INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre Estevão, um diácono cheio do Espírito Santo e também o primeiro mártir da igreja primitiva. Veremos suas características tais como: fé e sabedoria e analisaremos seu martírio por amor a Cristo. Por fim, ressaltaremos as atitudes que o crente avivado deve ter diante das oposições a causa do evangelho.
I – QUEM FOI ESTEVÃO
O nome Estevão é de origem grega e possui o significado de “riqueza” ou “coroa”. É um dos personagens mais proeminentes do Novo Testamento. O seu discurso é o mais longo do livro de Atos (At 7.2-53). Sua vida e trabalho são destacados em Atos 6 e 7, embora sua perseguição e morte sejam mencionadas mais tarde em Atos 11.19; 22.20. Notemos suas principais características:
1.1 Um homem escolhido ao diaconato. Com o crescimento da Igreja primitiva houve uma murmuração entre os discípulos de fala grega e os judeus devido à assistência prestada as viúvas. Isto obrigou os apóstolos a se reunirem e deliberar uma decisão (At 6.1). Como resposta, os doze apóstolos reuniram toda a congregação, apresentaram abertamente o problema e propuseram uma solução razoável: “Escolhei, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (At 6.3,4). Essa proposta recebeu a aceitação geral de toda a comunidade e foram escolhidos sete homens de reputação irrepreensível para lidar com a situação. Dois dos principais membros deste grupo foram Estêvão e Filipe.
1.2 Um homem cheio de Fé. Uma das características do diácono Estevão foi a Fé, o livro de Atos dos apóstolos menciona: “[…] e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo […]” (At 6.5). Não era uma fé desprovida de prática, era operante; necessária para exercer o diaconato e pregar o evangelho diante da grande oposição que se levantou nos dias da Igreja primitiva (At 5.9). A Bíblia diz que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). É a confiança que depositamos em todas as providências de Deus. É a crença de que Ele está no comando de tudo, e que é capaz de manter as leis que estabeleceu. Foi pela fé que homens como Enoque foi translado aos céus; pela fé outros “foram apedrejados, serrados ao meio, mortos ao fio da espada. Andaram como peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras; passaram por necessidades, foram afligidos e maltratados (homens dois quais o mundo não era digno) […]” (Hb 11.37). A fé demostrada na vida de Estevão é um exemplo de como devemos viver, servir e está disposto a morrer pela fé em Cristo Jesus (Mt 16.25).
1.3 Um homem cheio do Espírito Santo. Outra característica de Estevão era ele ser cheio do Espírito Santo. Lucas o autor de Atos dos Apóstolos destaca: “[…] e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo […]” (At 6.5). Era tão evidente a presença do Santo Espírito na vida desse homem, que a Bíblia afirma que muitos milagres eram realizados entre o povo (At 6.8). Encontramos o seguinte relato no livro de Atos: “E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). Obras miraculosas capacitadas pelo Espírito são típicas do ministério de Estêvão. Estas manifestações maravilhosas junto com sua pregação incitaram oposição (At 6.9). Somente cheio do Espírito é que podemos resistir a oposição do Diabo (Tg 4.7).
1.4 Um homem cheio de sabedoria. Um dos requisitos para a escolha dos diáconos foi ser cheio de sabedoria. Isso era necessário pois, eles precisavam ser homens de sabedoria para distinguir necessidades genuínas de meros desejos. De acordo com o princípio da distribuição, não devia faltar nada a ninguém, mas isso também significava que ninguém devia receber mais que os outros (2Co 8.15). Era preciso que os assistentes soubessem avaliar a quantidade exata de que cada pessoa precisava. No entanto, em Estevão encontramos o dom da palavra de sabedoria. No confronto com os membros da sinagoga chamados de Libertos, “…nenhum dos adversários de Estêvão pode “resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava” (v. 10). Enquanto ele fala, Estêvão é capacitado pelo Espírito Santo, e sua mensagem manifesta o dom espiritual da sabedoria. É teologicamente informado, e seus oponentes não podem responder aos seus argumentos ou repudiar-lhe a lógica (cf. Ex 4.14; Lc 21.15). Esta ocasião é a primeira vez que os crentes confrontam seus oponentes em discussão aberta. O conflito se tornou uma luta intelectual — argumentos que se centralizam na questão da validade da lei e do tempo. Estêvão mede forças com seus inimigos em debate aberto, e eles não podem com as ações e palavras proféticas deste diácono cheio do Espírito” (STRONSTAD, 2004, p. 659)
II – ESTÊVÃO, O PRIMEIRO MÁRTIR
A morte de Estêvão, diácono da igreja (At 6.8), trouxe inúmeros benefícios espirituais, bem como abriu ocasião para o cumprimento dos propósitos divinos. Ele foi uma fiel e verdadeira testemunha do santo evangelho de Cristo, pregando-o com ciência e unção, não podendo ser refutado pelos perseguidores (At 6.10). Cumpriram-se nele as palavras de Jesus (Mt 10.16-20).
2.1 Estevão foi acusado injustamente. As autoridades judaicas não conseguiram contradizer o discurso de Estevão, então usaram de um recurso maligno: o suborno e a mentira. Lucas, o escritor de Atos dos Apóstolos, relata: “Então, subornaram uns homens para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus. Apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei” (At 6.11,13). Tal acusação, porém, deu-lhe a oportunidade de pregar um dos mais inspirados sermões do Novo Testamento. Estêvão fez uma síntese da História de Israel, demonstrando que todo o testemunho veterotestamentário teve o seu cumprimento pleno em Cristo Jesus, a quem eles rejeitavam. Como não podiam desmenti-lo à luz das Escrituras, com total indiferença mataram o servo de Deus (At 7.55-60).
2.2 Estevão diante da morte viu os céus abertos. Diante da fúria de seus opositores, o diácono Estevão declarou, olhando para o céu: “vejo os céus aberto e o Filho de Deus em pé à mão direita de Deus” (At 7.56). A Bíblia normalmente fala de Jesus assentado à direita de Deus (2.34; Mc 14.62; Lc 22.69; Cl 3.1). Mas aqui, conforme a tradução literal do grego, Jesus colocou-se de pé para dar as boas-vindas ao seu primeiro mártir que morria por amor a Ele. Estêvão confessara a Cristo diante dos homens e defendera a fé. Agora Cristo, honrando o seu servo, confessa-o diante do seu Pai celeste. O Salvador está em pé pronto para acolher, como intercessor e advogado, o crente fiel que enfrenta a morte por Ele (cf. Mc 8.38; Lc 12.8; Rm 8.34; 1Jo 2.1) (STAMPS, 2010, p.1646).
2.3 O Resultado do martírio de Estevão. O sangue de Estêvão, entretanto, serviu como uma semente que germinou, tornando-se numa árvore que deu muitos frutos, a saber:
• Dispersão dos cristãos por causa duma grande perseguição (At 8.1). O princípio missionário começara a se cumprir (At 1.8);
• As fronteiras de Jerusalém foram rompidas e o evangelho era anunciado na Judeia e em Samaria (At 8.1,5);
• Posterior conversão de Saulo, que haveria de levar a mensagem do evangelho para os confins da terra e cujos escritos chegariam até nós (At 9.1-6);
• Ministério Apostólico além dos termos de Jerusalém (At 9.32,42; 10.1).
III – ESTEVÃO UM MODELO DE CRENTE AVIVADO
3.1 Um crente avivado estar disposto a pregar o evangelho. Assim como Estevão, um crente avivado está com o coração disposto a pregar o evangelho. Sem uma alma avivada pelo Espírito Santo de Deus não é possível vencer as lutas que se levantam quando anunciamos as Boas Novas. Pregar o evangelho não é uma tarefa fácil, por isso devemos estar avivados. Todo aquele que se dispõe a anunciar a mensagem da salvação deve estar consciente que sobrevirão dificuldades. Os apóstolos, por exemplo, foram açoitados, ameaçados e até presos por pregar a Cristo (At 4.17,21,29; 16.22,23; 22.19,24,25). Paulo também enfrentou oposição por parte de Elimas, o encantador (At 13.8-12); no Areópago, por parte dos escarnecedores (At 17.32-34); e, nas suas viagens missionárias, por parte das autoridades religiosas de Israel (At 9.23; 13.45,50; 14.1-5).
3.2 Um crente avivado estar disposto a sofrer por Cristo. Estevão foi acusado injustamente e expulso da cidade, em nenhum momento vemos o diácono reclamar ou blasfemar. Por outro lado, Estevão libera perdão no momento do apedrejamento. “E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado…” (At 7.60). Todo servo de Deus deve estar consciente que servir a Cristo envolve também sofrimentos, disse Jesus: “[…] no mundo tereis aflições […] (Jo 16.33). O apóstolo Pedro lembra: “Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da Glória de Deus” (1Pd 4.14). Para resistir aos sofrimentos provenientes da causa de Cristo, devemos estar avivado. Somente uma vida avivada em Cristo consegue suportar as lutas.
3.3 Um crente avivado estar disposto a morrer pela causa do evangelho. Estevão estava tão comprometido com a pregação da mensagem do evangelho que Ele estava disposto a morrer por Cristo. Encontramos essa mesma atitude no apóstolo Paulo quando escrevendo aos filipenses declara: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21). Em outro momento, o apóstolo dos gentios fala que por amor a Cristo é entregue a morte todos os dias: “E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, [...]” (2Co 4.11). Esses exemplos evidenciam que um crente avivado pelo Espírito Santo está disposto a renunciar a própria vida por amor a Cristo e a causa do evangelho. Isto também é uma marca distintiva que somos discípulos do Senhor: “[…] e quem perder a sua vida por amor de mim acha-la-á” (Mt 16.25). Sendo assim, um crente avivado não nega o seu senhor.
CONCLUSÃO
O diácono Estevão é um exemplo de uma vida cheia do Espírito Santo, de uma vida comprometida com a causa do Evangelho ao ponto de morrer por Cristo. Isso demonstra que um crente quando avivado pelo Espírito do Senhor não tem sua vida por preciosa (At 20.24).