SISTEMA DE RÁDIO

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O BANQUETE DE ESTER: DENÚNCIA E LIVRAMENTO

 

Texto Base: Ester 7:1-10

“Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo quanto quer o inclina” (Provérbios 21:1).

Ester 7:

1.Vindo, pois, o rei com Hamã, para beber com a rainha Ester,

2.disse também o rei a Ester, no segundo dia, no banquete do vinho: Qual é a tua petição, rainha Ester? E se te dará. E qual é o teu requerimento? Até metade do reino se fará.

3.Então, respondeu a rainha Ester e disse: Se, ó rei, achei graça aos teus olhos, e se bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida como minha petição e o meu povo como meu requerimento.

4.Porque estamos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e lançarem a perder; se ainda por servos e por servas nos vendessem, calar-me-ia, ainda que o opressor não recompensaria a perda do rei.

5. Então, falou o rei Assuero e disse à rainha Ester: Quem é esse? E onde está esse cujo coração o instigou a fazer assim?

6.E disse Ester: O homem, o opressor e o inimigo é este mau Hamã. Então, Hamã se perturbou perante o rei e a rainha.

7.E o rei, no seu furor, se levantou do banquete do vinho para o jardim do palácio; e Hamã se pôs em pé, para rogar à rainha Ester pela sua vida; porque viu que já o mal lhe era determinado pelo rei.

8.Tornando, pois, o rei do jardim do palácio à casa do banquete do vinho, Hamã tinha caído prostrado sobre o leito em que estava Ester. Então, disse o rei: Porventura, quereria ele também forçar a rainha perante mim nesta casa? Saindo essa palavra da boca do rei, cobriram a Hamã o rosto.

9.Então, disse Harbona, um dos eunucos que serviam diante do rei: Eis que também a forca de cinquenta côvados de altura que Hamã fizera para Mardoqueu, que falara para bem do rei, está junto à casa de Hamã. Então, disse o rei: Enforcai-o nela.

10.Enforcaram, pois, a Hamã na forca que ele tinha preparado para Mardoqueu. Então, o furor do rei se aplacou.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição, estudaremos sobre o tema: "O Banquete de Ester: Denúncia e Livramento". Este foi um momento crucial na história dos judeus no império persa. A rainha Ester, demonstrando coragem e sabedoria, preparou um banquete ao qual convidou o rei Assuero e Hamã. Durante esse banquete, Ester revelou ao rei o plano maligno de Hamã para exterminar os judeus. A revelação provocou a ira do rei Assuero, levando à queda e execução de Hamã, irônica e justamente, na forca que ele havia preparado para Mardoqueu. Destacaremos a maneira como Deus interveio para proteger Seu povo, punindo o ódio, a perversidade e a injustiça. Ao estudarmos estes eventos, veremos como a providência divina e o cuidado amoroso de Deus se manifestam em tempos de grande necessidade, trazendo livramento e justiça.

I. O BANQUETE E A DENÚNCIA

1. A instabilidade de Hamã

Hamã, o poderoso ministro do rei Assuero, experimentou um dia de reviravoltas extremas que expuseram sua instabilidade emocional e moral. Sua jornada começou com a resolução firme de obter a ordem de enforcamento de Mardoqueu. Hamã estava convencido de que seu status e proximidade com o rei lhe garantiriam facilmente esse desejo sombrio. No entanto, o destino lhe reservou um papel humilhante: conduzir Mardoqueu, o mesmo homem que ele queria morto, pelas ruas de Susã, puxando o cavalo do rei, em uma demonstração pública de honra (Ester 6:11). Este evento deve ter abalado profundamente a confiança e a soberba de Hamã.

Ao retornar para casa, Hamã buscou consolo, mas encontrou mais angústia. Seus amigos e sua esposa, Zeres, pressagiaram sua queda iminente, reconhecendo que ele não prevaleceria contra Mardoqueu, se este fosse de fato judeu (Ester 6:13). Este mau prenúncio intensificou sua instabilidade emocional, levando-o a um estado de desespero e confusão.

Para agravar ainda mais sua situação, enquanto ainda processava os eventos do dia, Hamã foi apressadamente levado pelos servos do rei ao banquete preparado por Ester (Ester 6:14). Nesse banquete, ele estava ciente de que algo significativo estava por vir, mas incapaz de prever o desfecho. A mudança brusca de ser um favorecido do rei para um homem em profunda crise, prestes a enfrentar acusações graves, deixou Hamã profundamente perturbado.

A instabilidade de Hamã revela como a arrogância e o ódio podem levar à queda de uma pessoa. Seu dia, que começou com intenções malignas e confiança excessiva, terminou em humilhação e pavor.

Esse episódio sublinha a importância da humildade e da justiça, mostrando que, independentemente do poder e da posição, aqueles que tramam o mal contra os outros podem enfrentar consequências devastadoras. Deus, na Sua providência, utiliza até os planos dos ímpios para realizar Seus propósitos e proteger Seu povo, como demonstrado na vida de Mardoqueu e na queda de Hamã.

2. O banquete do vinho

O consumo de vinho era uma prática comum em celebrações e eventos sociais, e não seria diferente no contexto do reino da Pérsia. Desta feita, o banquete preparado por Ester para Assuero e Hamã, conhecido como "banquete do vinho" (Ester 7:2), não era uma festa desconhecida. Porém, esta prática, embora culturalmente aceita, é vista de forma crítica em várias passagens do Antigo Testamento devido aos perigos e males associados ao consumo excessivo de álcool.

No Antigo Testamento, o vinho é frequentemente associado a situações de descontrole e pecado. Após o dilúvio, Noé plantou uma vinha, embriagou-se e ficou exposto em sua tenda, resultando em uma maldição sobre seu neto, Canaã (Gênesis 9:20-27). A embriaguez de Ló, induzida por suas filhas, levou a um incesto que resultou na origem dos moabitas e amonitas (Gênesis 19:31-38). Esses relatos exemplificam as consequências devastadoras do abuso de álcool.

Provérbios também adverte sobre os perigos do vinho, destacando que ele pode levar à violência, à falta de autocontrole e à miséria (Provérbios 20:1; 23:29-35).

Os sacerdotes levíticos eram proibidos de consumir vinho durante o serviço no tabernáculo para assegurar que permanecessem santos e separados do profano (Levítico 10:8-11). Esta restrição sublinha a importância da sobriedade e da clareza de mente em tarefas sagradas. Além disso, o voto do nazireado exigia abstinência total do vinho, representando uma dedicação especial a Deus (Números 6:2-4).

Um exemplo notável de abstinência é encontrado nos recabitas, uma família que se absteve totalmente de vinho em obediência às instruções de seu antepassado Jonadabe, filho de Recabe. Por sua fidelidade, Deus os honrou e prometeu que sempre teriam descendentes que serviriam a Ele (Jeremias 35:6-19).

O Novo Testamento também adverte contra a embriaguez, aconselhando os crentes a encherem-se do Espírito Santo em vez de se embriagarem com vinho (Efésios 5:18). Este contraste sugere que a vida no Espírito é marcada por autocontrole e santidade, ao contrário do descontrole associado ao consumo excessivo de álcool.

Paulo aconselha a evitar toda aparência do mal (1Tessalonicenses 5:22) e enfatiza que nada deve dominar o crente além do Espírito Santo (1Coríntios 6:12). Pedro exorta os crentes a serem santos em todas as suas condutas, conforme o chamado de Deus à santidade (1Pedro 1:15).

3. “Qual é a tua petição?”

Assuero estava ansioso para descobrir o que afligia Ester, especialmente porque ela se arriscou ao comparecer em sua presença sem ser chamada e, durante o primeiro banquete, manteve o motivo de sua aflição em suspense. Essa combinação de risco pessoal e mistério certamente fez com que Assuero percebesse a gravidade da situação. Por isso, ele estava determinado a atender a qualquer pedido que Ester fizesse, demonstrando sua disposição ao perguntar novamente: “Qual é a tua petição, rainha Ester? [...]Qual é o teu requerimento? Até a metade do reino se fará” (Ester 7:2).

Nesse momento crítico, o coração de Ester provavelmente estava acelerado. Ela estava na presença do rei e de Hamã, o inimigo mortal dos judeus. Ester tinha que ser firme e clara em sua declaração. Demonstrando coragem e determinação, ela revelou a trama maligna de Hamã contra seu povo, expondo sua verdadeira intenção de exterminar os judeus (Ester 7:3-6).

A postura de Ester é um exemplo de sabedoria e compostura. Ela não apenas teve a coragem de se apresentar diante do rei sem ser convocada, mas também soube esperar o momento certo para expor a verdade. Ester agiu com a sabedoria e a virtude de uma mulher que sabia “[abrir] a boca com sabedoria” e manter sua dignidade (Provérbios 31:26).

A história de Ester destaca a importância da sabedoria e da coragem na luta contra a injustiça. Ester usou sua posição e influência de maneira sábia e corajosa, enfrentando um inimigo poderoso para salvar seu povo. Sua determinação e confiança em Deus foram fundamentais para a revelação do plano maligno de Hamã e a subsequente proteção dos judeus. Esta narrativa nos ensina sobre a força e a virtude necessárias para enfrentar desafios e lutar pela justiça, confiando na providência divina em todos os momentos.

II. A FÚRIA DO REI CONTRA A INJUSTIÇA

1. A revelação do plano

Ester, com firmeza e clareza, detalhou ao rei o plano maligno que ameaçava sua vida e a de seu povo. Ela explicou que tanto ela quanto os judeus estavam condenados à destruição - “Porque estamos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e lançarem a perder” (Ester 7:4). Ester sublinhou o absurdo da conspiração de Hamã, que visava o extermínio de toda uma raça. Comparou essa situação à venda de pessoas como escravos, uma prática comum na época, mas enfatizou que, se fosse apenas uma questão de escravidão, ela não teria incomodado o rei.

Ao expor o plano, Ester tocou no coração do rei, mostrando a injustiça e a crueldade da trama. Sua habilidade em comunicar a gravidade da situação e o impacto pessoal que isso teria sobre ela foi crucial. Ester não apenas defendia seu povo, mas também apelava ao senso de justiça do rei, destacando a insensatez e a desumanidade do decreto.

A revelação de Ester foi um momento decisivo, demonstrando sua sabedoria e coragem. Ela soube esperar o momento certo para falar e fez isso de maneira que não apenas salvou seu povo, mas também expôs a verdadeira natureza de Hamã ao rei. Este ato de bravura e perspicácia destaca a importância de usar a sabedoria e a firmeza para enfrentar a injustiça e defender o que é certo. A história de Ester nos ensina que, com fé e coragem, podemos enfrentar grandes desafios e fazer a diferença em situações críticas.

2. Quem fez isso?

A pergunta de Assuero — "Quem fez isso?" — pode parecer estranha, dado que o decreto havia sido assinado em seu nome (Ester 3:12,13). No entanto, não é incomum que líderes governamentais, ou mesmo pais, desconheçam detalhes de ações tomadas sob sua autoridade. Assuero, possivelmente, não estava ciente da gravidade do decreto ou que ele afetava diretamente a rainha, já que ele não sabia que Ester era judia (Ester 2:10). Além disso, Hamã havia sido investido com amplos poderes, e o rei pode ter confiado nele sem questionar seus motivos ou ações.

A surpresa do rei poderia também derivar da revelação do envolvimento do povo da rainha. Assuero amava Ester (Ester 2:17) e a descoberta de que o decreto afetava diretamente a mulher que ele amava mudou drasticamente sua perspectiva. A concessão de poderes a Hamã, sem a devida supervisão, levou a uma situação extrema que agora exigia correção imediata. Hamã, ao aproveitar-se do poder conferido, foi longe demais, e sua tentativa de exterminar os judeus revelou-se uma afronta pessoal ao rei.

A situação também ressalta a importância de limites e respeito mútuo em qualquer grupo social, incluindo famílias. A convivência saudável exige que cada indivíduo respeite os direitos dos outros e não abuse de autoridade ou poder. Hamã, ao ultrapassar esses limites, trouxe ruína sobre si mesmo, um exemplo claro de como o abuso de poder e a falta de consideração pelos outros podem resultar em consequências devastadoras.

Em qualquer contexto, seja governamental ou familiar, a comunicação clara e a supervisão responsável são essenciais para evitar abusos e garantir que todas as ações tomadas estejam alinhadas com os valores e objetivos compartilhados. A história de Hamã e Assuero nos ensina que a confiança cega sem questionamentos pode levar a grandes injustiças, e que a intervenção oportuna e justa é crucial para restaurar a ordem e a justiça.

3. A terrível reação do rei

Assuero, ao compreender a magnitude da injustiça contra os judeus, povo de sua rainha, teve uma reação terrível. Ester, com firmeza, identificou Hamã como o responsável: "O homem, o opressor e o inimigo é este mau Hamã" (Ester 7:6). No momento certo, Deus capacitou Ester a “[erguer] a voz em favor dos que não podem se defender” (Pv.31:8). Ester não agiu precipitadamente ou de forma temerária, nem instigou motim ou violência, mas confiou em Deus e esperou o momento oportuno para agir (2Co.10:4).

Assuero, furioso com a revelação, levantou-se do banquete e foi para o jardim do palácio (Ester 7:7). Enquanto isso, Hamã, em pânico, se lançou sobre o assento de Ester, implorando por misericórdia. Quando o rei retornou e viu Hamã nessa posição, interpretou erroneamente a situação, pensando que Hamã estava tentando desonrar a rainha na sua presença (Ester 7:8). Essa interpretação só agravou a situação de Hamã, que já estava em desespero total.

Ester demonstrou grande sabedoria e coragem ao denunciar Hamã no momento certo. Sua abordagem foi estratégica, refletindo sua confiança em Deus e sua habilidade em manejar uma situação delicada. Assuero, ao perceber a gravidade da situação, reagiu com ira, mostrando que a injustiça cometida contra os judeus era intolerável para ele, especialmente por afetar diretamente sua amada rainha.

A história de Ester e Assuero ressalta a importância de agir com sabedoria e confiança em Deus, mesmo diante de grandes injustiças. Ela nos ensina que Deus pode nos capacitar a falar e agir no momento certo, defendendo os oprimidos e trazendo justiça. Além disso, mostra que a precipitação e o abuso de poder, como no caso de Hamã, levam inevitavelmente à ruína.

III. O GRANDE LIVRAMENTO

1. A história da forca chegou ao palácio

A reação física e verbal de Assuero fez seus servos entenderem que a morte de Hamã estava decretada (Pv.20:2). Quando o rei, já furioso, viu Hamã deitado junto à rainha, seu furor redobrou. Os servos imediatamente cobriram o rosto de Hamã, sinalizando sua sentença de morte. O véu era colocado sobre a face da pessoa condenada à morte, pois os reis persas se recusavam a olhar o rosto da pessoa condenada.

A história da forca, preparada no dia anterior, já havia chegado ao palácio. Nada fica oculto (Lc.12:2). Um dos eunucos, Harbona, mencionou a forca que Hamã havia preparado para Mardoqueu, acrescentando que ela tinha cinquenta côvados de altura – cerca de vinte e dois metros. Embora não se saiba exatamente por que Hamã teria preparado uma forca tão alta, é possível que ele quisesse promover um espetáculo público, exibindo sua vingança de maneira grandiosa e humilhante para Mardoqueu.

A providência divina agiu, revertendo os planos malignos de Hamã. O instrumento de morte que ele havia preparado para seu inimigo acabou sendo usado para sua própria execução. Isso demonstra que Deus não deixa impunes aqueles que tramam o mal contra o Seu povo. A justiça divina prevalece, mesmo quando tudo parece conspirar contra os justos. Essa história é um poderoso lembrete de que Deus está no controle e que Ele reverte situações em favor daqueles que confiam Nele.

2. Os ventos mudaram

Até aquele dia, à exceção de Mardoqueu, todos os servos de Assuero se inclinavam e se prostravam diante de Hamã. No entanto, é possível que Hamã não fosse tão querido assim na corte. Bastou uma oportunidade para que um dos oficiais do rei, Harbona, sugerisse a execução de Hamã, informando a Assuero sobre a forca que ele havia preparado para Mardoqueu.

Em ambientes de poder, muitas vezes prevalece um sistema de conveniência, onde mudar de lado se torna fácil quando as circunstâncias mudam. Harbona, que pode ter sido parte do grupo que denunciou Mardoqueu a Hamã (Ester 3:3,4), mostrou-se perspicaz ao sugerir a forca para seu ex-superior. Ele não apenas informou ao rei sobre a existência da forca, mas também fez uma insinuação explícita ao mencionar que Mardoqueu era aquele que “falara para bem do rei” (Ester 7:9).

A sugestão de Harbona foi sutil, mas poderosa, destacando a lealdade de Mardoqueu ao rei e o contraste com as intenções maliciosas de Hamã. Assuero imediatamente acatou a sugestão, ordenando que Hamã fosse enforcado na mesma forca que ele havia preparado para Mardoqueu. Provérbios 26:27 ensina que se uma pessoa fizer uma armadilha para outra, ela própria nela cairá.

Essa reviravolta mostra como as alianças e lealdades podem mudar rapidamente em ambientes de poder. Também destaca a justiça divina, que não deixa impunes aqueles que tramam o mal contra os justos. O plano maligno de Hamã acabou se voltando contra ele, e a justiça prevaleceu, reforçando a ideia de que Deus está no controle e pode transformar situações adversas em favor daqueles que confiam Nele.

CONCLUSÃO

Nesta lição, estudamos como Ester, com coragem e sabedoria, revelou ao rei Assuero o plano maligno de Hamã durante o banquete. Este ato de denúncia resultou no livramento dos judeus e na execução de Hamã na forca que ele havia preparado para Mardoqueu. A história ilustra a justiça divina, mostrando que Deus pune o ódio, a perversidade e a injustiça, enquanto cuida amorosamente de Seu povo. O episódio ensina a importância de confiar em Deus, agir com sabedoria e coragem, e destaca que o mal não prevalece contra aqueles que Deus protege.

A HUMILHAÇÃO DE HAMÃ E A HONRA DE MARDOQUEU

 

Texto Base: Ester 6:1-14

“E Hamã tomou a veste e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o levou a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!” (Ester 6:11).

Ester 6:

1.Naquela mesma noite, fugiu o sono do rei; então, mandou trazer o livro das memórias das crônicas, e se leram diante do rei.

2.E achou-se escrito que Mardoqueu tinha dado notícia de Bigtã e de Teres, dois eunucos do rei, dos da guarda da porta, de que procuraram pôr as mãos sobre o rei Assuero.

3.Então, disse o rei: Que honra e galardão se deu por isso a Mardoqueu? E os jovens do rei, seus servos, disseram: Coisa nenhuma se lhe fez.

4.Então, disse o rei: Quem está no pátio? E Hamã tinha entrado no pátio exterior do rei, para dizer ao rei que enforcassem a Mardoqueu na forca que lhe tinha preparado.

5.E os jovens do rei lhe disseram: Eis que Hamã está no pátio. E disse o rei que entrasse.

6.E, entrando Hamã, o rei lhe disse: Que se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada? Então, Hamã disse no seu coração: De quem se agradará o rei para lhe fazer honra mais do que a mim?

7.Pelo que disse Hamã ao rei: Quanto ao homem de cuja honra o rei se agrada,

8.traga a veste real de que o rei se costuma vestir, monte também o cavalo em que o rei costuma andar montado, e ponha-se-lhe a coroa real na sua cabeça;

9.e entregue-se a veste e o cavalo à mão de um dos príncipes do rei, dos maiores senhores, e vistam dele aquele homem de cuja honra se agrada; e levem-no a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoe-se diante dele: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!

10.Então, disse o rei a Hamã: Apressa-te, toma a veste e o cavalo, como disseste, e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que está assentado à porta do rei; e coisa nenhuma deixes cair de tudo quanto disseste.

11.E Hamã tomou a veste e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o levou a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!

12.Depois disso, Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se retirou correndo a sua casa, angustiado e coberta a cabeça.

13.E contou Hamã a Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos tudo quanto lhe tinha sucedido. Então, os seus sábios e Zeres, sua mulher, lhe disseram: Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da semente dos judeus, não prevalecerás contra ele; antes, certamente cairás perante ele.

14.Estando eles ainda falando com ele, chegaram os eunucos do rei e se apressaram a levar Hamã ao banquete que Ester preparara.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição trataremos de dois eventos significativos no livro de Ester: a humilhação de Hamã e a honra de Mardoqueu. Esses acontecimentos evidenciam a providência divina e a justiça de Deus. A narrativa começa com a insônia do rei Assuero que, ao revisar os registros do reino, se lembra da lealdade de Mardoqueu ao revelar uma conspiração contra sua vida. Em contraste, a arrogância e a ambição desmedida de Hamã são expostas quando ele, erroneamente, presume que o rei deseja honrá-lo, mas enfrenta uma humilhação pública ao ter que enaltecer Mardoqueu. Esta lição destaca a importância da humildade, uma virtude que agrada a Deus e é recompensada por Ele, enquanto a soberba e a vaidade levam à queda. Ao refletirmos sobre esses eventos, somos lembrados do valor da integridade e da confiança na justiça divina.

I. O REI SE LEMBRA DA BOA AÇÃO DE MARDOQUEU

1. Uma noite decisiva

Enquanto o rei Assuero se retirava para seus aposentos após o banquete oferecido por Ester, Hamã saía cheio de júbilo, sentindo-se prestigiado tanto pelo rei quanto pela rainha. No entanto, sua exultação rapidamente se transformou em fúria ao avistar Mardoqueu, que permanecia impassível e não lhe prestava nenhuma reverência (Ester 5:9). A presença indiferente de Mardoqueu despertou em Hamã um ódio incontrolável. Apesar de sua ira, Hamã se conteve temporariamente e foi desabafar com seus amigos e sua esposa, Zeres. Ele revelou que toda sua riqueza e alta posição no reino eram insuficientes enquanto Mardoqueu continuasse vivo e não lhe prestasse respeito.

Planejando a vingança

O conselho de Zeres e dos amigos de Hamã foi pragmático e cruel: construir uma forca de 25 metros de altura e pedir ao rei, no dia seguinte, a execução de Mardoqueu (Ester 5:14). Satisfeito com o plano, Hamã foi dormir certo de que a morte de Mardoqueu estava iminente. Sua determinação em eliminar Mardoqueu antes do dia previsto para a matança dos judeus revela a profundidade de seu ódio. No entanto, enquanto Hamã planejava a destruição de Mardoqueu, algo extraordinário acontecia no palácio do rei.

Naquela noite, o rei Assuero não conseguia dormir (Ester 6:1). Este detalhe aparentemente trivial foi um ato de providência divina. Incapaz de descansar, o rei pediu que os registros do reino fossem lidos para ele. Durante a leitura, ele foi lembrado da lealdade de Mardoqueu, que havia exposto uma conspiração para assassinar o rei (Ester 2:21-23). Ao perceber que Mardoqueu não havia sido recompensado por sua boa ação, Assuero decidiu que era o momento de honrá-lo.

Reviravolta dramática

A insônia do rei Assuero foi uma intervenção divina crucial que desencadeou uma série de eventos inesperados. Enquanto Hamã dormia, seguro de sua vingança iminente, o rei planejava a honra de Mardoqueu. Na manhã seguinte, Hamã entrou no pátio do palácio para pedir a execução de Mardoqueu, sem saber que o destino estava prestes a mudar dramaticamente. Assuero, ao ver Hamã, perguntou-lhe como deveria honrar um homem que o rei desejava exaltar. Na presunção de que ele próprio era o destinatário da honra, Hamã sugeriu um tratamento grandioso, apenas para descobrir que seria ele mesmo a realizar essas honrarias para Mardoqueu (Ester 6:6-11). O início da derrota melancólica de Hamã estava iniciando.

Este episódio ressalta a soberania de Deus e Sua habilidade de virar situações aparentemente desesperadoras em favor dos Seus. A providência divina guiou cada detalhe, desde a insônia do rei até a lembrança da boa ação de Mardoqueu. A narrativa também sublinha a futilidade da arrogância e do ódio desmedido, exemplificados pela queda de Hamã. Em contraste, a integridade e a lealdade de Mardoqueu foram recompensadas de maneira surpreendente.

Aplicações contemporâneas

A história nos desafia a confiar na justiça divina e a manter nossa integridade, mesmo quando enfrentamos adversidades. Deus é capaz de usar as circunstâncias mais simples para realizar Seus propósitos. A arrogância, como a de Hamã, leva à queda, enquanto a humildade e a fidelidade, como a de Mardoqueu, são exaltadas. Esta lição nos lembra que Deus está no controle de todas as coisas e que Seu tempo e planos são perfeitos.

2. Forca ou honra

Na noite crucial narrada no livro de Ester, o destino de Mardoqueu estava sendo decidido por duas pessoas: Hamã e Assuero. Hamã, consumido pelo ódio, planejava erigir uma forca para executar Mardoqueu (Ester 5:14). Em contraste, o rei Assuero, após ser lembrado da boa ação de Mardoqueu ao expor uma conspiração contra ele, planejava honrá-lo (Ester 6:1-3). A questão que pairava era: qual desses planos prevaleceria? Esta situação ilustra a realidade de que, gostemos ou não, as ações e intenções das pessoas ao nosso redor podem ter consequências significativas em nossas vidas.

A importância dos relacionamentos interpessoais

Diante dessa realidade, é fundamental que nossos relacionamentos interpessoais estejam pautados no temor a Deus. A ética cristã ensina que a interdependência humana é essencial e que a autossuficiência, ou individualismo, é um estilo de vida antibíblico. A Bíblia nos instrui a "dar a cada um o que é devido" (Romanos 13:7), reconhecendo que ninguém se realiza plenamente sozinho, independente das pessoas ao seu redor. Esse reconhecimento é contrário ao individualismo moderno, que prega a autossuficiência.

O Novo Testamento contém inúmeros versículos que enfatizam a importância dos relacionamentos interpessoais com a expressão "uns aos outros". Por exemplo, Jesus ensina a seus discípulos a amarem uns aos outros como Ele os amou (João 13:34). Paulo exorta os cristãos a se encorajarem mutuamente (1Tessalonicenses 5:11), e Tiago instrui a confessarem os pecados uns aos outros e a orarem uns pelos outros (Tiago 5:16). Esses mandamentos destacam a interdependência dos cristãos e como Deus trabalha através dos relacionamentos humanos.

A providência Divina e a proteção de Deus

Coisas boas e ruins podem nos alcançar através das pessoas que nos cercam. No entanto, quando tememos a Deus, Ele é capaz de interceptar o mal e fazer com que a bênção nos alcance (Salmos 91:5-10). A maldição não atinge aqueles que são abençoados por Deus, como está claro na história de Balaão e Balaque, onde Balaão afirmou: "Como posso amaldiçoar quem Deus não amaldiçoou? Como posso denunciar quem o Senhor não quis denunciar?" (Números 23:8). Deus transformou a maldição planejada por Balaque em bênção para Israel (Deuteronômio 23:5), demonstrando que Sua proteção é eficaz contra qualquer plano maligno (Provérbios 26:2).

3. Cinco anos depois

Cinco anos haviam se passado desde que Mardoqueu revelara a conspiração contra Assuero, aparentemente caindo no esquecimento. Contudo, Deus, que governa sobre todas as coisas, inclusive a fisiologia humana, tirou o sono do rei naquela noite específica (Salmos 127:2). Sem conseguir dormir, Assuero mandou trazer e ler diante dele o livro de registros do reino (Ester 6:1). Entre tantos relatos de treze anos de reinado, a providência divina guiou a leitura exatamente para o trecho que mencionava o feito de Mardoqueu, que desmantelou a conspiração contra o rei. Esse momento crucial destaca a verdade das Escrituras: "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto" (Romanos 8:28).

Essa sincronia entre o esquecimento humano e a oportuna recordação divina ilustra como Deus orquestra eventos aparentemente triviais para cumprir Seus propósitos maiores. A leitura do registro no momento certo trouxe à memória do rei o feito heroico de Mardoqueu, que merecia ser honrado. Esse desenrolar dos acontecimentos foi essencial para frustrar os planos malignos de Hamã e exaltar Mardoqueu, demonstrando que nada escapa ao controle soberano de Deus.

A insegurança humana e a soberania Divina

A história de Mardoqueu nos lembra que, mesmo quando as boas ações parecem esquecidas pelos homens, elas nunca são esquecidas por Deus. Em tempos de aparente silêncio e espera, a providência divina está em ação, preparando o momento certo para trazer à luz o reconhecimento e a recompensa. Isso nos encoraja a confiar plenamente em Deus, sabendo que Ele vê e se lembra de todas as nossas ações, recompensando-nos no tempo certo.

II. HAMÃ É CHAMADO PARA HONRAR MARDOQUEU

1. Um ato de justiça

A leitura das crônicas naquela noite insone levou Assuero a lembrar-se de Mardoqueu e de sua heroica ação ao desmascarar uma conspiração contra o rei. Curioso sobre a recompensa dada a Mardoqueu, Assuero perguntou aos seus servos: “Que honra e recompensa Mardoqueu recebeu por isso?”. A resposta foi clara: “Coisa nenhuma se lhe fez” (Ester 6:3). A maneira como o rei se referiu diretamente ao nome de Mardoqueu indica que ele o conhecia bem e reconhecia a importância de seu ato.

Nesse momento crucial, vemos a providência divina em ação. Enquanto Assuero buscava uma forma de recompensar Mardoqueu, Hamã estava no pátio exterior do palácio, esperando uma oportunidade para pedir ao rei que permitisse enforcar Mardoqueu na forca que havia preparado. Hamã, dominado pelo ódio e pela vingança, não tinha ideia de que Deus estava prestes a virar o jogo de uma forma que ele nunca poderia prever.

A ironia divina é evidente quando Assuero pede a opinião de Hamã sobre a melhor forma de honrar um homem a quem o rei deseja exaltar, sem mencionar o nome de Mardoqueu. Hamã, presunçoso e pensando que o rei estava falando dele, sugeriu as maiores honras possíveis: vestir o homem com trajes reais, colocá-lo no cavalo do rei e conduzi-lo pelas ruas da cidade, proclamando sua honra (Ester 6:6-9).

A inversão do destino

Quando Assuero instruiu Hamã a fazer exatamente isso para Mardoqueu, a surpresa e o horror de Hamã devem ter sido imensos. O homem que ele planejava matar seria agora exaltado por sua própria mão. Hamã ia conduzir o cavalo no qual Mardoqueu, seu arqui-inimigo, estava montado. Parecia ironia do destino, mas não era; era Deus humilhando o inimigo e exaltando o seu servo (Mateus 23:12). Esse momento revela a verdade contida em Gênesis 50:20: “Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem”. A providência divina transformou os planos malignos de Hamã em uma ocasião de honra para Mardoqueu.

Essa passagem de Gênesis 50:20 nos ensina sobre a justiça e a soberania de Deus. Mesmo quando os justos são esquecidos pelos homens, Deus lembra e age no tempo certo. Ele pode usar até mesmo os inimigos para cumprir Seus propósitos e exaltar aqueles que O servem fielmente. A história de Mardoqueu e Hamã nos encoraja a confiar na justiça divina, sabendo que Deus trabalha todas as coisas para o bem daqueles que O amam (Romanos 8:28).

2. Presunção e autoconfiança

Hamã estava extasiado. A proposta do rei Assuero sobre honrar alguém que lhe agradava (Ester 6:6) encheu Hamã de presunção, levando-o a crer que ele próprio era o destinatário da honra. Este equívoco fez com que ele momentaneamente esquecesse sua sede de vingança contra Mardoqueu e a forca que havia preparado. Hamã é um exemplo clássico de alguém que precisa constantemente inflar seu ego para se sentir realizado, revelando um quadro profundamente doentio de narcisismo e autossuficiência.

A presunção de Hamã, achando-se digno de uma honra destinada a outro, é uma manifestação clara de soberba e orgulho. Este tipo de orgulho é um dos pecados mais antigos e perigosos, remontando à queda de Lúcifer, que em sua arrogância desejou ser igual a Deus (Isaías 14:13,14). Lúcifer não só caiu por causa de seu orgulho, mas também instilou esse mesmo sentimento na mente de Eva, levando-a a desobedecer a Deus (Gênesis 3:1-5). A Bíblia nos adverte repetidamente sobre os perigos do orgulho, afirmando que ele precede a ruína (Provérbios 16:18,19).

A humildade de Cristo como exemplo

Em contraste com a presunção de Hamã, somos chamados a seguir o exemplo de humildade de Cristo. Jesus, mesmo sendo Deus, não considerou o ser igual a Deus algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo (Filipenses 2:3-8). A humildade de Cristo nos liberta de ambições egoístas e nos ensina a considerar os outros superiores a nós mesmos. Este espírito de humildade nos protege do orgulho destrutivo e nos guia para um relacionamento saudável com Deus e com os outros.

A fonte verdadeira de alegria

Ao invés de condicionar nossas emoções ao reconhecimento humano ou às circunstâncias momentâneas, devemos buscar a alegria verdadeira no Senhor. Jesus nos oferece uma alegria completa e duradoura (João 15:11). Paulo exorta os cristãos a se regozijarem sempre no Senhor (Filipenses 4:4-7) e Pedro exorta-nos a lançar sobre Jesus todas as nossas ansiedades (1Pedro 5:7). Esta confiança em Deus nos fortalece contra a necessidade de aprovação externa e nos mantém firmes em meio às adversidades.

3. O devido lugar de honra

O rei Assuero perguntou: "Que se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada?" (Ester 6:6). Hamã, cheio de presunção, achou que o rei se referia a ele e sugeriu que o homem fosse vestido com a veste real, montasse o cavalo do rei, recebesse a coroa real e fosse conduzido por um dos maiores príncipes do rei, com uma proclamação pública: "Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!" (Ester 6:6-9). O rei imediatamente acatou a sugestão, mas Hamã não imaginava que o honrado seria Mardoqueu e que ele próprio teria que conduzi-lo pela cidade (Ester 6:10,11). Esta reviravolta deixou Hamã furioso e profundamente envergonhado (Ester 6:12).

Alegrar-se com a honra alheia

Devemos nos alegrar quando alguém é honrado. Incomodar-se com a honra alheia pode ser uma expressão de orgulho e inveja. A Bíblia nos ensina a honrar os que são dignos de honra, pois isso agrada a Deus (1Pedro 2:17; 1Tessalonicenses 5:12,13). Honra genuína não deve ser confundida com bajulação. É uma virtude reconhecer e celebrar as conquistas e virtudes dos outros, pois isso reflete um coração puro e humilde.

A humildade de Mardoqueu

Apesar da grande honra recebida, Mardoqueu voltou para a porta do rei (Ester 6:12). Sua reação demonstra uma humildade exemplar. A verdadeira honra não deve nos desviar de nossos deveres e responsabilidades. Honras efêmeras podem facilmente inflar nosso ego e nos fazer perder de vista nosso verdadeiro propósito. Manter os pés no chão e continuar servindo fielmente é uma característica dos verdadeiramente honrados.

III. A SÍNDROME DE IMPERADOR

1. A soberba de Hamã

Quando Hamã sugeriu ao rei Assuero como deveria ser honrado o homem de cuja honra o rei se agrada, ele revelou seu desejo de ser tratado como um imperador. Hamã queria a roupa de rei, o cavalo de rei e a coroa de rei (Ester 6:8). Este desejo desenfreado de honra e poder é uma clara manifestação de soberba e presunção. A síndrome de imperador, onde alguém deseja ser tratado como um monarca absoluto, é um problema antigo que ainda se manifesta em diferentes contextos hoje.

Síndrome de imperador nas famílias e o papel dos pais

Atualmente, a "síndrome do imperador" tem sido identificada em adolescentes e jovens. Esses jovens se comportam de maneira egocêntrica, reinam dentro e fora de casa, ditam as regras e exigem o que querem. Essa atitude pode ser resultado de uma educação permissiva e falta de limites claros. Sem correção adequada, esses filhos podem chegar à vida adulta como Hamã, cheios de soberba e presunção (Provérbios 23:13-14; 29:15,17,23; 30:17). É crucial que os pais entendam a importância da disciplina e do ensino dos valores corretos desde cedo.

Deus deseja que tenhamos famílias saudáveis, onde a disciplina e o amor coexistem em harmonia (Salmos 127:1-5; 128:1-6). Os pais têm um papel fundamental em guiar seus filhos com amor responsável, dedicando tempo de qualidade e vivendo em constante vigilância e oração (Hebreus 12:7-9; Jó 1:5; Salmos 144:12). A correção, quando feita com amor e sabedoria, é uma forma de demonstrar cuidado e preparar os filhos para uma vida de humildade e serviço.

Prevenindo a síndrome de imperador

Para prevenir a síndrome do imperador, é essencial que os pais:

a)   Estabeleçam limites claros. Crianças precisam de limites para entender o que é aceitável e o que não é. Esses limites devem ser consistentes e justos.

b)   Modelem comportamentos humildes. Os pais devem ser exemplos de humildade e serviço. As crianças aprendem observando os adultos ao seu redor.

c)   Encorajem a empatia. Ensinar as crianças a se colocarem no lugar dos outros ajuda a combater o egocentrismo.

d)   Promovam a responsabilidade. As crianças devem aprender a assumir responsabilidades adequadas à sua idade, desenvolvendo um senso de dever e cooperação.

e)   Dedicação de tempo de qualidade. O tempo de qualidade com os filhos fortalece os laços familiares e permite que os pais ensinem valores importantes de forma natural.

2. Um mau prenúncio

Depois de ser humilhado ao honrar Mardoqueu, Hamã voltou para casa arrasado. Ele esperava encontrar consolo na sua esposa e amigos, mas o que recebeu foi uma advertência ainda mais desalentadora. Eles declararam: “Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da semente dos judeus, não prevalecerás contra ele; antes, certamente cairás perante ele” (Ester 6:13). Esta afirmação foi um mau prenúncio para Hamã, sinalizando que sua sorte estava prestes a mudar para pior.

Reconhecimento da providência Divina

A declaração dos amigos e da esposa de Hamã revela um reconhecimento implícito da providência divina sobre os judeus. Eles pareceram entender que a história dos judeus está repleta de episódios onde, apesar das adversidades, Deus intervém para proteger e salvar Seu povo. A percepção de que Hamã estava começando a cair diante de Mardoqueu, um judeu, reforça a crença de que forças maiores estavam em ação.

A história dos judeus é marcada por inúmeros episódios de sofrimento e ameaças, mas também de livramentos miraculosos. Desde a libertação do Egito até os tempos de Ester, os judeus experimentaram a intervenção divina de maneiras poderosas e inesperadas. A Bíblia está cheia de relatos onde Deus reverte situações aparentemente impossíveis para o bem do Seu povo (Êxodo 14:21-31; Daniel 3:16-28).

O desespero de Hamã

Hamã, que estava tão seguro de seu plano e de sua posição, agora se via confrontado com uma realidade que não conseguia controlar. A confiança de seus familiares e amigos na inevitabilidade da queda de Hamã, devido à sua oposição a Mardoqueu, apenas aumentou seu desespero. Esse momento marcou uma virada na narrativa, onde o orgulho e a presunção de Hamã começaram a ser recompensados com a ruína iminente.

Reflexão sobre soberba e humildade

A história de Hamã serve como um poderoso lembrete das consequências da soberba e do orgulho. Aqueles que se exaltam, eventualmente, serão humilhados (Lucas 14:11). Em contraste, a humildade e a confiança em Deus, como demonstrado por Mardoqueu e Ester, resultam em honra e livramento (1Pedro 5:6).

CONCLUSÃO

Este estudo sobre "A Humilhação de Hamã e a Honra de Mardoqueu" destaca a providência divina e a justiça de Deus em ação. Hamã, movido pela soberba e pelo ódio, acabou enfrentando a ruína, enquanto Mardoqueu, pela sua integridade e humildade, foi honrado pelo rei. Estes eventos sublinham a importância de confiar em Deus e agir com humildade, mostrando que, mesmo em situações difíceis, a justiça divina prevalece. A narrativa nos lembra que Deus está no controle e que a verdadeira honra vem de viver de acordo com Seus princípios.

O PLANO DE LIVRAMENTO E O PAPEL DE ESTER

 

Texto Base: Ester 4:5-17; 5:1-3,7,8

“Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera” (Is.64:4).

Ester 4:

5.Então, Ester chamou a Hataque (um dos eunucos do rei, que este tinha posto na presença dela) e deu-lhe mandado para Mardoqueu, para saber que era aquilo e para quê.

6.E, saindo Hataque a Mardoqueu, à praça da cidade que estava diante da porta do rei,

7.Mardoqueu lhe fez saber tudo quanto lhe tinha sucedido, como também a oferta da prata que Hamã dissera que daria para os tesouros do rei pelos judeus, para os lançar a perder.

8.Também lhe deu a cópia da lei escrita que se publicara em Susã para os destruir, para a mostrar a Ester, e lha fazer saber, e para lhe ordenar que fosse ter com o rei, e lhe pedisse, e suplicasse na sua presença pelo seu povo.

9.Veio, pois, Hataque e fez saber a Ester as palavras de Mardoqueu.

10.Então, disse Ester a Hataque e mandou-lhe dizer a Mardoqueu:

11.Todos os servos do rei e o povo das províncias do rei bem sabem que para todo homem ou mulher que entrar ao rei, no pátio interior, sem ser chamado, não há senão uma sentença, a de morte, salvo se o rei estender para ele o cetro de ouro, para que viva; e eu, nestes trinta dias, não sou chamada para entrar ao rei.

12.E fizeram saber a Mardoqueu as palavras de Ester.

13.Então, disse Mardoqueu que tornassem a dizer a Ester: Não imagines, em teu ânimo, que escaparás na casa do rei, mais do que todos os outros judeus.

14.Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento doutra parte virá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?

15.Então, disse Ester que tornassem a dizer a Mardoqueu:

16.Vai, e ajunta todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas moças também assim jejuaremos; e assim irei ter com o rei, ainda que não é segundo a lei; e, perecendo, pereço.

17.Então, Mardoqueu foi e fez conforme tudo quanto Ester lhe ordenou.

Ester 5:

1.Sucedeu, pois, que, ao terceiro dia, Ester se vestiu de suas vestes reais e se pôs no pátio interior da casa do rei, defronte do aposento do rei; e o rei estava assentado sobre o seu trono real, na casa real, defronte da porta do aposento. 2.E sucedeu que, vendo o rei a rainha Ester, que estava no pátio, ela alcançou graça aos seus olhos; e o rei apontou para Ester com o cetro de ouro, que tinha na sua mão, e Ester chegou e tocou a ponta do cetro.

3.Então, o rei lhe disse: Que é o que tens, rainha Ester, ou qual é a tua petição? Até metade do reino se te dará.

7.Então, respondeu Ester e disse: Minha petição e requerimento é:

8.se achei graça aos olhos do rei, e se bem parecer ao rei conceder-me a minha petição e outorgar-me o meu requerimento, venha o rei com Hamã ao banquete que lhes hei de preparar, e amanhã farei conforme o mandado do rei.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição, estudaremos o tema "O Plano de Livramento e o Papel de Ester", que aborda a intervenção divina e a coragem humana frente às adversidades. Diante das artimanhas de Hamã, que tramou o extermínio dos judeus, Deus providenciou um grande livramento através de seus servos fiéis, Mardoqueu e Ester. A lição examina o meticuloso plano de Mardoqueu para salvar seu povo, o processo de convencimento de Ester para que assumisse seu papel crucial, e a preparação dela para se apresentar diante do rei Assuero, arriscando sua vida para rogar pelo livramento dos judeus.

Esta narrativa nos mostra como Deus trabalha através de pessoas comuns, dotando-as de coragem e sabedoria para enfrentar desafios aparentemente insuperáveis. Ester, uma jovem judia no meio de um império hostil, se torna uma figura central na providência divina, destacando a importância da obediência, do sacrifício pessoal e da fé inabalável.

Ao estudarmos esse episódio, somos lembrados de que, mesmo nos momentos mais sombrios, a intervenção divina pode transformar situações desesperadoras em vitórias notáveis. Este relato não apenas reforça a fé no cuidado e na justiça de Deus, mas também inspira a agir com coragem e determinação em defesa do que é justo e bom.

I. O PERIGOSO PLANO E O TEMOR DE ESTER

1. Lamento, choro e compadecimento

Mardoqueu não escondeu seu abatimento diante da terrível notícia da conspiração de Hamã. O trágico decreto de extermínio dos judeus fez com que ele rasgasse suas vestes, se cobrisse de pano de saco e cinza, e clamasse em alta voz pela cidade (Ester 4:1). Ester, dentro do palácio, ficou sabendo da condição de seu primo e se compadeceu dele, mas inicialmente desconhecia os motivos por trás de seu sofrimento. Em uma tentativa de ajudar, enviou roupas para que ele vestisse, mas Mardoqueu recusou, pois queria que ela soubesse da gravidade da situação.

A preocupação de Ester era genuína, e ela imediatamente enviou Hataque, um dos eunucos do rei, para perguntar a Mardoqueu o que estava acontecendo (Ester 4:5). Mardoqueu, em seu desespero, não estava apenas buscando chamar a atenção de Ester; ele expressava um sentimento sincero de desolação compartilhado por todos os judeus das províncias diante da ordem real de matança. Era crucial que Ester soubesse dos eventos para que pudesse tomar uma atitude.

Compartilhar nossos sentimentos com as pessoas certas é essencial e nos proporciona alívio e compreensão (Rm.12:15). Em momentos de profunda agonia, até Jesus abriu seu coração aos discípulos e pediu que eles permanecessem com Ele (Mateus 26:36-38). Da mesma forma, a sinceridade de Mardoqueu e seu desejo de informar Ester sobre a situação mostram a importância de comunicar nossas angústias e buscar apoio nos momentos de crise.

2. Um obstáculo real

Por intermédio de Hataque, Mardoqueu informou Ester detalhadamente sobre o ardiloso plano de Hamã, incluindo uma cópia do decreto de Assuero que ordenava o extermínio dos judeus. Ele implorou que ela fosse ao rei e suplicasse pela vida de seu povo. No entanto, havia um grande obstáculo: A lei que proibia qualquer pessoa, homem ou mulher, de entrar no palácio sem ser chamada pelo rei. A violação dessa norma resultava em sentença de morte, a menos que o rei estendesse o cetro de ouro, sinalizando sua clemência.

Essa rigorosa norma provavelmente existia devido ao temor dos reis de serem vítimas de conspirações, um risco que muitos monarcas enfrentaram ao longo da história, resultando em suas mortes no trono. Ester estava consciente do perigo que enfrentava e da necessidade de sabedoria e coragem para abordar o rei, especialmente porque ela não havia sido chamada à presença dele nos últimos trinta dias (Ester 4:11).

3. Autoritarismo e morte

A rígida norma que impedia qualquer pessoa de se aproximar do rei sem ser chamada, sob pena de morte, mostra o clima de desconfiança e medo no palácio. Tal medida extrema visava proteger o rei de possíveis conspirações, mas também isolava o monarca, contribuindo para um governo mais despótico e distante de seus súditos.

Infelizmente, o que Assuero temia acabou acontecendo: ele foi assassinado por um dos oficiais do palácio em 465 a.C., oito anos após os eventos narrados no livro de Ester. Anteriormente, dois de seus guardas já haviam tramado sua morte (Ester 2:21). A morte de Assuero reflete a instabilidade e o perigo constante em regimes autoritários. Ditadores e líderes autoritários frequentemente enfrentam tragédias similares, pois o poder absoluto tende a criar muitos inimigos. A história recente oferece exemplos claros, como a execução do ditador líbio Muammar Gaddafi (1942-2011) por seus próprios cidadãos.

Em contraste com a abordagem autoritária, a mansidão e a humildade, exemplificadas por Moisés, que era descrito como o homem mais manso da terra (Números 12:3), são atributos que trazem paz e proteção. A Bíblia nos ensina que a mansidão e a justiça podem prevenir muitos conflitos e perigos (Provérbios 15:1).

Quando enfrentamos ameaças ou injustiças, podemos confiar que Deus será nossa defesa (Êxodo 23:22; Salmos 5:11). A história de Assuero é um lembrete de que o poder absoluto e o autoritarismo frequentemente levam à desconfiança e ao perigo, enquanto a justiça e a mansidão oferecem um caminho mais seguro e harmonioso.

II. MARDOQUEU CONVENCE ESTER

1. Confiando na providência divina

Ester mandou dizer a Mardoqueu que não podia se apresentar ao rei sem ser convidada, pois seria morta, conforme a lei vigente, e nos últimos 30 dias não havia sido chamada pelo rei. A resposta de Ester não convenceu Mardoqueu, e mandou um recado a ela: que não confiasse em sua posição de rainha, pois a ordem do rei era o extermínio de todos os judeus, sem exceção (Ester 4:13).

Porém, se Ester não se dispusesse a interceder junto ao rei, Mardoqueu confiava que a providência divina se manifestaria de outra forma. A expressão “socorro e livramento de outra parte virá” (Ester 4:14) revela que Mardoqueu confiava em Deus, acima de tudo. Quando supervalorizamos pessoas, por mais importantes que sejam, nos esquecendo que nosso socorro vem de Deus, fazemos delas nossos ídolos (Sl.121:1,2). Deus abomina todo o tipo de idolatria (Jr.17:5).

A insistência de Mardoqueu reflete uma profunda compreensão da soberania divina e da responsabilidade humana. Ele sabia que, embora Deus fosse plenamente capaz de salvar o Seu povo por outros meios, Ester estava em uma posição única para agir. Esta dualidade entre confiar na providência divina e a responsabilidade humana é um tema recorrente nas Escrituras. Por exemplo, vemos isso na história de José, que reconheceu a mão de Deus nas circunstâncias adversas que enfrentou (Gênesis 50:20).

Além disso, Mardoqueu não permitiu que o medo ou a aparente impossibilidade paralisassem sua ação. Em vez disso, ele desafiou Ester a perceber que seu papel como rainha podia ter um propósito maior: a salvação de seu povo (Ester 4:14). Essa ideia de ser colocado em uma posição específica para cumprir os propósitos de Deus é ecoada em outras partes da Bíblia, como na história de Moisés e no chamado de Isaías (Êxodo 3:10; Isaías 6:8).

A confiança de Mardoqueu na providência divina é um exemplo para os crentes de que, independentemente das circunstâncias, Deus é soberano e está no controle. Ele nos chama a agir com coragem e fé, confiando que Ele usará nossos esforços para cumprir Seus propósitos. Isso não significa que devemos ser passivos ou esperar que Deus resolva tudo sem a nossa participação. Pelo contrário, somos chamados a ser instrumentos ativos em Suas mãos, dispostos a assumir riscos e a enfrentar desafios pelo bem maior.

A mensagem de Mardoqueu a Ester também nos alerta contra a complacência e o egoísmo. Ester estava em uma posição confortável no palácio, mas Mardoqueu a lembrou de que sua segurança não era garantida e que sua verdadeira lealdade deveria ser para com seu povo e com Deus. Isso nos ensina que nossas bênçãos e posições não são apenas para nosso benefício, mas para que possamos servir a outros e glorificar a Deus.

Ao refletir sobre essa parte da história de Ester, somos desafiados a examinar nossa própria confiança em Deus e nossa disposição de agir em fé. Somos lembrados de que, independentemente das circunstâncias, nosso socorro vem do Senhor, o Criador dos céus e da terra (Salmos 121:2). Confiar na providência divina nos dá a coragem de enfrentar desafios aparentemente insuperáveis, sabendo que Deus pode operar milagres através de nossas ações de fé.

2. Primeiro Deus, depois o homem

Ester convenceu-se de que precisaria agir. Antes de tudo, porém, era preciso clamar a Deus, para que a dirigisse e lhe desse graça diante do rei. Em sua resposta a Mardoqueu, pediu que ajuntasse todos os judeus de Susã e jejuassem por ela durante três dias. Ela faria o mesmo junto com as moças que assistiam no palácio (Ester 4:16).

Ester demonstrou uma compreensão profunda da necessidade de buscar a orientação divina antes de tomar qualquer ação significativa. O jejum e a oração representavam um reconhecimento da soberania de Deus e a dependência total d'Ele para o sucesso de sua missão. Este ato de humildade e entrega reflete a atitude correta que todos os crentes devem ter diante dos desafios e decisões importantes da vida.

A importância do equilíbrio e prudência espiritual

Equilíbrio e prudência espiritual nos fazem entender o tempo e o lugar de Deus e o nosso no cotidiano da vida. Antes de Ester procurar o rei, os judeus deveriam buscar a Deus. Esse princípio é essencial para uma vida cristã bem-sucedida. Reconhecer a necessidade de colocar Deus em primeiro lugar é crucial, especialmente em situações de crise.

A resposta de Ester também sublinha a importância da comunidade de fé. Ao pedir que todos os judeus de Susã jejuassem e orassem com ela, Ester estava mobilizando uma rede de apoio espiritual. Este exemplo nos ensina sobre o poder da oração corporativa e a importância de intercedermos uns pelos outros em tempos de necessidade.

O contraste com o secularismo e o materialismo modernos

Uma triste característica de nossos dias são o secularismo e o materialismo (Lc.18:8). Inspirados no ateísmo, rejeitam e negam as realidades espirituais e veem o homem como o senhor de sua existência e de seu destino. Autoconfiança e soberba humana são de origem maligna (Tg.4:13-16).

O secularismo e o materialismo promovem uma visão de mundo onde a dependência de Deus é substituída pela confiança na capacidade humana e na ciência. Essa perspectiva ignora a realidade espiritual e a necessidade de buscar a orientação divina. A história de Ester é um poderoso lembrete de que, embora o homem tenha um papel importante a desempenhar, é Deus quem dirige os passos e concede o sucesso.

A humildade diante de Deus

Ester exemplificou a humildade e a dependência de Deus que todos devemos ter. Antes de qualquer ação, ela buscou a aprovação e a ajuda divina, reconhecendo que sem Deus, seus esforços seriam em vão. Esta atitude contrasta fortemente com a autossuficiência promovida pelo secularismo e materialismo modernos.

A verdadeira sabedoria e sucesso vêm de reconhecer nossa limitação humana e nossa total dependência de Deus. Quando colocamos Deus em primeiro lugar e buscamos Sua orientação, Ele nos concede a graça e a sabedoria necessárias para enfrentar qualquer desafio.

Em resumo, a preparação de Ester antes de abordar o rei nos ensina a importância de buscar a Deus antes de agir. Este princípio de colocar Deus em primeiro lugar é essencial para uma vida cristã equilibrada e bem-sucedida, e é um poderoso antídoto contra as influências corrosivas do secularismo e materialismo modernos.

3. Confiar em Deus não é tentá-lo

Ester confiava em Deus, mas não agiu de forma a tentá-lo (Mt.4:5-7). Através do jejum, os judeus pediam a intervenção divina para que o rei aceitasse a presença de Ester e ela alcançasse o que pretendia. Todavia, isso poderia não acontecer. Por isso, mesmo confiando, Ester estava disposta a morrer. Disse ela: “se eu tiver de morrer, morrerei” (Ester 4:16).

A confiança de Ester em Deus foi demonstrada através de uma preparação espiritual sincera e um compromisso firme, sem a presunção de exigir um resultado específico de Deus. Ela reconhecia a soberania de Deus sobre a situação e se submetia completamente à Sua vontade, mostrando uma fé madura e profunda.

Exemplos de fé e disposição no passado

Décadas antes, na Babilônia, três outros judeus haviam demonstrado a mesma fé e disposição (Dn.3:16-18): Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Estes homens de Deus ao serem confrontados com a ordem de adorar a estátua de ouro, afirmaram sua confiança em Deus para livrá-los, mas também estavam preparados para enfrentar a morte se Deus assim permitisse. Este exemplo de fé inabalável nos ensina a confiar em Deus sem tentar manipulá-Lo ou exigir um resultado específico.

Crenças errôneas modernas

Em nossos dias são difundidas crenças errôneas que acreditam ser possível mandar em Deus e pô-lo “na parede”. A soberania divina não pode ser desafiada por ninguém (Jó 2:9,10). Essas doutrinas, que muitas vezes se manifestam em práticas de prosperidade e declarações de fé autoritativas, distorcem a natureza da relação entre Deus e o homem.

A tentativa de forçar Deus a agir conforme nossa vontade é uma forma de tentar a Deus, o que é claramente condenado nas Escrituras. Jó, em sua dor, foi aconselhado por sua esposa a desafiar Deus, mas ele rejeitou tal atitude, reconhecendo a soberania e a bondade de Deus em todas as circunstâncias (Jó 2:9,10).

A soberania divina

A história de Ester, assim como a dos três jovens na Babilônia, nos ensina que a verdadeira fé em Deus reconhece Sua soberania absoluta. Mesmo quando enfrentamos situações de extremo perigo ou incerteza, devemos confiar em Deus, sabendo que Ele é capaz de nos salvar, mas também aceitando que Seus caminhos e Seus planos são perfeitos, mesmo que não os compreendamos completamente.

Ester não tentou forçar a mão de Deus, mas colocou sua confiança Nele e se dispôs a aceitar o resultado, qualquer que fosse. Esse tipo de fé, que confia sem exigir e se submete sem reservas, é o que devemos buscar cultivar em nossa vida cristã. Deus nos chama a uma confiança plena e reverente, reconhecendo que Ele é o Senhor soberano sobre todas as coisas.

III. O PLANO: ESTER ENTRA À PRESENÇA DO REI E PROPÕE UM BANQUETE

1. Prudência, preparação e ação

Ao decidir entrar à presença de Assuero, Ester estava sujeita a qualquer reação dele quando a visse: vida ou morte. Era um grande desafio. Por isso, Ester se preparou espiritual, emocional e fisicamente. Depois de três dias de jejum, pôs sua veste real e foi ao pátio interior da casa do rei, diante do salão onde ficava o trono (Ester 5:1). Este ato de coragem e preparação de Ester não foi impulsivo; foi resultado de uma cuidadosa reflexão e uma busca sincera por direção divina.

A conduta de Ester nos ensina como devemos ser precavidos para tomar atitudes importantes que podem impactar nosso futuro (Pv.19:2). Ester não apenas confiou na providência divina, mas também tomou medidas práticas para se preparar da melhor maneira possível. Sua abordagem combina fé com ação, um equilíbrio essencial na vida cristã.

Como afirma o Pr. Silas Queiroz, mulheres sábias, como Ester e Abigail, conseguem resolver grandes problemas e evitar grandes tragédias (1Sm.25:18-35). Abigail, por exemplo, mostrou uma sabedoria e prudência semelhantes ao interceder para evitar um desastre iminente, demonstrando como a intervenção sensata e a preparação adequada podem mudar o curso dos eventos.

Por outro lado, imprudências e precipitações, podem levar a prejuízos irreparáveis (Pv.14:1). Tomar decisões sem a devida preparação ou sem buscar orientação divina pode resultar em consequências desastrosas. A história está repleta de exemplos de decisões precipitadas que levaram a grandes perdas, tanto em contextos pessoais quanto coletivos.

A prudência envolve uma avaliação cuidadosa das circunstâncias, um entendimento claro das possíveis consequências e uma disposição para buscar a sabedoria e a orientação de Deus antes de agir. Ester exemplificou esta prudência ao se preparar adequadamente para o encontro com o rei, mostrando que a fé e a ação prudente devem andar juntas.

Aplicações práticas para a vida cristã

Para os cristãos de hoje, a história de Ester oferece lições valiosas sobre como abordar situações difíceis e potencialmente perigosas. A preparação espiritual, através da oração e do jejum, é fundamental. Além disso, a preparação emocional e física não deve ser negligenciada. A confiança em Deus não elimina a necessidade de prudência e preparação; pelo contrário, ela deve nos motivar a agir com ainda mais cuidado e sabedoria.

Portanto, ao enfrentar desafios, devemos seguir o exemplo de Ester: buscar a direção de Deus, preparar-nos adequadamente e agir com coragem e prudência. Esta abordagem não só nos protege contra os perigos da imprudência, mas também nos posiciona para ver a mão de Deus trabalhando poderosamente em nossas vidas e nas vidas daqueles ao nosso redor.

2. Estendendo o cetro

Assentado em seu trono, Assuero viu Ester e estendeu para ela seu cetro de ouro (Ester 5:2). Esse gesto era crucial, pois significava que o rei aceitava sua presença e, portanto, sua vida estava a salvo. Para Ester, isso deve ter sido um grande alívio. Ela se aproximou e tocou a ponta do cetro, cumprindo o protocolo legal. Esse ato de tocar o cetro era mais que um simples gesto de respeito, era um símbolo de aceitação e favor real.

A prontidão do rei para ouvir

Como era incomum alguém se apresentar diante do rei sem ter sido chamado, Assuero logo perguntou o que estava acontecendo: “Que é o que tens, rainha Ester, ou qual é a tua petição? Até a metade do reino se te dará" (Ester 5:3). Esta expressão, embora impressionante, era uma fórmula comum de demonstração de generosidade e prontidão para ouvir. Assuero estava comunicando sua disposição de atender ao pedido de Ester, indicando sua estima e confiança nela.

Paralelos históricos e bíblicos

A disposição de vontade do rei foi manifestada com o uso de uma frase que era comum nessas ocasiões, mas que, segundo estudiosos, não se interpretava de forma literal. Herodes usou essa mesma expressão em relação a Herodias, quando prometeu até metade do seu reino em um banquete (Marcos 6:21-23). Essas palavras simbolizavam uma abertura para negociações e uma demonstração de favor real, embora sem a intenção de cumprir literalmente.

Significado espiritual e lições práticas

O ato de Assuero estender o cetro a Ester pode ser visto como uma metáfora da graça e misericórdia divina. Assim como Ester se aproximou do trono do rei com temor, mas também com confiança após jejuar e orar, os crentes são incentivados a se aproximar do trono de Deus com confiança, sabendo que Ele é misericordioso e disposto a ouvir nossas petições (Hebreus 4:16).

Ester mostrou coragem e sabedoria ao se preparar espiritualmente antes de agir. Sua abordagem nos ensina a importância de nos prepararmos adequadamente, tanto espiritual quanto emocionalmente, quando enfrentamos desafios. Assim, aprendemos que devemos buscar a direção de Deus antes de tomar decisões importantes, confiando que Ele estenderá Seu "cetro" de graça e favor em resposta às nossas orações sinceras.

A resposta de Ester e a estratégia

A resposta de Ester à pergunta do rei também revela sua sabedoria e estratégia. Em vez de revelar imediatamente seu pedido, ela convidou o rei e Hamã para um banquete que preparou (Ester 5:4). Este movimento estratégico permitiu que ela ganhasse tempo, criasse um ambiente favorável e demonstrasse respeito e paciência. Esta abordagem nos ensina que, muitas vezes, é necessário criar as condições adequadas antes de apresentar nossos pedidos ou tomar ações decisivas.

Assim, o episódio do cetro estendido não é apenas um momento de alívio para Ester, mas também um testemunho de como a prudência, a preparação espiritual e a sabedoria podem abrir portas e assegurar o favor necessário para enfrentar grandes desafios.

3. Em sintonia com Deus

As circunstâncias narradas no livro de Ester indicam que ela, em seu coração, estava em plena sintonia com Deus. Mesmo diante da disposição imediata do rei em atendê-la, Ester agiu com extrema cautela e sabedoria. Ao invés de revelar de imediato o seu pedido, ela convidou o rei Assuero e Hamã para um banquete (Ester 5:4). Essa decisão não foi impulsiva, mas sim uma demonstração de discernimento espiritual e estratégico.

Estratégia e paciência

Na ocasião do primeiro banquete, o rei renovou sua disposição em atender a qualquer pedido de Ester (Ester 5:6). Porém, mesmo com essa segunda oportunidade, Ester discerniu que ainda não era o momento adequado para fazer seu pedido. Demonstrando paciência e estratégia, ela convidou Assuero e Hamã para um segundo banquete no dia seguinte (Ester 5:8). Este intervalo permitiu que os eventos se desenrolassem conforme os desígnios divinos.

A importância do timing (melhor momento, oportunidade)

A decisão de Ester de adiar seu pedido reflete uma profunda compreensão da importância do timing na execução dos planos de Deus. Ela sabia que precisava esperar o momento certo, que foi providencialmente preparado por Deus. Essa espera resultou em uma noite decisiva que mudaria o curso da história (Ester 6). Durante essa noite, o rei foi levado a lembrar-se de Mardoqueu e seus serviços não recompensados, o que preparou o terreno para a petição de Ester e a queda de Hamã.

Providência divina em ação

Os desígnios de Deus são perfeitos e estavam claramente guiando Ester em todos os detalhes de sua abordagem. A providência divina não só orientou Ester em suas ações, mas também nos eventos que ocorreram em torno dela. O episódio do rei lembrando-se de Mardoqueu durante a noite entre os banquetes é uma clara evidência da mão de Deus em ação, preparando o caminho para a salvação dos judeus (Ester 6:1-3).

Lições espirituais

A história de Ester nos ensina várias lições espirituais. Primeiramente, a importância de estar em sintonia com a vontade de Deus, buscando Sua orientação em momentos de crise. Ester também exemplifica a sabedoria de agir com cautela e paciência, esperando o momento certo para agir. Sua história reforça a confiança na providência divina, que trabalha de formas misteriosas, mas sempre perfeitas para cumprir Seus propósitos.

Aplicação prática

Em nossa vida cotidiana, é essencial buscar a orientação de Deus em oração e agir com discernimento e paciência. Como Ester, devemos confiar que Deus está no controle, mesmo quando os desafios parecem insuperáveis. A história de Ester é um lembrete poderoso de que, quando estamos em sintonia com Deus e buscamos Sua vontade, Ele nos guiará através de todas as adversidades, usando até mesmo os obstáculos para o cumprimento de Seu propósito maior.

Ester, ao agir com prudência e confiar na providência divina, nos mostra como a fé e a sabedoria podem transformar situações desesperadoras em grandes vitórias.

CONCLUSÃO

Esta Lição que acabamos de estudar revela como Deus, em Sua providência, usou a coragem e a sabedoria de Ester para salvar os judeus da conspiração de Hamã. A preparação espiritual, emocional e física de Ester, sua prudência e confiança em Deus, demonstram a importância de buscar a direção divina em momentos críticos. Este relato nos ensina sobre a soberania de Deus e a necessidade de fé e ação coordenada em harmonia com Seus desígnios. Em todas as circunstâncias, a glória é devida ao Senhor, que controla a história e guia Seu povo para a vitória.