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ESCATOLOGIA, O ESTUDO DAS ÚLTIMAS COISAS


                         

Textos:  II Tm. 3.1 – Mt. 24.4,5; I Ts. 1.10


INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos um dos assuntos mais complexos, e às vezes, mais polêmicos, da teologia bíblica, a escatologia. Nesta aula apresentaremos os aspectos conceituais da área de estudo, destacando suas Escolas de intepretação, e o mais importante, os princípios fundamentais para a interpretação do texto profético. Destacamos, a princípio, a necessidade de uma avaliação criteriosa e contextualizada dos textos, a fim de evitar excessos e especulações, sem fundamentação bíblica.

1. ESCATOLOGIA, ESTUDO DAS ÚLTIMAS COISAS
A escatologia é uma área dos estudos teológicos que trata a respeito das últimas coisas, ou da realidade ulterior. Esse termo é derivado da combinação de duas palavras gregas: eschatos, que significa último, e logos, que significa estudo ou doutrina. No âmbito da Escatologia Pessoal, faz-se necessário ressaltar a dimensão material (corporal) e imaterial (espiritual) do ser humano. Após a morte o crente entra imediatamente na presença de Deus (II Co. 5.8), ainda que seu corpo físico permaneça na terra, aguardando a ressurreição e a glorificação (I Co. 15.54,55). Quando o descrente morre, segue para o Hades (Lc. 16.19-31), onde aguarda o julgamento do Trono Branco (Ap. 20.11-15). Depois do julgamento o Hades, e todos aqueles que ali habitam, será lançado no lago de fogo, esse período, que envolve tanto o período posterior à morte do justo quanto do ímpio, é dominado de Estado Intermediário. A Escatologia Geral trata, fundamentalmente, sobre a Volta de Cristo, doutrina repetidamente ensinada pelo Senhor (Mt. 24.27-31; 45-51; Mc. 13.32; At. 1.11). Além da volta de Cristo, os estudiosos da Escatologia Bíblica assumem que existe uma sequência de eventos: arrebatamento da igreja, tribunal de Cristo, Grande Tribulação, Milênio, Ressurreição, Julgamento e Estado Eterno. Existem divergências em relação a alguns aspectos da Escatologia Bíblica, especialmente quanto à ocasião do Arrebatamento da Igreja, se esse se dará antes da Tribulação (Pré-tribulacionismo), antes e durante a Tribulação (Parcial), no meio da tribulação (Midi-Tribulacionsimo), ou após a Tribulação (Pós-tribulacionismo). A diferença em relação a esse tema não compromete a ortodoxia, consideramos, no entanto, que a posição mais apropriada é a Pré-tribulacionista (I Ts. 1.10; Ap. 4.1,2).

2. ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO NO ESTUDO ESCATOLÓGICO
Existem diferentes escolas de interpretação dos estudos escatológicos, relacionadas à maneira de abordar o livro do Apocalipse. A Escola Preterista defende que o Apocalipse deve ser interpretado no contexto do seu autor original, relacionando-o às adversidades pelas quais passavam as igrejas do Sec. I. Por conseguinte, o objetivo desse livro era o fortalecimento da igreja diante das perseguições. A Escola Futurista argumenta que apenas os três primeiros capítulos do Apocalipse têm enfoque histórico. Para os estudiosos dessa perspectiva, a partir do capítulo 4 o livro aponta para eventos futuros, que acontecerão nos últimos dias. O objetivo do Apocalipse, de acordo com essa escola de interpretação, é descrever a consumação do propósito redentor de Deus, nos últimos tempos. A Escola Simbolista, ou Idealista, tende à alegoria, argumenta que o Apocalipse é um texto figurado, que discorre a respeito da batalha cósmica entre o bem e o mal. Para os adeptos dessa Escola, o texto apocalíptico não deve ser interpretado literalmente, antes aponta para significados espirituais, que somente podem ser compreendido na esfera cósmica. A Escola que mais condizente com a interpretação bíblica é a Futurista, ainda que reconheçamos que no Apocalipse existem passagens históricas (preteristas) e figuradas (simbólicas). O objetivo principal do Apocalipse, de acordo com essa abordagem, é direcionar o leitor para os eventos que deverão acontecer no futuro (Ap. 1.1). Para a Escola Futurista o texto bíblico, de modo geral, deve ser interpretado literalmente, sendo harmonizado em um todo coerente. Ela é importante para também porque justificar a posição Pré-tribulacionista do arrebatamento da Igreja.

3. PRINCÍPIOS PARA A INTERPRETAÇÃO DA ESCATOLOGIA
Existem muitas especulações escatológicas nas igrejas, para evitar os excessos faz-se necessário estimular uma abordagem apropriada no que tange à intepretação do texto profético. A esse respeito é válido ressaltar o que disse Jesus sobre o cumprimento das profecias: “quem lê entenda”, e não, quem lê invente (Mt. 24.15). As suposições infundadas, e sem qualquer respaldo escriturístico, alimentam a imaginação dos curiosos, mas não devem ser ensinadas na igreja. Uma interpretação apropriada da profecia bíblica parte de uma abordagem que considere o método gramatical (de acordo com as regras da gramática), histórico (coerente com o contexto histórico da passagem), e contextual (de acordo com o contexto no qual foi escrito). Evidentemente, conforme ressaltamos anteriormente, não podemos desconsiderar que existem passagens proféticas que recorrem às figuras de linguagem, e que não podem ser interpretadas literalmente. Além disso,  é necessário fazer as distinções devidas entre a profecia direcionada à igreja, e àquelas cujo cumprimento se dará com Israel. Existem equívocos na interpretação do texto escatológico que estão relacionados à confusão que alguns intérpretes fazem sobre o papel de Israel e da Igreja no desenrolar dos acontecimentos proféticos. Há profecias que são exclusivas para Israel, e que não podem ser interpretadas como se fossem alusivas à Igreja. O futuro determinado por Deus para Israel e a Igreja são distintos, um exemplo disso é o Arrebatamento, cujo alvo é a Igreja do Senhor Jesus Cristo (I Ts. 4.13-18), e o Milênio, que o Milênio terá como foco Israel, a nação escolhida por Deus (Ez. 36.33-36).

CONCLUSÃO
O estudo da doutrina das últimas coisas – Escatologia – deve ser estimulado entre os crentes, considerando que esse é um assunto recorrente nas Escrituras. Mas é preciso que esse seja realizado com cautela, respeitado os princípios hermenêuticos, que orientam a interpretação do texto profético. É importante também ressaltar que o objetivo da Escatologia não é provocar discussões infundadas, ou mesmo debates acalorados, mas que permaneçamos firmes na fé, na esperança da Palavra Profética, que brilha como luzeiro, em um mundo de trevas (II Pe. 1.19).