INTRODUÇÃO
O fruto do Espírito é composto por várias virtudes, que na totalidade comandam as ações daquele que creem e seguem a Cristo. Na aula de hoje estudaremos a respeito do propósito desse fruto, ressaltando que seu objetivo precípuo é levar o crente à santidade. Inicialmente faremos a distinção entre caráter e reputação, em seguida, destacaremos, o propósito do fruto. Ao final, refletiremos sobre as mudanças na vida do crente que são resultantes da produção do fruto do Espírito.
1. DEFERENÇA ENTRE CARÁTER E REPUTAÇÃO
O caráter, de acordo com alguns psicólogos, é uma qualidade inerente ao indivíduo, resultante tanto dos aspectos naturais quanto culturais. A constituição do caráter pessoal depende de uma gama de fatores, alguns deles são determinantes para a tomada de decisões. As pessoas herdam dos seus pais o temperamento, as informações que são repassadas através da cadeia genética. Ao mesmo tempo, a convivência com outras pessoas, principalmente àquelas mais próximas, influenciam suas ações. No contexto da modernidade, os meios de comunicação podem formatar os posicionamentos dos indivíduos, a fim de que esses tomem suas decisões, com base nos interesses de outros. Nesse contexto, assumimos que o caráter de um indivíduo é formado ao longo do tempo, de modo que esse passa a ser constitutivo, mantendo tanto a unidade quanto a diversidade. É importante ressaltar, a esse respeito, que os indivíduos mantém certa unidade, a partir da qual é possível, nas devidas proporções, assumir como caráter. Esses se revelam nos princípios que as pessoas assumem, especialmente no tocante aos valores que defendem, sejam eles sociais, políticos ou religiosos. A reputação, por sua vez, é uma expressão do caráter, que se manifesta no contato com os outros. Essa tem muito mais a ver com as maneiras como as pessoas se revelam na sociedade, principalmente no intuito de serem aceitas. Há pessoas que se preocupam demasiadamente com a reputação, por causa disso têm dificuldade de desenvolver o caráter. Na verdade, algumas pessoas vivem em função da sua imagem, preocupadas com o que os outros irão pensar a respeito delas, isso se torna um problema quando os comportamentos são determinados pelas opiniões dos outros, e não pelos princípios assumidos, sobretudos para os cristãos que professam a Palavra de Deus.
2. O CARATER CRISTÃO E O FRUTO DO ESPÍRITO
O objetivo fundamental do Espírito Santo é produzir no crente o caráter de Cristo. Para isso, Ele trabalha em nós, e conosco, com vistas ao desenvolvimento de uma espiritualidade genuína, que resulte em santidade autêntica. Jesus ressaltou que sem Ele nada poderíamos fazer, isso porque Ele é a Videira Verdadeira, Aquele que produz frutos em nós (Jo. 14.17). A formação desse fruto para o desenvolvimento do caráter cristão depende dessa condição de dependência de Deus. O Espírito produz seu fruto naqueles que se rendem aos pés de Cristo, e a Ele se submetem pela Sua palavra (Jo. 15.3). Esses se tornam novas criaturas, as coisas velhas ficaram para trás, tudo se fez novo (II Co. 5.17), pois se dobram à vontade de Deus, que é agradável, boa e perfeita (Rm. 12.1,2). Esse nível de maturidade espiritual é alcançado com, no e pelo Espírito Santo, é Ele quem produz em nós, o desejo de agradar a Deus (Fp. 2.13). Quando estamos em Cristo, as amarras do pecado perdem suas forças, ainda que permaneçam incrustadas na natureza humana. O velho homem é colocado debaixo do comando espiritual do novo homem, que foi revestido de Deus para fazer o que é de cima (Cl. 3.1). Esse processo é iniciado no novo nascimento (Jo. 3.3), e segue-se ao longo da vida cristã, durante o processo da santificação, até ser consumado na glorificação, quando o que é corruptível será revestido da incorruptibilidade, e a morte será tragada na vitória (I Co. 15.54,55). O caráter do cristão está em formação continua, e quanto mais caminha no Espírito, mais se parece com Cristo, e como Paulo, pode declarar: “não vivo eu, Cristo vive em mim” (Gl. 2.20).
3. O FRUTO DO ESPÍRITO E A SANTIFICAÇÃO
O propósito do fruto do Espírito é conduzir o cristão à santificação, ou seja, fazer com que cumpramos os desígnios de Deus em nossas vidas. Essa tarefa não é uma imposição humana, muito menos religiosa, trata-se de uma revolução espiritual. A esse respeito muito bem declarou Agostinho: “ame a Deus e faça o quem bem quiser”. Evidentemente, quanto mais agradamos a Deus, e desejamos fazer sua vontade, menos nos tornamos suscetível ao poder do pecado. Aqueles que estão andando no Espírito não ficam satisfeitos em fazer as obras da carne, por isso João afirma que os nascidos de Deus não vivem mais em pecado (I Jo. 3.19). A vontade do crente passa a ser comandada (não controlada) pela inclinação do Espírito, de tal modo que não mais depende de leis humanas (e religiosas). Isso não quer dizer que o crente perde a capacidade de decidir, muito menos a capacidade para discernir o certo e o errado. A natureza pecaminosa continua dentro dele, caso deixe de vigiar essa poderá tomar as rédeas das suas vontades. Para que isso não venha a acontecer, faz-se necessário que o crente cultive o Fruto, desenvolvendo algumas disciplinas espirituais (que não são meras regras humanas). Essas disciplinas espirituais é o exercício da piedade (I Tm. 4.7,8), que favorecem o desenvolvimento de uma santificação autêntica, que não se trata de imposições legalistas, mas de uma mudança que parte do interior. As disciplinas que cultivam o fruto do Espírito são, entre outras, a vida em comunhão, a prática do jejum e oração, e a meditação nas Escrituras. Como se faz com uma árvore, também é preciso se distanciar de práticas que nos afastam de Deus, as ervas daninhas que afetam o crescimento cristão (Mt. 13.7,22).
CONCLUSÃO
O propósito do Fruto do Espírito na vida do cristão é a produção de um caráter que se assemelhe as atitudes de Cristo. Se quisermos andar no Espírito, devemos estar atentos ao modo como Jesus viveu, bem como ao que ensinou. Somente seremos capazes de ser semelhante a Ele se cultivarmos o fruto, de maneira que o Espírito trabalhe em nós, e conosco, para agradar a Deus. E essa e a vontade de Deus, não apenas para satisfazê-LO, mas também porque é o MELHOR para nós mesmos.
BIBLIOGRAFIA
BARKLAY, W. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Vida Nova, 1988.
OLIVEIRA, A. G. O fruto do Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.