risco a integridade da Igreja, sua paz interna e o seu testemunho externo.

Os apóstolos não desejavam abandonar o ministério da Palavra de Deus para cuidar das finanças. Assim, sugeriram que a comunidade dos fiéis escolhesse “sete homens” firmes na fé para tratar dos assuntos “temporais” da Igreja (cf.At.6:2,3). Na realidade, o substantivo “diácono” não aparece nessa passagem de Atos, mas a forma verbal é empregada no versículo 2: “Não é razoável que nós deixemos a Palavra de Deus e sirvamos (literalmente ‘diácono’) às mesas. Tudo indica que essa era a sua função. O problema identificado (At.6:1) encontrou imediata solução (At.6:2-6), e o resultado foi o crescimento vertiginoso da Igreja (At.6:7).

É digno de nota o seguinte fato: os apóstolos não ficaram na defensiva; acolheram as críticas dos helenistas e tiveram coragem de fazer uma correção de rota. Em vez de se desgastarem ainda mais no trabalho do serviço às mesas, ampliaram o quadro de obreiros. É conhecido o que Dwight Moody costumava dizer: “É melhor colocar dez homens para trabalhar do que tentar fazer o trabalho de dez homens”. Warrem Wiersbe diz que a Igreja apostólica não teve medo de fazer ajustes em sua estrutura, a fim de dar espaço para a expansão do ministério (Wiersbe, Warren. Comentário bíblico do Novo Testamento, p. 556,557). É triste quando as igrejas destroem ministérios por se recusarem a modificar suas estruturas.

É bom ressaltar que a obra dos Doze e a obra dos Sete são igualmente chamados de diakonia (At.6:1,4) - “ministério” ou “serviço”. A primeira é o “ministério da Palavra” (At.6:4) ou o trabalho pastoral; a segunda é o “ministério junto às mesas” (At.6:2) ou o trabalho social. Nenhum ministério é superior ao outro. Pelo contrário, ambos são ministérios cristãos, ou seja, meios de servir a Deus e ao seu povo.

3. A escolha dos diáconos

Numa Igreja Local onde predomina a presença do Espírito Santo, os seus obreiros não devem ser escolhidos de qualquer forma, sem consultar a Deus, sem primeiramente analisar os pré-requisitos necessários para esta tão nobre posição. Veja qual foi o critério para escolher os diáconos no princípio da Igreja: “Escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria...” (Atos 6:3). Portanto, para se escolher um obreiro para Obra do Senhor, existe pré-requisitos: “boa reputação, ser cheio do Espírito Santo e de sabedoria”; isto sem falar dos critérios estabelecidos pelo apóstolo Paulo em 1Tmóteo 3:8-13. Por que, então, não usar estes critérios, hoje, no momento de escolher os obreiros? Se isto fosse aplicado, veríamos uma Igreja Local totalmente diferente da que vemos hoje!

Observe que, no princípio da Igreja, os diáconos foram escolhidos não pelos apóstolos, mas pela Igreja. Dentre os membros da Igreja, com credenciais preestabelecidas, sete homens foram eleitos para exercerem a diaconia das mesas. Depois de orar, os apóstolos impuseram as mãos sobre os sete homens, num gesto de concordância com a escolha da Igreja.

A julgar pelos nomes dos sete homens escolhidos, quase todos eram judeus helenistas convertidos. Essa escolha foi uma concessão amável feita justamente ao grupo que havia se queixado. Dali em diante não teriam mais motivos para acusar a comunidade de preterir os helenistas. Quando o amor de Deus enche o coração, não deixa espaço para a mesquinhez e o egoísmo.

Sabemos mais detalhes apenas sobre dois desses sete diáconos: Estêvão e Filipe. Estêvão tornou-se o primeiro mártir da Igreja; Filipe foi o evangelista que, posteriormente, levou a mensagem cristã a Samaria e ganhou para Cristo o eunuco etíope, e recebeu Paulo em Cesaréia (Atos 21:8).

III. O PERFIL E FUNÇÃO DO DIÁCONO

1. Qualificações do diácono

As qualificações exigidas para os diáconos são muito similares às dos presbíteros, embora não tão rigorosas. Uma notável diferença está no fato de que não é necessário um diácono ser apto a ensinar (cf. 1Tm.3 e Tito 1). Vejamos algumas qualificações do diácono à luz de 1Tm.3:8-10.

“Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância, guardando o mistério da fé em uma pura consciência. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis”.

a) Caráter moral (1Tm.3:8)

“Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância,

- Deve ser honestos (3:8a). Uma das piores queixas que se pode ouvir acerca de uma pessoa, principalmente um obreiro, é que suas palavras não se coadunam com a sua conduta. Como pode um obreiro falar sobre honestidade e ser desonesto? Os diáconos precisam ter caráter impoluto, vida irrepreensível e conduta ilibada.

- Não de língua dobre (3:8b). Os diáconos precisam ser verdadeiros, íntegros em suas palavras e consistentes em sua vida. Não podem dar relatos conflitantes para pessoas diversas em diferentes tempos. Não devem ser boateiros, mexeriqueiros. Não devem dizer uma coisa aqui e outra acolá. Não devem ser maledicentes nem jogar uma pessoa contra a outra. Suas palavras devem têm peso. Eles devem ser absolutamente confiáveis no que dizem.

- Não inclinados a muito vinho (3:8c). Os diáconos devem ser cheios do Espírito Santo (At.6:3), e não cheios de vinho (Ef.5:18). Quem é governado pelo álcool não pode servir na Casa de Deus.

- Não cobiçosos de sórdida ganância (3:8d). Os diáconos lidam com as ofertas do povo de Deus e administram os recursos financeiros da Igreja na assistência aos necessitados. Se eles tiverem cobiça por dinheiro, estão expostos a uma grande tentação. Eles podem ser tentados a se “beneficiarem”. Não podem ser como o Judas Iscariotes que roubava a bolsa (cf. João 12:6). Não podem cobiçar o que devem repartir. Não podem desejar para si o que devem entregar para os outros. Pense bem: Judas Iscariotes não foi o último tesoureiro a trair seu Senhor por dinheiro!

b) Caráter espiritual (1Tm.3:9,10)

“guardando o mistério da fé em uma pura consciência. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis”.

- Deve guardar o mistério da fé com a consciência limpa. Isso significa que o diácono deve ser são na doutrina e na vida. Não deve apenas conhecer a verdade, mas vivê-la. Ele precisa compreender a doutrina cristã, crer na doutrina cristã e viver a doutrina cristã. Sua vida, sua família e seu ministério precisam ser pautados pela Palavra de Deus. Aqui, o “mistério da fé” é uma referência à fé cristã. Muitas doutrinas do cristianismo foram mantidas secretas durante o período do Antigo Testamento, mas foram reveladas pelos apóstolos e profetas do Novo Testamento. Por isso a palavra “mistério” é usada aqui.

- Deve ser provado e experimentado (Atos 6:10; 3:10). Atos 6:10 diz que os diáconos devem ser primeiramente provados. Isso significa que eles devem ser observados por algum tempo e talvez ganhar pequenas responsabilidades na Igreja Local. Depois de provarem ser confiáveis e fiéis, então podem receber responsabilidades maiores. Depois, exerçam o diaconato, ou simplesmente “sirvam” (1Tm.3:10 - ARC). Assim como no caso dos presbíteros, o destaque não é o cargo eclesiástico, mas o serviço para o Senhor e seu povo. Em qualquer lugar em que um homem for irrepreensível em sua vida pessoal e pública, terá permissão para servir como diácono (1Tm.3:10).

c) Caráter familiar

“Os diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas” (1Tm.3:12).

A vida do diácono e sua família são a base do seu ministério diaconal. Não deve ter nenhuma reprovação em sua vida conjugal. Ele precisa ser fiel à esposa e ser líder espiritual de sua casa. Deve ensinar seus filhos e educá-los nos caminhos de Deus. Não conseguir isso é um defeito de caráter de cristão, segundo o Novo Testamento. Isso não significa que os homens devem ser déspotas e mandões, mas que seus filhos devem ser obedientes e testemunhem a verdade.

2. A função dos diáconos em Atos 6

A função dos sete diáconos em Atos 6 era fundamentalmente de caráter social. Eles foram eleitos para “servir às mesas” (Atos 6:2). Eles não podiam permitir que houvesse injustiças de caráter social na Igreja.

Os apóstolos tinham a plena consciência de que haviam sido chamados para exercer o ministério da Palavra e a oração, que tinham de se dedicar ao exercício dos dons ministeriais de evangelista, pastor e mestre, e que não lhes cabia cuidar do chamado “ministério cotidiano”, da distribuição de recursos econômico-financeiros para a subsistência não só das viúvas, mas de todos quantos viviam com “tudo em comum” na Igreja de Jerusalém.

Os apóstolos reconheceram que, diante do crescimento do número de discípulos, era necessária uma descentralização de atribuições, a criação de um novo corpo de obreiros que pudesse levar a cabo este “ministério cotidiano”, que era um “importante negócio”, pois além de cuidar da própria sobrevivência dos crentes, não só das viúvas, ressalte-se, mas de todos os que haviam se privado de todos seus bens para servir ao Senhor, isto seria fundamental para mostrar a própria existência do amor de Deus entre os cristãos, o que era indispensável para que se tivesse um testemunho a ser dado e que seria um fator primordial no êxito da própria evangelização.

Os apóstolos, então, convocaram a Igreja para discutir o assunto, mostrando aos crentes que eles haviam sido chamados para o ministério da Palavra de Deus e que não era razoável deixarem esta função para se dedicarem ao “serviço das mesas”. Portanto, o papel do “diácono” é o papel de “servidor”, “daquele que serve”, que presta serviço como cristão: a Cristo ou a outro cristão (2Co.6:4; 11:23; Ef.6:21; Cl.1:23,25; 1Tm.4:6); em caráter oficial ou semioficial (Rm.16:1; Fp.1:1; 1Tm.3:8,12).

3. A função dos diáconos hoje

Hoje, vivemos um evidente menosprezo e desvio da função diaconal em nossas Igrejas Locais. O diaconato está fora do padrão bíblico, originalmente estabelecido em Atos 6. Nada mais é que um “passo inicial” do ministério tradicionalmente estabelecido em convenções, nada mais é que uma atividade ritual de portaria, de recolhimento e contabilidade de contribuições financeiras, e de serviço do pão e do vinho na ceia do Senhor, atividades que podem, sim, ser exercidas pelos diáconos, mas que não se constitui, em absoluto, no papel do diaconato. Urge voltarmos ao modelo bíblico, com diáconos que administrem a ação social da Igreja, que cuidem da parte material e espiritual desta assistência, que é um “importante negócio”, que deve ser dirigido pelo Espírito Santo através de homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria. A total ausência do diaconato (quase sempre numeroso nas Igrejas Locais) neste assunto é uma demonstração clara e inequívoca de quanto temos negligenciado a missão social da Igreja.

CONCLUSÃO

O diaconato é, sem dúvida, uma importante função da Igreja, que deve, essencialmente, ser exercida conforme estabelecido no princípio da Igreja. Deve ser tratado como um ofício voltado ao exercício da beneficência cristã motivada pelo amor. Boas são as palavras do Pr. José Wellington: “…O obreiro deve ser atuante, preocupado em ganhar almas e, evidente, firmá-las na doutrina dos apóstolos; não preocupado com questões secundárias, coisas que outras pessoas podem fazer. Eis a razão pela qual houve a instituição do corpo diaconal na casa de Deus: exatamente para auxiliar o ministério e o ministro da palavra…” (COSTA, José Wellington Bezerra da. Como ter um ministério bem-sucedido, p.167).