Texto Base: Gênesis 2:8,9; 15-17; 3:1-19
Gn.2:8,9;15-17
8. E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado.
9. E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda árvore agradável à vista e boa para comida, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal.
15. E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.
16. E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente,
17. mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
Gn.3:1-19
1. Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?
2. E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos,
3. Mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais.
4. Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.
5. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.
6. E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
7. Então, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.
8. E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.
9. E chamou o SENHOR Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás?
10. E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.
11. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?
12. Então, disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.
13. E disse o SENHOR Deus à mulher: Por que fizeste isso? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
14. Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás mais que toda besta e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás e pó comerás todos os dias da tua vida.
15. E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
16. E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.
17. E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.
18. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo.
19. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás.
A resposta satisfatória da origem de todo o sofrimento no mundo, da origem do mal, encontra-se nestes textos bíblicos, os quais relatam como o pecado entrou no mundo e como tem produzido consequências trágicas e universais. A queda de Adão e Eva é apresentada, literalmente, na Bíblia, de modo explícito. Não é um relato teórico ou figurativo, mas um relato histórico.
O pecado de Adão foi uma transgressão deliberada ao limite que Deus lhe havia colocado. Pelo texto, percebe-se que o culpado de todo o mal, da morte e das doenças que existem no mundo hoje, é o homem. O apóstolo Paulo corrobora isso: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm.5:12).
O homem deliberadamente pecou contra o seu Criador, e ao pecar, tornou-se escravo do pecado (João 8:34), dominado totalmente por ele (Gn.4:7), sem condição alguma de modificar esta situação.
Entretanto, a história não terminou com esta tragédia. Bem ao contrário, a Bíblia Sagrada nos ensina que, mesmo antes da fundação do mundo, dentro de sua presciência, Deus já havia elaborado um plano para retirar o homem desta situação tão delicada (Ef.1:4; Ap.13:8).
Esse plano, já existente mesmo antes da criação do mundo, foi revelado ao homem no dia mesmo de sua queda, quando o Senhor anunciou que haveria de surgir alguém “da semente da mulher que feriria a cabeça da serpente e tornaria a criar inimizade entre o homem e o mal e, consequentemente, comunhão entre Deus e o homem” (Gn.3:15).
O Plano divino para a salvação da humanidade foi plenamente cumprido no sacrifício inocente, amoroso e vicário de nosso Senhor Jesus Cristo (João 1:29; Gl.4:4,5).
Só Jesus é quem pode dar a Salvação, pois “ em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”(Atos 4:12).
I. O PARAÍSO NO ÉDEN (Gn.2:8-25)
Perceba pelo texto que lemos, no capítulo 2, que, quando Deus fez os Céus e a Terra, e quando Ele criou o sol, a lua, as estrelas, as plantas e as aves, os animais da terra e os animais das águas, nenhum lugar específico tinha sido separado para ser a morada do homem.
Deus dá um intervalo antes de criar o homem e prepara para ele um jardim ou paraíso no Éden. Esse jardim é organizado de uma forma especial. Deus plantou todos os tipos de árvores nesse jardim – árvores agradáveis à vista e de bons frutos. Duas dessas árvores são chamadas pelo nome: A árvore da vida, plantada no meio do jardim; e a árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn.2:9).
O jardim foi preparado de tal forma que um rio que tinha sua nascente no próprio jardim fluía através dele, e dividia-se em quatro braços, a saber, Pisom, Giom, Tigre e Eufrates Gn.2:10-14).
Veja com mais detalhe a solicitude de Deus pelo homem, sua obra prima:
1. Deus colocou o homem no jardim do Éden (ou paraíso na Terra), um ambiente agradável, protegido e bem regado (Gn.2:8-14).
Nesse paraíso na Terra, Deus deu a Adão trabalho para fazer, a fim de que não se entediasse. Há quem pense que o trabalho é parte da maldição, porém a Bíblia não ensina tal coisa; ensina, sim, que a maldição transformou o trabalho bom em algo infrutuoso e com fadiga (Gn.3:17).
2. Deus proveu a Adão de uma companheira idônea, instituindo assim o matrimônio (Gn.2:21,22).
O propósito primordial do matrimônio é proporcionar companheirismo e ajuda mútua: "Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea [semelhante ou adequada] " (Gn.2:18).
O matrimônio deve ser monógamo, pois Deus criou uma só mulher para o homem; deve ser exclusivista, porque "deixará o varão o seu pai e a sua mãe"; deve ser uma união estreita e indissolúvel: "apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne".
Deus, em sua infinita sabedoria, instituiu o lar para formar um ambiente ideal em que os filhos possam ser criados cabalmente em todos os aspectos: física, social e espiritualmente.
Ensina-se a igualdade e dependência mútua dos sexos – "Nem o varão é sem a mulher, nem a mulher sem o varão, no Senhor" (1Co.11:11). Um não é completo sem o outro.
O comentarista Matthew Henry observa que a mulher não foi formada da cabeça do homem, para que não exerça domínio sobre ele; nem de seus pés, para que não seja pisada; mas de seu lado, para ser igual a ele, e de perto de seu coração, para ser amada por ele.
A mulher deve ser....
- Uma companheira que compartilhe a responsabilidade de seu marido.
- Reaja com compreensão e amor à natureza dele.
- E colabore com ele para levar a cabo os planos de Deus.
3. Deus concedeu a Adão ampla inteligência, pois ele podia dar nomes a todos os animais (Gn.2:19,20).
Isto demonstra o fato de que tinha poderes de percepção para compreender suas características. O homem sempre foi um ser inteligente.
4. Deus mantinha comunhão com o homem (Gn.3:8). Possivelmente, Deus tomava a forma de um anjo para andar no jardim com o primeiro casal.
A essência da vida eterna consiste em conhecer pessoalmente a Deus (João 17:3), e o privilégio mais glorioso desse conhecimento é desfrutar da comunhão com Ele. “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.
5. Deus pôs o casal à prova quanto à árvore da ciência do bem e do mal (Gn.2:16,17).
Para os filhos de Deus as provas são oportunidades de demonstrar-lhe amor, obedecendo a Ele. Também constituem um meio de desenvolver seu caráter e santidade. Adão e Eva foram criados inocentes, porém a santidade é mais do que a inocência: é a pureza mantida na hora da tentação.
Adão recebeu uma dupla tarefa para realizar: cultivar e guardar (preservar) o jardim do Éden. Isto é, ele tinha que cultivar a terra, e assim extrair dela todos os tesouros que Deus tinha reservado para o uso humano; e ele tinha que vigiar a terra, protegê-la contra todo o mal que pudesse ameaçá-la e preservá-la.
Todavia, o homem só poderia cumprir essa missão se ele não quebrasse a conexão que o unia ao Céu, ou seja, somente se ele continuasse a obedecer a Deus. Essa dupla tarefa, como podemos observar, é essencialmente uma só tarefa.
Adão deveria dominar toda a terra, não de forma ociosa e passivamente (isto é: inerte, indiferente), mas através do trabalho de sua mente, de seu coração e de suas mãos. E para que isso fosse possível, ele deveria servir a Deus, que é o seu Criador e Legislador.
Trabalho e descanso, domínio e serviço, vocação terrena e celestial, cultura e culto, são pares que caminham juntos desde o princípio. Eles pertencem e estão contidos na vocação do grande, santo e glorioso propósito do homem.
Todo trabalho que o homem realiza para subjugar a Terra, seja através da agricultura, da pecuária, do comércio, da indústria, da ciência, ou de qualquer outra forma, é o cumprimento de um mandato divino. Mas para que o homem realmente cumpra esse mandato divino ele tem que depender e obedecer à Palavra de Deus.
II. A TENTAÇÃO NO PARAÍSO (Gn.3:1-6)
Como vimos acima, tudo no Jardim era bom, felicidade plena. Mas para que o homem desfrutasse de tudo isso ele precisava demonstrar fidelidade e obediência ao seu Criador.
No Jardim do Éden, Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal como forma de testar a obediência do homem. A única razão para não comerem daquele fruto era o fato de Deus assim haver ordenado. De muitas maneiras, tal fruto ainda se encontra em nosso meio nos dias de hoje.
1. O Agente ativo da tentação. Satanás foi permitido por Deus para testar o homem. Ele ia demonstrar que o homem, assim como ele, não era fiel a Deus. E Satanás instigou o primeiro casal a desobedecer à ordem de Deus.
Satanás utilizou uma das suas armas preferidas: a sutiliza. Esta é a marca registrada do diabo (João 8:44). As Escrituras registram ser ele o mais sutil de todos os seres criados por Deus e não há coisa alguma sutil que não esteja, de modo direto ou indireto, relacionado a ele.
Observamos, no relato da queda do primeiro casal, que o diabo surge como uma serpente, ou seja, de forma quase imperceptível, quase sem ser notada, apresentando-se à mulher de repente, de surpresa, num momento em que a mulher não esperava, diríamos que num instante de distração. Ante à distração do primeiro casal, o diabo conseguiu entrar no Jardim para efetuar a sua tarefa destruidora.
A distração, o “cochilo espiritual”, é fatal para a saúde espiritual da Igreja. O caminho da vigilância está relacionado com a meditação diuturna da Palavra de Deus. Quando meditamos nas Escrituras, quando as estudamos ininterruptamente, o adversário não encontra brecha para agir.
Observe os passos que levaram a raça humana a pecar:
a) Satanás instigou dúvida em relação à Palavra de Deus: “É assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim? ” (Gn.3:1b).
Eva estava distraída e, por causa disto, o diabo pôde se aproximar dela e iniciar um diálogo com a mulher, lançando-a no campo da dúvida. Diante de tanta amabilidade, Eva aceitou o diálogo, porém, não mostrou firmeza, pois, em sua resposta não correspondeu aquilo que, de fato, Deus havia dito. Nossas dúvidas e inseguranças na Palavra de Deus tornam Satanás mais ardiloso.
b) Eva demonstrou desconhecimento da Palavra de Deus. Eva declarou (falando sobre a árvore do conhecimento do bem e do mal): “... do fruto das árvores do jardim comeremos, mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais” (Gn.3:2,3).
Dá para perceber que a mulher demonstrou desconhecimento da Palavra de Deus. Enquanto a ordem divina era para que não se comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal (cf.Gn.2:16,17), a mulher respondeu à serpente que a ordem era a proibição de comer e tocar na árvore que estava no meio do jardim (Gn.3:3). Vemos aqui, portanto, que a mulher alterou em dois pontos a ordem divina, a saber: árvore da ciência do bem e do mal por árvore que está no meio do jardim; não comereis por não comereis nem tocareis.
c) Satanás contradita o próprio Deus. Em Face do desconhecimento da Palavra de Deus, agora Satanás estava em condições de contraditar o próprio Deus, pois, sentiu que já tinha o controle sobre a mulher.
Mais uma vez, com muita sutileza, lançou dúvidas quanto à veracidade da Palavra do próprio Deus - “... certamente não morrereis”. Uma maneira muito sutil de afirmar que Deus havia mentido. Satanás se atreveu a negar as consequências da desobediência, como fazem até hoje seus seguidores, ao continuarem negando a existência do inferno e a punição eterna.
Satanás deturpou o mandamento do Senhor ao sugerir que Deus ocultava algo benéfico para Adão e Eva.
d) Satanás desperta na mulher a soberba e o desejo de ser como Deus. Não tendo havido nenhuma reação por ter ouvido que a Palavra do Criador não era verdadeira, então Satanás com maior sutileza deu sua cartada final, despertando, agora, a soberba e o desejo de ser como Deus: “Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gn.3:5).
O humanismo secular tem perpetuado a mentira de Satanás: “você será igual a Deus”. Declare, determine, ouse, afirme. Você é um deus, afirmam os falsos pregadores.
e) A derrocada de Adão e Eva. O diabo mentiu, pôs em descrédito os ditos do Senhor e criou fantasias nas quais o primeiro casal acreditou e que foram a sua derrocada.
Sem qualquer ameaça, sem nenhuma palavra forte, apenas na sutileza, Satanás já estava com a mulher na “palma de sua mão”. Eva se deixou enganar – pensou que seria como Deus. Olhou – “vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos”; Desejou – “... árvore desejável para dar entendimento...”; Tomou – “... tomou-lhe do fruto...”; Comeu - “... comeu...”; Morreu: morte espiritual instantânea e morte física gradativa.
A punição por transgredir o mandamento era a morte - “... no dia em que dela comeres, certamente morrerás”(Gn.2:17).
Uma vez se desprendendo das Escrituras, os homens são iludidos com falsas promessas e fantasias (que as Escrituras denominam de “fábulas”, ou seja, “contos da carochinha” (1Tm.1:4; 4:7; 2Tm.4:4; 2Pd.1:16), falsidades que a seu tempo se revelarão e que, infelizmente, para muitos, significarão a morte eterna.
2. O agente passivo da tentação - “... e deu também a seu marido, e ele comeu com ela” (Gn.3:6).
Eva foi enganada (1Tm.2:14), mas Adão agiu intencionalmente, em rebelião deliberada contra Deus. Eva pecou antes de Adão, e Satanás, por seu turno, pecara muito antes de Eva.
Todavia, o pecado entrou no mundo não através da mulher, nem por intermédio do Diabo. O grande responsável pela introdução da apostasia no mundo foi Adão. É o que esclarece Paulo: "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm.5:12).
III. O JUÍZO DE DEUS (Gn.3:8-19)
Deus havia provido tudo para o bem do homem e havia proibido uma única coisa. Ao ceder à voz de Satanás, o homem escolhia agradar-se a si mesmo, desobedecendo deliberadamente a Deus. Era um ato de egoísmo e rebelião inescusável. Na realidade, era atribuir a si o lugar de Deus.
1. As consequências teológicas da queda:
a) Adão e Eva conheceram pessoalmente o mal: seus olhos "foram abertos". Adão e Eva chegaram a assemelhar-se a Deus, distinguindo entre o bem e o mal, porém, seu conhecimento se diferencia do conhecimento de Deus em que o conhecimento deles foi o da experiência pecaminosa e contaminada. A consciência deles despertou para um sentimento de culpa e vergonha.
b) Interrompeu-se a comunhão com Deus, e então fugiram de sua presença. O pecado sempre despoja a alma da pureza e do gozo da comunhão com Deus. Essa é a morte espiritual e cumpre, num sentido mais profundo, a advertência de que o homem morreria no dia em que comesse do fruto proibido (Gn.2:17).
c) A natureza humana corrompeu-se e o homem adquiriu a tendência para pecar. Já não era inocente como uma criança, mas sua mente se havia sujado e ele sentia vergonha de seu corpo.
Outra prova da sua natureza corrompida: ele lançou a culpa sobre sua mulher. Adão chegou a insinuar que Deus era o culpado: "A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi" (Gn.3:12). Isto é uma demonstração clara da natureza decaída do homem.
2. Juízo de Deus. Deus castigou o pecado com dor, sujeição e sofrimento. Um Deus santo não pode passar por alto a rebelião de suas criaturas. Ele é o justo Juiz.
a) Com relação à serpente (Gn.3:14,15) - ”Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás mais que toda besta e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás e pó comerás todos os dias da tua vida” (Gn.3:14). “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn.3:15).
O Senhor Deus amaldiçoou a serpente a viver de modo degradante e em desgraça e derrota. Mesmo no Milênio quando a natureza dos animais for restaurada, ela não será redimida de sua degradação (Is.65:25).
Contudo, Gn.3:15 volta a falar de Satanás. Este versículo é conhecido como protoevangelho, isto é, “o primeiro evangelho”. O texto anuncia a inimizade perpétua entre Satanás e a mulher (que representa toda a humanidade), e entre a descendência de Satanás (seus representantes) e o seu descendente (o descendente da mulher, o Messias).
O descendente da mulher feriria a cabeça de Satanás. Essa ferida foi infligida no Calvário, quando o Salvador triunfou sobre Satanás. Este, por sua vez, feriria o calcanhar do Messias. Essa ferida se refere ao sofrimento (incluindo morte física), mas não à derrota final.
Cristo sofreu na cruz e morreu, mas ressuscitou dentre os mortos, vitorioso sobre o pecado, o inferno e Satanás.
O fato de Cristo ser chamado de descendente da mulher pode aludir a seu nascimento virginal.
Observe a bondade de Deus ao prometer a vinda do Messias antes mesmo de decretar a sentença de juízo condenatório ao homem e a mulher. É a mais gloriosa promessa de redenção, de soerguimento do homem da condenação. Ao invés de lançar apenas juízos inclementes e condenatórios sobre o casal, Deus, o justo Juiz, abriu um espaço para a redenção.
b) Com relação à mulher (Gn.3:16) - “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará”.
A mulher sofreria dores no parto e estaria sujeita a seu marido. Mas, estar sujeita a seu esposo é maldição? Não deve ter a família uma cabeça? Além do mais, não está aí uma figura da relação entre Cristo e a Igreja? (Ef.5:22,23).
O mal consiste em que a natureza decaída do homem torna-o propenso a abusar de sua autoridade sobre a mulher; do mesmo modo que a autoridade do marido sobre a mulher pode trazer sofrimento, o desejo feminino a respeito de seu esposo pode ser motivo de angústia.
O desejo da mulher não se limita à esfera física, mas abrange todas as suas aspirações de esposa, mãe e dona-de-casa. Se o casamento fracassa, a mulher fica desolada.
c) Com relação ao homem (Gn.3:17-19) - “E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás”.
O homem foi sentenciado a obter alimento de uma terra amaldiçoada com espinhos e cardos. Isto significa que ele teria de trabalhar o resto da vida em fadigas e com suor do rosto até retornar ao pó.
Devemos observar que o trabalho não é uma maldição. Em geral, o trabalho é uma bênção. A maldição está mais ligada à tristeza, à frustração, ao suor e ao cansaço que acompanham o trabalho.
Toda a raça humana e a própria natureza ainda continuam sofrendo como consequência do juízo pronunciado sobre o primeiro pecado. O apóstolo Paulo fala poeticamente de uma criação que "geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm.8:22).
CONCLUSÃO
Embora a queda tenha acarretada tanta desgraça para o ser humano, nós aprendemos que há uma esperança para o pecador, em Cristo Jesus. Através de Cristo, Deus Pai provê-nos eterna e suficiente redenção, dispensando-nos um tratamento mui especial.
O homem enquanto vive neste mundo, antes da morte física, ele tem a escolha de aceitar ou não o amor de Cristo. Se ele o aceita, estará aceitando ir morar com Cristo, estar ao lado dEle para sempre (João 3:16-21; 14:1-3; 17:24).
A alma daqueles que aceitam a Cristo estarão na luz para sempre; no momento da morte física vão para o paraíso (Lc.23:43), um lugar de gozo espiritual, um lugar de alegria.
O Paraíso é um lugar de espera até o arrebatamento da Igreja, pois neste dia Jesus Cristo virá e todos os mortos que morreram em Cristo ressurgirão num corpo incorruptível, num corpo glorioso (Fp.3:21, 1Co.15:12, 51,52), e daí para frente estarão para sempre junto do Senhor, tanto no reinado de Cristo, no milênio (Ap.3:21 e 20:4), como na eternidade futura na Nova Jerusalém celestial (Ap.21).
A advertência principal de Cristo é: “[...] Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap.2:10).