Texto áureo: I Co. 6.12 – Leitura Bíblica: Pv. 4.10-15
INTRODUÇÃO
As redes sociais, através do avanço da internet nesses últimos anos, passaram a fazer parte da vida cotidiana das pessoas. Mas nem todos sabem usar com sabedoria, sobretudo com ética, essas ferramentas tecnológicas. Diante dessa realidade, estudaremos, nesta última lição, a respeito da importância do uso moderado, e mais importante, da sabedoria espiritual para que esses recursos possam está a serviço, e não contra o reino de Deus, que sejam usados para a glória dEle, não contra Ele, e por sua vez, contra nós mesmos.
1. INTERNET E REDES SOCIAIS
Desde a difusão da internet, comumente conhecida como a Rede Mundial de Computadores, as pessoas passaram a ter contato com as mídias sociais, que estão cada vez mais próximas da maioria da população. Ferramentas como Facebook, Instagram, Twitter e YouTube são facilmente identificadas, até mesmo pelos símbolos que as representam. Qualquer pessoa pode se apropriar de uma dessas mídias nos dias atuais, basta tão somente fazer um perfil, e a partir de então, poderá postar textos, imagens e/ou vídeos. Por meios desses recursos, essas pessoas materializam suas identidades e, às vezes, acabam por se excederem em suas postagens. É preciso considerar as implicações que a postagem de conteúdos podem ter na vida daqueles que as divulgam. Isso porque o compartilhamento rápido e fácil pode difundir uma informação em segundos, fazendo com que essa seja viralizada. As palavras de Salomão, no livro de Provérbios, se aplicam muito bem em relação ao uso indevido das redes sociais. A postagem depois de feita nem sempre pode ser apagada, e quando isso acontece pode ser que já tenha sido compartilhada (Ec. 5.1-7). Há cristãos que não medem as consequências de suas postagens nas redes sociais, não conseguem fazer a distinção entre o público e o privado. Existem fotos e vídeos que são de conhecimento familiar, e não podem ir a público, sob o risco de macular nossa imagem. Além disso, é preciso ter cuidado para que as redes sociais não se transformem em instrumento para a ostentação. As disputas e querelas devem ser evitadas nesse meio, para que o evangelho não venha a ser desqualificado. Muitos casamentos cristãos também estão em risco, por causa do envolvimento de um dos cônjuges em relacionamentos virtuais, é preciso manter a vigilância a esse respeito, deixando claro que “se encontra em um relacionamento sério” e que é "casado", de preferência ter sempre uma foto com o cônjuge.
2. O RISCO DOS RELACIONAMENTOS DESCARTÁVEIS
Como declarou John Donne (1572-1631), clérigo e poeta britânico, “nenhum homem é uma ilha”. Essa verdade pode ser atestada no livro de Gênesis, no qual encontramos a narrativa de que “não é bom que o homem esteja só” (Gn. 1.28,29). Com o advento das redes sociais, se tornou possível ter não apenas amigos reais, mas também virtuais. Há pessoas que não têm 5 amigos reais, mas chegam a 5.000 mil nas redes sociais. E esses amigos, podem ser descartados rapidamente, basta que a pessoa cancele sua conta. O perigo é o de fundamentar os relacionamentos reais nos parâmetros dos relacionamentos virtuais. Sobretudo nos dias atuais, os quais Zygmunt Bauman (1925-2017) denominou de “tempos líquidos”. Em seu clássico Modernidade Líquida destacou que os relacionamentos entre as pessoas estão cada vez mais descartáveis. As redes sociais expressam esse tipo de relacionamento, muitas pessoas vivem sozinhas, não tem companhias reais, e por isso, se tornam dependentes dos relacionamentos virtuais. Através dessas, querem impressionar os outros, maquiam sua imagem, não apenas com cosméticos, também com uma identidade falseada. Os ambientes virtuais se tornam o rio de narciso, a personagem da mitologia que contemplou demasiadamente seu rosto, e ficou abismado com sua beleza, e por isso mesmo veio a definhar. As redes sociais podem ensejar as pessoas a deixarem de ver os outros e contemplarem apenas a elas mesmas.. A Palavra de Deus nos orienta a amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos, mas há pessoas que estão amando mais a elas mesmas (Mc. 12.30,31).
3. ÉTICA NAS REDES SOCIAIS
A ética nas redes sociais é um desafio, sobretudo os cristãos devem dar exemplo, para evitar escândalo. Alguns cuidados devem ser tomados, precauções devidas, para não denegrir a imagem própria, bem como a dos outros. Estamos em uma época de muitas notícias forjadas, informações que circulam rapidamente, sem que tenha sua veracidade atestada. Por isso, os cristãos devem ser cautelosos, não devem compartilhar informações, sem antes ter convicção da sua veracidade. Fotos em ambientes que possam causar escândalo não devem ser postadas, evidentemente os cristãos devem avaliar os lugares para os quais podem ir, e mais ainda, se podem ou não postar fotos e vídeos em determinados contextos. É nesse particular que se aplica a declaração de Paulo: “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convém, todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (I Co. 6.12). Postagens com trajes indevidos, roupas que causem escândalos, não podem cair na rede. Vídeos familiares, ou mesmo fotos íntimas, podem cair nas mãos de pessoas sem escrúpulos, que podem denegrir a imagem de alguém. As redes sociais devem ser usadas para nossa formação intelectual, e inclusive bíblico-teológica. Existem vários sites e vídeos disponíveis da internet que servem para a edificação dos cristãos. E preciso ter cuidado a quem estamos seguindo, não podemos esquecer que somos seguidores de Cristo, e como tais devemos nos comportar, sabendo renunciar interesses que não agradem a Ele (Mt.16.24). As redes sociais podem ser usadas para a evangelização, para a propagação das boas novas (Mt. 28.19,20), desde que seja feito de maneira criativa, e sem desmerecer os outros, principalmente a religião das pessoas.
CONCLUSÃO
Nesses tempos de relacionamentos líquidos, não esqueçamos que precisamos uns dos outros, nem desprezemos o contato real, a começar a congregação como é costume de alguns (Hb. 10.25). Temos liberdade para usar com sabedoria as redes sociais, desde que essas sirvam para glorificar a Deus, e não se transformem em instrumento para denegrir a imagem de quem quer que seja. É bom avaliar se estamos fazendo uso adequado dessas redes, caso contrário, o melhor mesmo é ficar longe delas (Mt. 18.9)
BIBLIOGRAFIA
KAISER JR, W. C. O cristão e as questões éticas da atualidade. São Paulo: Vida Nova, 2015.
PLATT, D. Contracultura. São Paulo: Vida Nova, 2016