Texto Base: Mateus 6:19-27
“E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc.12:15).
Mateus 6:
19.Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam.
20.Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam.
21.Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
22.A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz.
23.Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!
24.Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
25.Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta?
26.Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
27.E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo dobre o Sermão do Monte, proferido por Jesus, trataremos nesta Aula a respeito da nossa segurança com relação ao porvir; veremos que “nossa segurança vem de Deus”; se assim é, então jamais devemos colocar a nossa esperança no governo humano bem como nos bens materiais, mas somente em Deus. Entretanto, o homem sem Deus e, consequentemente, sem uma dimensão da eternidade, tem sua vista obscurecida pelas coisas temporais e passageiras e, portanto, acaba se deixando dominar pela avareza, pelo desejo de acumulação de riquezas, que é uma insensatez total, como deixou bem claro Jesus na parábola do rico insensato (Lc.12:13-21) - “porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc.12:15). Lamentavelmente, não são poucos os que acabam se perdendo na caminhada para o céu por causa dos bens materiais e por causa do dinheiro. A Bíblia revela que a avareza tem sido um obstáculo para muitos alcançarem a salvação, como nos casos do mancebo de qualidade (Mt.19:22; Lc.18:23), de Judas Iscariotes (Lc.22:3-6; Jo.12:4-6), de Ananias e Safira (At.5:1-5,8-10), de Simão, o mago (At.8:18-23) e de muitos outros, como afirmou Paulo em sua carta a Timóteo (1Tm.6:9,10).
O dinheiro não é um mal em si. A riqueza é uma bênção de Deus, tanto que Deus a concedeu a Salomão (1Rs.3:13), mas, e aqui está um caso típico, não podemos pôr nas riquezas o nosso coração (Mt.6:19-21). Devemos, sempre, buscar servir a Deus e Lhe agradar. Esta deve ser a intenção do cristão. Se nossas riquezas prosperam, não devemos por nelas o nosso coração (Sl.62:10); devemos usá-las para agradar a Deus. O importante é que não façamos dos bens materiais o objetivo e a intenção de nossas vidas. Quem passa a viver em função dos bens materiais, quem põe o seu coração nos tesouros desta vida, passa a ser um avarento, um ganancioso e, como tal, será um idólatra (Cl.3:5) e, assim, estará fora do reino dos céus (Ap.22:15).
I. RIQUEZA DO CÉU E RIQUEZA DA TERRA
1. Uma conciliação impossível
Jesus ensina que servir a Deus e as riquezas é uma conciliação impossível. Não podemos servir a Deus e às riquezas. Disse Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt.6:24. A palavra “Mamom” é uma transliteração de um termo hebraico que significa: “o que se armazena”; ou de outro termo hebraico que significa: “no que se confia”. Portanto, essa palavra refere-se à personificação da riqueza. Observe que Jesus diz que as riquezas são uma entidade, e não uma coisa; Ele chama as riquezas de “Mamom”, e não de moedas. As riquezas têm poder de subjugar as pessoas e torná-las escravas.
2. Tesouros da terra, e tesouros do céu
Onde está o nosso tesouro: no Céu ou na Terra? Jesus nos aconselha que ajuntemos tesouro no céu, e não na terra. Disse Jesus: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt.6:19-21).
Aqui, Jesus não está condenando a riqueza, pois, quando esta vem como fruto do trabalho e da benção de Deus, ela não traz desgosto. Também Jesus não está aqui proibindo a previdência, pois as Escrituras nos exortam a considerar a ação das formigas que trabalham no verão para ficarem abastecidas no inverno. Jesus tampouco está nos condenando por usufruirmos dos benefícios do nosso trabalho. O que Ele condena no texto é a ganância desmedida e a avareza mesquinha. Os tesouros nos são dados para serem repartidos, e não para serem egoisticamente acumulados. Nada trouxemos e nada levaremos deste mundo; entramos no mundo nus e sairemos dele nus, como afirmou o patriarca Jó: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá (Jó 1:21). Neste mundo, nossos tesouros são corroídos por ferrugem, destruídos por traças e subtraídos por ladrões. Constantemente, muitos perdem todas as suas economias devido a uma quebra na bolsa de valores, ou por um sócio desonesto ou por meio de golpes.
Hernandes Dias Lopes afirma que o problema não é possuirmos dinheiro, mas o dinheiro nos possuir. O problema não é guardar o dinheiro no bolso, mas entronizá-lo no coração. O problema não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro (1Tm.6:10). Jesus disse que os únicos investimentos que não estão sujeitos à perda são os tesouros no céu. Ele disse que devemos ajuntar tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam (Mt.6:20). Quando usamos nossas riquezas materiais para promover a causa do evangelho e socorrer os necessitados, isso é investir para a eternidade.
3. O que o cristão precisa saber sobre os bens materiais?
O cristão precisa saber que os bens materiais é Deus quem dá, e que brevemente a pessoa deixará de existir e não levará nada; todos os bens materiais ficarão na terra, pois tudo que existe aqui pertence a Deus (Sl.24:1). No caixão não existe cofres, gavetas para serem guardados os bens materiais. Também, precisa saber que Jesus não condena a aquisição de bens materiais, pois muitos homens de Deus registrados na Bíblia possuíram riqueza como, por exemplo: Abraão (Gn.14:18-20; 24:1), Isaque (Gn.26:12,13), Jacó (Gn.30:43) e Salomão (2Cr.1:12). Então, se o cristão possui riquezas materiais e quer ser feliz, ele precisa atentar para as seguintes recomendações (adaptado do livro “Dinheiro – prosperidade que vem de Deus, do pr. Hernandes Dias Lopes):
a) viver com humildade na luz de Deus. O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, escreveu: "[...] não sejam orgulhosos" (1Tm.6:17). Se o dinheiro torna uma pessoa orgulhosa, ela não entendeu nem a si mesma nem o dinheiro. Por que os ricos são tentados a serem orgulhosos? Por duas razões:
- Eles são tentados a pensar que merecem o que têm - são levados a pensar que os que não têm não são tão inteligentes quanto eles. Mas a Bíblia diz que é Deus quem nos dá a condição necessária para adquirirmos riquezas (1Cr.29:10). A riqueza não é nossa. Ela vem de Deus, é de Deus e vai voltar para Deus. Não somos donos, somos apenas mordomos. Nada trouxemos para este mundo nem dele nada levaremos. Deus nunca nos deu direito de posse definitiva daquilo que lhe pertence.
- Eles são tentados a pensar que a riqueza concede poder - a riqueza dá uma ilusão de poder. Somente Jesus, porém, tem poder permanente e só ele é soberano (1Tm.6:16). Nabucodonosor pensou que seu dinheiro lhe dava poder, mas Deus o tirou do trono e o fez comer capim com os animais (Dn.4:1-37).
b) não pôr a confiança nas riquezas. Muitas pessoas depositam sua confiança e vida nas riquezas e bens materiais. As suas conversas são sobre iates, férias no Caribe, propriedades etc. Mas, a história nos mostra que muitos deles morreram na pobreza, como fugitivos da justiça ou suicidaram-se. Isto é irônico, não? Jesus disse: "A vida de um homem não consiste na abundância de bens que ele possui". Em vez de colocar nossa confiança na instabilidade da riqueza, Paulo diz que devemos colocá-la "[...] em Deus" (1Tm.6:17)
c) siga os seguintes conselhos de Paulo sobre como lidar com o dinheiro:
- Pratique o bem. Não deixe o dinheiro dominar você, domine-o; não deixe o dinheiro ser seu patrão, faça dele um servo; não acumule só para si mesmo, faça-o um instrumento de ajuda para os outros. O problema não é possuir dinheiro, mas ser possuído por ele. O problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro nos ter. O problema não é carregar dinheiro no bolso, mas carregá-lo no coração.
- Seja rico de boas obras. Qual foi a última vez que você fez algo que trouxe glória ao nome de Deus e alegria para as pessoas? Qual foi a última vez que fez uma oferta generosa para ajudar uma pessoa necessitada? Qual foi a última vez que enviou uma oferta para um missionário? Qual foi a última vez que entregou uma oferta de gratidão a Deus? Qual foi a última vez que repartiu um pouco do muito que Deus lhe tem dado? O apóstolo Paulo dá o belo exemplo da pobre igreja da Macedónia que se doou e ofertou generosamente aos pobres da Judéia, pessoas que a Igreja não conhecia pessoalmente (2Co.8:1-4).
- Seja generoso em dar. Deus lhe deu mais do que você precisa, não para você guardar, mas para compartilhar generosamente. Deus quer que você abra o seu coração, suas mãos e o seu bolso para doar: "Mais bem-aventurado é dar que receber" (At.20:35). Deus multiplicará sua sementeira. A semente que multiplica não é a que você come, mas a que você semeia. Deus amou e deu seu Filho Unigênito. O que você tem dado? Quanto tem dado? Como tem dado? Com que frequência tem dado? O apóstolo Paulo escreveu: "[...] pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo" (2Co.6:10). É sabido que os pobres são mais generosos que os ricos. A questão da generosidade não passa pela quantidade de dinheiro que você tem no bolso, mas da quantidade de amor que você tem no coração.
II. A IDOLATRIA AO DINHEIRO
1. O coração no lugar certo
Disse Jesus: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt.6:21). Jesus nos exorta a colocar o nosso coração no lugar certo. O nosso tesouro arrasta o nosso coração. Nosso coração estará na terra ou no céu; depende onde o colocamos, se na terra ou no céu. Qualquer lugar onde estiver a nossa atenção, e qualquer coisa que ocupe os nossos pensamentos e o nosso tempo, será o nosso “tesouro”, e ali, certamente, estará o nosso coração. Jesus fez a comparação entre os valores do céu e os valores da terra quando explicou que a nossa principal lealdade deve estar voltada a tudo aquilo que não desvanece, àquilo que não pode ser roubado, nem desgastado através do uso. Ele nos exorta a tomar uma decisão que permita que vivamos contentes com aquilo que temos, escolhendo aquilo que é duradouro e eterno. Os atos de obediência a Deus, acumulados no céu, não são susceptíveis a estragar, e também não podem ser destruídos ou roubados. Nada poderá mudá-los ou afetá-los, pois eles são eternos.
2. Idolatrando a Mamom
Idolatria é tudo que ocupa o lugar de Deus em nossos corações. Se colocarmos os bens materiais prioritariamente em nossos corações, idolatraremos a Mamom. Disse Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt.6:24). Jesus nos chama a tomar uma decisão vital: servir a Deus ou a Mamom. Jesus diz que “ninguém pode servir a dois senhores”. Um deles, inevitavelmente, terá a prioridade na sua lealdade e obediência. E assim também é com Deus e as riquezas (ou Mamom); eles são rivais nas suas exigências e precisamos fazer uma escolha, precisamos colocar Deus em primeiro lugar e rejeitar a lei do materialismo ou viver para as coisas temporais e rejeitar o que Deus exige para nossa vida. Jesus é categórico: “não podeis servir a Deus e às riquezas”. Quem serve a Deus, não pode viver mais debaixo do jugo de “Mamom”. Quem é escravo de “Mamom”, não pode ser servo de Deus.
Vivemos numa sociedade materialista, onde muitas pessoas servem ao dinheiro; gastam toda a vida acumulando-o, mesmo sabendo que, ao morrer, não o levarão consigo. O desejo de certas pessoas pelo dinheiro e por aquilo que este pode comprar é muito superior a seu comprometimento com Deus e com os assuntos espirituais. Gastam muito tempo e energia pensando no que tem armazenado (dinheiro e outros bens). Não caia na armadilha materialista, “porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1Tm.6:10). Você pode dizer honestamente que Deus, e não Mamom, é o seu Senhor? Um bom teste é perguntar a si mesmo quem ou o que ocupa mais seus pensamentos, seu tempo e seus esforços. No momento em que o crente escolhe o dinheiro, o conforto e bens que Mamom pode oferecer, certamente sua espiritualidade e comunhão com o Senhor estarão comprometidas.
3. A riqueza condenada por Cristo
A riqueza que Cristo condena é aquela que é usada de forma egoísta. Riquezas e glórias vêm de Deus; contudo, o dinheiro não é um tesouro para ser usado de forma egoísta, apenas para o nosso deleite. Deus nos dá o dinheiro para o glorificarmos com ele, e fazemos isso, quando cuidamos da nossa família, dos domésticos da fé e de outras pessoas necessitadas, inclusive de nossos inimigos. O homem rico, da parábola do rico e do mendigo (Lc.16:19-31), não cuidou de Lázaro que estava com fome e jazia à porta; ele usou a sua riqueza de forma egoísta; no Seol ele se lembrou de Lázaro, mas já era tarde. Jesus disse que a vida de um homem não consiste na abundância de bens que ele possui (Lc.12:15). Também: "O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Mt.16:26).
- Outra coisa que Cristo condena: confiar nos bens materiais em vez de confiar somente em Deus, o dono de todos os bens. Para mostrar isso, Ele proferiu a parábola do rico insensato (Lc.12:13-21). Nesta parábola, Jesus mostra a face enrugada da avareza. Aqui, Ele inculca a lição sobre a insensatez de confiar nos bens materiais. O alvo do rico na vida era descanso e gozo, e seu método de alcançar isso, em lugar da fé em Deus, era a fé nos bens materiais.
A parábola retrata um fazendeiro rico com uma colheita excepcional. Essa parábola mostra como um homem que recebe uma bênção faz dela uma maldição. Seu campo produziu abundantemente. Sua colheita foi colossal. Seus armazéns foram construídos e ampliados para acomodar a safra generosa. Mas esse homem não agradeceu a Deus pela colheita nem demonstrou nenhuma generosidade, apesar de muita fartura; pensou em si, somente em si. Seu mundo girava em torno dele mesmo. Seus bens eram apenas para ele. Tudo foi armazenado para seu próprio desfrute e deleite. Toda a trama está construída em torno do eu, meu, minha. O problema é que esse homem insensato não entendeu algumas coisas essenciais (adaptado do livro “Lucas – Jesus, o homem perfeito”, de Hernandes Dias Lopes):
a) ele não meditou sobre a brevidade da vida e a inevitabilidade da morte (Lc.12:19,20). Pensou que seu futuro estava em suas mãos e que ele era o capitão de sua alma. Naquela mesma noite da inauguração de seus celeiros abarrotados de provisão para longos anos, sua alma lhe foi requerida e a morte chegou sem pedir licença para levá-lo.
b) ele só pensou na provisão do seu corpo, mas não fez nenhuma provisão para a sua alma (Lc.12:16-19). Coisas materiais não atendem os reclamos da nossa alma. O fazendeiro rico da parábola fez provisão apenas para esta vida e nenhuma para a vida por vir.
c) ele não pensou na possibilidade de ser generoso, mas guardou tudo para si (Lc.12:16-19). A princípio, esse fazendeiro não fez nada de mau. Diante de todo o mundo, ele se apresentou como um cidadão sábio, laborioso, eficiente e bem-sucedido em sua administração, mas não deixou de ser um tolo para Deus. O fazendeiro diz a si mesmo: meus produtos, meu armazém, meus bens, minha alma. Igualmente são bem característicos os seis “eu” do fazendeiro: que faria eu - não tenho - onde eu – hei de - eu quero - eu direi.
d) ele não pensou na transitoriedade das posses terrenas. Não trouxemos nada para este mundo nem nada dele levaremos. Viemos nus e voltaremos nus. Não tínhamos nada e nada teremos quando partirmos. Não somos donos de nada; somos apenas mordomos.
e) ele não pensou sobre a loucura que é viver apenas para esta vida e não se preparar para encontrar com Deus (Lc.12:16-21). Esta vida é breve, os bens materiais não são permanentes, e a morte é certa. Viver aqui irrefletidamente é loucura. Colocar a confiança nas coisas materiais é consumada tolice. Não se preparar para a morte é insensatez. Não está pronto para encontrar-se com Deus é a maior de todas as loucuras.
III. VIVENDO A QUIETUDE ESPIRITUAL EM DEUS
1. Os males advindos das preocupações
“Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?” (Mt.6:25-27).
Você é uma pessoa preocupada? Você é daquele tipo de pessoas que vive roendo as unhas, antecipando os problemas? Os problemas ainda estão longe e você pensa que eles estão batendo à sua porta? Você sofre pensando no que vai comer, com o que vai vestir? Onde vai morar, onde vai trabalhar, onde seu filho vai estudar? Se sim, fique sabendo que isto nos traz grandes males, principalmente surgimento de doenças psicossomáticas.
A preocupação, segundo Jesus, em vez de alongar a vida, pode muito bem encurtá-la. A ansiedade nos mata pouco a pouco; rouba nossas forças; mata nossos sonhos; mina a nossa saúde; enfraquece nossa fé; tira a nossa confiança em Deus e; nos empurra para uma vida menos do que cristã. Os hospitais estão cheios de pessoas vítimas da ansiedade. A ansiedade mata. Quando estamos ansiosos, teimamos em tomar as rédeas de nossa vida e tirá-las das mãos de Deus.
A ansiedade é o mal deste século. Atinge homens e mulheres, jovens e velhos, doutores e analfabetos, religiosos e ateus. As pessoas andam com os nervos à flor da pele. São como um vulcão prestes a entrar em erupção; são como um barril de pólvora pronto a explodir.
A ansiedade nos leva a perder a alegria do hoje por causa do medo do amanhã. As pessoas se preocupam com exames, emprego, casas, saúde, namoro, empreendimento, dinheiro, casamento, investimentos. A ansiedade é incompatível com o bom senso. É uma perda de tempo. Precisamos viver um dia de cada vez. Devemos planejar o futuro, mas não viver ansiosos por causa dele.
Preocupar-nos com o amanhã não nos ajuda nem hoje nem amanhã. Se alguma coisa nos rouba as forças hoje, isso significa que vamos estar mais fracos amanhã; significa que vamos sofrer desnecessariamente se o problema não chegar a acontecer, e que vamos sofrer duplamente se ele vier a acontecer. Devemos cuidar do hoje e deixar o amanhã nas mãos Daquele que cuida de nós.
2. Vivendo sem inquietação
‘Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?” (Mt.6:31).
O que mais tem tornado o ser humano ansioso, sem quietude, é o desejo exacerbado de adquirir bens materiais; querer possuir bens à semelhança de outra pessoa que está perto ou longe dele; preocupação com o futuro. Isso tem trazido inquietação na vida de muitos. Como resolver isso? Somente conscientizando-se de que isso é tremendamente errado, e que ter uma vida simples dentro das suas possibilidades financeiras, com equilíbrio, pode reverter essa situação de inquietude. Jesus ensinou sobre isso, usando como referência as aves: elas não semeiam, não colhem e nem ajuntam em celeiro, mas o Pai celestial as sustenta (Mt.6:26). Portanto, só podemos viver sem inquietação quando tomamos consciência de que somos filhos de Deus e que seu cuidado é especial para conosco. Se Deus alimenta as aves e veste os lírios do capo, não cuidará de seus filhos? O problema não é o pequeno poder de Deus, o problema é a nossa pequena fé (Mt.6:30). “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt.6:34). Lancemos a nossa ansiedade sobre Jesus, pois Ele é quem cuida de nós (1Pd.5:7).
3. Vivendo sossegados em Deus
“buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt.6:33).
Para viver sossegado é preciso olhar para vida na perspectiva de Deus; assim sendo, a nossa mente é guardada pela paz de Deus. Quando alimentamos nossos sentimentos com a verdade de que Deus conhece e supre as nossas necessidades, então a paz de Deus guarda o nosso coração. A paz é uma sentinela que guarda a cidadela da nossa mente e do nosso coração promovendo o sossego em Deus.
Para viver a quietude, o crente precisa buscar o Reino de Deus e sua Justiça (Mt.6:33). A ordem é buscar o governo de Deus, a justiça de Deus, a vontade de Deus e o reinado de Deus em nosso coração em primeiro lugar. Deus, e não nós, deve ocupar o topo da nossa agenda. Os interesses de Deus, e não os nossos, devem ocupar nossa mente e nosso coração. Somos desafiados a buscar o governo e o domínio de Cristo em todas as áreas da nossa vida: casamento, lar, família, vida profissional, lazer. A promessa é que, quando cuidamos das coisas de Deus, Ele cuida das nossas necessidades – “...todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt.6:33). Deus trabalha em favor daqueles que nele esperam.
CONCLUSÃO
O dinheiro não traz felicidade nem segurança. Paulo ridiculariza a ideia de que o dinheiro pode oferecer segurança. Ele diz que a riqueza é instável (1Tm.6:17). Veja o que diz a Palavra de Deus: "Porventura, fitarás os olhos naquilo que não é nada? Pois, certamente, a riqueza fará para si asas, como a águia que voa pelos céus" (Pv.23:5). Jesus falou do rico insensato que disse para a sua alma: "[...] tens em depósito muitos bens para muitos anos [...] louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?" (Lc.12:13-21).