Texto Base: 2Timóteo 4:6-8; 1Tessalonicenses 5:1-11
“Mas nos, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a esperança da salvação” (1Ts.5:8).
V.P.: “A esperança gloriosa da volta de Jesus traz sobriedade para as nossas vidas, e disposição para exercer a fé e o amor em esperança”.
2Timóteo 4:
6.Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
7.Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
8.Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia, e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
1Tessalonicenses 5:
1.Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva,
2.porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do Senhor virá como ladrão de noite.
3.Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão.
4.Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão;
5.porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia, nós não somos da noite nem das trevas.
6- Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrias.
7.Porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam. embebedam-se de noite.
8.Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a esperança da salvação.
9.Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,
10.que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele.
11.Pelo que exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis.
INTRODUÇÃO
Nesta última Aula do 4º Trimestre de 2021, trataremos da “Gloriosa Esperança do Apóstolo” Paulo. A sua esperança era a mesma de todos os demais cristãos: a volta de nosso Senhor Jesus Cristo. Esta é a mais sublime esperança da Igreja. O apóstolo Paulo cultivava diariamente essa esperança. Seu desejo era partir e estar com Cristo para sempre (Fp.1:23). Por isso, diariamente, ele se entregava totalmente a Ele. A graça de Deus nos libertou de nossas mazelas do passado, restaurou nossa vida no presente e nos mantém na ponta dos pés com uma gloriosa expectativa em relação ao futuro, quando o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo voltar em sua glória. Uma das bênçãos mais extraordinária é preservar essa esperança diante das experiências difíceis no mundo. É impossível que aqueles que mantêm essa gloriosa esperança da volta de Jesus se recusem a entregar-se completamente a Ele. Que a esperança do apóstolo Paulo seja a nossa também!
I. A CONSCIÊNCIA DE PAULO DIANTE DA MORTE
1. Uma morte como oferta de sacrifício (2Tm.4:6)
“Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado”.
Em Roma, na segunda prisão, em determinado momento, Paulo percebeu o seu martírio iminente como uma oferta apresentada sobre o altar do sacrifício. Paulo sabia que ia morrer, mas não era Roma que tiraria a sua vida, era ele quem ia oferecê-la. E ele não ia oferecê-la a Roma, mas a Deus – “estou sendo já oferecido por libação”. Libação era uma oferta líquida e consistia em despejar vinho sobre um altar como um sacrifício a Deus (cf. Gn.35:14; Êx.29:41). Sua fragrância era considerada agradável a Deus. Paulo via a sua vida como uma oferta a Deus. Paulo entendia sua morte como oferenda derramada sobre o sacrifício da Igreja (Fp.2:17). Essa consciência clara de que haveria de padecer pelo nome de Jesus, não o permitia ter medo, ou frustração diante da morte. Para ele, “o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp.1:21). Temos este mesmo sentimento? Concordo com o pr. Elienai Cabral quando afirma que “é preciso ter a consciência de que se não encontrarmos o Senhor por meio do Arrebatamento da Igreja, o encontraremos por meio da morte. Por intermédio do Espírito Santo, nos prepararemos para esse tempo em esperança (1Ts.5:13-18).
2. “Combati o bom combate” (2Tm.4:7)
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”
Antes de fechar as cortinas da sua vida, Paulo nos mostra com clareza a respeito do seu passado, presente e futuro. Ele olhou para o passado com gratidão. O que fora um propósito, ou seja, completar a carreira (Atos 20:24), agora era um retrospecto. Paulo está passando o bastão para o seu filho Timóteo, mas, antes de enfrentar o martírio, relembra como havia sido sua vida: um duro combate. Bem diz o pr. Hernandes Dias Lopes: “a vida para Paulo não foi uma feira de vaidades nem um parque de diversões, mas um combate renhido. Paulo lutou contra poderes sombrios da maldade, contra Satanás, contra os vícios judaicos e gentílicos, contra hipocrisia, violência, conflitos e imoralidades em Corinto, contra fanáticos e desleixados em Tessalônica, contra gnósticos e judaizantes em Éfeso e Colossos, e, não por último – no poder do Espirito Santo – lutou contra o velho ser humano dentro de si. Porém, acima de tudo e em todas as coisas, lutou em prol do Evangelho, a grande luta de sua vida, seu bom combate. O apóstolo poderia morrer tranquilo porque havia concluído sua carreira, e isso era tudo o que lhe importava (Atos 20:24). Mas ele também deixa claro que nessa peleja jamais abandonou a verdade nem negou a fé. Não morre bem quem não vive bem. A vida é mais do que viver, e a morte é mais do que morrer”. Que combate estamos combatendo? Essa causa é a nobre causa do Evangelho? Que o autoexame de Paulo seja exemplo para nos auto examinarmos também!
3. Gratidão e esperança (2Tm.4:7,8)
“Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm.4:8).
A gratidão do dever cumprido, associada à serenidade de saber que estava indo para a presença de Jesus, dava a Paulo uma agradável expectativa do futuro. Mesmo que o imperador o condenasse à morte e o tribunal de Roma o considerasse culpado, o reto e justo Juiz revogaria o veredito de Nero, considerando Paulo sem culpa e dando-lhe a coroa da justiça.
Nos jogos atléticos romanos, a coroa de louros era dada aos vencedores; símbolo de triunfo e honra, era o prêmio mais cobiçado na Roma antiga. Provavelmente era a isto que Paulo se referia quando falou de uma “coroa”. Mas a coroa de Paulo seria uma coroa de justiça. Embora Paulo não fosse receber uma recompensa humana, seria recompensado no Céu. Embora não pudesse evitar a morte física, sabia que estar com o Senhor era a coroação da sua trajetória. Disse ele: “termos confiança e desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor” (2Co.5:8); “partir e estar com Cristo é incomparavelmente melhor” (Fp.1:23). Devemos olhar para o futuro com a certeza do nosso galardão, e enxergar, pela fé, que o nosso trabalho não é vão no Senhor (1Co.15:58), pois há uma coroa de justiça guardada para cada crente fiel em Jesus. A despeito daquilo que venhamos a enfrentar – o desânimo, a perseguição ou morte – sabemos que a nossa recompensa está com Cristo no Céu. Creia nisso!
II. A DOUTRINA BÍBLICA DE PAULO SOBRE A VOLTA DO SENHOR
1. A volta do Senhor em 1Tessalonicenses
Paulo permaneceu pouco tempo em Tessalônica, o que foi insuficiente para que ele pudesse ensinar aos crentes daquela capital macedônica tudo o que era necessário sobre a volta do Senhor Jesus e a ressurreição dos mortos. Os judeus cristãos certamente tinham mais facilidades para crer na Ressurreição, embora não conhecessem a doutrina na sua amplitude, conforme declarou Marta: “…eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia” (João 11:23-24). Porém, os gregos não tinham esta mesma facilidade.
Os cristãos tessalonicenses, de origem grega, eram recém-chegados do paganismo. Durante toda vida foram ensinados no que criam as crenças pagãs, e, segundo haviam aprendido, não haveria ressurreição do corpo. O pouco tempo que Paulo permaneceu naquela Igreja certamente não foi o suficiente para que pudesse ensinar-lhes sobre a doutrina da Ressurreição de uma forma mais detalhada. Eles haviam crido em Jesus, na sua morte e Ressurreição, bem como na sua Segunda Vinda para buscar a sua Igreja. Porém, ainda estavam cheios de dúvidas sobre a sua vinda e, especialmente, sobre a Ressurreição dos mortos.
-Dúvidas Sobre a Vinda de Jesus. Os crentes Tessalonicenses creram na mensagem de Paulo de que Jesus já havia vindo uma vez, quando como homem nasceu em Belém de Judá. Creram que Ele morreu e Ressuscitou. Creram, também, que Ele viria outra vez para buscar sua Igreja, da qual eles agora faziam parte. Porém, não compreenderam que sua Segunda Vinda aconteceria em duas etapas. Eles pensavam que a vinda de Jesus para buscar a sua Igreja, conhecida como o Arrebatamento da Igreja, iria acontecer naquela geração, ou seja, no tempo em que eles estavam ainda vivos. Creram de tal forma na iminência da Vinda de Jesus que alguns começaram, inclusive, abandonar suas próprias atividades materiais, andando de casa em casa “só contado as bênçãos”, e nada de quererem trabalhar. Mas Paulo os advertiu que eles não podiam, nem nós hoje podemos, descuidar dos compromissos e obrigações materiais, deixando de trabalhar, ou mesmo de estudar, para viver somente dando “glórias” e vivendo às custas dos que trabalham. Paulo classificou os que não queriam trabalhar, e ficavam andando de casa em casa, como vivendo “desordenadamente” (1Tes.3:10-11). Foram, portanto, ensinados de que deveriam esperar a Vinda de Jesus, porém, sem descuidar das obrigações e dos compromissos do dia a dia.
-Dúvidas sobre a Ressurreição. Eles acreditavam que o Senhor Jesus viria buscar a sua Igreja naqueles dias, ou seja, naquela geração. Como não tinham entendido bem a doutrina da Ressurreição, pensavam que aquelas pessoas que estavam morrendo sem alcançar a Vinda de Jesus estivessem perdidas. Assim, sempre que morria alguém da Igreja, ou algum parente que não era cristão, havia uma grande comoção, muita tristeza entre todos, nas famílias e na Igreja. Eles lamentavam que o “irmão”, ou o parente houvesse morrido antes da Vinda de Jesus, perdendo, pois, o Arrebatamento.
Após mostrar o motivo pelo qual o crente não deveria ficar sem esperança diante da morte dos irmãos em Cristo, Paulo explica como se dará o arrebatamento da Igreja, momento este que todos os crentes esperam e desejam. Os crentes de Tessalônica esperavam Jesus e ficaram perturbados com o fato de alguns dos seus estavam morrendo antes que Jesus voltasse, mas o apóstolo lhes ensinou que os crentes falecidos não estavam “perdendo a oportunidade” ou “perdendo a vez”, mas, muito pelo contrário, no dia do arrebatamento da Igreja, teriam a primazia, uma vez que ressuscitariam e receberiam, antes dos crentes que estivessem vivos, o corpo glorioso, o corpo transformado que terão os crentes para se encontrar com o Senhor nos ares (1Ts.4:15-17).
2. As duas fases da volta de Jesus
A Volta de Jesus é a mais sublime promessa que a Bíblia registra para o povo da Nova Aliança. É a maior esperança. É a força motriz de nossa fé. É a principal razão de sermos crentes em Jesus Cristo. A qualquer instante, num dia e numa hora em que ninguém sabe, apenas Deus, a trombeta soará, e a Igreja será levada para estar para sempre com Jesus. A volta de Jesus se dará em duas fases:
Na primeira fase:
Ele virá para buscar aqueles cujos nomes estiverem escritos no livro da vida. É nesse momento que se dará a formação da Universal Assembleia dos Santos – que será a reunião entre aqueles que foram mortos em Cristo - em todas as épocas -, e aqueles que estiverem vivos, cujos corpos serão transformados num abrir e fechar de olhos, conforme 1Ts.4:16,17. Ele os levará consigo para as Bodas do Cordeiro, conforme está escrito em Ap.19:7-9; 1Co.3:8-14. As Bodas do Cordeiro é a celebração no Céu da união espiritual entre Cristo e a Igreja; é quando se dará a glorificação dos santos e a entrega do galardão de cada um segundo a sua obra (Mt.5:12; 10:42; 22:1-22; 24:27-31; 25:1-13; Lc.12:36; João 4:36; 1Co.3:8,14; Col.3:24; 2João 1:8; Ap.2:11; 19:7-9; 20:6; 22:12).
Na segunda fase:
“Todo o olho verá” (Ap.1:7). Nesta fase, o nosso Senhor descerá em glória e, literalmente, será visto pelo mundo todo e, especialmente, pelos judeus (Zc.14:2,3). Nessa ocasião, Jesus Cristo livrará pessoalmente a nação de Israel dos exércitos confederados pelo Anticristo, desfazendo-os com o seu poder, e vencendo o Anticristo, o Falso Profeta e o Diabo, para implantar o reino milenial (Ap.19:11-16). Jesus retornará a Terra - em glória -, conforme está escrito em:
-Lucas 21:25-27 - “e haverá sinais no sol, e na lua, e nas estrelas, e, na terra, angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas; homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo, porquanto os poderes do céu serão abalados. E, então, verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande glória”.
-Mateus 16:27 - “porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras”.
-Apocalipse 1:7 – “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém!”.
Em sua primeira vinda – na sua encarnação, de acordo com Isaías 53:2,3 -, Jesus não tinha parecer nem formosura, era Homem de dores, experimentado nos trabalhos. Mas, quando João foi arrebatado em espírito no dia do Senhor e recebeu as revelações que relatou em Apocalipse, viu Jesus glorificado. Atente para o relato do apóstolo (Ap.1:12-16):
12. e virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro;
13. e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro.
14. e a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os olhos, como chama de fogo;
15. e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha; e a sua voz, como a voz de muitas águas.
16. e ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.
Na sua parousia, ou seja, na sua forma visível em glória, Jesus virá acompanhado de seus anjos e seus santos, ou seja, a sua Igreja, para:
a) guerrear contra o Anticristo e o falso profeta, e derrotá-los. Nesse momento o mundo estará passando pelo Armagedom. Será um momento de angústia para Israel. De forma espetacular Jesus livrará Israel da destruição. É quando eles reconhecerão Jesus como o Messias tão esperado, o aceitarão e pranteá-lo-ão sobre Ele, conforme está escrito em Zacarias 12:10. O Anticristo e o falso profeta serão lançados vivos no lago de fogo e enxofre – o inferno propriamente dito; isto está escrito em Apocalipse 19:20: “e a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre”.
b) julgar as nações, conforme está escrito em Mt.25:31-46. Esse julgamento acontecerá na terra sobre aqueles que sobreviveram o Armagedom. Serão julgados com base no tratamento dado a mensagem do Reino, aos seus mensageiros e ao modo como trataram a Israel. Esse julgamento terá como finalidade apartar os bodes das ovelhas, ou seja, decidir quem passará com Cristo o Reino milenial e quem não passará o Milênio, ficando a aguardar o julgamento final e definitivo diante do Grande Trono Branco.
3. Sobre a Grande Tribulação
A Grande Tribulação é o maior juízo que Deus lançará sobre a Terra por causa da iniquidade do ser humano. Deus é justo (Sl.145:17) e, portanto, em retribuição à rejeição da mais ampla oportunidade de salvação que já houve, mandará o maior juízo que já se abateu sobre a Terra. A Grande Tribulação terá a duração de sete anos, e todos aqueles que ficarem para trás no Dia do Arrebatamento sofrerão os piores sofrimentos e males já vividos pela humanidade, vez que Deus permitirá que o Diabo tenha ampla liberdade de atuação sobre a Terra. Será um tempo de angústias e aflições incomuns. Porém, quando isto ocorrer, a Igreja do Senhor Jesus – a Universal Assembleia dos Santos - não mais estará neste mundo. Será o juízo de Deus sobre todos aqueles que não se arrependeram de seus pecados. Que possamos estar preparados para o Dia do Arrebatamento, pois depois deste evento glorioso se dará a Grande Tribulação, o pior período da história da humanidade.
A Grande Tribulação terá dois períodos. Quando analisamos a profecia das setenta semanas de sete anos de Daniel, observamos que o profeta recebe uma mensagem que divide a Grande Tribulação em dois períodos distintos, cada um de três anos e meio (ou 42 meses, ou, ainda, 1.260 dias, períodos que são mencionados no livro do Apocalipse – respectivamente: Ap.11:2 e 13:5; Ap.11:3 e 12:6).
a) O Primeiro período. Descrito nos capítulos 6 a 9 do livro do Apocalipse é chamado por alguns de “Tribulação” ou “princípio das dores”. Neste período haverá uma sensação de paz e de segurança no mundo, ao mesmo tempo em que o Anticristo angariará o poderio sobre todo o mundo. Ele assumirá o poder com uma mensagem de paz (Ap.6:1,2) e sua mensagem encontrará guarida nos corações dos homens. Ao mesmo tempo, porém, o Anticristo estará agindo conforme seu caráter, porque violará o acordo com três das dez nações que lhe entregaram o poder e as dominará diretamente, retirando-lhes a independência (cf. Dn.7:8,20,24), ou seja, falando em paz, promoverá a guerra e, à medida em que proclama a paz, irá fazendo guerra aos seus inimigos, vencendo-os, pois, como a Bíblia afirma, nada mais lhe resistirá.
Ao trazer uma mensagem de paz e esperança aos homens, o Anticristo cuidará de mudar uma série de estruturas políticas, econômicas e sociais, modificações estas que revelarão excelentes intenções e uma coragem e ousadia nunca antes vistas na história da humanidade. Isto, certamente, trará algumas resistências, o que explica o seu gesto de abatimento de três das dez nações que o apoiaram. Esta demonstração de força, ademais, servirá para impor seu poderio sobre a sua base política, o que será suficiente para, então, iniciar seu intento de dominação mundial. Seu pacto com Israel, também, insere-se dentro desta ótica da paz mundial e, sem dúvida alguma, a solução para o conflito do Oriente Médio trará a ele credibilidade e respeito de todo o mundo. Por isso, Daniel afirma que o Anticristo “…por causa da tranquilidade destruirá muitos…” (Dn.8:25).
b) O Segundo período. É a “Grande Tribulação propriamente dita”, ou seja, o período em que os juízos de Deus, descritos nos capítulos 10 a 16 de Apocalipse, irão se manifestar com todo rigor. A Grande Tribulação terminará com a batalha do Armagedom (Ap.19). Antes disso, João mostra alguns episódios parentéticos, que ocorrerão nos capítulos 17 e 18. Nestes dois capítulos, o escritor sagrado nos revela a falsa igreja do Anticristo (a Babilônia religiosa) e a capital do reino do Anticristo (a Babilônia comercial).
O Segundo período da Grande Tribulação inicia-se com a quebra do pacto entre o Anticristo e Israel, com a profanação do templo reconstruído e a cessação dos sacrifícios (Dn.9:27). Jerusalém voltará a ficar sob o controle dos gentios (Ap.11:2), passando o templo a ser local de adoração da imagem do Anticristo (a “abominação da desolação” de Mt.24:15), bem como Jerusalém passará ser local de visitação pública dos corpos das duas testemunhas (Ap.11:8).
Nesse período tenebroso, o Anticristo consolidará a nova religião mundial, de adoração a sua pessoa, pois todo o mundo se convencerá dos seus poderes sobrenaturais, provavelmente em razão de uma suposta ressurreição, como será pregado por parte do falso profeta (Ap.13:8,12-15). Também, consolidará o seu poder político-econômico-militar, estabelecendo um governo mundial ditatorial (o “domínio” de Dn.7:25, o “rei” de Dn.8:25 e o “poder” de Ap.13:7b, o “oitavo rei” de Ap.17:11). Terá, então, todo o controle sobre as transações econômicas e exigirá que todos os homens ponham sobre si o seu sinal, mas quem o fizer estará irremediavelmente perdido na eternidade (Ap.13:8-11;14:11). Iniciará a implacável perseguição sobre Israel a fim de destruí-lo totalmente, o que somente não conseguirá porque o Senhor Jesus, pessoalmente, o impedirá.
Enquanto o Anticristo terá todos estes pontos de êxito e de vitória sobre os homens, Deus começará a mostrar a Sua soberania sobre todas as coisas, derramando sobre a Terra todos os juízos estabelecidos para o “Dia do Senhor”, o “Dia da vingança do nosso Deus”, “Tempo da angústia de Jacó”, “Dia de trevas”, “aquele Dia”, “o grande Dia”, “Dia de ira”, “ira futura”, entre outros. Durante os sete anos de Tribulação, Deus enviará três julgamentos à Terra: o Julgamento dos Selos (Ap.6); o Julgamento das Trombetas (Ap.8 e 9); o Julgamento das Taças (Ap.16).
A Igreja não passará pela Grande Tribulação. O objetivo principal da Grande Tribulação é restaurar a nação de Israel, que foi criada e formada por Deus, a partir da chamada de Abraão (Gn.12:2). Deus prometeu que Israel seria sua propriedade peculiar e uma nação santa, que duraria para sempre (Ex.19:5,6; 2Sm.7:10). E para que Deus trate com Israel é necessário que a Igreja seja tirada da Terra. Quando isto acontecer, se reiniciará a contagem da septuagésima semana de Daniel, que corresponde o período da Grande Tribulação, e se encerrará com a volta gloriosa do Senhor Jesus para livrar Israel e implantar o seu reino milenar (Mt.24:29,30; Ap.1:7,8).
III. DOS TEMPOS E DAS ESTAÇÕES ATÉ A VOLTA DO SENHOR
1. Uma atenção à expressão “dos tempos e das estações”
“Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva”; porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite” (1Ts.5:1,2).
Esta expressão – “dos tempos e das estações” – também foi usada pelo Senhor Jesus em seu último discurso aos seus discípulos, logo após a sua ressurreição (Atos 1:7) - “Não vos pertence saber os tempos e as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”. Ambos os registros trazem a noção da iminência da volta do Senhor. A referida expressão é usada na Bíblia para se referir a vários acontecimentos preditos por Deus ainda não cumpridos com respeito à nação de Israel. Uma vez que eram de origem judaica, os discípulos deviam ter entendido que, nesse caso, a expressão se referia aos dias críticos antes do estabelecimento do reinado milenar de Cristo na terra.
A razão por que Paulo não escreveu aos tessalonicenses acerca dos “tempos e estações” da segunda vinda de Cristo (1Ts.5:1) não era que ele julgasse essas informações irrelevantes ou desnecessárias, mas porque ele já havia ensinado a eles que este tema estava além da esfera de seu ensino. O papel da Igreja não é saber tempos ou épocas que o Pai reservou para a Sua exclusiva autoridade, mas estar engajada na obra e preparada para a vinda do Senhor. O dia desse acontecimento, portanto, não foi revelado aos anjos nem a nós; é da autoridade exclusiva do Deus Pai (Mt.24:36; Atos 1:7).
Não poucos estudiosos da Bíblia, no afã de mergulhar nas profecias bíblicas, chegam às raias do entusiasmo inconsequente, marcando data para a segunda vinda de Cristo e descrevendo minúcias desse esperançoso acontecimento escatológico. Mas, tanto Paulo quanto Jesus, nos ensinam que não nos compte saber os tempos e épocas que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. Portanto, qualquer especulação sobre a data da vinda de Cristo é perda de tempo e desobediência ao ensino bíblico. Devemos apenas viver em vigilância em todo tempo, não procurando adivinhar datas ou períodos, pois não sabemos o dia nem a hora que o nosso Senhor vai voltar.
Na Igreja existem muitos que deixam de fazer a obra do Senhor por causa da expectativa iminente da Segunda vinda de Cristo, mas também existem aqueles que vivem despreocupadamente sem dar crédito a ela; estes são zombadores e escarnecedores, que andam dizendo: “onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais morreram, todas as cousas permanecem como desde o princípio da criação” (2Pd.3:4).
No meio desses dois extremos, como a Igreja de Cristo deve se portar? Que atitude deve ter em relação à segunda vinda de Cristo? A Igreja deve aguardar a Segunda vinda de Cristo com uma atitude de expectativa, vigilância, coragem militante e confiança. A Igreja não deve se preocupar com as minúcias da data da segunda vinda de Cristo, mas, sim, estar preparada para a Sua volta. Vigilância e trabalho, e não especulação, é o que a Bíblia ensina quanto a este momentoso tema.
2. Uma dimensão do Espírito; uma dimensão do porvir
Jesus, em seu último encontro com os discípulos, no Monte das oliveiras, repete a promessa do Pai: a vinda do Consolador (João 14:16,26; 15:26). Jesus prometeu que seriam “batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1:5). Os discípulos, refletindo sobre a vinda do Espírito Santo, lembraram-se das palavras do profeta Joel acerca do derramamento do Espírito associado ao reino glorioso do Messias (Jl.2:28). Concluíram que o Senhor instituiria seu reino em breve, pois ele havia dito que o Espírito seria enviado “depois destes dias”. Como sua pergunta revela, ainda esperavam que Cristo instituísse seu Reino terreno literal de imediato.
Jesus não os corrigiu por essa expectativa de seu reino literal na terra, pois sua esperança era e continua sendo justificada. Ele apenas lhes disse que não lhes competia conhecer o tempo da vinda de seu reino (Atos 1:7). A data havia sido estabelecida pela “exclusiva autoridade” do Pai, mas Ele tinha escolhido não Lhe revelar. Era uma informação que dizia respeito somente a Deus Pai.
Depois de refrear a curiosidade dos discípulos quanto à data futura desse reino, Jesus direcionou a atenção deles para uma questão mais imediata: a natureza e abrangência da missão da qual seriam incumbidos. Quanto à natureza dessa incumbência, os discípulos deviam ser testemunhas; quanto à abrangência, deviam ser testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da Terra (Atos 1:8). Antes disso, porém, precisavam receber o poder do Espírito Santo. Esse poder é o elemento absolutamente indispensável do testemunho cristão. Uma pessoa pode ter muitos talentos, treinamento e experiência, mas, sem poder espiritual, será ineficaz. Em contrapartida, uma pessoa pode ter pouca instrução, ser pouco atraente e polida, mas, ao receber o poder do Espírito Santo, é capaz de fazer grandes coisas para Deus. Os discípulos temerosos precisavam de poder para testemunhar e de ousadia santa para pregar o evangelho. Esse poder lhes seria dado quando o Espírito Santo descesse sobre eles.
O Espírito Santo continua sendo o elemento principal da Igreja. Sem Ele, é difícil a Igreja pregar o evangelho com ousadia e eficácia; sem Ele, é difícil a Igreja preservar a esperança do porvir; sem Ele, é difícil o crente reter dentro de si a veracidade da iminência da volta do Senhor.
3. Espírito e Porvir: temas da nossa pregação
A mensagem pentecostal traz consigo o poder do Espírito e a bendita esperança no porvir. A vinda gloriosa de Cristo é mais do que uma bendita esperança, é uma esperança cheia de alegria (Rm.5:2; 12:12), uma esperança unificadora (Ef.4:4), uma viva esperança (1Pd.1:3), uma firme esperança (Hb.6:19) e uma esperança purificadora (1João 3:3). A dinâmica da vida do cristão é a expectativa da vinda gloriosa de Jesus Cristo. O cristão é uma pessoa que está sempre pronta para receber o Rei dos reis. Assim sendo, a promessa da bendita esperança deve estar em nossa pregação. Não deixemos de pregar: Jesus em breve voltará.
CONCLUSÃO
A gloriosa esperança de Paulo deve ser a nossa. O cristão olha para trás e glorifica a Deus porque a graça o libertou da impiedade e das paixões mundanas; ele olha para o presente e exalta a Deus porque tem uma correta relação consigo, com o próximo e com o próprio Deus; ele olha para o futuro e se santifica porque vive na expectativa da Vinda do grande Deus e Salvador Cristo Jesus. A Volta de Jesus é a mais sublime promessa que a Bíblia registra ao povo da Nova Aliança. É a mais gloriosa esperança. A qualquer instante, num dia e numa hora em que ninguém sabe, apenas Deus, a trombeta soará, e a Igreja será levada para estar para sempre com Jesus. Que vivamos no Espírito, aguardando esta gloriosa e bendita esperança!