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A VISÃO DO TEMPLO E O MILÊNIO

 

Texto Base: Ezequiel 43:1-9

”E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.” (Is.6:3). 

Ezequiel 43:

1.Então, me levou à porta, à porta que olha para o caminho do oriente.

2.E eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do oriente; e a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória.

3.E o aspecto da visão que vi era como o da visão que eu tinha visto quando vim destruir a cidade; e eram as visões como a que vi junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto.

4.E a glória do SENHOR entrou no templo pelo caminho da porta cuja face está para o lado do oriente.

5.E levantou-me o Espírito e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do SENHOR encheu o templo.

6.E ouvi uma voz que me foi dirigida de dentro do templo; e um homem se pôs junto de mim

7.e me disse: Filho do homem, este é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa de Israel não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis, com as suas prostituições e com os cadáveres dos seus reis, nos seus altos,

8.pondo o seu umbral ao pé do meu umbral e a sua ombreira junto à minha ombreira, e havendo uma parede entre mim e entre eles; e contaminaram o meu santo nome com as suas abominações que faziam; por isso, eu os consumi na minha ira.

9.Agora, lancem eles para longe de mim a sua prostituição e os cadáveres dos seus reis, e habitarei no meio deles para sempre.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do livro de Ezequiel trataremos nesta Aula da visão do Templo, que será reconstruído, e do Milênio. Veremos que, após a restauração completa – nacional e espiritual - da nação de Israel, o novo Templo, o Templo do Milênio, será estabelecido a partir de uma nova dispensação. Israel terá, novamente, um templo, não um templo construído sem a aprovação divina, como fora o terceiro templo, mas um em que estará a glória de Deus permanentemente. O profeta Ezequiel revela que a glória do Senhor entrará no Templo (Ez.43:4) e estará nele para sempre. O quarto Templo, o do Milênio, será dotado de dimensões distintas e de um cerimonial também distinto dos dois primeiros templos, pois estaremos em uma nova dispensação, em que reinará a Paz e a Justiça, cujo Rei será o Rei da Glória.

I. SOBRE O QUE VEM DEPOIS DA RESTAURAÇÃO

1. A porta oriental do Templo (Ez.43:1)

“Então, me levou à porta, à porta que olha para o caminho do oriente”.

Na Aula 04 vimos que a retirada da glória de Deus do Templo se deu em quatro estágios. No terceiro estágio a Nuvem da glória de Deus se deslocou para a entrada da porta oriental do Templo e pairou sobre os querubins, para saída definitiva. Nesta nova visão, a glória que saiu retornará por esta mesma porta (Ez.43:4). Isto ocorrerá quando houver a plena restauração espiritual de Israel, e a construção do novo Templo. O objetivo do oráculo divino é fazer o povo lembrar que quando a glória de Deus se afastou da Casa de Deus foi em direção ao oriente (Ez.10:19; 11:23) e que o seu retorno será pelo mesmo caminho (Ez.43:4). A glória de Deus entrará por esta porta e nunca mais será retirada do meio do seu povo e do Templo, pois a glória de Deus regressará na pessoa do Senhor Jesus, quando Ele vier reinar sobre este mundo.

“Esta porta permanecerá fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o Senhor, Deus de Israel, entrou por ela; por isso, permanecerá fechada” (Ez.44:2). Há sugestões de que essa porta se manterá fechada por dois motivos: (a) Ela será a porta por onde o Senhor Jesus entrará no Templo. Como uma marca de honra de um rei oriental, ninguém pode entrar pela porta que o rei entrou; (b) Foi pela porta oriental que a glória de Deus partiu, pela última vez, no Antigo Testamento (Ez.10:18,19). Selando a porta, Deus lembrará a todos os que estão dentro de que a Sua glória nunca mais partirá de seu povo.

Observação:

A Porta Oriental é a mais famosa e também a mais importante porta de Jerusalém. Ela dá para o vale de Quidrom, e está de frente para o sol nascente. É mencionada por Neemias (Ne.3:29). Os cruzados chamavam-na de porta dourada. A entrada por essa porta levava à Porta Formosa do Templo de Herodes (veja Atos 3:2). A tradição diz que partes dessa porta foram doadas pela rainha de Sabá.

2. Três observações importantes (Ez.43:2)

“E eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do oriente; e a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória”.

A partida da glória de Deus de seu Templo foi algo completamente devastador para Ezequiel (Ez.11:23), mas o profeta foi tomado de grande admiração e alegria ao ter a visão do retorno dessa preciosidade. O profeta que viu a glória partindo do Tempo vê o seu retorno, vindo “do caminho do oriente”.

Quando Ezequiel recebeu a incumbência de anunciar a destruição do Templo e a queda da cidade de Jerusalém, ele viu o afastamento da glória de Javé para o Oriente como sinal de sua retirada do meio do povo; agora ele vê o retorno da glória de Deus vindo “do caminho do oriente”. E nesse retorno o movimento de Deus ecoava como o “som de muitas águas” - isto é uma expressão metafórica para indicar o grande poder de Deus. Em Ezequiel 1:24, esse som aparece com o ruído das asas dos seres viventes, e mais adiante em Apocalipse 1:15 para descrever a voz de Jesus, também em Apocalipse 14:2; 19:6. Por causa da sua glória, “a terra resplandeceu”; isto faz lembrar da visão do profeta Isaías (Is.6:3) – “E proclamavam uns aos outros: "Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória”.

A glória do Senhor, que partiu, antes da queda de Jerusalém, retornará ao Templo e o “enche” (Ez.43:5), reafirmando a presença do Eterno “no meio dos filhos de Israel para sempre” (Ez.43:7).

Observe que a glória que vem do Monte das Oliveiras está personificada - “e a sua voz” – Ez.43:2; “plantas dos meus pés” – Ez.43:7; cf. Zc.14:14). Isto pode ser uma referência à presença de Cristo em sua glória plena, na sua segundo vinda (Mt.17:1-8; João 17:5; cf. Ap.21:23). Quando Jesus retornar para reinar durante mil anos neste mundo, a sua glória será impressionantemente vista por todos os moradores da Terra. O Templo será o lugar do seu trono; dali Ele reinará para sempre entre o seu povo (Ez.43:7) e para toda a humanidade do período milenial.

3- As reminiscências (Ez.43:3)

“A visão que tive era como a que eu tinha tido quando ele veio destruir a cidade e como as que eu tinha tido junto ao rio Quebar; e eu me prostrei, rosto em terra” (Ez.43:3).

Ezequiel afirma que esta visão da glória de Deus era tão esplendorosa que ele cai com o rosto em terra, à semelhança do que ocorrera na primeira visão junto ao rio Quebar (Ez.1:28; 43:3) - o rio Quebar é ligado ao Eufrates; ali ficava um assentamento de judeus exilados na Babilônia.

Os elementos vistos na visão são os mesmos nos três relatos: o trono, os querubins e o santuário. As condições são diferentes, mas os elementos são os mesmos. No capítulo 43, trata-se do retorno da glória ao santuário, depois do juízo divino cumprido na Casa de Israel. Depois de 14 anos da destruição da Cidade Santa, Ezequiel foi levado de volta, em visão, para Jerusalém (em 573 ou 572 a.C.) - “No ano vigésimo quinto do nosso cativeiro, no princípio do ano, no décimo dia do mês” (Ez.40:1). Essa revelação é escatológica, não é para o contexto histórico em que vivia o profeta.

O retorno da glória de Deus, que estará novamente no Templo, certamente, ocorrerá quando da restauração espiritual de Israel, o qual se converterá ao Senhor Jesus, aceitando-o, sem reservas, como o Messias. Neste período, o Espírito Santo será derramado copiosamente sobre todo o povo de Israel, como foi profetizado pelo profeta Joel (Jl.1:28).

II. O TEMPLO DO MILÊNIO

“Há um contraste entre o que o profeta viu quando foi levado em visão ao Templo de Jerusalém e o que ele vê nessa última visão. Ezequiel não foi o único profeta a mencionar a referida Casa (Is.2:2-5; Jl.3:18), mas é o único a descrever o complexo do Templo com abundância de detalhes” (LBM.CPAD).

1. Um Templo diferente

Restaurado e constituído como nação sacerdotal, Israel terá, novamente, um Templo em que estará a glória de Deus. Muitos se embaraçam com a existência deste novo templo e pelo restabelecimento do culto com sacrifícios e demais cerimônias, achando que isto não se coaduna com a redenção operada por Cristo, o Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, que cumpriu a lei e, com isto, instaurou um novo concerto, um concerto eterno. Todavia, é preciso que nos lembremos disto: na dimensão terrena, teremos, ainda, a necessidade de um culto, de uma religião, pois ainda não estaremos na eternidade. Faz-se, também, preciso que Deus cumpra a Sua promessa para com Israel de lhe tornar uma nação sacerdotal e, portanto, deverá haver um sacerdócio nesta vida religiosa da dimensão terrena. Por isso, a fim de cumprimento das promessas divinas, torna-se necessário que haja um templo e culto, o que, em momento algum, representa qualquer invalidade do sacrifício vicário de Cristo no Calvário.

Entretanto, o Templo do Milênio será diferente. Nele não haverá a Arca da Aliança e seus sacrifícios serão um memorial, pois será uma nova dispensação, isto é, uma nova era em que Deus tratará com a humanidade. Outros elementos também não aparecerão: o altar de ouro do incenso, o candelabro ou castiçal, a mesa dos pães da proposição, que havia no primeiro e no segundo Templo (2Cr.4:19,20). Como afirma o pr. Esequias Soares, “comparado com o que se conhece da Casa de Deus em Jerusalém e do Tabernáculo, pode-se dizer que é um templo atípico, ou seja, diferente; visto que o Tabernáculo e o Templo com toda a sua estrutura de funcionamento, rituais, peças e sacerdotes apontavam para Cristo, e tudo isso se cumpriu nEle (Hb.9:11,12), por essa razão, não haverá necessidade desses rituais no Milênio”. Algumas festas, como a dos Tabernáculos (Zc.14:16-19) e a Páscoa (Ez.45:21), serão reeditadas também.

2. Uma dispensação diferente

O Milênio será uma nova dispensação, ou seja, uma nova forma de o homem se relacionar com Deus. O homem se relacionará com Deus através do governo pessoal de Cristo sobre a Terra, através da manifestação visível da justiça e do amor de Deus em todas as coisas. Enquanto, atualmente, Deus Se mostra aos homens através da Igreja, naquela época o reino de Deus se mostrará através de muitas coisas: da Igreja glorificada, que participará do reino de Cristo juntamente com os mártires da Grande Tribulação; do culto ao Senhor no Templo que será erigido em Jerusalém, o quarto Templo; da natureza, que deixará de ser maldita por causa do pecado do homem, mas passará a ser a expressão do amor e da soberania divinos e de Israel, que será, enfim, a nação sacerdotal, a propriedade peculiar de Deus dentre os povos.

-No Milênio, a Terra será regida, não por monarquia, nem por democracia, nem por autocracia, mas por uma teocracia. O próprio Deus regerá o mundo na pessoa do Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo (Lc.1:32,33; Dn.7:13,14). Todas as formas de governo que já existiram e as que existem falharam, umas mais, outras menos. mostrando assim que elas não são perfeitas. Mas Cristo quando reinar será diferente, pois este será um período de completa glória divina no Seu domínio, governo, justiça e reino (Is.9:6; Is.11:4; Dt.18:18,19; Is.33:21,22; At.3:22). A profecia inicial disto está em Gn.49:10 - “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”. Outras referências: Isaias 1:25,26; Daniel 7:27.

Todos os reinos da Terra estarão sob o senhorio de Cristo. Cumprir-se-á em sua plenitude Filipenses 2:10,11 - ”Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai”. Será realmente uma nova Era na Terra, e verdadeiramente aqueles que amam a Jesus serão sacerdotes de Deus com Ele. Os judeus serão a cabeça federativa do governo. Daniel obteve esta mesma revelação, por parte do Espírito Santo de Deus (Dn.7:22, 27): "Até que veio o ancião de dias, e fez justiça aos santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino. E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão”.

-No Milênio, todas as nações adorarão somente ao Senhor. Haverá um avivamento mundial - “Assim, virão muitos povos e poderosas nações buscar, em Jerusalém, o SENHOR dos Exércitos e suplicar a bênção do SENHOR. Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Naquele dia, sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco (Zc.8:22,23).

As nações serão alcançadas pelo Senhor e estarão em comunhão com Ele, vindo continuamente a adorar em Jerusalém, que será, então, a capital do mundo. Jerusalém, hoje em dia, já é considerada a cidade que representa a confluência da adoração do Deus único, mas somente nessa época será o verdadeiro altar do Deus Altíssimo. Estará, portanto, restabelecida a comunhão entre Deus e as nações, que havia sido estabelecida pelo pacto noaico, mas quebrada logo a seguir com a rebelião de Babel. Esta é a prova indelével de que a “grande Babilônia” (ou seja, o sistema mundial gentílico estabelecido em Babel) será, realmente, destruída na batalha do Armagedom.

-No Milênio, haverá Paz e Justiça na Terra. No governo humano, sob a orientação e influência de Satanás a Terra nunca conheceu a paz e nunca foi governada com justiça. No Milênio, haverá paz e justiça na Terra - “... a justiça e a paz se beijaram”(Sl.85:10).

-Paz. Haverá paz porque um dos nomes de Jesus é “Príncipe da Paz” (Is.9:6). “... e ele anunciará a paz às nações...” (Zc.9:10). “... e converterão as suas espadas em enxadas e as suas lanças em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais guerra. Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem o espante...” (Mq.4:3,4).

Haverá Paz, não apenas entre as nações, não apenas entre os homens, em particular, mas também entre os próprios animais - “E morará o lobo com o cordeiro, o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho do leão, e a nédia ovelha viverão juntas, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e os seus filhos juntos se deitarão; e o leão comerá palha como o boi. E brincará a criança de peito sobre a toca da áspede, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da minha santidade...”(Is.11:6-9).

-Justiça. “E a justiça será o cinto dos seus lombos, e a verdade, o cinto dos seus rins”(Is.11:5). O pecado gerou uma situação de injustiça, de desigualdade entre os seres humanos. Como explica a Bíblia, todo pecado é iniquidade (1João 5:17) e, por causa do pecado, foi gerada uma situação de domínio egoístico entre os homens. Portanto, para que Jesus desfaça todas as obras do diabo é necessário que se instale, ainda nesta Terra, um governo de justiça, de equidade, um governo onde não haja dominação egoística e exploradora de homens sobre homens. Por isso é necessário que haja o Milênio, para instaurar, nesta Terra onde vivemos, a justiça entre os seres humanos.

3. Um ritual diferente

No Templo do Milênio o ritual do culto será diferente do Antigo Testamento, pois alguns objetos do culto levítico deixarão de existir:

·         A Arca da Aliança. Ela será desnecessária, pois a própria glória de Deus pairará sobre todo o mundo, assim como a nuvem de glória fizera sobre a Arca.

·         O Altar de ouro do incenso. No Antigo Testamento é descrito como o Altar "que está perante a face do Senhor" (Lv.4:18), como se não existisse o Véu entre ele e a Arca. Portanto, era considerado em conjunto com a Arca. Ficava em frente ao Véu que separava o Lugar Santíssimo, a mostrar que a oração é o meio pelo qual se dá o contato entre o homem e Deus. No Milênio, se a Arca da Aliança e o Véu não existirão mais, logo o Altar de Incenso também não existirá, pois o Senhor Deus, na Pessoa de Jesus Cristo, estará presente, e as orações serão dirigidas diretamente a Ele.

·         O Véu. No dia da morte de Cristo ele foi rasgado em dois, de cima a baixo (Mt.27:51), e não reaparecerá nesse Templo. Dessa forma, não haverá barreira separando o homem da glória de Deus.

·         A Mesa dos Pães da Proposição. Ela não será necessária, pois o Pão vivo estará presente.

·         O Candelabro. Eles também não serão necessários, pois a própria Luz do mundo brilhará pessoalmente.

Tendo em vista que esses elementos apontavam para Cristo e tudo isso se cumpriu nEle (Hb.9:11,12), não haverá necessidade desses rituais no Templo do Milênio.

4. Como explicar os sacrifícios no Milênio? 

Ezequiel fala sobre os sacrifícios no Templo de Milênio (Ez.43:18-27). Esses sacrifícios de animais têm sido uma dificuldade para os intérpretes da Bíblia, tendo em vista o sacrifício definitivo e perfeito de Cristo.

Uns entendem que o Templo do Milênio e seus sacrifícios não podem ser literais, porque o sacrifício expiatório de Jesus cumpriu e tornou sem efeito os sacrifícios do Antigo Testamento (ver Hb.9:10-15; 10:1-4,8). É possível que Ezequiel descreva, na linguagem do Antigo Testamento, as bênçãos do sacrifício expiador de Cristo, que é válido para sempre.

Outros entendem que os sacríficos são literais, oferecidos como memoriais do sacrifício de Cristo na cruz.

Outros entendem que os sacrifícios terão apenas um efeito simbólico, retrospectivo, assim como a Ceia do Senhor, atualmente, é apenas um símbolo do sacrifício de Cristo.

O fato de Jesus ter nos perdoado e nos salvado no Calvário não nos dispensa da necessidade de, na dispensação da graça, celebrarmos a Ceia do Senhor, bem como nos submetermos ao batismo nas águas. O mesmo papel que estas ordenanças hoje representa na nossa dispensação, todo o cerimonial constante do Templo do Milênio representará, com sentido retrospectivo, isto é, como memorial da obra redentora já consumada uma vez para sempre, por Cristo, o sacrifício perfeito.

III. SANTIDADE E GLÓRIA

1. A glória de Deus volta ao Templo (Ez.43:5)

“E levantou-me o Espírito e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do SENHOR encheu o templo”.

Depois de Ezequiel ter visto o Templo com os detalhes de sua dimensão, faltava o mais importante do lugar sagrado: a presença de Deus. A descrição do retorno da glória faz paralelo com as passagens de Êxodo 40:34, na situação da tenda no deserto, e de 2Cr.7:1,2, na dedicação do Templo de Salomão.

O retorno da glória de Deus significará a volta da presença de Deus no meio do seu povo. Ezequiel 30:21 registra que essa glória será manifestada entre as nações, e o nome santo de Deus será revelado. Nessa nova realidade, a glória de Deus extrapolará o Templo e resplandecerá em toda a terra (Ez.43:2). O profeta Isaias descreve assim a adoração dos serafins: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is.6:6).

2. A identidade do Guia celestial (Ez.43:6,7)

E ouvi uma voz que me foi dirigida de dentro do templo; e um homem se pôs junto de mim e me disse: Filho do homem, este é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa de Israel não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis, com as suas prostituições e com os cadáveres dos seus reis, nos seus altos”.

Na sua visão, Ezequiel viu no interior do Templo um personagem celestial. Diz o profeta: ”um homem se pôs junto a mim” (v.6) e me disse: Filho do homem, este é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos meus pés (v.7).

Como foi descrito em Ez.1:28, o profeta ouve uma voz. Ele não só vê a glória de Deus como também ouve a voz divina ecoando de dentro do Templo para falar com ele. Essa voz indica o poder e a majestade de Deus. A presença de Deus estava no Templo, pois é a voz do Senhor que falou ao profeta Ezequiel. No Antigo Testamento, o Tabernáculo e o Templo eram símbolos da presença de Deus, lugar da manifestação da glória de Deus. Portanto, segundo afirma o pr. Esequias Soares, a identidade do Guia celestial se trata “do ‘Anjo do Senhor’ que é o próprio Javé, pois Ele fala em primeira pessoa: ‘este é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa de Israel não contaminaram mais o meu nome santo’ (v.7). Assim corno na revelação a Moisés no Sinai, é a manifestação do “anjo do SENHOR”.

3. Santidade para sempre (Ez.43:8,9)

“pondo o seu umbral ao pé do meu umbral e a sua ombreira junto à minha ombreira, e havendo uma parede entre mim e entre eles; e contaminaram o meu santo nome com as suas abominações que faziam; por isso, eu os consumi na minha ira. Agora, lancem eles para longe de mim a sua prostituição e os cadáveres dos seus reis, e habitarei no meio deles para sempre”.

Deus diz que Israel contaminou o santo nome dele ao construir casas próximas demais do Templo. A acusação é: “pondo o seu umbral ao pé do meu umbral e a sua ombreira junto à minha ombreira, e havendo uma parede entre mim e entre eles; e contaminaram o meu santo nome” (Ez.43:8). Isto se torna mais claro quando é acrescentado a palavra “apenas”, de acordo com a NVI: “[há] apenas uma parede fazendo separação entre mim e eles”.

No Antigo e Novo Testamento, Deus sempre exigiu santidade do seu povo. A santidade de Deus é um dos seus atributos mais solenizados nas Escrituras (1Sm.2:2), e no Milênio jamais entrará coisa impura no meio do povo de Deus (Is.52:1). A glória de Deus não será misturada com nenhum tipo de profanação, porque a glória está intimamente ligada à santidade de Deus.

À época de Ezequiel as prostituições contaminaram o nome santo de Deus e o seu Templo; o mesmo ocorreu com os ídolos dos seus reis, nos seus altos. Não pode haver harmonia entre pecado e santidade; por isso, à época de Ezequiel, a glória de Deus foi retirada do Templo devido as abominações, que eram uma ofensa à santidade de Deus.

Mesmo na nossa dispensação, deveríamos manter uma verdadeira reverência para com Deus, que é sublime e santo; também não deveríamos secularizar ou profanar “lugares santos”, usando-os para atividades celulares. A santidade é para sempre.

CONCLUSÃO

O Milênio será um período ímpar na história da humanidade. Deus mostrou a Ezequiel em visão que nessa dispensação o quarto Templo será construído e haverá abundância do Espírito Santo sobre o povo de Israel, pois a restauração espiritual será plena. O Templo do milênio será o maior de todos os templos:

  • Será o único templo com o seu próprio rio.
  • Haverá um grande rio fluindo de dentro do templo, ao sul, com volume suficiente para ninguém conseguir cruzá-lo (Ez.47:3-6). As margens do rio serão cobertas de árvores (Ez.47:7-9) e o rio terá peixes e outras criaturas vivas nele. A água doce, aparentemente, substituirá a água salgada do mar Morto e o rio continuará fluindo ao sul de Israel até alcançar o golfo de Aqaba.
  • Será o único templo que servirá à Igreja e a Israel.
  • Será o mais resistente de todos - durará mil anos.
  • Ele nunca será destruído, mas será removido silenciosamente por Deus ao fim do milênio (Ap.21:22).
  • Será o mais glorioso de todos os templos, porque a glória do Senhor estará nele de forma definitiva.

A promessa profética deste período glorioso para o povo de Deus leva os santos a orar: “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap.22:20).