Texto Áureo Pv. 2.6 – Leitura Bíblica I Rs. 4.29-34
INTRODUÇÃO
A aula de hoje terá como tema central a importância da sabedoria divina para a tomada de decisões. O personagem central do estudo será Salomão, e a capacitação que ele recebeu de Deus, para conduzir Israel. Inicialmente mostraremos que essa foi uma sabedoria do alto, em seguida, destacaremos a figura do monarca, ressaltando suas habilidades diante do reino, e ao final, refletiremos sobre sua capacidade administrativa para tomar decisões.
1. A SABEDORIA DIVINA
A sabedoria de Salomão não era meramente humana, ela tinha uma procedência sobrenatural, fora dada pelo próprio Deus. Não estamos afirmando que tudo que esse rei fez foi correto. Longe disso, diferentemente do seu pai Davi, Salomão foi um rei extravagante, que impôs um jugo pesado sobre o povo, e um político que se fiou em seus acordos. Mesmo assim, Deus esteve com ele, auxiliando-o nos momentos difíceis. Ele é reconhecido nas Escrituras, especificamente na genealogia de Jesus (Mt. 1.6,7), e tido como um exemplo de esplendor (Mt. 6.29) e sabedoria (Mt. 14.22). A identificação mais comum em relação a Salomão diz respeito à construção do templo (At. 7.47), um símbolo da religiosidade israelita. O nome Salomão vem do hebraico “shalom” que quer dizer “paz”. A vida desse monarca está repleta de paradoxos, uma demonstração desses é a construção do templo, que durou sete anos, e de um palácio para ele, que demorou treze anos (I Rs. 6.37 – 7.1). Ao mesmo tempo em que Israel alcançou um considerável poder político, experimentou uma derrocada espiritual. O próprio rei é uma demonstração desse retrocesso, pois por causa das suas alianças políticas, e dos seus casamentos com mulheres pagãs, precisou ser disciplinado pelo Senhor (I Rs. 11). Ele começou bem, andando nos preceitos de Davi, seu pai (I Rs. 3.3), de modo que o Senhor lhe ordenou: “pede-me o que queres que eu te dê” (I Rs. 3.5). Ele reconhecendo que não seria fácil suceder a Davi, condição que carregaria ao longo da existência, pediu ao Senhor sabedoria, para conduzir o povo de Israel.
2. DADA POR DEUS A SALOMÃO
Em duas ocasiões o Senhor se revelou a Salomão em sonhos, e em uma dessas situações, o monarca se apresentou humildemente perante Deus, reconhecendo-se como “servo”. Ele sabia que teria o desafio de construir um templo, que seria dedicado ao Deus de Israel. Diante desse desafio, confessou suas limitações, e buscou a graça de Deus (I Rs. 3.6-9). Por fim, em sua oração, Salomão pede ao Senhor que lhe dê sabedoria para governar a nação (I Rs. 3.9). Não se trata de uma sabedoria para a vida espiritual, antes de um conhecimento prático, a fim de tomar as decisões acertadas. Esse tipo de sabedoria pode ser identificada no livro de Provérbios, boa parte deles escritos por Salomão, no qual encontramos ditos que revelam a praticidade do conhecimento do rei (Pv. 3.1-18). No contexto de um governo teocrático, Salomão reconheceu que não poderia desempenhar sua função a contento a menos que fosse direcionado pelo Senhor. Uma demonstração dessa sabedoria nos é dada em I Rs. 3.16-28, no caso do julgamento de duas mulheres que discutiam a maternidade de uma criança. Cada uma delas defendia ser a mãe de uma criança, era a palavra de uma contra a outra. Na verdade, uma delas havia roubado o filho da outra, e dizia ser seu. Elas foram até o rei, para arbitrar aquela situação complicada, mas Salomão, dependendo da sabedoria de Deus, propôs dividir a criança ao meio, e entregar uma parte a cada uma delas. Através dessa estratégia, a verdadeira mãe se revelou, o nome do Senhor foi glorificado, e a fama do rei se espalhou.
3. PARA A TOMADA DE DECISÕES
Assim como seu pai Davi, Salomão ficou conhecido como um grande administrador (II Sm. 8.15-18; 20.23-26). Ele escolheu as pessoas apropriadas para auxiliá-lo na condução dos trabalhos (I Rs. 4.1-6). Um líder sábio é capaz de perceber outros líderes, e mais que isso, de demonstrar humildade, para ouvir a opinião dos outros. Ele também não teve receio de dividir as atribuições, demarcar territórios administrativos, e delegar pessoas de confiança para governa-los (I Rs. 4.7-28). A liderança eficaz, sobretudo nos momentos de crise, acontece por meio da divisão de responsabilidades. O líder que não confia nas pessoas, e que sempre se sente acuado, dificilmente terá êxito em seus intentos. Por outro lado, Salomão falhou onde a maioria dos líderes fracassam, no orgulho e na prepotência, ao se colocar no centro das atenções. Ele começou a se vangloriar dos presentes que recebia das nações vizinhas. E contrariando a lei de Deus, multiplicou os seus cavalos (Dt. 17.16), chegando mesmo a construir cidades especiais, somente para abrigá-los (I Rs. 4.26). No período da meia idade, Salomão substituiu a sabedoria de Deus pelo conhecimento humano. Ele se transformou em um “mero” cientista, ao invés de atentar para o Criador, centrou sua atenção apenas na criação. Os escritos dos Provérbios, boa parte deles escritos por esse sábio, servem de orientações práticas para a vida, se interpretados adequadamente, sem fazer generalizações. Salomão, a fim de manter-se no poder, acabou fazendo uma série de alianças, algumas delas bastante prejudiciais, tanto para ele, quanto para o povo de Israel.
CONCLUSÃO
A redenção de Salomão se encontra no livro de Eclesiastes, nas páginas daquele livro sapiencial acompanhamos a análise de um homem que se tornou rei, e que colocou seu coração em coisas que não agradavam a Deus. No final de tudo, chegou a uma conclusão que deve ser observada por todos aqueles que querem encontrar a verdadeira sabedoria: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; por isto é o dever de todo o homem” (Ec. 12.13). Essa é a sabedoria que vem de Deus, esse é, de fato, o princípio da sabedoria (Pv. 1.7).