INTRODUÇÃO
Apaz do Senhor , é com imensa alegria que volto a escrever mais um conteúdo para o auxilio da nossa Lição, analizaremos neste Domingo o Capítulo 8 da Carta aos Hebreus veremos que Jesus Cristo é o Mediador da Nova Aliança.
Que significa isso? Qual a importância desse fato? A aliança dada por Moisés deveria ser desprezada? Se todos os rituais e cerimônias do judaísmo haviam perdido o seu valor, o que existia para tomar o seu lugar? Qual seria a base para alguém se comunicar com Deus? Estas eram as interrogações daqueles crentes hebreus. O presente estudo declara-nos a resposta: a base agora deveria ser Jesus Cristo. Ele é o Ministro do “verdadeiro tabernáculo” (v.2); o Mediador de superior aliança (v.6). O tabernáculo é a morada de Deus. Sendo Ministro, Jesus Cristo nos leva à própria presença de Deus, onde temos plena comunhão com Ele. Por ser de uma superior aliança, Cristo nos prepara e equipa para entrarmos e morarmos no Lugar Santíssimo.
A Antiga Aliança implicava mandamentos, estatutos e juízos, os quais não foram observados pelo povo escolhido. Era um concerto transitório, como indica o escritor: “Porque se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o segundo” (v.7). Diante disso, Jesus trouxe uma Nova Aliança, que se estabeleceu, não em atos exteriores, rituais, mas no interior do homem, no entendimento e no coração.
Por causa disto, o ministério de Cristo será maior do que o dos sacerdotes que serviram no Tabernáculo ou no Templo terrenos, como veremos no versículo seguinte.
8.2 O versículo 1 descreve a exaltação de Cristo á direita de Deus; o versículo 2 descreve o seu serviço. O Cristo exaltado é o ministro do santuário no céu. Jesus serve assumindo o seu lugar de direito como nosso Salvador e Mediador. O seu lugar no céu garante o nosso lugar ali também. Cristo retornou à presença de Deus no céu, o verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem. Deus nos permite entrar na mesma sala do trono e levar a Ele a nossa adoração e os nossos pedidos.
Este “verdadeiro” tabernáculo, ou lugar de adoração, náo significa que o Tabernáculo e o Templo na terra eram falsos, mas que eram sombras imperfeitas do verdadeiro e perfeito lugar de adoração (8.5). Antes da vinda de Cristo, o sumo sacerdote só podia entrar em um lugar especial, o Santo dos Santos, para estar na presença de Deus. Hoje, através da oração, nós podemos entrar na sala do trono do céu, e um dia nós viveremos eternamente na presença do Senhor. Conseqüentemente, os caminhos “antigos” do sacerdócio judeu não mais existem; eles foram substituídos por Jesus, o Caminho, a Verdade, e a Vida (Jo 14.6).
8.3 O trabalho do sumo sacerdote era oferecer dons e sacrifícios. Os sacerdotes eram nomeados para oferecer sacrifícios para a expiação dos pecados, de modo que Cristo, como nosso sumo sacerdote, deveria ter alguma coisa que oferecer. Ele ofereceu a sua própria vida a Deus em nosso lugar - o presente perfeito, que nunca poderá ser
superado. Ele ofereceu-se a si mesmo na cruz (7.27).
O sacrifício de Cristo é completamente suficiente, isto é, todos os pecados estão abrangidos na sua oferta definitiva a Deus. Portanto, o seu papel como sacerdote, o seu sacrifício e o seu serviço a Deus, superam o plano que havia sob a antiga aliança.
8.4 Sob o antigo sistema judeu, os sacerdotes eram escolhidos somente da tribo de Levi, e os sacrifícios eram oferecidos diariamente no altar para o perdão dos pecados.
Este sistema não teria permitido que Jesus fosse sacerdote, pois, de acordo com a lei, um sacerdote deveria descender da tribo de Levi, e não de Judá (veja 7.12-14). O uso do verbo no tempo presente na frase “havendo ainda sacerdotes que oferecem” indica que esta carta foi escrita antes de 70 d.C., quando o Templo de Jerusalém foi destruído e os sacrifícios foram extintos. Mas o sacrifício perfeito de Jesus já tinha acabado com a necessidade de sacerdotes e sacrifícios. Cristo foi nomeado Sumo Sacerdote de um sistema novo e melhor que permite que o povo de Deus entre diretamente na presença de Deus.
8.5 Os sacrifícios oferecidos pelos sacerdotes serviam apenas de exemplar e sombra das coisas celestiais. Isto continua a demonstrar a insignificância dos serviços terrenos dos sacerdotes judeus. Certamente, era um trabalho importante, mas o seu serviço era apenas um exemplo do que estava por vir.
Deus deu a Moisés o modelo para o tabernáculo, e Moisés foi aconselhado a segui-lo cuidadosamente, tendo sido avisado para fazer tudo conforme o modelo que Deus lhe tinha mostrado (veja Êx 25.40).
Este santuário terreno tinha o objetivo de refletir, ainda que de modo imperfeito, o tabernáculo celestial. A carta aos Hebreus não tenta descrever o céu, mas nos mostra
como Cristo serve de uma maneira melhor e mais pessoal do que qualquer outro sacerdote poderia fazê-lo. Como o Templo de Jerusalém ainda não tinha sido destruído, usar o sistema de adoração como exemplo teria provocado um grande impacto sobre o seu público original. O seu Templo, com tudo o que eles sabiam a respeito do Tabernáculo original construído por Moisés, tinha sido uma imagem imperfeita que tinha a finalidade de dar às pessoas a oportunidade de apreciar a realidade celestial que um dia pertenceria a cada uma delas.
8.6 Embora os sacerdotes que descendiam de Arão possuíssem um trabalho de grande honra e dignidade, o ministério que Jesus recebeu é superior (mais excelente) ao dos sacerdotes que servem às leis do antigo concerto.
O ministério de Jesus e o novo concerto são superiores (ou melhores) por diversas razões:
• Eles satisfazem e substituem completamente o ministério dos sacerdotes e o antigo concerto;
• Eles são eternos, porque Jesus é Sumo Sacerdote para sempre;
• Eles não exigem mais sacrifícios;
• Eles realizam o que todos os outros sacrifícios náo conseguem realizar - a verdadeira expiação do pecado;
• Eles dão à humanidade pecadora a oportunidade de ter um relacionamento pessoal com Deus (veja 8.10,11).
Este melhor concerto está confirmado em melhores promessas, que o autor irá comentar com mais detalhes em 8.10-12.
8.7 A necessidade de um segundo concerto dá a entender que o primeiro era defeituoso. Isto significa que Deus ordenou a Moisés e Arão que iniciassem um meio de adoração que era equivocado ou mal idealizado? Não, mas o antigo concerto, de muitas maneiras, preparava e apontava para a dinâmica do novo concerto (veja 7.11-19; também Rm 3,4,9-11). O antigo concerto foi substituído porque não era eterno, era insuficiente para lidar completamente com o pecado, e não podia proporcionar à humanidade pecadora um relacionamento com Deus. Na sua época, entretanto, o antigo concerto foi necessário.
Mas agora ele precisava ser substituído por um concerto melhor, conforme profetizado por Jeremias e citado nos versículos seguintes.
8.8 Uma vez que o povo quebrava continuamente o concerto de Deus, ficou patente que o antigo concerto não duraria para sempre, por não ser perfeito. Uma parte do concerto envolvia a observância às leis de Deus; no entanto, os israelitas decidiram desobedecer (veja Jr 7.23,24). Quando eles deixaram de cumprir os requisitos que lhes foram impostos, quebraram a aliança. Deus, entretanto, prometeu um novo concerto,que não estaria repleto de leis sobre sacrifícios e outras responsabilidades externas. Ao contrário, ele trazia a reconciliação espiritual, produzindo mudanças no interior das pessoas.
Os versículos 8 a 12 citam Jeremias 31.31-34, a mais longa citação do Antigo Testamento no Novo Testamento. Jeremias profetizou sobre uma época futura quando um concerto melhor seria estabelecido, porque o primeiro concerto, dado a Moisés no Monte Sinai, era imperfeito e provisório.
Os israelitas não conseguiam se manter fiéis a ele, porque os seus corações não tinham sido verdadeiramente modificados. Esta transformação no coração exigia o sacrifício completo de Jesus, para remover o pecado, e a morada permanente do Espírito Santo.
Quando entregamos as nossas vidas a Cristo, o Espírito Santo introduz em nós um desejo de obedecer a Deus.
8.9 O antigo concerto foi quebrado, não uma vez, mas muitas. Os pais dos leitores judeus tinham sido milagrosamente salvos da escravidão no Egito. No deserto, eles tinham recebido as leis de Deus e tinham feito um concerto de obediência. No entanto, eles não permaneceram naquele concerto, e com esta desobediência, eles invalidaram a sua participação no acordo. Entristecido e ofendido pela desobediência voluntária do seu povo escolhido. Deus náo atentou para eles. Isto significa que eles enfrentaram as conseqüências do pecado, em vez de receberem as bênçáos da obediência. Embora Deus possa ter permitido tais conseqüências, Ele nunca abandonou o seu povo. Ao contrário, Ele prometeu algo melhor para aqueles que permanecessem fiéis.
8.10-12 Sob o novo concerto de Deus, a lei de Deus está dentro de nós. Ela já náo é mais um conjunto externo de regras e princípios.
O Espírito Santo nos lembra das palavras de Cristo, ativa as nossas consciências, influencia as nossas motivações e os nossos desejos, e faz com que sintamos vontade de obedecer. Agora nós desejamos realizar a vontade de Deus com todo o nosso coração e a nossa mente.
Este novo concerto possibilita quatro provisões:
1. O novo concerto possibilita a transformação interior: “Porei as minhas leis no seu entendimento e em seu coração as escreverei”. Isto significa ter um novo “coração”, e com ele, um novo sentimento de intimidade com Deus, em que Ele é conhecido como Pai e os cristãos são conhecidos como filhos e herdeiros de Deus.
Este novo coração irá levar o relacionamento das pessoas com Deus a um nível pessoal (e não somente por meio de intermediários). Ter estas leis escritas nos nossos corações significa que vamos desejar obedecer a Deus.
2. O novo concerto possibilita a intimidade com Deus: “Eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo”. Isto revela um relacionamento positivo e íntimo entre Deus e o seu povo. No primeiro concerto, as pessoas deixavam continuamente de estar à altura deste relacionamento.
No novo concerto, este relacionamento está garantido por meio de Jesus Cristo. Embora a promessa sempre estivesse ali, ela agora tem um significado mais novo e rico graças à provisão de Cristo.
3. O novo concerto possibilita o conhecimento de Deus: “Todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior”. O novo concerto traz um novo relacionamento entre as pessoas e Deus, fazendo de cada crente um sacerdote ( I Pe 2.5,9). Cada crente tem acesso a Deus por meio da oração. Cada crente consegue compreender as promessas de salvação de Deus, conforme reveladas na Bíblia, porque tem a Deus como uma presença viva no seu coração. Naturalmente, ainda haverá a necessidade de professores, mas cada crente será capaz de conhecer a Deus - e não somente os sacerdotes, ou alguns poucos privilegiados.
4. O novo concerto possibilita o perdão total dos pecados; “Serei misericordioso
para com as suas iniqüidades e de seus pecados e de suas prevaricações náo me lembrarei mais”. As pessoas do antigo concerto tinham o perdão dos pecados (veja Êx 34.6-8; Mq 7.18-20), mas tinham tido um perdão incompleto e efêmero, conforme demonstra a incessante necessidade de realizar sacrifícios pelos seus pecados. No novo concerto, o pecado e o seu efeito de separação entre as pessoas e Deus são eliminados. Deus varre os pecados da memória e os considera como se nunca tivessem acontecido. O impacto do pecado é completamente superado, tornando possível aos crentes receber as bênçãos prometidas.
CONCLUSÃO
Já não há nenhum obstáculo para o nosso relacionamento com Deus. Todas as quatro características produzem uma justiça verdadeira que não poderia ser conhecida sob o antigo concerto.
A introdução de um novo concerto significa que Deus tornou velho o primeiro. O velho foi cumprido por Cristo e completado por Ele; portanto, não mais era necessário. Sistemas antigos, sacrifícios antigos e o antigo sacerdócio agora não têm mais valor para selar a aprovação de Deus. “Agarrem-se ao antigo concerto, se quiserem”, adverte a carta aos Hebreus, “mas vocês estão se agarrando a uma sombra, uma bolha prestes a arrebentar.
um momento passado na história. O antigo concerto tinha servido ao seu propósito e
em breve seria apenas uma lembrança. Não se pode viver no passado, de modo que a escolha real é clara; aceitem o novo concerto ou nenhum.”
Deus não muda de idéia. Ele não enviou o seu Filho para revogar, abolir ou anular o
que rinha dito ao seu povo anteriormente. Ao contrário, o Pai enviou o seu Filho como o cumprimento do antigo concerto. A vinda de Jesus tinha sido parte do plano de Deus desde a Criação (veja Gn 3.15). Os discípulos não compreenderam completamente como Jesus cumpria as Escrituras até depois da sua morte e ressurreição (Lc 24.25-27)