Texto Base: Ezequiel 48:30-35
”Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da minha santidade, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar” (Is.11:9).
Ezequiel 48:
30.E estas são as saídas da cidade, desde a banda do Norte: quatro mil e quinhentas medidas.
31.E as portas da cidade serão conforme os nomes das tribos de Israel: três portas para o norte: a porta de Rúben, uma, a porta de Judá, outra, a porta de Levi, outra;
32.da banda do oriente, quatro mil e quinhentas medidas e três portas, a saber: a porta de José, uma, a porta de Benjamim, outra, a porta de Dã, outra;
33.da banda do sul, quatro mil e quinhentas medidas e três portas: a porta de Simeão, uma, a porta de Issacar, outra, a porta de Zebulom, outra;
34.da banda do ocidente, quatro mil e quinhentas medidas e as suas três portas: a porta de Gade, uma, a porta de Aser, outra, a porta de Naftali, outra.
35.Dezoito mil medidas em redor; e o nome da cidade desde aquele dia será: O SENHOR Está Ali.
INTRODUÇÃO
Nesta última Aula do 4º trimestre de 2022 estudaremos sobre os aspectos da cidade de Jerusalém do Milênio. O livro de Ezequiel começa com a visão da glória de Deus e conclui com a descrição da glória de Deus na Jerusalém glorificada, que terá um novo nome, segundo a profecia de Ezequiel (Ez.48:35): “O SENHOR Está Ali”. O profeta viu em visão a glória de Deus partindo e retornando depois da restauração de Israel, e finaliza o livro com o próprio Deus no meio do seu povo. A maior bênção para nós, como povo de Deus, é termos Deus em nosso meio; essa é a essência da alegria e da felicidade. Como resultado da presença eterna de Deus, nunca mais o crente sofrerá tristeza, desprazer e aflições (Ap.21:4). Esta é a nossa suprema visão e esperança enquanto aguardamos o Dia da vinda dos nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
I. SOBRE A CIDADE
“Há certa similaridade entre a visão de Ezequiel e a do apóstolo João no livro de Apocalipse, na linguagem e no conteúdo. Mas é importante que os crentes saibam distinguir a diferença entre a Jerusalém do Milênio da Nova Jerusalém do mundo vindouro” (LBM-CPAD).
1. ”E estas são as saídas da cidade” (Ez.48:30)
“E estas são as saídas da cidade, desde a banda do Norte: quatro mil e quinhentas medidas”. .
Embora o nome da cidade não seja mencionado, o contexto deixa claro que é Jerusalém. O termo “saída da cidade” diz respeito aos “limites”, as “extremidades” da cidade de Jerusalém; numa linguagem usual atual pode-se dizer: as fronteiras da cidade. Desta feita, numa linguagem moderna diríamos: “E estas são as fronteiras da cidade...”.
Estive pensando o que nós, alunos da EBD, podemos aprender com este item. Aprendi aqui que Deus, embora seja o dono de todas as coisas, Ele respeita os limites. Na visão que deu a Ezequiel, Ele mostrou ao profeta as extremidades, as fronteiras, os limites da cidade de Jerusalém. Muitas pessoas têm uma percepção negativa dos limites; elas acreditam que são restritivos e que não deveriam existir. Na realidade, os limites nos ajudam a manter relacionamentos saudáveis e contribuem para o nosso bem-estar. Sem limites, é difícil para os relacionamentos florescerem e serem satisfatórios, então eles frequentemente dão lugar à decepção, ressentimento e frustração. Ser capaz de estabelecer diferentes tipos de limites é essencial para proteger nosso espaço pessoal e construir nossa identidade, o que protegerá nossa saúde mental e relacional a longo prazo.
2. Formato da cidade (Ez.48:31)
“E as portas da cidade serão conforme os nomes das tribos de Israel: três portas para o norte: a porta de Rúben, uma, a porta de Judá, outra, a porta de Levi, outra”.
Conforme Ezequiel 48:16, a cidade da nova Jerusalém será quadrada: “e terá estas medidas: o lado norte, dois mil e duzentos e cinquenta metros, o lado sul, com dois mil e duzentos e cinquenta metros, o lado leste, dois mil e duzentos e cinquenta metros e o lado oeste, dois mil e duzentos e cinquenta metros” (NVI). Conforme afirma o pr. Esequias Soares, “a cidade de Jerusalém nunca teve a sua área territorial quadrada e nem a sua arquitetura, em nenhum período histórico. O que o profeta está revelando é algo novo até então, é uma figura da Jerusalém do mundo vindouro”.
A visão de Ezequiel da Cidade Santa é um vislumbre da visão que João teve da cidade “quadrangular” (Ap.21:9-16), com três portas em cada um dos quatro lados. Conquanto a Nova Jerusalém de Ezequiel tenha uma grande semelhança com a Nova Jerusalém revelada ao apóstolo João (Ap.21:10-27), não devemos confundir as duas cidades. A nova Jerusalém revelada ao apóstolo João, que também era quadrada (Ap.21:13), é de outra dimensão, da dimensão celestial; portanto, muito de sua descrição é figurativa, é alegórica, não pode ser compreendida literalmente, pois se trata de uma descrição feita por Deus aos homens para que pudéssemos compreender, na limitação da nossa mente, o que nos está reservado, pois é algo que está muito além de nossa parca imaginação (ler 1Co 2:9). A Nova Jerusalém celestial:
a) É um lugar santo por excelência (Ap.21:11). Nela não haverá necessidade de templo, pois o seu templo será o próprio Deus.
b) Tem doze portas, com os nomes das doze tribos de Israel, e o muro da cidade, doze fundamentos, com os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Isto, naturalmente, é uma linguagem figurada para nos mostrar que o fundamento, a razão de ser da convivência eterna com Deus é a salvação na pessoa bendita de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Pode, também, significar que a Igreja que ali está, foi a Igreja que ensinou e que viveu de acordo com a Doutrina dos Apóstolos.
c) Tem uma riqueza incomparável. A Cidade é descrita como contendo pedras preciosas e ouro; os muros são feitos e ornados de pedras preciosas, as ruas, de ouro. Os remidos pisarão em ruas de ouro, ou seja, os valores materiais, aquilo que os homens tanto veneram e respeitam em nossa vida secular, nada representam na vida celestial.
d) Não necessita de Sol nem de Luz. Ela não necessitará de sol nem de luz, porque será iluminada pela glória divina e, mais, terá o Cordeiro como sua lâmpada (Ap.21:23).
e) Apresenta o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procede do trono de Deus e do Cordeiro e, no meio da praça, a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, cujas folhas são para a saúde das nações (Ap.22:1,2). Esta linguagem, que é figurada, fala-nos da eternidade de que desfrutarão os habitantes dessa santa Cidade. No Éden, o homem possuía uma eternidade condicional, embora, enquanto obedecesse ao Senhor, jamais morreria. Na Jerusalém celestial, porém, a situação é bem diferente: o homem tem a vida eterna, esta dádiva que é recebida por todos aqueles que creem em Jesus Cristo (João 3:16; 17:3;1João 2:25; 5:11,12).
f) Haverá nela grande alegria, pureza e santidade (Ap.21:2,11). Lá só haverá alegria, infinitamente superior a tudo o que já sentimos nesta vida. Imaginemos qual será o sentimento de todos nós, ao vermos o rosto do divino Cordeiro (Ap.22:4).
g) Nela, para sempre serviremos ao Senhor (Ap.22:3). Alguns pensam que no Céu, na eternidade com Cristo, na Santa Cidade, não haverá trabalho. Esquecem-se de que Deus, sendo perfeito em tudo, trabalha (João 5:17; Is.64:4). Aqueles que tiverem sido servos do Senhor aqui hão de continuar a servi-lo ali: "os seus servos o servirão". Estejamos, pois, preparados para o glorioso Dia do Arrebatamento da Igreja, pois "assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras" (1Ts.4:17,18).
Portanto, a descrição da Nova Jerusalém revelada ao apóstolo João é sublime e nos enche de gozo e de ânimo para enfrentar os desafios desta vida. É por isso que o apóstolo Paulo nos conclama a jamais desanimarmos nem desistirmos, por maiores que sejam as provas e as lutas, pois “… as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm.8:18).
3. As doze portas (Ez.48:31-34)
“31.E as portas da cidade serão conforme os nomes das tribos de Israel: três portas para o norte: a porta de Rúben, uma, a porta de Judá, outra, a porta de Levi, outra; 32.da banda do oriente, quatro mil e quinhentas medidas e três portas, a saber: a porta de José, uma, a porta de Benjamim, outra, a porta de Dã, outra; 33.da banda do sul, quatro mil e quinhentas medidas e três portas: a porta de Simeão, uma, a porta de Issacar, outra, a porta de Zebulom, outra; 34.da banda do ocidente, quatro mil e quinhentas medidas e as suas três portas: a porta de Gade, uma, a porta de Aser, outra, a porta de Naftali, outra”.
A palavra profética anuncia que no Milênio, a Nova Jerusalém terá 12 portas, três de cada lado, uma para cada tribo de Israel. Os nomes nas doze portas da Jerusalém milenial bem como na Formosa Jerusalém (Ap.21:12) tem por propósito a memória dos filhos de Israel. Alguns acham intrigante o projeto da visão de Ezequiel - o formato quadrado, o templo no centro e as doze portas -, visto não haver paralelo no Antigo Testamento antes de Ezequiel. Só para lembrar, a Jerusalém do período de Ezequiel e Jeremias possuía pelo menos sete portas segundo o livro de Jeremias: Porta do Povo (Jr.17:19); Porta do Sol (Jr.19:2); Porta de Benjamim (Jr.20:2; 37:13; 38:7); Porta da Esquina (Jr.31:38); Porta dos Cavalos (Jr.31:40); Porta do Meio (Jr.39:3); e Porta entre os Muros (Jr.52:7). Porém, na época de Neemias, as 12 portas eram perfeitamente identificáveis, com seus primitivos nomes:
a) Porta do Gado (Ne.3:1).
b) Porta do Peixe (Porta de Damasco – Ne.3:3).
c) Porta Velha (Porta de Jafa-Ne.3:6).
d) Porta do Vale (Ne.2:14).
e) Porta do Monturo (Ne.3:13).
f) Porta da Fonte (Ne.3:15).
g) Porta do Cárcere (Ne.3:25).
h) Porta das Águas (Ne.3:26).
i) Porta dos Cavalos (Ne.3:28).
j) Porta Oriental (Ne.3:29).
k) Porta de Mifcade (da Atribuição – Ne.3:31).
l) Porta de Efraim (Ne.8:16).
Como se vê, apesar de quase desconhecidos pela maioria daqueles que possuem um exemplar da Bíblia, o livro de Deus registra esses nomes focalizados; nomes esquecidos, mas nomes históricos, reais, simbólicos, ricos em tradição.
4. Origem do formato e das portas
Sem dúvida, a origem do formato da cidade e das portas da Nova Jerusalém que há de vir, vem de Deus, jamais virá de algum modelo de alguma arquitetura pagã. Mesmo que Ezequiel, provavelmente, conhecesse a estrutura da torre do templo de Marduque, deus dos babilônios, cujo recinto era quadrado, e cujo acesso era por doze portas, jamais o profeta do Senhor vaticinaria um projeto de Deus baseado numa visão humana e pagã. Portanto, Deus é a fonte da revelação, da inspiração da visão e da mensagem de Ezequiel. Os oráculos entregues ao profeta, seja por imagem ou som, ou seja, visão ou palavra, vieram de Deus (Ez.1:3; 3:14; 8:1-3), o Arquiteto e construtor (Hb.11:10) da Nova Jerusalém.
II. SOBRE O NOME DAS DOZE TRIBOS
1. As doze tribos de Israel
As doze tribos de Israel têm os nomes dos doze filhos de Jacó descritos pela ordem de nascimento: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim. Os dois filhos de José, Manassés e Efraim, também se tornaram tribos de Israel. A tribo de Levi não recebeu herança como as outras. Ezequiel escreveu as doze tribos no sentido horário utilizando os quatro pontos cardeais, começando pelo Norte da cidade - Norte: Rúben, Judá e Levi (Ez.48:31); Leste, ou oriente: José, Benjamim e Dã (Ez.48:32); Sul: Simeão, Issacar e Zebulom (Ez.48:33); Oeste, ou ocidente: Gade, Aser e Naftali (Ez.48:34).
Depois de um encontro com Deus, Jacó teve seu nome mudado para Israel. Assim como seus descendentes ficaram conhecidos como o povo de Israel. Os descendentes de cada um de seus filhos se tornaram tribos com seus nomes. Quando conquistaram a região, cada tribo recebeu uma porção da terra de Israel.
Ao que parece, no período milenial, segundo Ezequiel 48:1-7, o território de Israel será divido em faixas horizontais, desde o Mediterrâneo até a fronteira ocidental do território. A faixa no extremo Norte será para a tribo de Dã (Ez.48:1). Logo abaixo, virão os territórios de Aser (Ez.48:2), Naftali (Ez.48:3), Manassés (Ez.48:4), Efraim (Ez.48:5), Rúben (Ez.48:6) e Judá (Ez.48:7).
Ao sul de Judá, ficará a porção já separada para o Príncipe, que incluirá o santuário e a cidade de Jerusalém. Essa região sagrada será um quadrado amplo, fronteiriço ao norte do Mar Morto. Será dividida em três faixas horizontais: a superior será reservada para os sacerdotes e, no meio, para o Templo milenar; a central será para os levitas; e a inferior para o povo comum e, no meio, para Jerusalém. O território restante a Leste e Oeste do quadrado pertencerá ao Príncipe (cf.Eze.48:8-22). Segundo Ezequiel 48:23-27, ao sul da região sagrada ficarão as porções de Benjamim (Ez.48:23), Simeão (Ez.48:24), Issacar (Ez.48:25), Zebulom (Ez.48:26) e Gade (Ez.48:27).
A divisão do território de Israel mostra que no Reino de Deus existe lugar para todos aqueles que creem e obedecem ao único e verdadeiro Deus (João 14:1-6). Deus ama tanto suas criaturas que sempre planejou tê-las perto de si. Está sempre procurando e perguntando: “Onde estás?”, chamando ao arrependimento e à fé.
2. Critério da ordem dos nomes
A Bíblia não mostra um critério padrão da ordem dos nomes. Há cerca de 20 listas dos filhos de Jacó e das respectivas tribos de Israel no Antigo Testamento, mas não existe nenhum padrão. Por exemplo, a lista com os quatro primeiros nomes, Rubens, Simeão, Levi e Judá, segue a ordem de nascimento (Gn.35:22-27; 46:8-27; 49:3-27; Ex.1:1-16). Outras listas divergem a partir do quinto nome (Nm.1:5-17; 13:4-16). O nome de Levi não aparece nas listas de Números. Os nomes de José, Manassés e Efraim, às vezes, aparecem juntos; outras vezes, José não aparece, mas é apresentado pelos seus dois filhos, como também Efraim separado de José e Benjamim. Veja a divergente ordem dos nomes apresentadas nas tabelas a seguir (extraído do livro “A Justiça de Divina”, de Esequias Soares):
Gênesis 35:22-27 | Gênesis 46:8-27 | Gênesis 49 |
1º Rúben | 1º Rúben | 1º Rúben |
2º Simeão | 2º Simeão | 2º Simeão |
3º Levi | 3º Levi | 3º Levi |
4º Judá | 4º Judá | 4º Judá |
5º Issacar | 5º Issacar | 5º Zebulom |
6º Zebulom | 6º Zebulom | 6º Issacar |
7º José | 7º Gade | 7º Dã |
8º Benjamim | 8º Aser | 8º Gade |
9º Dã | 9º José | 9º Aser |
10º Naftali | 10º Benjamim | 10º Naftali |
11º Gade | 11º Dã | 11º José |
12º Aser | 12º Naftali | 12º Benjamim |
Êxodo 1:1-6 | Números 1:5-17 | Números 13:4-16 |
1º Rúben | 1º Rúben | 1º Rúben |
2º Simeão | 2º Simeão | 2º Simeão |
3º Levi | 3º Judá | 3º Judá |
4º Judá | 4º Issacar | 4º Issacar |
5º Issacar | 5º Zebulom | 5º Efrain |
6º Zebulom | 6º Efrain | 6º Benjamim |
7º Benjamim | 7º José/Manassés | 7º Zebulom |
8º Dã | 8º Benjamim | 8º José/Manassés |
9º Naftali | 9º Dã | 9º Dã |
10º Gade | 10º Aser | 10º Aser |
11º Aser | 11º Gade | 11º Naftali |
12º José | 12º Naftali | 12º Gade |
Nas duas últimas listas – Números 1:5-17 e Números 13:4-16 -, veja o nome de José junto a um dos seus filhos. Os levitas não estão na lista de Números 1:5-17, pois se trata de um alistamento para a guerra, nem na lista de Números 13:4-16, que fala dos líderes representando cada tribo de Israel quando foram enviados como espias na terra de Canaã.
A única lista dessas tribos do Novo Testamento está no livro de Apocalipse (Ap.7:4-8). É notória nesta listagem das doze tribos de Israel a ausência de dois nomes: Efrain e Dã. Efrain está representado em José, permanecendo Manassés. Isto é perfeitamente compreensível. Para esse trio – José, Manasses e Efrain -, às vezes, no Antigo Testamento aparecem esses arranjos. Compare as listagens de Números 1:5-17 com 13:4-16. A ausência de Dã é justificada desde o segundo século por Irineu de Lião, falecido em 202 d.C., quando menciona uma interpretação rabínica, anterior ao aparecimento de Cristo, declarando que o anticristo seria procedente da tribo de Dã. Isso é dito com base em Gênesis 49:16,17, onde se diz que Dã julgará Israel, mas, como serpente, trairá o povo; outros sugerem que Dã é omitido por causa da tradição judaica que espera que o Anticristo venha dessa tribo. Talvez seja esta a razão de a tribo de Judá encabeçar a listagem em Apocalipse 7:5, uma vez que esta é a tribo da qual veio o Messias (Gn.49:10; Mt.1:1). Davi pertence à tribo de Judá (1Cr.2:10-15).
A lista de Ezequiel é completa e se refere aos territórios dessas tribos no milênio, ao passo que a lista de Apocalipse se refere a um grupo de 144 mil “de todas as tribos dos filhos de Israel” (Ap.7:4) na Grande Tribulação, antes do milênio.
Portanto, toda escolha tem seu propósito, nada é aleatório; os escritores bíblicos sabiam o que estavam fazendo; a questão é que nós desconhecemos esses critérios.
3. Propósito dos nomes dos filhos de Jacó
Os filhos de Jacó formaram o povo escolhido de Deus, prometido a Abraão (Gn.12:1,2). Foram doze filhos homens, cujos descendentes formaram doze territórios na terra de Canaã, durante a partilha da terra sob a liderança de Josué (Js.14:1-3). Apesar de José se ter tornado duas tribos, a tribo de Levi era considerada uma tribo à parte, devido a sua consagração a Deus (Nm.1:47-49). A tribo de Levi representava todo o povo diante de Deus e não recebeu herança como as outras tribos. Assim, na Bíblia, as tribos de Israel são sempre referidas como sendo doze, e tem por propósito a memória dos filhos de Israel. E este propósito está claro no éfode sacerdotal: “E porás as duas pedras nas ombreiras do éfode, por pedras de memória para os filhos de Israel; e Arão levará os seus nomes sobre ambos os seus ombros, para memória diante do Senhor” (Êx.28:12). Nas doze portas da Jerusalém milenar constam os nomes dos doze filhos de Israel, bem como na Formosa Jerusalém celestial.
III. O SENHOR ESTÁ ALI
O profeta Ezequiel, no exílio babilônico, teve uma visão sobre Jerusalém reconstruída e plenamente reconciliada com Deus, e termina seu livro magnificamente: “E o nome da cidade desde aquele dia será: O Senhor está ali” (Ez.48:35b). Nada mais significativo poderia ser dito. Ezequiel que vira a glória de Deus abandonar a cidade (caps. 1 e 11), agora viu a glória voltar ao novo Templo (Ez.43:1-9). Deus quer a companhia de Seu povo e promete estar presente. Deus quer relacionamento conosco, tanto quando almejava pela companhia humana antes do pecado. Essa verdade é tão real que Jesus, o Emanuel, Deus conosco, veio a este mundo e habitou entre nós.
1. Os nomes da cidade
Jerusalém é uma cidade sem paralelo na história. Ela possui vários nomes. O primeiro nome da cidade de Jerusalém é SALÉM (Sl.76:2), que significa paz (Hb.7:2), desde os dias do patriarca Abraão (Gn.14:18). Apesar deste nome, ela foi palco de cruentas guerras, de derramamento de sangue, violência, injustiça social, prostituição, idolatria e apostasia generalizada, o que levou Deus a castigar seus moradores e reduzi-la a ruínas e desolações ao longo dos séculos. Ela foi chamada também de Jebus (Jz.19:10), que esteve sob o domínio do povo jebuseu, e só foi conquistada por Davi após alguns séculos da conquista de Canaã, ficando assim conhecida por Cidade de Davi (2Sm.5:6,7). Ela é também designada de Sião e Ariel (Is.2:3;29:1,2). Jerusalém é o nome mais conhecido e significa “cidade de paz”. Deus preservou os remanescentes para neles cumprir a sua promessa, fazendo jus ao nome original: Salém, Paz. Em Apocalipse, a cidade é chamada de ”arraial dos santos, a cidade amada” (Ap.20:9). Mas, Ezequiel enfatiza que, no Milênio, depois de sua purificação e restauração espiritual, o nome da cidade será: “o SENHOR está ali” (Ez.48:35). Neste glorioso período, a glória do Senhor se estenderá por sobre toda a Terra, e não somente sobre o povo judeu. Assim profetizou Isaías: “Santo, Santo, Santo é o SENHIR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is.6:3).
2. O nome divino
No Antigo Testamento, Deus se deu a conhecer por vários nomes inerentes à sua natureza e à circunstância de sua revelação. Aqui estão alguns, dentre muitos, dos nomes mais conhecidos de Deus na Bíblia:
EL, ELOAH. Deus "poderoso, forte, proeminente" (Gn.7:1; Is.9:6) - etimologicamente, El parece significar "poder", como em "Tenho o poder para prejudicá-los" (Gn.31:29). El é associado com outras qualidades, tais como integridade (Nm.23:19), zelo (Dt.5:9) e compaixão (Ne.9:31), mas a raiz original de ‘poder’ continua.
ELOHIM. Deus "Criador, Poderoso e Forte" (Gn.17:7; Jer.31:33) - a forma plural de Eloah, a qual acomoda a doutrina da Trindade. Da primeira frase da Bíblia, a natureza superlativa do poder de Deus é evidente quando Deus (Elohim) fala para que o mundo exista (Gn.1:1).
EL SHADDAI. "Deus Todo-Poderoso", "O Poderoso de Jacó" (Gn.49:24; Salmo 132:2,5) - fala do poder supremo de Deus sobre todos.
ADONAI. "Senhor" (Gn.15:2; Jz.6:15) - usado no lugar de YHWH, o qual os judeus achavam ser sagrado demais para ser pronunciado por homens pecadores. No Antigo Testamento, YHWH é mais utilizado em tratamentos de Deus com o Seu povo, enquanto que Adonai é mais utilizado quando Ele lida com os gentios.
YHWH / YAHWEH / JEOVÁ. "SENHOR" (Dt.6:4, Dn.9:14) - a rigor, o único nome próprio para Deus. Traduzido nas bíblias em português como "SENHOR" (com letras maiúsculas) para distingui-lo de Adonai, "Senhor". A revelação do nome é primeiramente dada a Moisés: "Eu SOU quem eu SOU" (Êx.3:14). Este nome especifica um imediatismo, uma presença. Yahweh está presente, acessível, perto dos que o invocam por livramento (Salmo 107:13), perdão (Salmo 25:11) e orientação (Salmo 31:3).
JEOVÁ-JIRÉ. "O Senhor proverá" (Gn.22:14) - o nome utilizado por Abraão quando Deus proveu o carneiro para ser sacrificado no lugar de Isaque.
JEOVÁ-RAFA. "O Senhor que sara" (Êx.15:26) - "Eu sou o Senhor que te sara", tanto em corpo e alma. No corpo, através da preservação e da cura de doenças, e na alma, pelo perdão de iniquidades.
JEOVÁ-NISSI. "O Senhor é minha bandeira" (Êx.17:15), onde por bandeira entende-se um lugar de reunião antes de uma batalha. Esse nome comemora a vitória sobre os amalequitas no deserto (Êxodo 17).
Portanto, o nome revela o poder, a grandeza e a glória do Deus Todo-Poderoso, além de mostrar os atributos dEle. Outrossim, quando a Bíblia faz menção do “nome de Deus” está se referindo ao próprio Deus - “haverá um lugar que escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome” (Dt.12:11).
3. Yahweh Shammah (Ez.48:35)
Depois da descrição completa da terra, do povo e do templo de Israel, o profeta Ezequiel termina a sua visão profética com uma declaração solene do nome dado à cidade de Deus (Jerusalém): “JEHOVAH SHAMMA", que significa “o Senhor está ali”. É o novo nome dado à cidade de Jerusalém, no Milênio, para dissociar o nome de Jerusalém com os pecados passados. Este não é um mero nome dado à cidade de Jerusalém, é, antes, uma realidade palpável, de tal maneira intensa que "todos lhe chamarão o trono do Senhor, e todas as nações se ajuntarão a ela e os seus habitantes nunca mais andarão segundo o propósito do seu coração maligno" (Jr.3:17, 33:16; Zc.2:10).
Séculos mais tarde, o apóstolo João, na ilha de Patmos, haveria de retomar e expandir a visão com muito maior glória, quando disse: "Eu vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa para o seu marido, e ouvi uma voz do céu que dizia: eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus, que limpará dos seus olhos toda a lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque...O SENHOR ESTÁ ALI" (Ap.21:2-4).
É bom enfatizar que as bênçãos anunciadas nas profecias de Ezequiel não se restringem apenas ao povo judeu; elas são extensivas a toda a Terra. Toda a Terra será o santuário de Deus, e nisso Ele será reconhecido como Yahweh Shammah, isto é, “o Senhor está ali”. Glórias sejam dadas ao Senhor!
CONCLUSÃO
O livro de Ezequiel termina com uma visão detalhada do novo Templo, da nova Cidade e do novo povo, todos demonstrando a santidade de Deus. As pressões diárias da vida podem nos fazer focar o presente, o aqui e agora, e levar-nos a esquecer de Deus. É por isso que a adoração é tão importante; tira nossos olhos de nossas preocupações atuais, a fim de que atentemos para a santidade de Deus e para seu Reino futuro. A presença de Deus torna tudo glorioso, e a adoração nos leva à sua presença. No milênio, o Messias será engrandecido como o Filho de Davi; Ele ocupará o trono de Davi e reinará sobre a casa de Davi a partir da cidade de Davi - Jerusalém. A sua presença será tão real que não haverá dúvida em perceber que “O SENHOR ESTÁ ALI”.
Concluímos esta Aula e este trimestre afirmando que mesmo que Deus demore em cumprir as suas promessas, na nossa visão de tempo, elas se cumprirão no tempo dele. Além do mais, essas promessas serão cumpridas de tal maneira que ninguém será esquecido. Outrossim, embora Deus seja um Deus de redenção no sentido eterno, Ele também é um Deus que se importa com as questões temporais.