Texto Base: Isaías 61.1-2; Lucas 4.17-20
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
Isaías 61:
1.O Espírito do Senhor Jeová está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos presos;
2.a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes;
Lucas 4
17.E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito:
18.O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração,
19.a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.
20.E, cerrando o livro e tornando a dá-lo ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
INTRODUÇÃO
As missões transculturais no Novo Testamento representam um elemento fundamental da expansão do cristianismo nascente. Essas Missões refletem a compreensão da Grande Comissão de Jesus Cristo, registrada nos Evangelhos, na qual Ele instruiu seus discípulos a fazerem discípulos de todas as nações. Esse mandato impulsionou os primeiros seguidores de Jesus a se aventurarem além das fronteiras conhecidas, enfrentando desafios e adversidades para compartilhar o Evangelho em diferentes contextos culturais.
Os discípulos e apóstolos, com destaque para Paulo, desempenharam papéis essenciais nesse processo. Paulo, por exemplo, foi um ardente missionário transcultural, viajando extensamente pelo Império Romano para pregar a mensagem de Cristo. Essas experiências transculturais não apenas moldaram a expansão do cristianismo, mas também estabeleceram um modelo para as missões transculturais ao longo dos séculos, influenciando profundamente a propagação da fé cristã pelo mundo. Por isso, podemos dizer que o Novo Testamento é uma obra de caráter missionário do início ao fim, onde os Evangelhos, o livro dos Atos, as Epístolas e o Apocalipse são instrumentos de um verdadeiro trabalho missionário.
I. O DEUS MISSIONÁRIO REVELADO NO NOVO TESTAMENTO
1. A Bíblia mostra um Deus missionário
A Bíblia Sagrada, compreendendo desde Gênesis até o Apocalipse, é considerada o Livro intrinsecamente missionário, cheio da essência de Deus que é, por natureza, missionário. A inspiração divina que permeia as Escrituras provém de um Deus que se revela como Aquele que envia; um conceito fundamental expresso quando Jesus diz: "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio" (João 20:21; João 3:16).
No Antigo Testamento, vemos Israel como o instrumento escolhido por Deus para cumprir Seu propósito missionário de abençoar todas as nações da terra (Gn.12:3). No entanto, Israel muitas vezes falhou em sua missão, desviando-se de seu chamado e caindo em idolatria e desobediência. Apesar disso, Deus continuou a buscar a reconciliação e a redenção de toda a humanidade.
Com a chegada do Novo Testamento, a missão transcultural e universal de Deus se manifesta de forma ainda mais clara. A Igreja se torna o veículo central para a expansão do Evangelho, refletindo o amor e a graça de Deus para com todas as nações. A obra redentora de Cristo na cruz, juntamente com a comissão dada aos discípulos, marca o início de uma nova era missionária, onde a salvação é oferecida a todos, sem distinção de raça, etnia ou cultura.
A Igreja, impulsionada pelo Espírito Santo, é chamada a seguir os passos de Jesus, proclamando as boas-novas do Reino de Deus e fazendo discípulos de todas as nações. Assim, a Bíblia Sagrada não é apenas um registro histórico da missão divina, mas também um convite contínuo para que todos os crentes participem ativamente na missão de Deus de reconciliar a humanidade com Ele. A missão transcultural é, portanto, uma extensão da missão divina e uma expressão do amor e compaixão de Deus pelo ser humano.
2. Uma perspectiva missionária do Novo Testamento
Essa perspectiva inclui a compreensão de que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar a humanidade e que essa salvação é para todas as pessoas, não apenas para um grupo específico. Conforme George W. Peters, “o Novo Testamento é um livro missionário em discurso, conteúdo, espírito e desígnio. Esse é um fato simples, mas também é um fato de real e profunda importância. O Novo Testamento é mais a teologia em ação do que teologia em razão e conceito. Ele é ‘teologia missionária” (PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.159-60).
No Antigo Testamento, vemos como Deus escolheu Israel para ser um povo especial e uma luz para as nações, através do qual todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gn.12:3). No entanto, Israel muitas vezes falhou em cumprir esse propósito missionário, desviando-se de Deus e negligenciando sua missão de ser uma bênção para as nações circunvizinhas.
Com a vinda de Jesus Cristo e a fundação da Igreja, vemos uma nova fase nesse plano divino. A Igreja é vista como o novo povo de Deus, composto por judeus e gentios, que foram reconciliados com Deus através da fé em Jesus Cristo. Ela é chamada a continuar e ampliar a missão de Israel, levando o Evangelho a todas as nações e fazendo discípulos de todas as pessoas (Mt.28:18-20).
A abordagem missionária no Novo Testamento é baseada na grande comissão de Jesus aos seus discípulos, onde Ele os envia para proclamar o Evangelho, batizar e ensinar. Os discípulos são capacitados pelo Espírito Santo para serem testemunhas em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra (Atos 1:8). A missão da Igreja é, portanto, global e inclusiva, direcionada a todas as nações e culturas.
O apóstolo Paulo desempenhou um papel crucial na expansão da missão da Igreja, enfatizando a universalidade da salvação em Cristo e seu chamado para levar o Evangelho aos gentios. Suas cartas, como as escritas aos Romanos e aos Efésios, destacam a inclusão de todos os povos na redenção oferecida por meio de Jesus Cristo.
Em resumo, a perspectiva missionária do Novo Testamento destaca que a Igreja é chamada a continuar e ampliar o propósito missionário de Deus, levando o Evangelho da salvação a todas as nações e culturas, proclamando a reconciliação e redenção oferecidas por meio de Jesus Cristo.
3. A Igreja à luz dessa revelação
À luz dessa revelação bíblica, a de um Deus missionário nas páginas do Novo Testamento, a Igreja de Cristo tem uma tarefa ainda inacabada: anunciar o Evangelho a toda a criatura. A Grande Comissão, conforme expressa em Mateus 28:19,20, é uma convocação imperativa para a Igreja continuar a obra missionária que Jesus iniciou durante sua vida terrena. A tarefa é proclamar o Evangelho, fazer discípulos e ensinar tudo o que Jesus ordenou.
A Grande Comissão não é uma tarefa que pode ser concluída em um único momento no tempo; é uma chamada contínua e inacabada até a volta de Cristo. A Igreja é desafiada a perseverar, inovar e se adaptar para alcançar as pessoas de maneira relevante, usando os meios disponíveis na era atual, para cumprir essa grande e vital missão de anunciar o Evangelho a todas as pessoas. Essa Comissão revela a natureza essencialmente missionária da igreja, impelindo-a a se envolver ativamente no compartilhamento do Evangelho e na expansão do Reino de Deus. Essa Missão não é restrita a uma determinada cultura, nação ou grupo étnico; é global e universal, destinada a toda a criação. O Evangelho não é uma mensagem para um povo específico, mas para toda a humanidade.
Ao olhar para o Novo Testamento, vemos a dedicação dos apóstolos e dos primeiros discípulos em cumprir essa missão. Eles atravessaram fronteiras culturais, geográficas e linguísticas para levar a mensagem de salvação em Jesus Cristo a todos os cantos da Terra. Paulo, por exemplo, é um exemplo proeminente de alguém que se dedicou a espalhar o Evangelho em várias regiões, enfrentando grandes desafios e perigos.
Hoje, a Igreja de Cristo tem a responsabilidade contínua de levar adiante essa missão. É um chamado à ação de pregar a mensagem do Evangelho com amor, compaixão e autenticidade, adaptando-se às culturas locais e compreendendo as necessidades das pessoas ao redor do mundo. Além disso, a tarefa missionária não se limita apenas à pregação, mas também inclui ações práticas de amor e serviço ao próximo. O testemunho da Igreja é fortalecido quando ela não apenas fala sobre o amor de Cristo, mas o demonstra através de obras de compaixão, justiça social e ajuda aos necessitados.
II. MISSÕES NOS EVANGELHOS E EM ATOS DOS APÓSTOLOS
1. Nos Evangelhos
A Missão é um tema central nos Evangelhos, pois está intrinsecamente ligada à vida e ao ministério de Jesus Cristo. Os Evangelhos narram como Jesus veio ao mundo para cumprir uma missão divina de redenção e reconciliação da humanidade com Deus. Jesus é apresentado como o enviado especial de Deus (João 3:17), vindo ao mundo para cumprir a vontade do Pai (João 6:38). Ele veio para buscar e salvar os perdidos (Lc.19:10), para proclamar as boas novas do Reino de Deus (Mc.1:14-15) e para realizar a obra da salvação (Mt.1:21). A missão de Jesus estava centrada na proclamação do Reino de Deus, ensinando sobre seu caráter, valores e propósitos. Ele utilizou parábolas para ilustrar o Reino, convidando as pessoas a se arrependerem e a se submeterem à autoridade de Deus.
Jesus chamou discípulos para segui-lo e se tornarem pescadores de homens (Mt.4:18-22). Ele os instruiu a continuar sua missão, ensinando-os e capacitando-os a fazer discípulos de todas as nações (Mt.28:18-20). Antes de sua ascensão, Jesus deu instruções claras sobre como os discípulos deveriam realizar essa missão. Isso inclui pregar o Evangelho, curar os doentes, expulsar demônios e proclamar a chegada do Reino de Deus (Mt.10:7,8). Eles foram enviados com poder e autoridade para representar Jesus e seu Reino.
Uma parte importante da missão de Jesus era incluir e alcançar os marginalizados e os excluídos da sociedade, demonstrando o amor e a compaixão de Deus por todos. Ele interagiu com pecadores, cobradores de impostos, leprosos e outros considerados impuros, mostrando que o Reino de Deus está disponível para todos. A missão de Jesus culminou em seu sacrifício na cruz para a redenção da humanidade. Ele veio para dar sua vida como resgate por muitos (Mc.10:45), proporcionando a reconciliação com Deus e a salvação da condenação do pecado.
Enfim, os Evangelhos fornecem um modelo e uma base sólida para a compreensão da missão cristã. A Igreja é chamada a seguir os passos de Jesus, proclamando o Evangelho do Reino de Deus, fazendo discípulos e manifestando o amor e a compaixão divinos no mundo. A missão não é apenas um mandato, mas uma resposta ao amor e à graça de Deus, refletindo Seu caráter em nossa interação com a humanidade.
2. Nos Atos dos Apóstolos: os missionários Filipe e Pedro
Os Atos dos Apóstolos narram as atividades missionárias de alguns dos discípulos de Jesus Cristo após a sua ressurreição e ascensão. Entre esses discípulos, Filipe e Pedro se destacam como missionários essenciais na propagação do Evangelho no princípio da Igreja.
-Filipe é um dos sete diáconos escolhidos pela igreja para servir e cuidar das necessidades dos membros (Atos 6:5). No entanto, ele vai além de suas funções administrativas e se torna um evangelista fervoroso (Atos 21:8). Filipe é conhecido por sua pregação bem-sucedida e pelos milagres que realizou, incluindo a conversão de um etíope e a cura de muitos doentes (Atos 8:4:8; 20-40). Ele ilustra a importância de servir a comunidade e se dedicar à propagação da mensagem de Cristo, mesmo quando inicialmente designado para funções diferentes.
-Pedro, um dos discípulos mais proeminentes de Jesus, é um líder carismático e influente na igreja primitiva. Ele desempenha um papel fundamental em estabelecer as bases do cristianismo e é lembrado por sua pregação poderosa e por ser uma figura central na conversão de muitos (Atos 2:14-47; 10:34,35; 11:17,18). Sua coragem e convicção são evidentes nas histórias de suas interações com as autoridades e na sua disposição de enfrentar perseguições para propagar a fé cristã.
Esses dois missionários, Filipe e Pedro, exemplificam a diversidade de papéis e habilidades dentro da igreja em seus primórdios. Eles também demonstram a importância de se adaptar e responder às necessidades emergentes da igreja, bem como a necessidade de liderança forte e coragem para enfrentar os desafios que surgem ao pregar a mensagem de Cristo. Seus esforços e dedicação contribuíram significativamente para o crescimento e a expansão inicial do cristianismo.
3. Nos Atos dos Apóstolos: os missionários Paulo e Barnabé
Os missionários Paulo e Barnabé são figuras centrais nos Atos dos Apóstolos e desempenharam papéis significativos na propagação do evangelho no primeiro século da Igreja, contribuindo de maneira fundamental para a expansão da fé cristã.
-Paulo, inicialmente conhecido como Saulo, era um fariseu zeloso que perseguia os seguidores de Jesus. No entanto, sua vida foi transformada após uma experiência extraordinária em que teve um encontro com Jesus Cristo. Ele se tornou um dos apóstolos mais proeminentes, viajando extensivamente para pregar o evangelho, estabelecer comunidades cristãs e escrever uma grande parte do Novo Testamento. De perseguidor dos cristãos, ele se tornou o apóstolo dos gentios (Atos 9:15,16; 3:8; 1Tm.2:7; Tt.2:11). Suas viagens missionárias foram marcadas por seu amor e dedicação inabalável para compartilhar a mensagem de Jesus, independentemente dos desafios e perigos que enfrentava.
-Barnabé, cujo nome significa "filho de encorajamento", foi um companheiro próximo de Paulo. Ele desempenhou um papel vital ao apoiar Paulo em sua conversão e em suas atividades missionárias posteriores. Barnabé também era conhecido por sua generosidade e espírito encorajador, qualidades essenciais para fortalecer a fé e a comunidade cristã. Juntos, Paulo e Barnabé realizaram várias jornadas missionárias, enfrentando adversidades, pregando em diversas cidades e estabelecendo igrejas.
Uma das jornadas missionárias mais notáveis foi a primeira, onde Paulo e Barnabé foram enviados pela Igreja de Antioquia. Aliás, esta é considerada a primeira igreja missionária de natureza gentílica (Atos 13:1-4). Durante essa viagem, eles pregaram em Chipre e na Ásia Menor, enfrentando desafios e perseguições, mas também experimentando a conversão de muitas pessoas à fé cristã.
O trabalho missionário de Paulo e Barnabé não apenas expandiu a igreja, mas também influenciou profundamente a teologia e a prática do cristianismo no início da igreja. Eles defendiam a mensagem de que a salvação estava disponível para todos - judeus e gentios-, por meio da fé em Jesus Cristo. Sua dedicação e coragem para espalhar essa mensagem tiveram um impacto duradouro no desenvolvimento e na propagação do cristianismo.
III. A MISSÃO CUMPRIDA NAS CARTAS E NO APOCALIPSE
1. Nas Cartas Paulinas
Paulo foi chamado por uma visão de Jesus Cristo a ser o "apóstolo dos gentios", encarregado de levar a mensagem do evangelho não apenas aos judeus, mas também aos não-judeus (gentios). Ele viajou extensivamente pelo Império Romano, enfrentando desafios, perseguições e adversidades para proclamar a mensagem de salvação por meio de Jesus Cristo. Ele frequentemente menciona em suas Cartas o alcance significativo de sua missão evangelizadora, fundando igrejas, ensinando, batizando e fortalecendo os crentes.
Exemplos notáveis incluem a Carta aos Romanos, onde Paulo expressa seu desejo de pregar o evangelho em Roma (Rm.1:15), e suas Cartas às igrejas em Corinto, onde ele se refere à extensão de sua pregação e ao número de pessoas que ele havia alcançado com a mensagem do evangelho.
No entanto, mesmo com a sensação de "missão cumprida", Paulo também enfatiza a necessidade contínua de manter e fortalecer as igrejas que ele ajudou a estabelecer. Ele fornece orientações teológicas e éticas, corrige problemas e dissensões e oferece encorajamento para que os crentes perseverem na fé e no serviço cristão. A Carta aos Efésios, por exemplo, traz a unidade da igreja a partir da queda “do muro da separação” entre judeus e gentios por meio de Jesus Cristo (Ef.2:14). As Cartas a Timóteo e a Tito lidam especificamente com qualificações para a vocação de novos líderes das igrejas plantadas, como dirigir os assuntos de uma Igreja Local.
Mesmo com a sensação de “missão cumprida”, Paulo continuou a escrever e a se envolver com as igrejas que fundou, mesmo enquanto enfrentava desafios e perseguições até o fim de sua vida. Ele se dedicou ao máximo para cumprimento de sua vocação apostólica e ao avanço do evangelho de Jesus Cristo.
2. Nas Cartas Gerais
As Cartas ou Epístolas Gerais na Bíblia são as oito cartas do Novo Testamento que não foram escritas pelo apóstolo Paulo. São elas: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João, e Judas. Estas Cartas oferecem importantes perspectivas sobre a missão evangelizadora no princípio da Igreja e fornecem orientações para a propagação da fé em Cristo e a vida cristã.
As Cartas Gerais reiteram o chamado dos crentes para evangelizar e testemunhar a sua fé em Jesus Cristo. Elas incentivam os cristãos a compartilhar o evangelho com amor e compaixão, vivendo no mundo de acordo com os princípios cristãos e, assim, influenciando outros a se aproximarem de Jesus Cristo, o Salvador.
As Cartas Gerais também enfatizam a importância de viver uma vida cristã autêntica e prática, refletindo a fé por meio de ações e relacionamentos. Elas instruem sobre a necessidade de amar o próximo, viver em harmonia, praticar a justiça e demonstrar compaixão; todos estes elementos cruciais para uma evangelização eficaz. Essas Cartas também alertam contra influências negativas e falsas doutrinas que podem desviar os crentes do caminho da verdade. Elas instam os fiéis a se manterem firmes na fé e a discernir cuidadosamente as doutrinas para garantir que sua evangelização seja genuína e alinhada com o ensinamento de Jesus Cristo.
A ideia de perseverança e resistência é uma temática frequente nas Cartas Gerais. Os autores incentivam os cristãos a permanecerem firmes na fé em face de desafios, perseguições e tentações, confiando em Deus e na promessa da vida eterna. Isso é essencial para a missão evangelizadora, pois demonstra a autenticidade da fé cristã mesmo em tempos difíceis.
Nestas Cartas, a unidade e a comunhão dentro da igreja local são destacadas como fundamentais para uma eficaz missão evangelizadora. Os autores enfatizam que a coesão entre os crentes, a preocupação mútua e a vivência do amor cristão são testemunhos poderosos que atraem outros para a fé em Cristo Jesus.
Enfim, as Cartas Gerais fornecem orientações essenciais aos cristãos sobre como abordar a missão evangelizadora de maneira ética, amorosa e eficaz. Elas enfatizam a importância de viver uma vida cristã autêntica, compartilhar o evangelho com amor e enfrentar desafios com fé e perseverança, promovendo a expansão do Reino de Deus.
3. No Apocalipse
O Livro do Apocalipse, o último livro do Novo Testamento, é um texto profético e simbólico que oferece uma visão apocalíptica do futuro. Embora não seja um relato direto de missão evangelizadora como visto em outras partes do Novo Testamento, o Apocalipse contém elementos que se relacionam com a missão da igreja e a proclamação da mensagem de Cristo. Como, por exemplos:
a) Apelo à Perseverança e Fidelidade. O Apocalipse contém mensagens dirigidas às sete igrejas da Ásia Menor, exortando os crentes a permanecerem fiéis a Jesus Cristo, mesmo em face da perseguição e das provações. Isso pode ser visto como um apelo à continuação da missão evangelizadora, apesar das dificuldades e oposições.
b) Testemunho e Martírio. O livro destaca o testemunho e o martírio dos fiéis que permaneceram firmes em sua fé, mesmo até a morte. Essas narrativas de fidelidade até o fim podem ser vistas como exemplos de uma missão evangelizadora cumprida, onde a fé é mantida e proclamada mesmo em meio à perseguição.
c) Visão da Vitória Final. O Apocalipse pinta uma imagem de vitória final para o Reino de Deus e a igreja. A visão do novo céu e nova terra, a derrota de Satanás e a justiça final demonstram o cumprimento último da missão evangelizadora, onde Jesus é o grande vencedor sobre satanás juntamente com a Sua Igreja, e a justiça é restaurada.
d) Chamado à Conversão. Em várias passagens, o Apocalipse chama os não crentes ao arrependimento e à conversão, apresentando uma última oportunidade para aceitar a mensagem de Jesus Cristo e se voltar para Deus. Isso reflete o aspecto evangelizador da obra, mesmo em um contexto apocalíptico.
e) Proclamação da Soberania de Deus. O Apocalipse proclama a soberania de Deus sobre todas as coisas e enfatiza que, no final, Deus triunfará sobre o mal e estabelecerá seu Reino de justiça. Esse entendimento da soberania de Deus pode servir como uma base para a missão evangelizadora, encorajando os crentes a compartilhar a mensagem de esperança e salvação.
Portanto, embora o Livro do Apocalipse seja principalmente um relato profético sobre o futuro, ele contém elementos que refletem o chamado à fidelidade, perseverança e testemunho dos crentes, contribuindo indiretamente para a compreensão da missão evangelizadora e o cumprimento final do propósito de Deus.
CONCLUSÃO
O Novo Testamento revela de forma clara e poderosa o plano divino para a redenção da humanidade caída através da missão sublime e redentora. Deus, em Sua infinita graça e amor, enviou Seu único Filho, que, mediante o Seu sacrifício vicário na cruz, resgatou a humanidade do pecado, abrangendo pessoas de todas as etnias, línguas, culturas e nações. Visto que a essência das Missões se origina no próprio coração de Deus, ela deve ser inerente àqueles que verdadeiramente amam e valorizam a missão.