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MISSÕES TRANSCULTURAIS NO ANTIGO TESTAMENTO

 

Texto Base: 1Reis 17.8,9,17-22; Jonas 1.1,2

“Disse mais: Pouco e que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os guardados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até a extremidade da terra” (Is.49:6).

 Reis 17:

8.Então, veio a ele a palavra do Senhor, dizendo:

9.Levanta-te, e vai a Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente.

17.E, depois destas coisas, sucedeu que adoeceu o filho desta mulher, da dona da casa; e a sua doença se agravou muito, até que nele nenhum fôlego ficou.

18.Então, ela disse a Elias: Que tenho eu contigo, homem de Deus? Vieste tu a mim para trazeres à memória a minha iniquidade e matares meu filho?

19.E ele lhe disse: Dá-me o teu filho. E ele o tomou do seu regaço, e o levou para cima, ao quarto, onde ele mesmo habitava, e o deitou em sua cama,

20.E clamou ao Senhor e disse: ó Senhor, meu Deus, também até a esta viúva, com quem eu moro, afligiste, matando-lhe seu filho?

21.Então, se mediu sobre o menino três vezes, e clamou ao Senhor, e disse: ó Senhor, meu Deus, rogo-te que torne a alma deste menino a entrar nele.

22.E o Senhor ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu.

Jonas 1:

1.E veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo:

2.Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, vimos a natureza missionária de Deus por meio de sua relação com Abraão. Nesta lição, trataremos das Missões Transculturais no Antigo Testamento. Este é um tema significativo que pode ser analisado à luz das Escrituras, especialmente através de passagens como a história de Elias e a viúva de Sarepta, e a jornada do profeta Jonas a Nínive. No tópico III faremos uma análise sucinta acerca das alianças de Deus com a humanidade. Assim, po­demos ver evidências no Antigo Testamento que se tornaram muito claras no Novo Testamento a respeito da obra missionária até os Confins da Terra.

I. ISRAEL, UM POVO ESCOLHIDO PARA UM PROPÓSITO MISSIONÁRIO

1. O plano de Deus

Desde os tempos antigos, a vontade divina era que todos os moradores da terra tivessem conhecimento a respeito da pessoa de Jesus. Para que isso ocorresse, Deus teve um plano: chamou a nação de Israel para ser um povo missionário. Dessa forma, os israelitas deveriam ser testemunhas de Deus (Is.42:5-7; 43:10-13).

A chamada de Israel para ser um povo missionário, um testemunho vivo de Deus, é um tema central no Antigo Testamento. Deus escolheu Israel como seu povo especial e o chamou para ser testemunhas viva de sua soberania, poder e graça. Essa eleição foi baseada na promessa feita a Abraão e sua descendência, para abençoar todas as nações por meio deles (Gn.12:1-3). O povo de Israel foi chamado para revelar o caráter de Deus e Seus desígnios às nações ao redor. Através de sua conduta, adoração e obediência à Lei, eles deveriam demonstrar ao mundo quem era o Deus único e verdadeiro.

Os textos de Isaías 42:5-7 e 43:10-13 destacam a missão de Israel de ser uma luz para as nações, trazendo conhecimento e justiça. Eles foram chamados para serem luzes espirituais, trazendo a mensagem de Deus e Sua salvação para o mundo.

Essa vocação missionária de Israel encontra seu cumprimento definitivo em Jesus Cristo, o Messias. Ele é a luz do mundo (João 8:12), a manifestação viva de Deus e a fonte de salvação para todas as nações (Atos 13:47). A igreja, composta por crentes em Cristo, é agora chamada para continuar essa missão global de testemunho. Assim como Israel deveria levar a mensagem a todas as nações, os cristãos são encorajados a fazer discípulos de todas as etnias, compartilhando o evangelho com amor e compaixão.

Destacamos que Jesus é a essência dessa missão. Ele é o cumprimento da promessa de Abraão e o modelo perfeito de um verdadeiro testemunho para o mundo. Devemos centrar nossa vida e missão em Cristo, espelhando Seu caráter e amor às pessoas ao nosso redor. Enfatizamos a responsabilidade e fidelidade dos crentes em viverem de acordo com a missão de Deus. Assim como Israel foi chamado a ser fiel ao seu chamado, os cristãos são desafiados a serem fiéis ao chamado de levar o evangelho ao mundo, mostrando amor, compaixão e justiça.

2. A falha de Israel

Israel foi chamado para ser uma luz para as nações, revelando o conhecimento de Deus e Sua vontade ao mundo (Is.42:6; 49:6). A missão incluía viver de acordo com a lei de Deus, que refletia a santidade divina e atrairia outras nações para o verdadeiro Deus.

Ao longo da história, Israel se desviou da aliança, adotando práticas e crenças pagãs dos povos vizinhos (Ez.22:4). A idolatria foi uma das principais formas de desvio, onde os israelitas adoraram deuses estrangeiros e se afastaram do culto exclusivo a Yahweh. São muitos os relatos bíblicos que dão conta dos desvios dos israelitas, da sua desobediência e inclinação à idolatria e pecados morais que relativizaram a aliança com Deus. O desvio levou a condenações divinas e consequências severas, incluindo a disciplina de Deus por meio de invasões e exílios (Ez.22:4,5). A fidelidade à Aliança era crucial para a bênção e proteção de Deus, e a desobediência resultava em juízo; foi o que ocorreu.

3. A contribuição de Israel para o mundo

Embora a nação de Israel tenha falhado em sua missão missionária, ela contribuiu na revelação do plano de Deus ao mundo. Isto destaca a soberania e a sabedoria de Deus em usar a nação escolhida para cumprir Seus propósitos redentores. Vamos examinar, de forma sucinta, como Deus usou Israel para preservar e disseminar Sua Palavra, culminando na vinda de Jesus Cristo como Salvador do mundo.

a) Preservação e tradução das Escrituras. Aos judeus foi confiado a preservação e transmissão das Escrituras Sagradas (Rm.3:1-2). Eles cuidadosamente preservaram os textos do Antigo Testamento, mantendo a revelação de Deus intacta. A tradução da Septuaginta (a tradução grega do Antigo Testamento) foi um passo crucial, permitindo que as Escrituras fossem acessíveis a um público mais amplo, já que o grego era uma língua amplamente usada na época.

b) Expectativa das nações ouvirem a Palavra de Deus. Profetas do Antigo Testamento, como Isaías, anteciparam um tempo em que as nações e os gentios ouviriam a Palavra de Deus e seriam iluminados por ela (Is.2:2-4; 42:1-4). A promessa de Deus a Abraão incluía que todas as nações seriam abençoadas por meio de sua descendência (Gn.12:3).

c) Jesus Cristo: A encarnação da Palavra. Jesus Cristo, a Palavra encarnada, veio para ser o Salvador do mundo (João 1:1-18). Ele é a revelação definitiva de Deus aos seres humanos (Hb.1:1-3). Ele veio para trazer a redenção não apenas para os judeus, mas para todas as nações (Mt.28:18-20; Atos 1:8). Ele cumpriu a promessa de abençoar todas as nações através de Abraão (Gl.3:16,29).

d) Missão da Igreja. A missão da igreja é continuar o trabalho iniciado por Jesus, levando o evangelho a todas as nações (Mt.24:14; Atos 13:47). A igreja é chamada a fazer discípulos de todas as etnias, compartilhando a mensagem de salvação por meio de Cristo. A vinda de Jesus Cristo é a evidência de que o evangelho não é restrito a uma nação ou povo específico, mas é para toda a humanidade. Deus deseja a salvação de todos (1Tm.2:4).

A história de Israel como uma bênção para as nações ilustra a providência de Deus e Sua habilidade de cumprir Seus planos redentores mesmo através das fraquezas e falhas humanas. Jesus Cristo é o clímax dessa narrativa, trazendo a luz da salvação para toda a humanidade e chamando todos os povos a se voltarem para Ele e encontrarem a vida eterna.

II. O AMOR DE DEUS PARA COM OUTRAS NAÇÕES

1. Os olhos de Deus sobre todos os povos

A promessa de que todas as famílias da terra seriam abençoadas através da descendência de Abraão (Gn.12:3) aponta para a inclusão de todas as nações no plano de redenção.

A preocupação de Deus para com as nações é um tema central no Antigo Testamento, especialmente nos livros proféticos, onde são encontradas várias profecias de restauração e redenção para além do povo de Israel. Essas profecias indicam um plano divino abrangente para a salvação e reconciliação de todas as nações. Veja estas profecias:

-Isaías 45:6,22. Nestes textos, Deus se revela como o único Deus verdadeiro e soberano sobre todas as nações, chamando as nações a se voltarem para Ele e serem salvas. Ele convida todas as nações a abandonarem seus ídolos e a reconhecerem a verdade sobre Ele.

-Isaías 49:6. Profecia sobre o Servo Sofredor (identificado como Jesus Cristo no Novo Testamento) que é destinado a ser uma luz para as nações, para que a salvação de Deus alcance os confins da Terra. Isso mostra a universalidade da salvação que Deus oferece através do Messias.

Outras profecias e temas:

-Jonas e Nínive. O livro de Jonas destaca a preocupação de Deus até mesmo com uma cidade gentia, Nínive. Deus envia Jonas para advertir Nínive da sua destruição iminente, demonstrando Sua disposição em perdoar e mostrar misericórdia às nações que se arrependem.

-Miquéias 4:1-5. Miquéias profetiza sobre os últimos dias, quando muitas nações virão para a casa do Deus de Jacó para aprender Seus caminhos e serem ensinadas por Ele. Isso ilustra a visão de Deus de unir as nações e guiá-las em direção à paz e justiça.

-Salmo 67. Este salmo reflete a benção de Deus sobre Israel e a oração para que todas as nações o reconheçam e louvem, buscando a salvação em Deus.

O conceito de que Deus é o Deus de todas as nações é evidente em várias passagens que ressaltam Sua soberania sobre todo o mundo, não apenas sobre Israel (por exemplo: Salmos 22:27; 86:9; 117:1; Isaías 2:2-4). O Novo Testamento, especialmente no Evangelho de Jesus Cristo e nas epístolas, expande essa ideia de salvação para todas as nações, concretizando a visão profética do Antigo Testamento (Mt.28:18-20; Atos 1:8; Gl.3:26-29).

Tudo isto mostra que desde o Antigo Testamento, Deus tinha uma preocupação clara e um plano para a redenção de todas as nações. Essa visão é aprofundada e realizada por meio da obra de Jesus Cristo e a proclamação do Evangelho no Novo Testamento, onde a salvação é oferecida a todas as pessoas, independentemente de sua origem ou nacionalidade.

2. A viúva de Sarepta e o profeta Elias

Na narrativa de Elias e a viúva de Sarepta, encontramos um exemplo de um encontro transcultural que demonstra a provisão de Deus além das fronteiras culturais e étnicas. Na época em que essa história se passa, Elias, um profeta de Deus, enfrentava uma severa seca em Israel devido à desobediência do povo. Deus instrui Elias a ir a Sarepta, uma cidade fenícia (fora de Israel), localizada próxima ao sul de Sidom, onde uma viúva gentia seria sua fonte de provisão. Veja a narração bíblica na Nova Versão Transformadora (1Rs.17:8-16):

⁸Então o Senhor disse a Elias:

⁹"Vá morar em Sarepta, perto da cidade de Sidom. Dei ordem a uma viúva que mora ali para lhe dar alimento".

¹⁰Elias foi a Sarepta. Quando chegou ao portão da cidade, viu uma viúva apanhando gravetos e lhe perguntou: "Pode me dar um pouco de água para beber, por favor?".

¹¹Enquanto ela ia buscar a água, ele disse: "Traga também um pedaço de pão".

¹²Mas ela respondeu: "Tão certo como vive o Senhor, seu Deus, não tenho um pedaço sequer de pão em casa. Tenho apenas um punhado de farinha que restou numa vasilha e um pouco de azeite no fundo do jarro. Estava apanhando alguns gravetos para preparar esta última refeição, e depois meu filho e eu morreremos".

¹³Elias, porém, disse: "Não tenha medo! Faça o que acabou de dizer, mas primeiro faça um pouco de pão para mim. Depois, use o resto para preparar uma refeição para você e seu filho.

¹⁴Pois assim diz o Senhor, Deus de Israel: ‘Sempre haverá farinha na vasilha e azeite no jarro, até o dia em que o Senhor enviar chuva’".

¹⁵Ela fez conforme Elias disse. Assim, Elias, a mulher e a família dela tiveram alimento para muitos dias.

¹⁶Sempre havia farinha na vasilha e azeite no jarro, exatamente como o Senhor tinha prometido por meio de Elias.

Isso mostra a intenção de Deus de incluir e abençoar além das fronteiras étnicas. Deus demonstra sua provisão sobrenatural ao multiplicar a farinha e o azeite da viúva, não apenas para ela e seu filho, mas também para Elias.

Em seguida a este milagre, o filho da viúva adoeceu e morreu. Mas pelo poder de Deus, o profeta ressuscitou o menino e o restaurou a vida. E a viúva disse: “Nisto conheço, agora, que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade” (1Rs.17:24). Dessa forma, Deus se tornou conhecido de uma estrangeira. Isso destaca a soberania e a generosidade de Deus em suprir as necessidades mesmo em contextos transculturais.

3. A Missão de Jonas em Nínive

A história de Jonas é, de fato, uma demonstração notável da misericórdia e preocupação de Deus para com todas as pessoas, mesmo aquelas fora do povo escolhido de Israel (Jn.1:2; 3:2; 4:4-11). Jonas é chamado por Deus para ir a Nínive, uma grande cidade da Assíria, e proclamar a mensagem de arrependimento e o juízo iminente de Deus devido aos pecados da cidade. A relutância inicial de Jonas em cumprir essa missão mostra a sua hesitação em levar a mensagem de salvação a um povo considerado inimigo e ímpio.

Nínive era uma cidade conhecida por sua perversidade, violência e imoralidade, como indicado nas referências bíblicas (Na.1:11; 2:12,13; 3:1,4,16,19). A mensagem de Jonas, porém, trouxe convicção ao povo de Nínive, e eles se arrependeram sinceramente, demonstrando que Deus deseja a salvação de todos, até mesmo daqueles considerados os mais ímpios de todos.

Deus, ao ver o genuíno arrependimento dos ninivitas, suspendeu o juízo que ameaçava a cidade. Isso ilustra a compaixão e a prontidão de Deus em perdoar e oferecer uma segunda chance, mesmo às pessoas mais pecadoras e pagãs. Este fato histórico destaca que a misericórdia de Deus não está restrita a um grupo específico de pessoas, mas se estende a todos os povos e nações, enfatizando a universalidade de Seu amor e graça.

A mensagem de Jonas permanece relevante nos dias de hoje, lembrando-nos de que devemos estar dispostos a levar a mensagem de arrependimento e salvação a todas as pessoas, independentemente de sua origem, status social ou estilo de vida. Ela é um poderoso lembrete da misericórdia de Deus para com todas as pessoas, mesmo aquelas consideradas ímpias. Além disso, nos incentiva a compartilhar o amor e a graça de Deus com o mundo, conforme nos é ordenado nas Escrituras.

III. ALIANÇAS ENTRE DEUS E A HUMANIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

1. Alianças de Deus

Uma Aliança é um pacto, um acordo formal entre duas partes que estabelece obrigações mútuas e implica consequências para o cumprimento ou violação das condições estipuladas. No contexto bíblico, as alianças entre Deus e a humanidade são uma expressão do relacionamento especial e da vontade divina para com Seu povo. Vamos abordar algumas das alianças mais significativas descritas no Antigo Testamento:

a) Aliança com Adão. Deus estabeleceu uma aliança com Adão, o primeiro homem, no Jardim do Éden. A aliança incluía a responsabilidade de Adão e Eva de governar a criação e viver em obediência a Deus, mas foi quebrada quando pecaram, resultando na queda e na entrada do pecado no mundo.

Gênesis 3 relata a queda do homem, onde Adão e Eva desobedeceram a Deus ao comerem do fruto proibido. A serpente (representando Satanás) enganou Eva, levando-a a duvidar da Palavra de Deus e a desobedecer Sua ordem. Esse ato de desobediência introduziu o pecado no mundo, rompendo a comunhão íntima entre Deus e a humanidade. Romanos 8:20 destaca que, devido à queda, toda a criação foi sujeita à futilidade e ao cativeiro do pecado. O pecado afetou não apenas a humanidade, mas também a própria criação, resultando em sofrimento, desordem e separação de Deus.

b) Aliança com Noé (Gn.9:11-13). Após o dilúvio, Deus estabeleceu uma aliança com Noé e toda a humanidade, prometendo nunca mais destruir a terra com um dilúvio. O sinal dessa aliança foi o arco-íris, que lembra a promessa divina.

c) Aliança com Abraão (Gn.17:1-6). Deus fez uma aliança com Abraão, prometendo abençoar e multiplicar sua descendência, dando-lhes uma terra (a Terra Prometida) e abençoando todas as nações por meio dele. Este foi um dos pactos mais significativos, pois estabeleceu o povo escolhido de Deus.

d) Aliança com Moisés (Aliança Mosaica – Êx.19-24). Deus fez uma aliança com Moisés no Monte Sinai, dando os Dez Mandamentos e outras leis a Israel. Esta aliança estabeleceu a Lei e as obrigações religiosas e morais para o povo de Israel. É uma aliança condicional feita entre Deus e a nação de Israel no Monte Sinai (Êx.19-24). Às vezes é chamada de aliança do Sinai, mas mais frequentemente refere-se a ela como a aliança mosaica, uma vez que Moisés era o líder de Israel escolhido por Deus para aquele tempo. As bênçãos que Deus promete estão diretamente relacionadas à obediência de Israel à lei mosaica. Se Israel for obediente, Deus os abençoará, mas se desobedecerem, Deus os punirá.

A Aliança Mosaica é especialmente significativa porque nela Deus prometeu fazer de Israel um "reino de sacerdotes e nação santa" (Êx.19:6). Era para Israel ser a luz de Deus ao mundo escuro ao seu redor. Deveria ser uma nação separada e distinta para que todos ao seu redor soubessem que adorava a Javé, o Deus que guardava a aliança. Isso é importante porque aqui é que Israel recebeu a lei mosaica que agiria como um mestre que apontaria o caminho para a vinda de Cristo (Gl.3:24-25).

A Lei Mosaica revelaria às pessoas a sua pecaminosidade e a necessidade de um Salvador, e é a lei mosaica que o próprio Cristo disse que não veio abolir, mas cumprir. Este é um ponto importante porque algumas pessoas ficam confusas ao pensarem que observar a Lei era o que salvava as pessoas no Antigo Testamento, mas a Bíblia deixa bem claro que a salvação sempre foi apenas pela fé, e a promessa de salvação pela fé que Deus fez a Abraão como parte da aliança abraâmica ainda estava em vigor (Gl.3:16-18).

A Aliança Mosaica, ou Antiga Aliança, foi substituída pela Nova Aliança em Cristo (Lc.22:20; 1Co.11:25; 2Co.3:6, Hb.8:8,13; 9:15; 12:24). A Nova Aliança em Cristo é muito melhor do que a Antiga Aliança mosaica que ela veio substituir porque cumpre as promessas feitas em Jeremias 31:31-34, como citado em Hebreus 8.

e) Aliança Davídica (2Sm.7:12,13; 1Cr.17:10-14). Deus fez uma aliança com o rei Davi, prometendo que sua linhagem real seria estabelecida para sempre. Deus prometeu que um descendente de Davi ocuparia o trono eternamente, culminando em Jesus Cristo.

Essas alianças no Antigo Testamento estabelecem a base para a compreensão da relação entre Deus e a humanidade. Cada aliança mostra a fidelidade e a graça de Deus, apesar das falhas e infidelidades humanas, e aponta para a aliança final e perfeita em Jesus Cristo, que traz redenção e reconciliação para toda a humanidade.

2. Aliança incondicional e condi­cional

Na Bíblia, encontramos alianças tanto condicionais quanto incondicionais que têm como objetivo tornar conhecida a glória de Deus entre as nações. Essas alianças estão ligadas à revelação de Deus, Sua vontade e Seu plano para a redenção da humanidade. Informo a seguir, de forma sucinta, algumas dessas alianças e seu propósito de revelar a glória de Deus entre as nações:

a) Aliança com Abraão (Aliança Incondicional). A aliança que Deus fez com Abraão é frequentemente vista como incondicional. Deus prometeu abençoar Abraão e sua descendência, tornando-os uma grande nação e abençoando todas as nações por meio dele (Gn.12:1-3; 15:18-21). O propósito dessa aliança era abençoar as nações, tornando a glória de Deus conhecida em todo o mundo.

b) Aliança Mosaica (Aliança Condicional). A aliança que Deus fez com Israel por meio de Moisés no Monte Sinai foi uma aliança condicional. Deus deu os Dez Mandamentos e outras leis, prometendo bênçãos se o povo de Israel obedecesse e maldições se desobedecesse (Deuteronômio 28). A obediência de Israel deveria ser um testemunho para as nações circundantes, revelando a santidade e a justiça de Deus.

c) Aliança Davídica (Aliança Incondicional). A aliança que Deus fez com o rei Davi é considerada incondicional. Deus prometeu estabelecer a linhagem de Davi para sempre e afirmou que um descendente de Davi teria um reino eterno (2Sm.7:8-16). Este reino eterno foi cumprido em Jesus Cristo, mostrando a glória de Deus ao mundo.

d) Nova Aliança em Jesus Cristo (Aliança Incondicional). A Nova Aliança é estabelecida em Jesus Cristo e é vista como incondicional. Jesus instituiu a Ceia do Senhor, representando Seu corpo e sangue, e falou da Nova Aliança (Mt.26:26-28). Por meio da morte e ressurreição de Cristo, a salvação é oferecida a todos, tanto judeus quanto gentios, revelando a glória de Deus às nações.

Essas alianças, tanto condicionais quanto incondicionais, visam revelar a glória de Deus às nações, mostrando Sua fidelidade, amor e redenção para toda a humanidade. A culminação da revelação da glória de Deus se encontra na pessoa e obra de Jesus Cristo e na oferta de salvação a todas as nações.

CONCLUSÃO

Os fatos e histórias do Antigo Testamento relatadas nesta Lição ressaltam a importância das missões transculturais na Bíblia, mostrando o desejo de Deus de incluir todas as nações em seu plano redentor e sua capacidade de suprir e transformar vidas, independentemente das fronteiras culturais.

O Senhor Jesus é a verdadeira interpretação do Antigo Testamento, de modo que em sua vida e ministério podemos perceber o cumprimento do plano de Salvação projetado por Deus desde o início do Antigo Testamento (Gn.3:15).