Texto Áureo: Hb.3.11 – Texto Bíblico: Hb. 4.1-13
INTRODUÇÃO
Um dos maiores anseios do povo hebreu, depois de peregrinar pelo deserto, era o de chegar a Canaã, onde encontraria repouso. Na verdade, o shabat sempre foi uma marca distintiva da aliança daquele povo com Deus. No entanto, conforme estudaremos na lição de hoje, aquele apenas apontava para “outro repouso”, o que seria dado por Jesus, que haveria de aliviar a carga daqueles que estavam entregues à mera religiosidade (Mt. 11.28).
1. UMA MENSAGEM SUPERIOR A DE JOSUÉ
Josué, o sucessor de Moisés, foi o responsável de conduzir o povo até Canaã. Tanto este quanto aquele foram veementes em relação à necessidade de obediência à Palavra de Deus. O autor da Epístola aos Hebreus considera que a mensagem de Josué foi um tipo de evangelho, que exigiu a credulidade dos israelitas, casos esses quisessem entrar na Terra Prometida. Em Hb. 4.2 e 6, aparece o verbo grego euangelizomai, que significa evangelizar. A mensagem trazida por Josué aos antigos israelitas não deixa de ser uma “boa nova”, mas que não se compara ao evangelho de Jesus Cristo. O que há de comum tanto em um quanto em outro, é a exigência de obediência, e em relação ao último, o perigo seria maior, casos aqueles cristãos hebreus se tornassem incrédulos. A desobediência (gr. apeithei) é uma demonstração de infidelidade, uma condição que se põe à graça de Deus. Por isso o autor alerta quanto ao risco de “cair no exemplo de desobediência” dos antigos hebreus, que desprezaram tanto a mensagem de Moisés quanto a de Josué. Portanto, deveriam ser sensíveis à Palavra de Deus, e não endurecerem (gr. sklerinõ) o coração. O coração do homem é endurecido pela sua incredulidade, apenas no contexto de um hebraísmo linguístico, pode-se conceber que é Deus, como a causa principal de todas as coisas, que endurece o coração do homem (Rm. 1.28, 29).
2. AINDA A PROMESSA DE OUTRO REPOUSO
O povo de Israel sempre viveu sob a égide da promessa do repouso de Deus, isso porque Ele mesmo estabeleceu o shabat como o descanso, e sinal da aliança mosaica. Após o processo da criação, conforme registrado no Genesis, o próprio Deus descansou (Gn. 2.1-3). Esse descanso teve um significado importante para os israelitas, e antecipava um repouso mais amplo, que para eles se concretizou em seu estabelecimento na terra prometida. O autor da Epístola aos Hebreus expande o alcance dessa promessa, ao reconhecer que “resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb. 4.9). Esse repouso é o próprio Cristo, por meio de quem encontramos descanso para nossas almas (Mt. 11.28), nEle podemos ter a convicção de que a fé cristã não é mera religiosidade. Antes é um encontro com uma Pessoa, um Salvador que nos livra do fardo do pecado, e que nos conduz à vida eterna (Jo. 3.16). A terra prometida, e conquistada pelos israelitas, ainda é objeto de disputa nos dias atuais. Mas nós, os cristãos salvos em Jesus Cristo, temos a certeza de uma habitação celestial, onde estaremos para sempre com o Senhor. Quando ali chegarmos, a morte terá sido tragada na vitória (I Co. 15.54). Não podemos perder o céu de vista, por isso devemos manter firmes nossa esperança, cientes que a trombeta vai soar, e que os mortos em Cristo ressuscitarão (I Ts. 4.13-17). Portanto, “procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (Hb. 4.11).
3. A EFICÁCIA DA PALAVRA DE DEUS
Na expectativa de adentrar àquele repouso, devemos atentar para a Palavra de Deus, sendo essa viva, eficaz e penetrante. Essa é uma palavra vivificadora, (gr. zoe) pois é o próprio Filho de Deus, que é o logos de Deus (Jo.1.1), que é poderoso para dar vida àqueles que se dobram diante da voz do Espírito, que se expressa por meio da Palavra, cujo testemunho se encontra nas Escrituras. Ela também é eficaz (gr. energes) e tem poder para cumprir o que se propõe, não retornando vazia (Is. 55.11). A palavra de Deus é capaz de transformar o pecador, de fazer com que esse mude a rota da sua vida, e passe a se conduzir não pelas suas vontades, mas pela agradável, boa e perfeita vontade de Deus (Rm. 12.1,2). O poder dessa Palavra é atestado pelo seu alcance: “mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamento e intenções do coração” (Hb. 4.12). Quando nos colocamos diante da Palavra de Deus, não apenas a escutamos e a interpretamos, ela também discerne nossos pensamentos e intenções. Podemos afirmar, com convicção que somos lidos pela Palavra de Deus, ela perscruta nossas ideologias, de tal modo que não podemos negar sua eficácia. A palavra dos homens deve submeter-se à Palavra de Deus, pois passarão céus e terra, mas Sua Palavra não passará (Mt. 24.35).
CONCLUSÃO
Vivemos na expectativa do repouso, trabalhos diuturnamente, na esperança que chegue nosso descanso. Este é legítimo, e mais importante, necessário, contudo, “há ainda um descanso para o povo de Deus”. Não podemos esquecer que o céu é nossa morada celestial, e que um dia estaremos para sempre com o Senhor Jesus (Jo. 14.1). Para tanto devemos manter firmes nossa convicção na Palavra de Deus, e não endurecer o coração, amando mais o presente século que a habitação celestial.
BIBLIOGRAFIA
LAUBACH, F. Hebreus. Curitiba: Esperança, 2000.
WEIRSBE, W. Be confident: Hebrews. Colorado Springs: David Cook, 2009.