Texto Base: 1 Timóteo 4:6-16
“Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá” (1Tm.4:13).
1Timóteo 4:
6.Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido.
7.Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti mesmo em piedade.
8.Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.
9.Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação.
10.Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis.
11.Manda estas coisas e ensina-as.
12.Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.
13.Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.
14.Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.
15.Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.
16.Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.
INTRODUÇÃO
Encerrando o 1º Trimestre de 2022 vamos estudar nesta Aula sobre o tema: “A Leitura da Bíblia e a Educação Cristã”. O objetivo desta Aula é mostrar a importância da Bíblia como uma ferramenta de ensino-aprendizagem para a vida. Como praticar a Palavra de Deus sem antes compreendê-la? Por isso, mais do que ler, é vital estudar as Sagradas Escrituras, que é apta para ensinar, para redarguir, para corrigir e para nos instruir em toda a justiça (2Tm.3:16). Deus se revela gloriosamente através da sua Palavra, e quem deseja conhecer e prosseguir em conhecer ao Senhor precisa estudar a Bíblia e buscar o Espírito Santo que a inspirou, pois sem Ele todo conhecimento é vão.
A Escola Bíblia Dominical tem sido a maior agência de educação cristã há muito tempo nas Igrejas Evangélicas, porque evangeliza, enquanto ensina a Bíblia Sagrada, cumprindo assim, de forma cabal, as duas principais demandas da Grande Comissão, que nos entregou o Senhor Jesus (Mt.28:19-20). A Escola Dominical é também um ministério interpessoal, cujo objetivo básico é alcançar, através da Palavra de Deus, as crianças, os adolescentes, os jovens, os adultos, a família, a igreja e toda a comunidade. Por conseguinte, é a Escola Dominical a única agência de educação popular de que dispõe a Igreja Local, a fim de divulgar, de maneira devocional, sistemática e pedagógica, a Palavra de Deus. “A Escola Dominical, devidamente funcionando, é o povo do Senhor, no dia do Senhor, estudando a Palavra do Senhor, na casa do Senhor”.
I. A BÍBLIA É O LIVRO TEXTO DA ESCOLA DOMINICAL
1. O currículo adotado.
O currículo da Escola Dominical tem uma estreita simbiose com as Escrituras Sagradas, haja vista que elas são a única regra infalível de fé e prática do crente. Portanto, a Bíblia Sagrada é o livro base para todo o ensino-aprendizagem da Escola Dominical. Segundo o pr. Douglas, o currículo da EBD “expressa a ortodoxia professada pelas Assembleias de Deus, contribui para manter a unidade doutrinária da igreja e atua como antídoto contra as heresias”. Logo, as doutrinas bíblicas reproduzidas no material didático da EBD servem como padrão para o viver diário e a formação do caráter cristão. Também é missão da Escola Dominical a formação de homens, mulheres e crianças piedosos. Só nos resta afirmar ser a Escola Dominical uma oficina de santos; ela ensina a estes como se adestrarem na piedade, até que venham a ficar, em todas as coisas, semelhantes ao Senhor Jesus.
Um dos mais sublimados objetivos da Palavra de Deus é a educação do cristão (cf.2Tm.3:14,15). Em linhas gerais, educar significa desenvolver a capacidade física, intelectual, moral e espiritual do ser humano, tendo em vista o seu pleno desenvolvimento. No âmbito da Escola Dominical, educar implica em formar o caráter do cristão, consoante às demandas da Bíblia Sagrada, a fim de que ele (o crente) seja um perfeito reflexo dos atributos morais e comunicáveis do Criador. “Um jovem educado na Escola Dominical raramente é levado às barras dos tribunais”. Disse o apóstolo Paulo: “Toda Escritura é devidamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra” (2Tm 3.16,17).
2. A prática pedagógica
A prática pedagógica é o somatório de todas as atividades planejadas com o intuito de possibilitar o processo educativo; é a expressão das atividades rotineiras que são desenvolvidas no âmbito das escolas educacionais cristãs, em especial a Escola Dominical. O pr. Douglas, em seu livro didático, argumenta que as múltiplas dimensões da prática pedagógica compreendem, entre outros: a gestão, os professores, os alunos, a metodologia, o material didático, a avaliação e a relação professor-aluno. Destaca-se que uma boa prática pedagógica requer o comprometimento de todos, em especial, a capacitação e o preparo dos professores acerca de seus saberes e deveres. Em linhas gerais, o professor de EBD precisa ser um crente fiel, espiritual e seguro conhecedor das doutrinas bíblicas, além de ter comprovada capacidade para ensinar. Nas aulas ministradas é indispensável que o texto bíblico seja o referencial permanente da prática pedagógica. Nesse sentido, o ensino não deve ser limitado à “transferência de conhecimento”, mas sobretudo, o estudo das verdades reveladas deve instruir, expor e corrigir o erro (2Tm.3:16), a fim de produzir verdadeira transformação na velha natureza humana (Ef.4:22,23).
No âmbito da prática pedagógica, o professor da EBD é o elemento principal; ele deve ser um instrumento nas mãos do Espírito Santo para transmitir a Palavra de Deus (Mt.28:19). Ele deve ser AMIGO, ou seja, procura relacionar-se bem com os alunos. Ele deve ser um INTÉRPRETE, ou seja, traduz para os alunos aquilo que lhes é ensinado. Ele é um PLANEJADOR, ou seja, procura adaptar as lições e os currículos às necessidades dos alunos. Ele é um APRENDIZ, ou seja, está disposto a colocar-se no lugar dos que querem sempre aprender mais para ensinar melhor. Enfim, o professor da EBD:
- Deve saber planejar suas aulas. Ter objetivos claros e definidos em cada etapa do ensino:
v O que pretendo alcançar (Objetivos).
v Como alcançar (Métodos e recursos).
v Em quanto tempo (cronograma).
v O que fazer e como fazer (Procedimentos de ensino).
v Como avaliar o que foi alcançado (Avaliação).
- Deve ensinar com segurança. O professor deve saber e dominar o que vai ensinar. Conhecer bem a Palavra e a lição daquele dia. Este conhecimento deve fazer parte de sua experiência.
- Deve saber o que ensinar e como ensinar. Em Romanos 2:21 está escrito: “Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo?”. De acordo com Myer Pearlman, o professor não pode compartilhar o que não compreende, nem pode falar com autoridade se não tiver um conhecimento completo da matéria que ensinará. Se você tem a intenção de entregar-se à dura tarefa de ensinar, estude sem cessar, pesquisa em fontes confiáveis e coadunadas com a nossa doutrina genuína, leia com diligência acerca de tudo o que a Palavra de Deus ensina em diversos níveis, e faça um estudo sistemático das Escrituras.
- Deve conhecer bem a Bíblia Sagrada. Em 2Timóteo 2:15 está escrito que devemos procurar, isto é, nos esforçarmos ao máximo para nos apresentarmos a Deus aprovados, como obreiros que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da Verdade. “Maneja”, aqui, denota “saber dividir”, como um profissional que, com perícia, utiliza a sua ferramenta de trabalho. Há muitas divisões na Bíblia Sagrada: dois testamentos; três povos (1Co.10:32); duas vindas de Jesus (Hb.9:28); duas etapas da Segunda Vinda (1Ts.4:16,17 e Ap.1:7); duas ressurreições (João 5:29; Ap.20:6); várias etapas da Primeira Ressurreição (1Co.15:23 e Ap.20:4,5); sete julgamentos; várias dispensações, etc. Daí a necessidade de o professor manejar bem a Palavra da Verdade.
- Deve estar bem preparado. O preparo da lição é parte dos deveres semanais do bom professor, que deve levar em conta o material e as etapas para este preparo. Mesmo que o professor não esteja escalado para falar à classe – quando há mais de um professor, costuma-se fazer um revezamento -, deve estar sempre preparado. Muitos confiam em seus conhecimentos e acham que, ao lerem a lição diante da classe, discorrerão com segurança, haja vista dominarem a matéria. Cuidado! Estêvão foi bem-sucedido em sua exposição improvisada, mas ele estava preparado. O que aconteceu com ele – o fato de ter sido chamado para falar imediatamente, sem aviso prévio – pode acontecer com qualquer um de nós.
3. O padrão ético e moral
Segundo Ronaldo Steffen, “a ética trata dos princípios e valores que orientam a conduta de uma pessoa. A moral é a prática dessa conduta ética. A ética trata dos princípios e a moral da prática baseada nesses princípios. Sendo assim, ética e moral são como a teoria e a prática. Por exemplo: se eu tenho um princípio ético que me orienta a dizer a verdade, minha conduta moral será mentir ou não”. Nesse enfoque, o pr. Douglas afirma que a ética cristã tem como objetivo indicar a conduta ideal para a retidão do comportamento humano.
O fundamento da ética e da moral cristã são as Escrituras Sagradas. Desse modo, a ética cristã não pode ser desassociada da moral e dos bons costumes preconizados nas doutrinas bíblicas. É verdade que não se pode desprezar a tradição da Igreja, as leis civis e criminais, as variadas literaturas e nem tampouco os bons costumes adotados pela sociedade, entretanto, para o cristão, qualquer prática e conduta precisa passar pelo crivo e pelo aval da Palavra de Deus (Hb.4:12).
A ética cristã, portanto, assim como toda vida cristã se baseia no pressuposto que a Bíblia é a Palavra de Deus, e que a Bíblia é nossa única regra de fé e prática. A ética implica na forma como reagimos diante das decisões do dia a dia de nossa vida. Cada decisão que nos leva a praticar condutas é a nossa ética. Não temos uma conduta separada de nossa ética; mesmo que esta conduta não demonstre nossa aparente crença, ela demonstrará nossa real crença. Podemos dizer que somos cristãos, mas se não tivermos uma conduta conforme a Bíblia, não somos cristãos de fato, estamos enganando a nós mesmos. Portanto, nossa ética é prática palpável ou visível, não somente demonstrada por meio de um discurso; o discurso tem que ser igual a nossa prática ou conduta de vida.
Então, Ética é a busca humana de uma conduta correta, ou que produza o que é bom para o homem e sua sociedade. A Moral é a escolha do homem que estabelece o que é certo e o que é errado, o que é bom e o que é mal. Como os cristãos consideram Deus o determinador, ou o Senhor, então a moral será ligada diretamente a Deus, ou ao que Deus determina como nossa moral. Assim, no propósito de cumprir o seu papel de instituição educadora, a Escola Dominical também atua como multiplicadora dos princípios éticos e dos valores morais da fé cristã, tendo a Bíblia como a principal fundamentação.
Em Deus se encontra a verdadeira ética e, portanto, para os diversos dilemas morais vividos pelo homem, existe uma única resposta: a Palavra de Deus. Na busca pela ética, que nada mais é que uma sede de Deus, deve a Igreja, corajosamente, como agência do reino de Deus, proclamar ao mundo que a ética tão desejada, que a conduta ideal tão almejada, não se encontra nos direitos humanos, na busca pela maior justiça nas relações socioeconômicas, mas naquele que, desde a criação do homem, tem querido determinar como deve ser a nossa conduta.
II. A EDUCAÇÃO CRISTÃ E A FORMAÇÃO DE LEITORES DA BÍBLIA
1. Conceito de Educação Cristã
Segundo o pr. Claudionor de Andrade, em seu Dicionário Teológico, Educação Cristã é o “Programa pedagógico que, tendo por base a Bíblia Sagrada, visa o aperfeiçoamento espiritual, moral e cultural dos cristãos, e daqueles que venham a atender ao chamado do Evangelho de Cristo”. O dicionário Bíblico Wycliffe exara que a Educação Cristã, quando aplicada às crianças, tem sentido de treinamento e correção (Pv.22:6; Hb.12:5-11); no caso de adultos, se refere ao que desenvolve a alma, corrigindo erros e controlando as paixões (2Tm.3:16). Em suma, a Educação Cristã, tendo as Escrituras Sagradas como livro base, molda o nosso viver e produz crescimento e amadurecimento espiritual. Nesse entendimento, o pr. Douglas argumenta que o ensino-aprendizagem da Educação Cristã se fundamenta na revelação divina, cujo livro texto é a Palavra de Deus. No âmbito eclesiástico, especialmente na Escola Dominical e no culto de doutrina, a Educação Cristã ocupa o ensino sistemático e contínuo das doutrinas bíblicas. Segundo pr. Claudionor de Andrade, “a Educação Cristã, de modo específico, desenvolve-se na Escola Dominical e, de maneira genérica, em toda a Igreja. Ela se serve ainda dos seminários e institutos bíblicos que, hoje, vão se conscientizando, cada vez mais, de sua vocação educadora”.
2. Objetivos da Educação Cristã
O objetivo principal da Educação Cristã é ensinar o indivíduo uma nova conduta de vida dentro dos padrões bíblicos, ou seja, a pessoa passa a viver uma vida diferente, dedicada a Deus e até mesmo renunciar algumas atitudes que não forem condizentes com a Palavra de Deus, que é a nossa regra de fé e prática. O saudoso teólogo Antônio Gilberto enfatizava que são três os principais objetivos da Educação Cristã: (a) Ganhar almas para Jesus (2Co.12:15); (b) Desenvolver a espiritualidade e o caráter cristão (Gl.5:22); e (c) Treinar o cristão para o serviço do Mestre (2Tm.2:15). Vale lembrar que a educação cristã não veio para substituir a educação secular e a que aprendemos nos nossos lares, e sim acrescentar alguns aspectos que também são importantes na formação do caráter do cristão.
A Educação Cristã, ou seja, o ensino da Palavra de Deus, foi ordenado por Cristo (cf. Mt.28:19,20). A "Grande Comissão" dada à Igreja não envolve apenas a proclamação das boas novas (evangelismo); os ensinos (doutrinas) precisam ser apresentados ao povo, para edificação e afastamento das heresias [erros] (Rm.15:4; Cl.1:28; 1Tm.4:11,13). O próprio ministério de Jesus foi, em grande parte, voltado ao ensino (Mt.5:2; 7:29; 9:35, Lc.4:15, etc). Os primeiros cristãos foram zelosos no ensino (cf. At.5:42). É responsabilidade dos seguidores de Cristo evangelizar e ensinar (1Tm.4.13; 2Tm.4:2). Nesse aspecto, a Escola Dominical desempenha com excelência o papel de agência educadora, porque evangeliza enquanto ensina, atendendo os dois lados da ordem de Jesus.
Alguns poderão imaginar que a educação cristã é aquela que é desenvolvida nas escolas ou faculdades cristãs, através de currículos e cursos formais, mas ela vai muito além disso. É verdade que existem escolas confessionais que tem como proposta oferecer uma educação fundamentada nos valores cristãos; isto é muito bom, e é uma pena que todas as escolas, inclusive as públicas, não fazem isso; mas a educação cristã pode ser definida e exemplificada de outra forma também; três bons exemplos são: a Escola Bíblica Dominical, a educação doméstica e a literatura cristã.
3. A capacitação dos alunos
Ensinar é um ministério espiritual por ser o manejar da Verdade revelada pelo Espírito Santo, e por ser a operação do Espírito na vida dos alunos. O propósito divino deste ministério é o desenvolvimento espiritual de cada crente, até Cristo ser formado em cada coração (Gl.4.19). O ensino da Palavra de Deus, vinculado à convicção e regeneração da parte do Espírito Santo, resulta em nova vida. Portanto, na Educação Cristã, por meio do estudo acurado da Palavra de Deus, ocorre o desenvolvimento do caráter do educando, a mudança de conduta pelo conhecimento adquirido, pela prática e pela experiência resultante de seu aprendizado, dando-lhe habilitação para servir no Reino de Deus. Essa capacitação dos alunos é um processo permanente e deliberado de aprendizagem, que depende do esforço do aluno em aprender, e do professor em ensinar com esmero, com a finalidade de tornar o aluno capaz, prepará-lo e qualificá-lo para servir no Reino de Deus.
É bom enfatizar que o conteúdo exposto pelo professor é importante, porém, o exemplo do professor fala muito mais alto, quando o alvo é a capacitação dos alunos. O sucesso do ensino é evidenciado pela transformação de vidas de seus alunos. Tudo mais que o professor faça, seja o que for, deve desenvolver nos alunos elevados ideais como generosidade, serviço, sacrifício, participação e vida cristã. O professor não conseguirá isso apenas com o exercício formal, mas com a influência de sua própria vida e exemplo. A vida de uma pessoa é largamente controlada por suas atitudes. Portanto, a atitude de alguém para consigo próprio é importante.
O método de ensino, também, é muito importante para que o aluno tenha uma capacitação eficaz. Veja, a seguir, exemplos que o Mestre Divino nos deixou:
a) Conhecia a matéria que ensinava (Lc.24:27).
b) Conhecia seus alunos (Mt.13; Lc.15:8-10; João 21).
c) Reconhecia o que havia de bom em seus alunos (João 1:47).
d) Ensinava verdades bíblicas de modo simples e claro (Lc.5:17-26; João 14:6).
e) Variava o método de ensino conforme a ocasião e o tipo de ouvintes, como se pode ver a seguir:
· Lições práticas (João 4:1-42) - falou da água para atrair a mulher samaritana.
· Solução de problemas (Mt.22:15-21) - Pediu uma moeda e questionou os deveres para com Deus e as autoridades.
· Técnica de perguntas - Jesus fez mais de cem perguntas para levar os seus alunos a entender sua mensagem.
· Parábolas - o Mestre utilizou grandemente o recurso das parábolas para evidenciar as verdades eternas.
· Oportunidades (Mt.26:17-30; João 13:1-20) - Ele aproveitou a ocasião da Páscoa, e lavou os pés dos discípulos para ensinar sobre sua morte e sobre a humildade do servo.
· Trabalho em grupo (Mt.5 a 7; João 14 a 17) - Tanto pregava a grandes grupos (as multidões) como a pequenos grupos (os discípulos); na casa de Lázaro: Marta e Maria; etc. Jesus levava o discípulo a aprender a resolver problemas - na multiplicação dos pães, Ele disse: "Dai-lhes vós de comer..." (Lc.9:13a). Ele não trabalhava só, valorizava o seu grupo de alunos. Formou um grupo de 12 discípulos para fazer o trabalho com Ele. Incentivava os discípulos a praticar o aprendizado. Enviou 12, de dois em dois; depois, enviou 70, de dois em dois.
III. É PRECISO LER A BÍBLIA DIARIAMENTE
1. A leitura e a disciplina cristã
Há uma imperiosa necessidade de se ler a Palavra de Deus, foi por isso que Deus a mandou escrever. Ora, algo que é escrito somente tem valor quando é lido, pois, se não for lido, será como se não existisse. Deste modo, o simples fato de termos a Bíblia Sagrada, de temos uma escritura revelada por Deus é o suficiente para que entendamos que a leitura da Palavra de Deus é imprescindível para o nosso relacionamento com o Senhor; e esta leitura deve ser continua e devocional (Sl.119:97; 1Tm.4:13).
Com relação à “disciplina” cristã, ela se relaciona com a prática regular de certos princípios que pautam a atividade diária e as metas de uma pessoa cristã. Segundo o pr. Douglas, ela compreende abnegação, regularidade, metas e perseverança. Essas ações implicam renúncia e compromisso. Dentre as ‘disciplinas cristãs’ se encontra a leitura devocional da Bíblia. Portanto, a disciplina cristã é um meio de nos aproximar de Deus. Paulo disse: “quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gl.6:8). O objetivo da disciplina cristã, portanto, é proporcionar intimidade singular com Deus por meio da “oração incessante” (1Ts.5:17); “exame das Escrituras” (João 5:39); e a “prática do jejum” (1Co.7:5). Portanto, a disciplina cristã requer regularidade e prioridade na busca da santificação (Rm.6:22). Em vista disso, o autêntico cristão observa os exercícios espirituais.
Ler a Bíblia não é fazer uma leitura comum ou superficial, mas deve ser, como manda a Bíblia, uma meditação, ou seja, uma leitura feita não apenas com a mente, mas também com o coração. Cada crente deve procurar ler a Bíblia regularmente, numa frequência que corresponda a suas possibilidades, sendo um bom costume o de procurar ler a Bíblia inteira durante um ano, conquanto não seja esta uma regra ou um mandamento. Muitos se propõem em lê-la durante o ano inteiro, mas desistem no caminho, por falta de persistência e disciplina. Temos lido a Bíblia Sagrada? É ela a nossa leitura diária? Nossa vida espiritual necessita de alimento e este alimento só vem através da Palavra de Deus, o pão espiritual que é também responsável pela nossa sobrevivência (Mt.4:4).
Tiago 1:23,24 diz que a Bíblia é como espelho - “Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era”. Tiago está querendo nos apresentar o poder revelador da Palavra de Deus. Ele quer nos mostrar como a Bíblia é eficaz em mostrar quem somos, e como estamos, a fim de que possamos buscar um aperfeiçoamento através da correção dos nossos atos e atitudes, conforme a orientação bíblica. Por esta razão, compara a Bíblia a um espelho.
Pensemos na utilidade de um espelho, e o quanto ele faz parte da nossa vida. Levantamos pela manhã e quem é a primeira imagem que procuramos? O espelho! Ou melhor, a nossa imagem refletida no espelho. Como podemos avaliar a nossa aparência, sem o espelho? Como saberemos se estamos adequadamente vestidos, ou se a roupa está combinando com os acessórios? De que maneira poderemos verificar se estamos bem penteados ou se o cabelo está bem dividido ou a gravata não está torta? Como podemos ver se limpamos completamente o rosto ou se não ficou algo sujo na boca, no rosto ou nos dentes, se não consultarmos o espelho? Por isso, é necessário consultar regularmente o espelho.
E com que regularidade consultamos o espelho? Será que uma rápida olhada no espelho, só de passagem, para uma consulta ligeira, uma vez por semana, é suficiente? Se nós olhamos demoradamente pela manhã, ao nos vestirmos, isso já será suficiente pelo resto do dia? Ou nos miramos no espelho todas as vezes que achamos que algo está fora de lugar? Quem resiste ao apelo de uma verificação do seu visual, sempre que se depara com um espelho? A Bíblia é como espelho; precisamos, de igual modo, de avaliarmos a nossa “aparência espiritual” constantemente, através da Bíblia Sagrada. Uma olhada rápida no texto áureo da lição dominical não é suficiente; somente a leitura “oficial” que fazemos nos cultos, também não. Sendo a Bíblia um espelho, e tendo, cada um de nós, a necessidade de verificar a nossa situação, para corrigirmos os nossos “desvios de rota”, precisamos consultar o nosso “espelho divino” diariamente, constantemente. Somente através desta leitura persistente ou cotidiana da Bíblia e da aplicação diária de suas verdades em nossas vidas poderemos identificar as nossas falhas e debilidades e, assim, buscar a ajuda do Senhor para corrigirmos a nossa atitude diante dele. Sem isto, vamos viver sem saber se estamos agradando a Deus, ou se o desagradamos.
2. A leitura e o aprendizado
A leitura da Bíblia é uma disciplina cristã; e, como todo o ato disciplinado, a leitura requer dedicação. O termo “dedicação” tem o sentido de “esmero” e “diligência” no exercício de alguma atividade. Segundo o pr. Douglas, para bem trilhar esse caminho de crescimento e aprendizado, os objetivos do leitor da Bíblia devem ser bem definidos e obedecidos à risca. Nesse diapasão, corroboram-se as palavras do salmista que nos exorta ao exercício diário de leitura e meditação da Bíblia: “Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl.1:2); “Oh! Quanto amo a tua lei! É minha meditação, todo o dia” (Sl.119:97). Segundo o pr. Douglas, “uma máxima pedagógica afirma que “ler é aprender”. Desse modo, por meio da leitura da Bíblia aprendemos acerca de Deus e de seu plano de salvação (Rm.1:2-4). Esse aprendizado orienta o cristão a tornar-se parecido com Cristo (Ef.4:13)”.
3. A leitura e o devocional
Um dos aspectos da adoração é o culto devocional em sua forma individual, e isto inclui a oração, o louvor e a leitura bíblica (Mateus 6:6; João 4:23,24). Quando o crente mantém uma vida devocional intensa, quando mantém uma vida de oração, uma vida de meditação na Palavra do Senhor, naturalmente que ele ganha maior intimidade com Deus, intimidade esta que é uma necessidade na nossa vida espiritual (Mt.6:6-8). Devemos, como nunca, procurar aprender com o Senhor, mantendo com Ele um contínuo diálogo mediante a leitura e meditação da Palavra, e a oração, para que, pelo Espírito de Deus, compreendamos o desejo, a vontade de Deus para as nossas vidas e para que ajamos cada vez mais como verdadeiros “cristãos”, ou seja, “parecidos com Cristo”. Foi esta semelhança que fez com que os habitantes de Antioquia denominassem os discípulos de cristãos (At.11:26).
CONCLUSÃO
Entendemos que a Educação Cristã tem sua fundação em Jesus Cristo, cujo tema ressalta um processo de transformação e de desenvolvimento contínuo da pessoa em Cristo. Seu currículo fundamenta-se na inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Sendo assim, devemos, disciplinadamente, ler e estudá-la. O saudoso pr. Gilberto informa três razões que nos motiva a ler e estudar a Bíblia Sagrada:
- Porque ela ilumina o caminho para Deus (Sl.119:105,130).
- Porque ela é alimento espiritual para o crescimento de todos (Jr.15:16; 1Pd.2:1,2). Sabemos que a boa saúde aguça o apetite. Tens apetite pela Bíblia? Se só tens apetite por leituras sem proveito, terás fastio pela Bíblia, o que é um mau sinal. Cuida disso...
- Porque ela é o instrumento que o Espírito Santo usa na sua operação (Ef.6:17). Se queres que o Espírito Santo opere em ti, inclusive no ministério da oração (Jd.v.20), procura ter o instrumento que Ele utiliza: a Palavra de Deus. É que na oração precisamos apoiar nossa fé nas promessas de Deus, e essas promessas estão na Bíblia!
- Porque ela nos vivifica (Sl.119:107).
(GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical. 3.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.22).