SISTEMA DE RÁDIO

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O CATIVEIRO DE ISRAEL:REINO DO NORTE

 

Texto Base: 2 Reis 17:1-14,17-20,29

 

“Vinde, e tornemos para o SENHOR, porque ele despedaçou e nos sarará, fez a ferida e a ligará”(Os.6:1)

V.P.: “Deus sempre adverte seu povo sobre os perigos da idolatria e suas terríveis consequências’.

2 Reis 17:

1.No ano duodécimo de Acaz, rei de Judá, começou a reinar Oseias, filho de Elá, e reinou sobre Israel, em Samaria, nove anos.

2.E fez o que era mal aos olhos do Senhor; contudo, não como os reis de Israel que foram antes dele.

3.Contra ele subiu Salmaneser, rei da Assíria; e Oseias ficou sendo servo dele e dava-lhe presentes.
4.Porém o rei da Assíria achou em Oseias conspiração, porque enviara mensageiros a Sô, rei do Egito, e não pagava presentes ao rei da Assíria cada ano, como dantes; então, o rei da Assíria o encerrou e aprisionou na casa do cárcere.

5.Porque o rei da Assíria subiu por toda a terra, e veio até Samaria, e a cercou três anos.

6.No ano nono de Oseias, o rei da Assíria tomou a Samaria, e transportou a Israel para a Assíria, e fê-los habitar em Hala e em Habor, junto ao rio Gozã, e nas cidades dos medos.

7.E sucedeu assim por os filhos de Israel pecarem contra o Senhor, seu Deus, que os fizera subir da terra do Egito, de debaixo da mão de Faraó, rei do Egito; e temeram a outros deuses.
8.E andaram nos estatutos das nações que o Senhor lançara fora de diante dos filhos de Israel e nos costumes dos reis de Israel.

9.E os filhos de Israel fizeram secretamente coisas que não eram retas, contra o Senhor, seu Deus; e edificaram altos em todas as suas cidades, desde a torre dos atalaias até à cidade forte.
10.E levantaram estátuas e imagens do bosque, em todos os altos outeiros e debaixo de todas as árvores verdes.

11.E queimaram ali incenso em todos os altos, como as nações que o Senhor transportara de diante deles; e fizeram coisas ruins, para provocarem à ira o Senhor.

12.E serviram os ídolos, dos quais o Senhor lhes dissera: Não fareis estas coisas.

13.E o Senhor protestou a Israel e a Judá, pelo ministério de todos os profetas e de todos os videntes, dizendo: Convertei-vos de vossos maus caminhos e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos, conforme toda a Lei que ordenei a vossos pais e que eu vos enviei pelo ministério de meus servos, os profetas.

14.Porém não deram ouvidos; antes, endureceram a sua cerviz, como a cerviz de seus pais, que não creram no Senhor, seu Deus.

17.Também fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que era mal aos olhos do Senhor, para o provocarem à ira.

18.Pelo que o Senhor muito se indignou contra Israel e os tirou de diante da sua face; nada mais ficou, senão a tribo de Judá.

19.Até Judá não guardou os mandamentos do Senhor, seu Deus; antes, andaram nos estatutos que Israel fizera.

20.Pelo que o Senhor rejeitou a toda semente de Israel, e os oprimiu, e os deu nas mãos dos despojadores, até que os tirou de diante da sua presença.

29.Porém cada nação fez os seus deuses, e os puseram nas casas dos altos que os samaritanos fizeram, cada nação nas suas cidades, nas quais habitavam.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos de uma das mais dolorosas punições de Deus sobre o povo de Israel: o cativeiro Assírio. Assim profetizou Amós: "Assim diz o Senhor: ... Israel certamente será levado cativo" (Amós 7:17). As palavras proferidas contra as tribos apóstatas foram literalmente cumpridas. O cativeiro de Israel ocorreu no reinado do rei Oséias - “No ano nono de Oséias, o rei da Assíria tomou a Samaria, e transportou a Israel para a Assíria, e fê-los habitar em Hala e em Habor, junto ao rio Gozã, e nas cidades dos medos” (2Rs.17:6).

Desde a divisão da nação em dois reinos, o povo entrou em decadência política, social, econômica e religiosa. No reino do Norte, nunca houve um rei que temesse ao Senhor e levasse o povo a adorar ao único Deus verdadeiro. A idolatria imperou desde o início desse reino. Devido à forte idolatria, a injustiça social e a degradação moral do povo de Israel (reino do Norte), Deus suscitou nações poderosas para punir o povo, e uma dessas nações foi a impiedosa Assíria.  Esta nação foi governada por vários déspotas que não media nenhum esforço para aniquilar brutal e impiedosamente qualquer nação que não se rendesse, de forma incondicional, aos seus ditames. Muitos governantes cruéis levantaram-se nesse império, como, por exemplo, Tiglate-Pileser (2Cr.28:20).

Depois foi longânimo e piedoso, tentando corrigir o seu povo; foram cerca de 210 anos de tentativas para corrigir o povo, todas frustradas. Os profetas, nesse período, fizeram um trabalho intenso e exaustivo; passaram ali os mais poderosos homens de Deus, como Elias e Eliseu, mensageiros estes de maior credibilidade divina, que nos causam admiração até os dias de hoje.

Nove dinastias atuaram no reino do Norte, ou seja, 9 famílias se revezaram no poder. Essa sucessão de famílias no poder, com 19 reis ao todo, envolveram sete assassinatos pela conquista do poder; portanto, das nove famílias, sete foram destituídas por esse modo. Esse modo de sucessão, por si só já denuncia que Deus não estava aprovando o que eles faziam.

Alguns dos reis do Norte foram tão maus que nem sequer faziam ao menos um sucessor da família no trono; isso ocorreu com maior intensidade no final do Reino do Norte – nos reinados de Salum, Menaem, Pecaías, Peca e Oséias -, denunciando que tudo estava indo para uma situação muito ruim e que o fim se aproximava. Os reis fizeram o que não era permitido por Deus, eles insistiram o tempo todo em promover a idolatria.  

O Reino do Norte insistiu contra Deus durante todos os reinados dos 19 reis. Por fim, chegou a uma situação insustentável, e eles se separaram definitivamente de Deus, daquele que os podia proteger, e a saga desse reino terminou em completa ruína. Oséias foi o último rei de Israel. No seu governo, o reino foi varrido para sempre. Em 722 a.C., depois de 210 anos de idolatria, de rebeldia espiritual e de corrupção moral, Deus decretou a queda final e o cativeiro, sem volta, do Reino do Norte.

I. SAMARIA É CERCADA PELO REI DA ASSÍRIA

1. Israel sob o reinado de Jeroboão II

Jeroboão II foi o 13º rei de Israel, sucedendo a seu pai Jeoás, e foi o penúltimo rei da casa de Jeú. Conforme 2Reis 14:23, ele reinou durante 41 anos (destes 41 anos, onze foram junto com seu pai como corregente). No seu reinado, Jeroboão II venceu os arameus e reconquistou da Síria os antigos territórios de Israel e também estendeu Israel até seus primeiros limites, desde a "entrada de Hamate" até o "mar da Planície" (2Rs.14:26-28). Durante este período da história, muitos profetas – tais como Oseias, Amós, Jonas, Miqueias e Isaias – começaram a reunir suas mensagens e a escrevê-las sob a direção de Deus.

No reinado de Jeroboão II, o profeta Jonas, filho do profeta Amitai, exerceu seu ministério trazendo uma mensagem de restituição dos territórios de Israel anteriormente perdidos (2Rs.14:25). 

Antes de Jeroboão II o povo estava em grande miséria (2Reis 14:26), mas o texto diz que “viu o Senhor a miséria de Israel”. Deus, por sua grande misericórdia, usou Jeroboão II para socorrer Israel (2Reis 14:27). Nesse período, o povo de Israel atingiu grande prosperidade material (Amós 6:4-6; Os.12:8). Mas, o período da prosperidade de Israel foi também um período de corrupção espiritual, moral e social. Além de Jonas, o profeta Amós falou a seu respeito condenando a atitude do povo de confiar nas suas próprias riquezas (Amós 6:1,2). O livro de Oseias também relata uma série de profecias a respeito do reinado de Jeroboão II em Israel (cf. Oseias 1:1).

A prosperidade dominou o coração do povo e trocou o Senhor, que o tirou da miséria, pelo deus Mamon (dinheiro). Jesus adverte: “Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer a um e amar ao outro ou se há de chegar a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Lc.16:13). E o apóstolo Paulo exorta: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm.6:10). “O caminho do êxito material sem Deus é escorregadio. A riqueza sem a graça de Deus é pedra de tropeço, e não ponte de passagem. O êxito material é bom, mas só como o preliminar necessário para coisas melhores”.

Jeroboão II foi, efetivamente, o último rei forte de Israel; dos outros seis que se seguiram, só Menaém morreu de morte natural, os outros tomaram o trono assassinando quem o ocupava na ocasião - Salum matou Zacarias depois de um reinado de apenas um ano e meio; Menaém matou Salum após um reinado de apenas um mês; Peca matou Pecaías, filho de Menaém; e Oseias, o último deles, por sua vez, matou o rei Peca.

A lealdade ao trono praticamente não existia mais; as conspirações eram abundantes. Havia surtos de anarquia, e as condições tornaram-se deploráveis (Os.4:1,2; 7:1,7; 8:4; 9:15). A nação agitava-se em desordem ao redor do trono degradado e vacilante. Nesse tempo de instabilidade, a nação ora corria atrás de alianças com o Egito, ora bandeava para os lados da Assíria (Os.7:11), pagando-lhes tributos, até que finalmente perdeu sua independência e autonomia nacional, tornando-se vassalo da Assíria.

2. A traição do rei Oséias

Oséias foi o último rei de Israel, da última dinastia. Ele se voltou contra o rei da Assíria e disse que não ia mais cumprir as determinações impostas pelo rei da Assíria. Ele fez isso confiando no rei do Egito e não em Deus. Por causa disso, ele e o povo sofreram consequências amargas. Diz assim o texto sagrado: “Contra ele subiu Salmaneser, rei da Assíria; e Oseias ficou sendo servo dele e dava-lhe presentes. Porém o rei da Assíria achou em Oseias conspiração, porque enviara mensageiros a Sô, rei do Egito, e não pagava presentes ao rei da Assíria cada ano, como dantes; então, o rei da Assíria o encerrou e aprisionou na casa do cárcere” (2Reis 17:3,4).

Salmanseser, provavelmente, é o mesmo Salmaneser V, que se tornou rei da Assíria depois de Tiglate-Pileser (727-722 a.C.). Este tinha determinado pesados tributos a Israel, e quando Salmaneser V assumiu o reino, continuou a exigir pesados tributos do rei de Israel. Porém, Oséias conspirou com o rei do Egito contra a Assíria e deixou de pagar o tributo (2Reis 17:4). A partir daí, Israel não teria mais chances de negociação; só lhe restaria a guerra e a consequente deportação. O rei da Assíria (Salmaneser ou Sargão, seu sucessor) o prendeu, subiu a Samaria e a sitiou por três anos e transportou parte do povo para o cativeiro (2Rs.17:5,6).

O texto não informa que fim Oséias levou; ele simplesmente desapareceu em um cárcere assírio e deixou Samaria sem governante em seus últimos dias. A queda final de Israel ocorreu em 722 a.C.

3. A advertência dos profetas

O Senhor advertiu severamente a Israel, por meio dos seus profetas, principalmente Oseias e Amós. O povo tinha conhecimento daquilo que lhe poderia sobrevir, se eles permanecessem com suas práticas pagãs, desprezando o culto de adoração ao Deus único e verdadeiro; o povo ignorou os avisos de Deus e mergulhou na idolatria, no sincretismo religioso e nas injustiças sociais. Sob o reinado de Jeroboão II, os ricos exploravam os mais pobres; enquanto os mais abastados viviam na extravagância, os pobres eram vilipendiados e permaneciam na miséria. Essas injustiças fizeram com que os profetas Amós e Oséias formalizassem graves denúncias (Am.5:6-9; Os.7:11-14)).

Tanto Amós quanto Oséias falam de um povo vivendo afundado na depravação - luxo, orgia, imoralidade, injustiça, violência e fraude de todas as formas era o dia-a-dia do povo (Amós 2:6-8; 3:9; 5:11-13; 6:4-7). Assim escreveu Oseias: “não há verdade nem benignidade nem conhecimento de Deus na terra. Só prevalecem o perfurar, e o mentir, e o matar, e o furtar, e o adulterar, e há homicídios sobre homicídios” (Os.4:1,2). Agora, diante de Deus, Israel se igualava às nações pagãs que Deus mandou destruir nos dias de Josué. O país tornara-se desprezível, com obsessão exagerada pelo materialismo. Havia rejeitado seu propósito original: honrar a Deus e ser uma luz para o mundo.

Os profetas Amós e Oseias, que ministraram a Israel durante o reinado de Jeroboão II, perceberam claramente que a prosperidade que vicejava durante esse reinado contribuiu para o liberalismo espiritual, a degeneração moral, a injustiça social e a apostasia da religião, e eles predisseram em termos bem claros a ruina iminente de Israel, ruína esta que se cumpriu cerca de vinte e oito anos depois. Os profetas falaram insistentemente e continuamente, mas Israel não queria escutar. Por isso, o Senhor fez com que Israel fosse “transportado da sua terra à Assíria” (2Reis 17:23) para nunca mais voltar.

II. OS PECADOS DO POVO E SUA QUEDA

1. O terrível pecado da idolatria

Idolatria é prestar culto e adoração a algo ou a um ser que não seja exclusivamente o Deus único e verdadeiro – o Todo Poderoso Senhor, Criador dos céus e da Terra. O mandamento dEle é claro: “Eu sou o Senhor, teu Deus...Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso...” (Êx.20:2-5). Vinculada à proibição de servir outros deuses, havia a ordem de destruir todos os ídolos e quebrar todas as imagens de nações pagãs na terra de Canaã (Êx.23:24: 34:13: Dt.7:4,5; 12:2,3).

Desde que o reino de Israel foi dividido, o reino do Norte se inclinou intensamente à idolatria. Por que a idolatria era tão fascinante aos israelitas? Há vários fatores implícitos (adaptado da Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, pág. 446):

a) “As nações pagãs que circundavam Israel criam que a adoração a vários deuses era superior à adoração a um único Deus. Noutras palavras: quanto mais deuses, melhor. O povo de Deus sofria influência dessas nações e constantemente as imitava, ao invés de obedecer ao mandamento de Deus, no sentido de se manter santo e separado delas.

b) “Os deuses pagãos das nações vizinhas de Israel não requeriam o tipo de obediência que o Deus de Israel requeria. Por exemplo, muitas das religiões pagãs incluíam imoralidade sexual religiosa no seu culto, tendo para isso prostitutas cultuais. Essa prática, sem dúvida, atraía muitos em Israel. Deus, por sua vez, requeria que o seu povo obedecesse aos altos padrões morais da sua lei, sem o que, não haveria comunhão com Ele.

c) Eles acreditavam que “os deuses da fertilidade prometiam o nascimento de filhos; os deuses do tempo (sol, lua, chuva etc.) prometiam as condições apropriadas para colheitas abundantes; e os deuses da guerra prometiam proteção dos inimigos e vitórias nas batalhas. A promessa de tais benefícios fascinava os israelitas; por isso, muitos se dispunham a servir aos ídolos”.

O apóstolo Paulo exortou dizendo que oferecer cultos a ídolos é sacrificar aos próprios demônios (1Co.10:19.20) - “Mas que digo? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o ídolo é alguma coisa? Antes digo que as coisas que eles sacrificam, sacrificam-nas a demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios. Não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice de demônios; não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa de demônios”. 

Deus utilizou-se de um meio prático muito estranho para ilustrar o relacionamento da infiel nação de Israel com Deus; Ele pediu que o profeta Oseias se casasse com uma mulher e tivesse filhos com ela (Os.1:2). O nome dessa mulher era Gômer; ela representaria a nação de Israel. Depois de casada com Oséias, Gômer tornou-se adúltera e mais tarde uma prostituta. Os capítulos 1 a 3 de Oséias retratam de forma gráfica a infidelidade conjugal de Gômer – ela entregou-se a seus amantes; ela abandonou o marido e foi viver uma vida dissoluta. Deus quis mostrar que a prostituta (Israel) deixou seu marido (Deus) para se deleitar com seus amantes (Egito e Assíria) e ainda pagava para estar com eles. O povo de Israel pecara contra Deus, como uma mulher adúltera trai o seu marido. O castigo certamente viria para os que viviam em completa indiferença ao Senhor e aos seus semelhantes.

Hoje, a idolatria manifesta-se de várias formas: aparece abertamente nas falsas religiões mundiais, bem como na feitiçaria, no satanismo e noutras formas de ocultismo. A idolatria está presente sempre que as pessoas dão lugar à cobiça e ao materialismo, ao invés de confiarem somente em Deus. Infelizmente, ela ocorre também dentro da Igreja, quando seus membros acreditam que, a um só tempo, poderão servir a Deus, desfrutar da experiência da salvação e as bênçãos divinas, e também participar das práticas imorais e ímpias do mundo. Quando infringimos os mandamentos de Deus e temos total consciência daquilo que praticamos, o pecado interrompe nosso relacionamento com Ele até que nos arrependamos e retornemos a Ele.

2. Outras causas do cativeiro

Deus, através dos profetas, apresentou uma forte acusação de desobediência contra Israel. Os líderes religiosos haviam falhado em trazer o povo de volta a Deus e o ritual da prostituição substituira sua legitima adoração. A nação decaíra moral e espiritualmente, e infringiu as leis que Deus lhes dera.

Israel abandonou o Deus verdadeiro para curvar-se diante de Baal. A santidade foi substituída pela galopante corrupção moral. A religião sincrética perverteu o culto divino. A apostasia induziu o povo a cair nas teias da mais degradante imoralidade. A sociedade sucumbiu política, moral e espiritualmente.

O profeta Oseias denunciou os líderes do povo, a saber, os sacerdotes, os profetas e os reis (Os.4:13,14). Os príncipes, amantes da riqueza e do luxo, viviam desenfreados no pecado. Os sacerdotes, que deveriam ensinar a verdade ao povo, tornaram-se bandidos truculentos e cheios de avareza. A situação era tão grave que até os sacerdotes fizeram um conluio com os governantes para extorquir o povo (Os.6:9,10). Deus fez um juramento dizendo que jamais se esqueceria das maldades de Israel (Am.8:4-7).

O profeta Oseias também zombou da superficialidade do povo – pessoas beijando imagens de bezerros (Os.13:2), adorando produtos de seus próprios artesãos (Os.8:6). Enfim, condenou a selvageria dos idólatras e infiéis – o sacrifício perverso de criancinhas (Os.5:2). As coisas iam de mal a pior, até que o profeta exclamou: “não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamento e homicídios sobre homicídios“(Os.4:1,2).

Estes e outros pecados foram as causas principais de Deus permitir que o povo de Israel fosse levado ao cativeiro. A paciência de Deus esgotou-se e Ele permitiu que os assírios destruíssem a capital do reino do Norte (Samaria) e removeu dali as dez tribos (2Rs.17:6-18). O reino de Israel foi dominado pela Assíria em 722 a.C. Os séculos correram, e hoje ainda assistimos a esse mesmo desvio religioso denunciado por Oséias.

III. OS ESTRANGEIROS OCUPAM SAMARIA

1. A mistura de gente e o sincretismo

Repetindo, Oséias foi o último rei de Israel. No seu governo, o reino foi varrido para sempre. Mas nesse tempo de tristeza e angústia Deus ainda foi misericordioso, deu ao povo outra oportunidade para abandonar a idolatria. O rei Ezequias, no terceiro ano do reinado de Oséias, começou a reinar sobre Judá; ele instituiu importantes reformas nas cerimônias do Templo em Jerusalém; instituiu novamente a Páscoa, e para esta festa foram convidadas todas as tribos – do reino do Sul e do Norte (ler 2Cr.30:5-9). E os correios enviados por Ezequias levaram a mensagem por todo o reino do Norte - "de cidade em cidade, pela terra de Efraim e Manassés até Zebulom".

Israel devia ter reconhecido neste convite um apelo ao arrependimento e voltado a Deus. Mas eles rejeitaram o convite ao arrependimento, não quiseram evitar o Juízo de Deus. Aliás, trataram os mensageiros reais de Judá com indiferença, e até mesmo com desdém - "Riram-se e zombaram deles" (2Cr.30:10). Poucos atenderam o convite: "Alguns de Aser, e de Manassés, e de Zebulom..." (2Cr.30:10-13).

Cerca de dois anos mais tarde, Samaria foi invadida pela Assíria, sob o comando de Salmaneser V (filho de Tiglate-Pileser). Oséias foi preso e Samaria foi sitiada por três anos, antes de finalmente sucumbir em 722 a.C. (2Rs.17:3-6). E no cerco, multidões pereceram miseravelmente de fome e de enfermidades bem como pela espada. Caiu a cidade com a nação, e o humilhado remanescente das dez tribos foi levado cativo e espalhado entre as províncias do domínio assírio. Em seu lugar foram colocados outros povos, dando origem ao povo “samaritano” (2Rs.17:24-41); era a política usual do rei da Assíria aos povos conquistados; o objetivo era misturar as nacionalidades para evitar possíveis rebeliões e enfraquecer as províncias. Essa mistura de gente fez com que o povo de Israel, que restou em Samaria junto aos deportados de outras nações, tornasse a religião israelita ainda mais sincrética. Por causa desse sincretismo religioso, o novo povo de Samaria passou a ser inimigo dos judeus, do reino do Sul (cf. João 4:9).

2. Jesus e os samaritanos

Os judeus odiavam os samaritanos porque haviam deixado de ser judeus “puros”. Aqueles que viviam no reino do Sul achavam que os judeus do Norte haviam traído o seu povo e sua nação através do casamento com estrangeiros. E esse ódio continuava a persistir através dos anos, até Jesus chegar. Este nunca odiou os samaritanos; pelo contrário, os contemplava com muito amor. Jesus não tinha razões para viver segundo as restrições impostas pela cultura judaica; ele quebrou paradigmas de religiosidade e espiritualidade ao se relacionar de forma amável e acolhedora com os samaritanos.

Certa feita, Ele teve um diálogo com uma mulher samaritana à beira do poço de Jacó, ao meio-dia. Esta mulher, além de ser samaritana, tinha uma reputação desagradável entre o seu povo - era conhecida por estar vivendo em pecado (João 4:18); por isso, ela ia tirar água do poço num horário pouco frequentado. Duas vezes por dia – de manhã e ao anoitecer -, as mulheres iam retirar água; no entanto, aquela samaritana foi ao meio-dia, provavelmente para evitar encontrar-se com pessoas que conheciam sua má reputação.

Nenhum judeu responsável conversaria com uma mulher sob tais circunstâncias. Mas Jesus o fez. Ele levou àquela mulher uma extraordinária mensagem sobre a fonte e a água pura que podiam saciar a sede espiritual dela para sempre (João 4:13,14). As boas novas são endereçadas a todas as pessoas, a despeito da etnia, posição social, cultural ou pecados anteriormente cometidos. Jesus transpôs barreiras para compartilhar as Boas Novas; e nós, que o seguimos, devemos fazer o mesmo. O Evangelho da salvação deve ser compartilhado em qualquer tempo e lugar.

Outro exemplo bastante ilustrativo é o diálogo que Jesus teve com o certo doutor da Lei de Moisés sobre o próximo; este perguntou a Jesus: “Quem é o meu próximo?” (Lc.10:29). Jesus, para explicar aquele doutor da Lei quem é o próximo, Ele contou uma parábola na qual estava inserida uma pessoa de Samaria, para contrastar a religiosidade excessiva dos líderes religiosos judeus com a natural espiritualidade de um samaritano. Jesus disse a aquele doutor: “Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto” (Lc.10:30). A estrada de Jerusalém para Jericó era reconhecidamente perigosa porque passava por regiões rochosas e desérticas, com muitos esconderijos para salteadores.

Nesta parábola foram envolvidos outros três tipos de pessoas, que também viajavam sozinhos em direção a Jericó. O primeiro que desceu foi um sacerdote que servia no Templo, o qual provavelmente oferecia sacríficos. O outro personagem foi um levita, que também servia no templo. Estes dois religiosos viram o homem caído ali, mas “passaram de largo” sem ajudá-lo (Lc.10:31,32). O homem na estrada, que fora assaltado e espancado, pode ter parecido morto, de modo que eles não quiseram arriscar-se a ficar impuros, pois isso os deixaria incapacitados para a adoração. Seja o que for, eles deliberadamente se recusaram a ajudar o colega judeu.

A próxima pessoa que passou por ali foi um samaritano, rejeitado e marginalizado pelos judeus (Lc.1033-35).

Como já disse, os judeus odiavam os samaritanos, e quando Jesus introduziu na parábola este samaritano, certamente os ouvintes judeus não esperavam que ele ajudasse a um homem judeu. Mas com muitos detalhes, Jesus descreveu tudo o que o samaritano fez por este homem. Este samaritano é retratado como entendendo o que significa ajudar a alguém em necessidade; o que é ser um próximo, independentemente das tensões raciais e culturais.

Tendo concluído a parábola, Jesus perguntou ao doutor da lei quem tinha sido o próximo do homem ferido. O doutor da lei não teve escolha, senão responder que fora “o que usou de misericórdia para com ele”; ele quis dizer que o samaritano tinha sido o verdadeiro “próximo”. Jesus disse que o doutor da lei tinha respondido corretamente e deveria ir e fazer da mesma maneira.

O viajante samaritano e o judeu estavam separados pela distância e pela herança espiritual, mas o samaritano tinha amado seu próximo muito mais do que os líderes religiosos do homem ferido. Jesus ensinou que o amor é demonstrado pelos atos, que não deve ser limitado por quem o recebe, e que as vezes tem um custo elevado.

CONCLUSÃO

Resumindo o que estudamos aqui, 2Rs.17:7-41 revela as razões teológicas e morais por que Deus levou a efeito a ruína do seu povo redimido segundo o concerto e o removeu de diante da sua face:

  • Os israelitas esqueceram-se do amor e da graça de Deus, manifestos na sua redenção do Egito (2Rs.17:7).
  • Serviam aos deuses dos povos pagãos em derredor, imaginando que obteriam sucesso, bem-estar e orientação (2Rs.17:7,12,17).
  • Adotaram os costumes e modos de vida do mundo ímpio (2Rs.17: 8-11,15-17).
  • Rejeitaram os profetas de Deus com sua mensagem de retidão (2Rs.17:13-15).
  • Rebelaram-se abertamente contra a revelação escrita de Deus e seu concerto (Rs.17:13-16).
  • Entregaram-se ao espiritismo e a todos os tipos de imoralidade (2Rs.17:9,15-17).
  • Israel andou nos estatutos das nações ímpias - “E andaram nos estatutos das nações que o SENHOR lançara fora de diante dos filhos de Israel e nos costumes dos reis de Israel” (2Rs.17:8).

Por causa de todos estes pecados, Deus decretou a queda final e o cativeiro de Israel. E Ele avisara através do profeta Amós: "Assim diz o Senhor: ... Israel certamente será levado cativo" (Amós 7:17).

Segundo o pr. Hernandes Dias Lopes, “Israel em vez de ser luz para as nações, as imitou, O profeta Oséias declara: “Efraim se mistura com os povos, é um pão que não foi virado” (Os.7:8). Em vez de Israel ser um influenciador, foi influenciado. Em vez de ensinar o conhecimento de Deus aos povos, adorou seus deuses falsos. Em vez de ser exemplo para as nações, corrompeu-se com e como essas nações. Em vez de voltar-se para Deus, correu atrás de alianças com aqueles que haveriam de destruí-lo. Era como um pão que não foi virado: cru de um lado e queimado do outro. Uns demasiadamente ricos, outros demasiadamente pobres; uns quentes demais na política, outros frios demais na religião”.

Conformar-se com o modo mundano de viver é um dos grandes perigos que o povo de Deus enfrenta em cada geração e cultura. A nós, povo de Deus da Nova Aliança, o Espírito Santo adverte: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (Rm.12:2).

O cativeiro de Israel, reino do Norte, foi um juízo direto do Céu. Os assírios foram meramente o instrumento de que Deus se serviu para realizar o seu propósito. Por intermédio de Isaías, que começou a profetizar pouco antes da queda de Samaria, o Senhor se referiu aos assírios como "a vara da minha ira". Disse Ele: "A minha indignação é como bordão nas suas mãos" (Is.10:5).

Essa mensagem adverte a todo o povo de Deus da Nova Aliança (1Co.10:1-23) - Deus removerá do seu reino todos aqueles que deixarem de permanecer fiéis na sua Palavra e no seu amor. Os resultados de abandonar a Deus são o castigo, a ruína, o sofrimento e a rejeição final (cf.Ap.2:5; 3:15,16). Pense nisso!