Texto áureo
“E a unção que vós recebestes d’Ele fica em vós, e não tendes
necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a Sua unção vos ensina todas as
coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim n’Ele
permanecereis” (I Jo.2:27).
INTRODUÇÃO
- Já que estamos estudando o avivamento espiritual no trimestre, entendemos ser
oportuno falarmos um pouco dos “falsos avivamentos”.
- Os falsos avivamentos são uma das mais proeminentes facetas do perigo do
engano do princípio das dores.
I – FALSOS AVIVAMENTOS: O FOGO ESTRANHO
- Neste trimestre, o título é “Aviva a Tua obra: o chamado das
Escrituras para o quebrantamento e o poder de Deus” e nos convida a estudar
sobre o avivamento espiritual.
- Ora, o avivamento espiritual sendo uma iniciativa divina para
que o Seu povo retome a jornada da fé, intensifique sua vida espiritual e
cumpra plenamente o propósito divino a ele estabelecido é, evidentemente, uma
atividade que encontra forte resistência por parte do inimigo de nossas almas.
- Assim, como temos visto ao longo do trimestre, notadamente na dispensação da
graça, no tempo da Igreja, o diabo e suas hostes espirituais de maldade, diante
de um avivamento, apresentam duas armas que se levantam contra a Igreja: a
perseguição e as heresias.
- Através da perseguição, o adversário procura intimidar os
cristãos, fazê-los recuar no cumprimento da missão evangelizadora, que é o
resultado de todo verdadeiro e genuíno avivamento. Inobstante, ao longo dos
séculos, a perseguição tem tido um efeito reverso. Como já dizia o pai da
Igreja, Tertuliano (160-220), “o sangue dos mártires é semente de novos
cristãos”.
- Ao lado da perseguição, surgem as heresias, os falsos ensinos
introduzidos encobertamente pelos falsos mestres (II Pe.2:1) que, entretanto,
são trazidas à tona pelo Espírito Santo, que as faz manifestar, de modo que há
a manifestação dos sinceros cristãos e o afastamento dos hereges do meio do
povo de Deus (I Co.11:19; Tt.3:10).
- A heresia, deste modo, acaba também contribuindo para a
edificação do corpo de Cristo, na medida em que faz um discrimen entre os
sinceros e os insinceros no meio do grupo social e traz maior iluminação e
compreensão das Escrituras, o que acaba gerando crescimento espiritual.
- O diabo, astuto como é (Cf. Gn.3:1), sendo o enganador por excelência
(Ap.12:9), não fica apenas nestas “duas armas” contra o avivamento, mas toma a
iniciativa de imitar o avivamento espiritual, criando “falsos avivamentos”, e,
com isso, desviar as pessoas de participarem de um genuíno movimento do
Espírito Santo.
- Para que identifiquemos os “falsos avivamentos”, precisamos
saber quando o avivamento é verdadeiro e genuíno, porque somente conhecendo a
verdade é que seremos livres do engano (Jo.8:32).
- O “verdadeiro avivamento” é “verdadeiro” porque está firmado na
verdade e a verdade, sabemos todos, é a Palavra de Deus (Jo.17:17). É a própria
Bíblia Sagrada quem nos mostra como o Espírito Santo foi enviado para promover
o avivamento espiritual, primeiramente em Israel (Ex.33:14-17; Hb.1:1) e,
depois, na Igreja, até porque deve Ele ficar com a Igreja até o dia do
arrebatamento (Jo.14:16,17).
- Os “falsos avivamentos”, então, é tudo quanto procura se fazer
passar por atuação do Espírito Santo em nossos dias mas que não tem base
bíblica, que não tem respaldo da Palavra de Deus, que não está de acordo com a
verdade.
- O próprio Espírito Santo fez questão de nos alertar de que, nos
últimos dias, haveria a ação de espíritos enganadores e de doutrinas de
demônios (I Tm.4:1). O Senhor Jesus alertou, em Seu sermão escatológico, contra
o perigo do engano, porque surgiriam falsos cristos e falsos profetas que, se
possível fosse, enganariam até os escolhidos (Mt.24:4,12,24).
- Já no limiar do culto estabelecido por Deus para o tempo da lei, vemos que
dois dos cinco sacerdotes consagrados, Nadabe e Abiú, levaram fogo estranho
para queimar incenso ao Senhor e, por causa disso, morreram carbonizados
(Lv.10:1-11), fogo que não tinha origem divina, que não vinha do altar de
sacrifícios.
- Assim também não são poucos os que, lamentavelmente, em nossos
dias, vão haurir suas manifestações sobrenaturais fora de Cristo, cuja
principal testemunha são as Escrituras (Jo.5:39), fora da verdade, trazendo
ensinamentos que não têm qualquer base bíblica e que levam à destruição.
- Satanás é astuto e age em duas linhas: primeiro, cria fantasias
e mentiras por meio de imitações do que o Espírito Santo realiza, pondo fogo
estranho entre os adoradores; segundo, após os inevitáveis escândalos causados
por estas manifestações enganosas e deletérias, dissemina entre os salvos um
descrédito, a fim de que as pessoas passem a duvidar e a desacreditar da
atuação do Espírito Santo, trazendo, assim, fraqueza e frieza espirituais que
levam à mesma destruição daqueles que se empolgaram com as falsidades.
- É preciso, neste estado de coisas, agir de forma equilibrada e
consoante as Escrituras. Jamais deixar de crer que a atuação do Espírito Santo
é idêntica ao dos dias dos apóstolos, sendo até uma necessidade que a Igreja
mostre o Evangelho não apenas com palavras persuasivas de sabedoria humana mas
com demonstração do Espírito e de poder (I Co.2:4), mas, ao mesmo tempo,
vigilante, de modo a impedir que se introduzam em seu meio falsos ensinos que
distorçam a verdade.
- O fogo estranho deve ser removido, lançado fora, como foi feito
com os corpos carbonizados de Nadabe e Abiú, mas jamais podemos, a título de
evitar o fogo estranho, apagar o fogo verdadeiro, deixar que ele se extinga. O
fogo deve arder continuamente sobre o altar, jamais pode se apagar (Lv.6:13), o
Espírito Santo não pode ser extinto (I Ts.,5:19).
II – CARACTERÍSTICAS DOS FALSOS AVIVAMENTOS
- A verdade é única, é uma só, as mentiras sempre são muitas e
variadas. Diante disso, quando se fala em “falsos avivamentos”, não se pode ir
além de um apanhado de ideias e falsidades que já foram disseminadas, sem a
mínima pretensão de esgotamento do tema. É o que faremos.
- Temos visto que “avivamento espiritual” é palavra que tem cinco
significados: vida espiritual abundante, crescimento espiritual, renovação
espiritual, nitidez espiritual e agilidade espiritual.
- Ora, “avivamento” está relacionado com “vida”, “tornar a ter vida”, “tornar a
vida mais intensa”, “reviver”. Em sendo assim, trata-se de um movimento em
direção à vida e vida, como sabemos, nas Escrituras, não significa existência,
mas, sim, comunhão com Deus.
- Ora, o Senhor Jesus disse que Suas palavras são “espírito e
vida” (Jo.6:63) e que Ele próprio é a vida (Jo.14:6) e o apóstolo João isto
enfatiza quando está a falar do Verbo (Jo.1:4).
- Portanto, não se pode ter avivamento algum sem a Palavra de
Deus, sem as Escrituras, que são as testemunhas de Cristo Jesus (Jo.5:39).
- Assim, um primeiro elemento a observamos em qualquer suposto
avivamento é o papel da Palavra de Deus neste avivamento, ou seja, se o avivamento
teve origem num retorno às Escrituras, se é baseado, ou não, nas Escrituras e
se leva o povo às Escrituras.
- Por primeiro, um genuíno e verdadeiro avivamento tem origem nas
Escrituras, ou seja, as pessoas são despertadas espiritualmente por causa da
pregação e do ensino da Palavra de Deus.
- Em Israel, os profetas que eram levantados pelo Senhor, rememoravam a lei,
fazia com que o povo se debruçasse sobre o teor da lei e fizessem uma
comparação entre o seu modo de vida e o que Deus havia determinado ao povo.
- Na Igreja, não é diferente. Os movimentos espirituais ocorridos
sempre tiveram como nascedouro a pregação e o ensino da Palavra, como se
verifica, por exemplo, no dia de Pentecostes.
- Assim, se “avivamentos” têm início em “revelações”, “visões”, “experiências
sobrenaturais”, temos aqui, de pronto, uma manifestação espúria que não pode
ser admitida nem aceita, pois se trata de um falso avivamento, porque a vida
está em Cristo, na Palavra e em nenhum outro lugar.
- Por isso, o avivamento genuíno e verdadeiro “vem do céu”, como vemos seja no
batismo de Jesus por João (Mt.3:16), seja no dia de Pentecostes (At.2:2). Já os
falsos avivamentos, como não têm origem em Deus e na Sua Palavra, decorrem da
imaginação dos homens ou mesmo de manifestações demoníacas, ou ambas
simultaneamente.
- Um exemplo disto é a chamada “nova unção”, que também ficou
conhecida como “bênção de Toronto”. Sua falsidade está logo na dificuldade de
poder se definir o que é esta tal de “nova unção”, de que tantos falam, mas que
quase ninguém explica.
- As coisas de Deus são sempre claras e objetivas. Deus não é Deus
de confusão (I Co.14:33) e quando exsurge algo supostamente tão importante que
ninguém sabe bem definir o que é, tem-se a prova indelével de que se trata de
algo que não tem origem divina.
- A ideia de “nova unção” é antibíblica. Isto porque é dito que o
salvo tem a “unção do Santo” (I Jo.2:20) e que esta unção permanece no salvo (I
Jo.2:27).
- Ora, a “unção do Santo” é o Espírito Santo, porque o Santo é
Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Lc.1:35) e Ele é o Cristo, ou seja, o
Ungido, o Messias (Mt.16:16). O Senhor Jesus disse que quem n’Ele cresse
receberia o Espírito Santo (Jo.7:39), Espírito Santo que habitaria em todo o
salvo (Jo.14:17).
- O que a Bíblia nos ensina é que, depois de termos recebido o
Espírito Santo quando cremos, também podemos ser revestidos de poder
(Lc.24:44), o que ocorre com o batismo no Espírito Santo (At.1:5), como ocorreu
a partir do dia de Pentecostes, sendo “cheios do Espírito Santo” (At.2:4).
- Que seria, então, uma “nova unção”? Seria possível que o
Espírito Santo fosse imperfeito, envelhecesse ou que, depois de ter havido uma
plenitude, com o revestimento de poder, houvesse ainda algo a ser ocupado pelo
Espírito Santo no salvo?
- Verdade é que alguns se utilizam da expressão “nova unção” para
se referir à “renovação espiritual”, ou seja, alguém que estava enfraquecido na
fé, desanimado, reaproxima-se de Deus, é “renovado espiritualmente” e, assim,
dizem alguns, recebe uma “nova unção”. Na verdade, o que ocorre é que volta a
ter comunhão com Deus e a desfrutar da plenitude do Espírito Santo que havia
perdido.
- É este, aliás, o sentido que se dá à expressão no hino 296 da
Harpa Cristã, da autoria de Emílio Conde (1901-1971), na quarta estrofe, que
transcrevemos: “Renovados em forças seremos, nós teremos u’a nova unção e com
Deus no jardim falaremos, se vivermos sempre em oração”. Nota-se aqui,
claramente, que a “nova unção” nada mais é que a renovação espiritual
decorrente do exercício da oração, um dos meios de santificação.
- Entretanto, os que falam de “nova unção” estão a dizer de um
“novo poder de Deus”, de “novidades”, de “coisas novas” que o Espírito Santo
estaria trazendo sobre os salvos. Bem se vê que tal pensamento não tem qualquer
respaldo bíblico, pois parte de um pressuposto de que as bênçãos espirituais
prometidas nas Escrituras teriam “envelhecido” e, como tal, estariam “perto de
acabar” (Hb.8:13).
- Ora, o apóstolo Paulo diz que o homem interior se renova de dia
em dia (II Co.4:16), de sorte que há qualquer necessidade de que o salvo tenha
uma “nova unção”, como se a “unção do Santo”, que permanece em nós, tivesse
necessidade de renovação, já que é ela quem nos renova diariamente. Como bem
afirma o reverendo Eronides da Silva: “…não existe unção nova ou velha, somente
a unção permanente…” (Nova unção. Disponível em:
https://www.sepoangol.org/novauncao.htm Acesso em 10 dez. 2020).
- A ideia da “nova unção” surgiu a partir do instante em que,
dentro do movimento pentecostal, teve início o chamado “deuteropentecostalismo”
ou “segunda onda”, em que se começou, indevidamente, a priorizar a cura divina
e os milagres na pregação do Evangelho.
- Não resta dúvida de que o Evangelho deve ser pregado como demonstração do
Espírito e de poder (I Co.2:4) e que se tenha a necessidade de confirmação da
Palavra com sinais, prodígios e maravilhas (Mc.16:20; Hb.2:3,4).
- No entanto, a pregação tem como cerne, como essência a salvação
na pessoa de Jesus Cristo. Temos de pregar que Jesus salva, que Jesus é o
Salvador, que veio trazer o perdão dos pecados e que é preciso crer n’Ele para
que se tenha a vida eterna.
- O chamado “deuteropentecostalismo” inverteu isso, passando a pregar a cura
divina e os sinais, prodígios e maravilhas em primeiro lugar, buscando, assim,
chamar a atenção dos incrédulos com estas manifestações sobrenaturais, para
que, então, após esta atração, pudesse lhes falar da salvação e da vida eterna.
- Tivemos, assim, uma indevida inversão de causa e efeito. Como
ensina o reverendo Eronides da Silva: “...Notem o grande princípio divino e
universal: causa e efeito! A causa do calvário trouxe como efeito o perdão e a
remissão dos pecados; a causa do advento do Espírito Santo trouxe
simultaneamente dois efeitos, a saber: sua habitação no homem perdoado,
regenerando-o e guiando-o; e seu derramamento sobre este, capacitando-o com
autoridade e poder para serem testemunhas poderosas através das respectivas
manifestações impactantes, em libertação, visão do futuro, profunda adoração a
Deus, e milagres para glorificar a Divindade em meio a uma humanidade
incrédula, secularizada e tedienta do seu Criador! O falar em línguas, o ser
curado, o cair debaixo do poder de Deus, o cantar hinos espirituais, o chorar e
bater palmas na presença saturada do legítimo poder do Espírito de Deus são
indubitavelmente um efeito, e nunca jamais uma causa! Um efeito benéfico,
divino, e com fulcros na vera exegese bíblica! Não fomos curados porque caímos;
não fomos batizados porque começamos a gargalhar ou rosnar como loucos; não
recebemos a visão dos campos brancos porque fomos arrebatados à revelia; não
recebemos ministérios porque uma "nova unção" caiu sobre nós; não
fomos vocacionados porque um concílio o decidiu fazer. Não, absolutamente, não!
Somos, e fomos, porque o Espírito Santo operou, e tem operado entre nós...”
(op.cit., end.cit.) (destaque original).
- Esta indevida ênfase nos sinais, prodígios e maravilhas é outra
característica dos “falsos avivamentos”. O Senhor já mandava Israel tomar
cuidado com sinas e prodígios, pois estes seriam até permitidos como um
verdadeiro “teste de fidelidade” a Israel (Dt.13:1-5) e, por quererem sempre
sinais, os judeus acabaram rejeitando o Evangelho (I Co.1:22,23).
- Ao dar início a uma pregação que priorizou a cura divina e os sinais, os
deuteropentecostais permitiram que se iniciasse uma busca de manifestações
sobrenaturais, uma sede por sinais e milagres que permitiu que o engano se
introduzisse no meio do povo.
- Esta insaciedade por manifestações sobrenaturais, por “novidades”
fez com que se começasse a falar em uma “nova unção”, em novas manifestações
espirituais que demonstrassem uma maior porção do poder de Deus, como se se
necessitasse de complemento àquilo que já estava previsto nas Escrituras
Sagradas.
- Começam, então, a ser difundidas manifestações sobrenaturais
como a “risada santa”, o “cair no Espírito”, “cai-cai” ou “arrebatamento de
sentidos” e tantas outras manifestações, que começaram a ser tidas como uma
“renovação espiritual”, um “aprofundamento no poder de Deus”, mas que ou eram
manifestações puramente carnais, despidas de espiritualidade, ou, o que é pior,
manifestações demoníacas.
- Além de se ter completa ausência de tais manifestações na Bíblia
Sagrada e, mais especialmente, na igreja primitiva, o que já seria o bastante
para afastá-las, tem-se que os efeitos produzidos por elas são diametralmente
opostos ao que nos ensina a Palavra de Deus a respeito delas.
- Por primeiro, a Bíblia nos fala que os sinais seguirão os que creem
(Mc.16:17) e esta afirmação vem logo a seguir da ordem de Jesus para pregarmos
o Evangelho por todo o mundo a toda a criatura. Vê-se, pois, nitidamente, que
os sinais sempre foram consequência, efeito da pregação, confirmação da Palavra
pregada.
- Assim, totalmente fora do contexto bíblico qualquer movimento ou
ação que não fale de salvação, mas fale apenas em cura ou milagre, sem que se
diga da necessidade de arrependimento dos pecados e da fé em Jesus como
Salvador. Apresentar Nosso Senhor e Salvador como mero curandeiro é nitidamente
antibíblico e fora do contexto.
- Por segundo, é dito que os sinais são feitos em nome de Jesus (Mc.16:17).
Ora, se se trata de manifestações do poder de Deus, têm elas como origem o
Espírito Santo, Que tem por missão glorificar a Jesus (Jo.16:13,14).
- Normalmente, tais movimentos acabaram por glorificar ao homem, a
trazer até uma idolatria, na medida em que há um “endeusamento” do operador de
milagres que, não raras vezes, cria uma denominação para si, gera um culto à
personalidade, a indicar que toda a atuação não é guiada nem dirigida pelo
Espírito Santo.
- Temos aqui uma outra característica dos “falsos avivamentos”: a
glorificação excessiva do homem e o menosprezo à glória de Deus. Quando o
movimento não tem origem em Deus, ou tem origem na carne, e ela leva à
autoexaltação do homem, ou, então, tem origem no diabo, e, evidentemente, que
não será seu resultado a glória de Deus, mas, precisamente, a rebelião contra o
Senhor.
- Quando se prega a Cristo, os sinais e maravilhas que se seguem
glorificam única e exclusivamente ao Senhor Jesus, como se vê na igreja
primitiva, em Samaria, por exemplo (At.8:5-8). Quando, porém, se inicia o
movimento com propaganda dos sinais e maravilhas, é inevitável a associação
disto a pessoa de quem está alardeando tais manifestações.
- Decorreu daí o surgimento do chamado “movimento apostólico” que
procurou justificar este “endeusamento” e este “culto da personalidade”,
falando em “revitalização” ou “restauração” dos “dons ministeriais de apóstolos
e de profetas”, que teriam sido abandonados ao longo da história da Igreja.
- Na verdade, o que esta doutrina quis fazer foi justificar a
ideia de que estes “milagreiros” tinham uma “superioridade espiritual” e,
portanto, se passou a identificá-los com os “apóstolos” e “profetas” da relação
de dons espirituais, querendo dizer que tais dons se teriam perdido ao longo
dos séculos.
- Entretanto, este “movimento apostólico” quer, na verdade, criar
“mediadores” entre Cristo e a Igreja, que seria os ditos “apóstolos” e
“profetas”, sob cuja “cobertura” deveriam viver os demais membros da Igreja.
- Nada mais antibíblico! Só um mediador entre Deus e os homens:
Jesus Cristo homem (I Tm.2:5). Todos os salvos são sacerdotes e reis por Jesus
(Ap.1:5,6), não havendo qualquer interposição entre Cristo e qualquer membro do
Seu corpo.
- A “autoridade espiritual” dos ministros constituídos pelo Senhor
na Igreja em momento algum gera uma interrupção entre o relacionamento entre
cada salvo e o seu Senhor. Autoridade, na Igreja, significa serviço (Mt.20:25-28;
Mc.10:42-45), sendo certo que os apóstolos são os últimos, verdadeiros
“escravos de galés” e não “mandões”, como se tem propagado (I Co.4:1,8).
- Como bem disse documento do Presbitério Geral das Assembleias de
Deus dos Estados Unidos na sessão de 6 de agosto de 2001: “Na ênfase atual em
Efésios 4:11, o versículo 12 está sendo negligenciado: “... para preparar o
povo de Deus para as obras de serviço [ou seja, ministério], para que o corpo
de Cristo seja edificado.” A ênfase do Novo Testamento está no ministério de
todos os crentes. A Reforma Protestante recapturou a verdade bíblica do
sacerdócio de todos os crentes. O movimento pentecostal se espalhou como um
fogo rápido pelo mundo por causa do ministério dotado do Espírito de todo o
corpo. A igreja deve sempre lembrar que os dons de liderança não são dados para
a exaltação de alguns, mas para equipar todo o povo de Deus para o
ministério.…” (Apóstolos e profetas. Disponível em:
https://ag.org/Beliefs/Position-Papers/Apostles-and-Prophets Acesso em 11 dez.
2020) (tradução do Google).
- Por isso, todas as inovações trazidas com base nesta “cobertura
apostólica”, como o movimento celular, o falso conceito de “autoridade
espiritual”, o “discipulado apostólico” e tantas outras medidas que têm gerado
uma subserviência espiritual de uns membros em relação a outros no corpo de
Cristo não têm qualquer amparo bíblico e são distorções que devem ser evitadas,
pois não podem os salvos se tornar servos de homens (I Co.7:23).
- Razão tem as Assembleias de Deus norte-americanas, quando
afirmam que “...As Assembleias de Deus não reconhecem títulos ou ofícios de
"apóstolo" e "profeta". No entanto, acredita que existem
aqueles na igreja que "exercem a função ministerial de apóstolos e
profetas". As funções apostólicas se relacionam com a evangelização de
áreas ou grupos de pessoas não alcançados anteriormente, enquanto as funções
proféticas "ocorrem quando os crentes falam sob a unção do Espírito para
fortalecer, encorajar ou confortar". "A profecia é um dom contínuo do
Espírito Santo que é amplamente distribuído conforme a vontade do Espírito nas
igrejas pentecostais". A profecia preditiva que se prova falsa, ou
profecia que "se afasta da verdade bíblica" é uma profecia falsa. As
AD acreditam nos quatro dons de ministério de apóstolos, profetas, evangelistas
e pastores / mestres, mas observa que não há instruções bíblicas para a
nomeação de apóstolos e profetas hoje.…”
(Assemblies of God USA. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Assemblies_of_God_USA#:~:text=Apostles%20and%20Prophets%3A%20The%20Assemblies,apostle%22%20and%20%22prophet%22.&text=The%20AG%20believes%20in%20the,of%20apostles%20and%20prophets%20today.
Acesso em 11 dez. 2020) (tradução Google).
- Por terceiro, os sinais confirmam a Palavra (Mc.16:20;
Hb.2:3,4), ou seja, são uma autenticação da presença de Deus em todo o trabalho
de evangelização, levando as pessoas a glorificar ao Senhor. Este é o sentido
dos sinais e maravilhas: levar a glorificar a Jesus.
- As manifestações do Espírito Santo levam o povo a glorificar a
Jesus e têm por finalidade confirmar a Palavra, cuja função é promover a
salvação das pessoas. As manifestações espirituais genuínas e legítimas levam à
salvação, à transformação, pois confirmam o poder salvífico do Evangelho.
- Não é por outro motivo que Charles Finney, o grande estudioso do
avivamento espiritual, define o avivamento como “renovação do primeiro amor dos
cristãos, que resulta em despertamento e conversão de pecadores a Deus”, e que
John Stott como “uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano
de Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa
presença e é surpreendida por ela. Os inconversos se convencem do pecado,
arrependem-se e clamam a Deus por misericórdia, geralmente em números enormes e
sem qualquer intervenção humana…”.
- Ambos enfatizam que o avivamento espiritual se caracteriza pela
conversão de pessoas, pela salvação das almas.
- Manifestações genuínas do Espírito Santo redundam em salvação
dos incrédulos e aperfeiçoamento dos santos. Não se tendo tais consequências,
estamos diante de manifestações espúrias, que não são autenticadas pelo
Espírito de Deus.
- Por quarto, as manifestações do Espírito Santo sempre são úteis
(I Co.12:7), ou seja, há sempre um proveito espiritual quando ocorre uma
manifestação: ou a salvação de alguém, ou o aperfeiçoamento espiritual, o
crescimento espiritual de um salvo.
- Manifestações que trazem proveito algum para a espiritualidade
da pessoa, que a mantêm num mesmo nível espiritual ou, por vezes, e não poucas,
promovem um decréscimo espiritual, misticismo, comportamento antibíblico, são
nitidamente “fogo estranho”, que deve ser extirpado do meio do povo.
- Foi precisamente isto que ocorreu com a chamada “bênção de
Toronto”, que nada mais foi que a grande difusão desta ideia de “nova unção”,
ocorrido na Igreja Vineyard do Aeroporto de Toronto, no início de 1994, onde
teria se iniciado um “avivamento”, com manifestações de “unção do riso”,
“unções de animais” e “cair do Espírito”.
- Um dos principais envolvidos nela, o pastor Paul Gowdy, relata
as consequências deste movimento, relato que transcrevemos na parte pertinente:
“…Depois de três anos fazendo parte do núcleo da bênção de Toronto nossa Igreja
Vineyard em Scarborough ao leste de Toronto, praticamente se autodestruiu.
Devoramo-nos uns aos outros com fofocas, falando mal pelas costas, com
divisões, partidarismo, criticas ferrenhas uns dos outros, etc. Depois de três
anos “inundados” orando por pessoas, sacudindo-nos, rolando no chão, rindo,
rugindo, rosnando, latindo, ministrando na igreja Internacional do Aeroporto de
Toronto, fazendo parte de sua equipe de oração, liderando o louvor e a adoração
naquele local, praticamente vivendo ali, tornamo-nos os mais carnais, imaturos,
e os crentes mais enganados que conheci. Lembro-me de haver dito ao meu amigo e
pastor principal da igreja de Vineyard de Scaraborough em 1997 de que, desde
que a bênção de Toronto chegou ficamos esfacelados. Ele concordou.(…)
Finalmente a ficha caiu quando eu rolava pelo chão, certa noite, bêbado no
Espírito, como costumávamos dizer, e ali, cantando e rolando no chão, comecei a
cantar uma canção de ninar: “Maria tinha um cordeiro e seu pelo era mais alvo
que a neve”. Cantei esta música infantil de maneira debochada e imediatamente
alguma coisa em meu coração sussurrou que aquilo era um demônio. (N.T. Ele se
refere a canções de Jardim da Infância, ou Nursery Rhyme, em que, nos contos de
fada as crianças aprendem a falar cantando linguagens infantis, e refere-se
especialmente a Mary had a little Lamb, uma das mais conhecidas).
Imediatamente me arrependi e fiquei chocado com aquela
experiência. Como um demônio entrou em mim? Eu amava a Deus? Não era zeloso
pelas coisas de Deus? Não era totalmente louco por Jesus? Percebi que um
espírito imundo acabara de se manifestar através de minha vida e era culpado de
um grande pecado. Depois disto me afastei da Igreja do Aeroporto (TACF). Não
tinha convicção de que deveria denunciar aquelas experiências, mas senti que
tínhamos fracassado em pastorear a bênção.…”(GOWDY, Paul. O engano de Toronto.
Disponível em: https://www.pastorjoaodesouza.com.br/123/?p=83 Acesso em 22
dez.2020),.
- Diante destas observações, vemos que tudo o que se associa com a “nova unção”
é algo que não tem qualquer compatibilidade com as Escrituras, pois não
decorrem da genuína pregação do Evangelho, não servem à glorificação de Jesus e
não trazem nem salvação de pessoas nem tampouco o aperfeiçoamento espiritual
dos salvos.
- Qual o propósito de pessoas ficarem dando gargalhadas por longos
períodos de tempo, a chamada “risada santa”, também conhecida como “unção do
riso”? O que isto edifica a pessoa ou a igreja? Quantas pessoas alcançam salvação
a partir disto? Quando isto ocorreu na igreja primitiva? Onde isto se encontra
na Bíblia Sagrada?
- Mas alguém pode dizer que há, no livro que conta a vida do
missionário pioneiro Gunnar Vingren, escrito por seu filho, uma passagem em que
aquele homem de Deus conta de uma experiência de “risada santa” ocorrida em um
culto. Sim, é verdade que há tal relato. Mas Gunnar Vingren alguma vez pregou
sobre a necessidade de “risada santa” no meio do povo de Deus? Alguma vez orou
para que a “risada santa” viesse sobre os crentes? Uma reação esporádica (e
pelo visto única) ao poder de Deus jamais pode gerar uma doutrina.
- Sugerimos, aliás, artigo de nossa autoria, “Gunnar Vingren e a
risada santa”, que republicaremos no site Portal Escola Dominical, onde bem se
explica isso.
- Ademais, como bem assinala o pastor Ciro Sanches Zibordi:
“…Pentecostais sinceros me perguntam por que o “cair no Espírito” e a “unção do
riso” não são manifestações genuinamente pentecostais. O motivo da dúvida
desses irmãos é compreensível: quando lemos a respeito do avivamento de Azusa
Street, em Los Angeles (1906), e acerca do início da Assembleia de Deus no
Brasil (1911), são comuns as menções a momentos em que irmãos caíam sob o poder
de Deus ou riam sem parar. Como explicar isso? (…) Respeito esses pioneiros do
pentecostalismo, porém, ao escrever este artigo, minha fonte de autoridade —
primária, inquestionável, primacial, infalível, inerrante — continua sendo a
Palavra de Deus.(…) um culto a Deus não deve levar os incrédulos a pensarem que
os crentes estão loucos (v.23). O que pensam os não-crentes que assistem a
certos “cultos” em que pessoas caem ao chão, riem sem parar, rosnam, latem,
mugem, rugem, uivam e rolam umas sobre as outras? O culto coletivo deve ter
ordem e decência; tudo deve ocorrer a seu tempo: louvor, exposição da Palavra,
manifestações do Espírito (vv.26-28,40). Um culto que não tem ordem nem
decência é dirigido pelo Espírito?…” (ZIBORDI, Ciro Sanches. Por que “o cair no
poder” e ao “unção do riso” são antibíblicos. Disponível em: http://www.cpadnews.com.br/blog/cirozibordi/apologetica-crista/10/por-que--o-%E2%80%9Ccair-no-poder%E2%80%9D-e-a-%E2%80%9Cuncao-do-riso%E2%80%9D-sao-antibiblicos.html
Acesso em 18 dez. 2020).
- A bem da verdade, se formos ao livro do filho de Gunnar Vingren em
que houve a coletânea dos diários do missionário pioneiro, veremos que, em
viagem que fez a Criciúma/SC, em julho de 1920, ao encontrar um grupo de lituanos
que servia a Deus, repreendeu-os duramente porque, em seus cultos, havia
manifestações que deveriam ser abandonadas, como danças e pulos nos intervalos
de oração, sem qualquer racionalidade ou proveito.
OBS: Eis o trecho do livro Diário do Pioneiro Gunnar Vingren onde
se conta tal episódio: “...Todos aqui são da Lituânia. Receberam-me muito bem.
De noite foi realizado um culto, mas como era em idioma lituano, eu não
compreendi nada. Primeiro, cantaram um hino. Depois todos tiraram os sapatos e
deitaram no chão, formando um círculo. Depois que todos haviam orado, começaram
a pular e a dançar durante mais ou menos meia hora. Depois se puseram de
joelhos outra vez e oraram. Eu os exortei a que deixassem essa coisa de dançar,
pois isto não está escrito em o Novo Testamento e era uma bobagem que eles
deveriam abandonar. No dia seguinte ocorreram as mesmas coisas.. Diziam que
eram dirigidos pelo Espírito Santo e um deles era considerado profeta. Eu então
falei seriamente com ele e disse-lhe que não é por meio de profecia, de
interpretação e de línguas que devemos ser dirigidos. Isso nos foi dado para
nossa edificação, mas a direção verdadeira e a instrução necessária vêm da
Bíblia, que é a Palavra de Deus clara e infalível. Eles então prometeram acabar
com a dança, Porém, fizeram a mesma forma no dia seguinte. Enganaram-me, e no
meio da dança mandaram-me embora. Eu então os deixei...” (VINGREN, Ivar.
Diário do pioneiro Gunnar Vingren, 5.ed., p.116).
- Com relação ao “cair no Espírito”, também chamado de “cai-cai”,
“repouso no Espírito” ou “dormir do Espírito”, muito oportuno o que nos fala a
respeito o pastor Ciro Sanches Zibordi no artigo já mencionado: “...Muitos
defensores dos ‘moveres’ em apreço apegam-se a interpretações errôneas da
Bíblia, inclusive para compor canções pelas quais dizem que não conseguirão
ficar de pé ante a glória do Senhor. Baseiam-se, por exemplo, em 2 Crônicas
5.14 e 1 Reis 8.10,11 e dizem, com a boca cheia: ‘Os sacerdotes não resistiram
a glória de Deus e caíram no poder’. Que engano! Veja o que a Bíblia realmente
diz: ‘E sucedeu que saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a Casa
do SENHOR. E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da
nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a Casa do SENHOR’ (1 Rs 8.10,11). Como
se vê, a frase ‘não podiam ter-se em pé’ tem sido entendida como ‘caíram no
poder’. Mas ela, na verdade, denota que os sacerdotes ‘não puderam permanecer
ali’, o que fica ainda mais claro na versão Almeida Revista e Atualiza (ARA).
Eles não suportaram permanecer no local ministrando! Não tinham como resistir a
glória divina presente ali. Por isso, não permaneceram no local. Onde está
escrito que eles caíram no poder?…” (op.cit.end.cit.)
- Qual o propósito de pessoas caírem desmaiadas, perderem os
sentidos e depois, ao tornarem a si, ficarem meio abobadas e não saberem
descrever o que sentiram durante o tempo em que estavam “adormecidas” ou
“arrebatadas”? O que isto edifica a pessoa ou a igreja? Quantas pessoas
alcançam salvação a partir disto? Quando isto ocorreu na igreja primitiva? Onde
isto se encontra na Bíblia Sagrada?
- Mas alguém pode nos dizer que há diversas passagens bíblicas em
que as pessoas caíram por causa da presença gloriosa do Senhor. Sim,
indubitavelmente, há narrativas bíblicas que descrevem que, diante da
manifestação da glória do Senhor ou da Sua presença, pessoas não puderam
suportar a situação e caíram, como no caso de Daniel (Dn.10:9) ou João
(Ap.1:17). Isto é uma reação à manifestação da glória de Deus. Mas,
pergunta-se: tais pessoas perderam o sentido? Ficaram depois abobadas sem saber
o que aconteceu? Evidentemente que não!
- E, mais, tais manifestações da glória de Deus ou da presença do
Senhor tinham por objetivo mostrar a presença do Senhor no meio do Seu povo ou,
no caso de João na ilha de Patmos, confirmar que o apóstolo estava na companhia
do Senhor e que era autêntica a revelação que se seguiria. Casos pontuais e que
se esgotam nas próprias Escrituras.
- Qual o propósito de pessoas passarem a agir como animais, urrando
como leões, rastejando como cobras ou coisas assim? O que isto edifica a pessoa
ou a igreja? Quantas pessoas alcançam salvação a partir disto? Quando isto
ocorreu na igreja primitiva? Onde isto se encontra na Bíblia Sagrada?
- Pelo contrário, o apóstolo Paulo diz que nosso culto deve ser racional, com
entendimento (Rm.12: 1,2; I Co.14:14-16). Como, então, sabendo que Deus nos fez
seres racionais, os únicos dotados de razão na face da Terra, entender que o
Espírito Santo nos transforme em animais irracionais? Evidentemente que se
trata de um contrassenso, de negação pura e simples do que nos ensina a Bíblia
Sagrada.
- Como afirma o pastor Paul Gowdy: “...Hoje, olhando pra trás fico
me perguntando como fiquei tão cego assim? Eu via as pessoas imitando cachorros,
fazendo de conta que urinavam nas colunas da Igreja do Aeroporto. Observava as
pessoas agirem como animais latindo, rugindo, cacarejando, fazendo de contas
que voavam, como se asas tivessem, comportando-se como bêbados, entoando
cânticos “sem pé nem cabeça”, isto é, sem sentido algum. Hoje fico perplexo em
pensar que eu aceitava tais coisas como manifestações do Espírito Santo. Era
algo irreverente e blasfemo ao Espírito Santo da Bíblia.…”
(op.cit.end.cit.).
- Qual o propósito de pessoas começarem a vomitar incessantemente
ou de se fixarem como lagartixas nas paredes dos templos? O que isto edifica a
pessoa ou a igreja? Quantas pessoas alcançam salvação a partir disto? Quando
isto correu na igreja primitiva? Onde isto se encontra na Bíblia Sagrada?
- Ainda trazendo o testemunho de Paul Gowdy: “…Depois de um ano na
“bênção” preguei num encontro de pastores e falei: “Amigos, temos nos sacudido,
nos arrastados pelo chão, rolamos por terra, rimos, choramos e adquirimos as
camisetas da igreja. Mas não temos avivamento, nem salvação, nem frutos, nem
aumento de evangelização, por isso, qual é a graça?”. Fui repreendido – afinal,
quem era eu para anelar frutos quando o Senhor estava curando seu atribulado
povo? Durante anos éramos legalistas, e Deus agora estava restaurando as
feridas libertando-nos do legalismo. Aconselharam-me a não forçar o Senhor que
os resultados apareceriam no tempo certo.
Eu sabia que isto estava errado, pois o Senhor ordenou fazer
discípulos de todas as nações. O argumento era: temos direito a um ano
sabático, pois, quem sabe por quanto tempo Deus fará coisas novas e
diferentes!…” (op.cit.end.cit.).
- Tais manifestações mais representam um aviltamento da pessoa
humana e sobre naturalidades que demonstram, claramente, que há nítida
influência demoníaca. Tomemos cuidados, amados irmãos.
- O reverendo Eronides da Silva, tantas vezes aqui mencionado, bem
salientou que tais manifestações, ditas como sendo de “nova unção”, podem ser
oriundas de diversas causas, são fenômenos espirituais, autos sugestivos,
telepáticos ou demonológicos, ou seja, respectivamente, são reações pessoais ao
Espírito Santo, sugestões da nossa própria mente, atuações em nossa mente por
parte de outras pessoas ou manifestações demoníacas.
- Se não fizermos a inversão da mensagem, pregando que Jesus
salva, certamente evitaremos todos estes males. Temos de pregar a Cristo e, a
exemplo de Felipe e todos os crentes da igreja primitiva, devidamente
revestidos de poder e com dons espirituais para que, no momento em que
pregarmos, vejamos a confirmação da Palavra com sinais, prodígios e maravilhas.
- É preciso buscarmos o dom espiritual de discernimento dos espíritos para que
saibamos, diante das manifestações sobrenaturais que acontecerem, o que
realmente está ocorrendo, se trata de manifestação do Espírito Santo, ou não.
- Por fim, devemos sempre buscar a manifestação dos genuínos dons espirituais,
dos genuínos sinais que seguem aos que creem, aqueles que estão na Bíblia
Sagrada e que trazem salvação dos incrédulos e aperfeiçoamento dos santos,
aquelas manifestações que são realmente úteis para o povo de Deus.
PENSE NISSO!