Textos: Gn. 14.19 – Leitura Bíblica Gn. 14.12-20
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje nos voltaremos para a narrativa bíblica sobre o patriarca Abraão, o pai da fé. Inicialmente, mostraremos que Abraão, mesmo sendo um pacifista, adentrou em uma batalha, a fim de preservar seu sobrinho Ló. Em seguida, destacaremos o encontro do patriarca com Melquisedeque, o sacerdote de justiça, e rei de Salém. Ao final, ressaltaremos que esse sacerdote prefigura Cristo, aquele que viria a oferecer um sacrifício perfeito, pelos pecados da humanidade.
1. A BATALHA DE ABRÃAO
Abraão não entrou na batalha por interesse particular, nem mesmo a fim de obter ganhos materiais (Gn. 14.22,23). O motivo da sua disputa foi a proteção do seu sobrinho Ló, que havia sido capturado, depois que este decidiu habitar em Sodoma (Gn. 13.10-13). Isso mostra que o patriarca não estava indiferente a realidade social na qual estava inserido. Ele sabia que as decisões humanas podiam afetar diretamente a realidade individual. De igual modo, devemos saber que as decisões políticas trazem implicações para a sociedade. Precisamos estar atentos ao que está acontecendo em nosso país, e cuidar para não ser conduzido pelos engodos da mídia. Abraão entrou em uma aliança com alguns príncipes da região, a fim de alcançar um propósito comum. Não estamos impedidos de fazer alianças, contanto que sejam éticas, e tragam benefícios para a coletividade (Lc. 10.25-37; Gl. 6.10). Abraão era um homem pacífico, mesmo assim se preparou para guerra, quando essa se fez necessária. A maior guerra do cristão é espiritual (II Co. 10.3-5), precisamos vencer o mundo através da fé (I Jo. 5.4), e nos revestir de toda armadura de Deus (Ef. 6.10-18). A principal arma do cristão é a Palavra de Deus, precisamos buscar a revelação do Senhor, a fim de destruir os sofismas humanos (II Tm. 3.16,17). Como soldados de Cristo, não podemos nos envolver com negócios deste mundo, nosso objetivo deve ser satisfazer àquele que nos arregimentou (II Tm. 2.4). Ao retornar da batalha, Abraão encontrou dois reis: Bera, rei de Sodoma, que ofereceu espólios da guerra, e Melquisedeque, o rei de Salém, que ofereceu pão e vinho. O patriarca rejeitou a oferta do primeiro, porque não queria ser influenciado pelos subornos do mundo.
2. SEU ENCONTRO COM MELQUISEDEQUE
O encontro de Abraão com Mesquisedeque está repleto de significados, para os quais devemos atentar. O nome desse sacerdote-rei significa “rei de justiça”, e Salem, ao que tudo indica, era a antiga Jerusalém, que quer dizer paz. Em Hb. 7 e no Sl. 110 Melquisedeque prefigura Jesus Cristo, o Rei e Sacerdote Celestial (Hb. 12.11). O oferecimento de pão e vinho a Abraão remete à celebração da Ceia do Senhor, em memória do Seu sacrifício na cruz (Mt. 26.26-30). O rei de Salém não era um ser angelical, muito menos Cristo encarnado, mas um homem justo, que desfrutava de intimidade com Deus. Ele se encontrou com Abraão para fortalecê-lo, depois de uma batalha. O patriarca, em gratidão aos cuidados sacerdotais, entregou o dízimo a Melquisedeque (Gn. 14.20). Essa é a primeira menção a essa contribuição nas Escrituras, procedimento que se tornou comum entre os judeus (Lv. 27.30-33). A entrega do dízimo continua sendo uma prática observada pela igreja cristã. Ninguém deverá ser coagido a fazê-lo, pois a gratidão deve ser a maior motivação, em reconhecimento pela providência divina (I Co. 16.1,2). O desprendimento de bens em prol do rei de Deus é também uma demonstração de que não estamos debaixo do reino de Mamom (Mt. 6.24). Essa é uma manifestação de que o dinheiro não é nosso deus, mas que confiamos no Senhor, e em sua providência. Através da sua fé Abraão se tornou um exemplo para todos aqueles que creem. Paulo destaca que o patriarca creu em Deus, e isso lhe foi imputado por justiça (Rm. 4.1-8). A fé é o firme fundamenta das coisas que se esperam, mas que não são vistas (Hb. 11.1), somos salvos pela graça, por meio da fé, não pelas obras da Lei (Ef. 2.8,9).
3. UM TIPO DO SACERDÓCIO DE CRISTO
Jesus é Sacerdote Eterno e Perfeito, da linhagem de Melquisedeque, isso porque os adeptos da religiosidade judaica eram incapazes de realizar plenamente o sacrifício (Hb. 7.19). O sangue derramado pelos animais não tornavam qualquer pessoa perfeita aos olhos de Deus (Hb. 10.1-3). Uma das restrições desse sacerdócio era que não poderia ser exercido por alguém da tribo de Judá (Hb. 7.14). Além disso, o sacerdote aarônico dependia apenas de um ritual religioso, que cumprisse os requisitos físicos e cerimoniais (Lv. 21.16-24). O sistema sacrifical judaico somente se tornou possível por causa de Cristo, o Sumo Sacerdote da tribo de Judá (Cl. 2.13,14; Hb. 7.18). Ele é Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb. 7.21). Através dEle a questão do pecado foi resolvida definitivamente, não carecendo mais de derramamento de sague de animais (Hb. 7.22). Jesus é um Sumo Sacerdote, que diferentemente dos levíticos, não é imperfeito, e muito menos temporário. E porque Ele é também imutável (Hb. 7.24) e inculpável (Hb. 7.26) podemos confiar que ele intercede para sempre por nós (Hb. 7.25). Por causa dEle os cristãos podem se achegar a Deus em oração (Hb. 4.14-16). Ele nos oferece graça e misericórdia, de modo que se viermos a pecar, temos da parte de Deus, um Advogado (I Jo. 2.1,2). Quando confessamos nossos pecados Ele é fiel e justo para nos perdoar, e nos restaurar a comunhão com o Pai (I Jo. 1.9). Jesus, nosso Sumo Sacerdote, é perfeito para sempre (Hb. 7.28), e nEle podemos confiar que nossos pecados são perdoados, e temos livre acesso ao trono da graça.
CONCLUSÃO
Abraão teve um encontro profundo e pessoal com Deus, ao ser recebido por Melquisedeque. Esse sacerdote-rei de justiça prefigura Cristo, Aquele que se manifestou para trazer reconciliação do homem com Deus. Cada um de nós precisa ter um encontro com Deus, e se dispor a adorá-LO em espírito e em verdade (Jo. 4.24,25). Como Abraão, precisamos reconhecer que Deus é nossa maior riqueza, e nEle encontramos satisfação plena para as nossas vidas (Gn. 15.1), e as riquezas celestiais em Cristo Jesus (Ef. 1.7,18).