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CONHECENDO A ARMADURA DE DEUS

Texto Áureo: Ef. 6.13  – Leitura Bíblica: Ef. 6.13-20

INTRODUÇÃO
Paulo instrui aos crentes de Éfeso, e por extensão, a todos que ouvem essa Epístola, a tomar toda a armadura de Deus, e que depois de ter feito tudo, devemos permanecer firmes (Ef. 6.13). Na aula de hoje, conheceremos as partes da armadura de Deus, essa indumentária é fundamental para que possamos resistir no dia mal. Inicialmente, destacaremos alguns aspectos desse texto no grego do Novo Testamento, em seguida, faremos sua interpretação e aplicação, a fim de que sejamos fortalecidos no poder do Senhor.

1. ANÁLISE TEXTUAL
Nosso fortalecimento vem do Senhor, para tanto devemos tomar – analabete, que se encontra no imperativo – não apenas parte, mas toda armadura – panoplia – de Deus. Com ela seremos capazes de permanecer firmes – antistenai – e após ter terminado tudo, finalmente ter cumprido a tarefa – katergazomai – permanecer firmes (v. 13). O comando militar de Paulo é: Estai firmes – histemi, não deixe seu território de atuação, não fuja da guerra. Mas para não fraquejar, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade. A aletheia, que nessa passagem pode ser também traduzida por confiança naquilo que foi aprendido. E mais, é preciso também vestir a couraça da justiça – thoraka tês dikaiosynes – a justiça, tema amplamente abordado por Paulo em suas epístolas, que provém de Deus (v. 14). Também a tendo os pés preparados no evangelho da paz – euangeliou tês eirênes. O evangelho é a boa nova de salvação em Cristo, que nos conduz à paz com e de Deus, resultante do ministério da reconciliação (v. 15). E em todas as circunstâncias, é preciso estar com o escudo da fé – ho thureos tês pisteôs. A fé serve de proteção, contra os ataques do maligno, servindo para apagar todos os dardos – bale, flechas inflamadas – pepuromena - com fogo lançadas pelo Maligno, com alto poder de destruição (v.16). E o capacete da salvação – ten perikephalaian tou sôteriou – que deveria ser usado juntamente com tem machairan tou pneumatos – a espada do Espírito, que o próprio Apóstolo explica ser a palavra de Deus – rhema Theou. A palavra – rhema – não apenas uma ideia, mas uma declaração, uma expressão de fé (v. 17). Além de toda oração – proseuches – e súplicas – deesis – em constante oração – proseuchomai – em todo tempo – em panti kairô – dependendo do Espírito – em pneumati, como forma de permanecer alerta – agryonountes – com o sentido de não dormir no lugar da vigilância, suplicando por todos os santos (v. 18). Dentre eles, o próprio Paulo, que perde que orem – huper me. Com o um objetivo específico, para que lhe seja dada a palavra – logos – o tema apropriado – no abrir e fechar da sua boca. Essa palavra deveria ser ousada – parresia, com confiança, mas também no sentido de ter abertura para fazê-lo, a fim de proclamar – gnorizo – o mistério do evangelho – to musterion tou euangeliou (v. 19). Paulo estava preso em Roma, e sabia que era embaixador em cadeias – prebeuo em halusis. A palavra prebeuo diz respeito ao representante de um reino, e como tal, esperava poder com ousadia – parresiazomai, verbo no subjuntivo, indicando possibilidade, para que de maneira apropriada, fosse capaz de falar – lalêsai (v. 20).

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Paulo inicia essa seção com um “portanto”, direcionando para os poderes que vão além da força humana dos inimigos, por conseguinte, os crentes não podem depender de um armamento material, mas de toda a armadura de Deus (v. 11), dentre os elementos desse equipamento espiritual, se encontra a espada do Espírito que está disponível para aqueles que estão nessa batalha. As metáforas utilizadas pelo Apóstolo nesse texto remetem aos soldados romanos, com os quais Paulo estava cercado por se encontrar preso na capital do império. Ele orienta os irmãos das igrejas a permanecerem firmes, recorrendo aos recursos providos por Cristo: justiça (v. 14), evangelho (v.15), fé (v. 16), salvação e a Palavra de Deus (v. 17). A proposta desse comandante é a de que estejamos firmes, não saiamos do posto em que fomos colocados pelo Capitão da Nossa Salvação (v. 14). Nossa batalha leva em consideração a preparação para a pregação do evangelho, não esquecendo que esse é tanto uma má notícia – a realidade do pecado – quando uma boa notícia – a salvação em Cristo (v. 15). Mas precisamos também nos proteger, pois existem dardos inflamados do Maligno, que são lançados com violência, a fim de causar estrago em nossas vidas. Para não ser pegos de surpresa, devemos recorrer ao escudo da fé, com o qual poderemos nos proteger, evitando ser alvos fáceis. A fé se refere às crenças que fundamentam a doutrina cristã, quanto a fidelidade do crente, sobretudo diante dos dias difíceis (v. 16,17). Dependamos também da espada do Espírito, que é tanto uma arma de defesa quanto de ataque, que pode nos dar o fundamento para a apologética da fé, quanto para evitar que sejamos atingidos pelas setas do Maligno. Jesus venceu Satanás na tentação por meio da Palavra de Deus, recorrendo a expressão “está escrito” (Mt. 4.4). Devemos saber que a Palavra de Deus é espada cortante de dois gumes, poderosa para realizar os feitos divinos (Hb. 4.12). E mais, estar continuamente em oração, Deus é a nossa fonte de suprimento, não podemos depender das nossas próprias forças, muito menos pensar que somos autossuficientes. A oração é uma demonstração de total dependência de Deus na batalha espiritual. As armas somente podem causar o efeito necessário se estiverem fundamentadas na oração, sendo essa em Espírito e em Verdade (Jo. 4.23,24), pois o Espírito de Deus intercede na oração (Rm. 8.26,27).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Os crentes estão em uma batalha espiritual, e é preciso destacar o significado desse adjetivo “espiritual”, que muito embora pareça óbvio, é esquecido por algumas pessoas. Não estamos em uma luta contra pessoas, como supõem alguns evangélicos, sobretudo nesses últimos tempos, nos quais se semeia o ódio com tanta ousadia. Paulo lembrou, com bastante propriedade, que nossa luta não é “contra carne e sangue”. Não há fundamento bíblico para odiar as pessoas, ainda que essas não concordem conosco, ou mesmo não vivam a partir dos padrões que consideramos corretos. Antes devemos orar por elas, e estar cientes que há algo mais amplo, uma força mundana, que controla os interesses deste mundo tenebroso. Diante dessa realidade, cabe a nós os que cremos em Cristo, buscar as armas necessárias, que não se tratam de armas materiais, não devemos incentivar à luta armada, muito menos o porte de armas. Dependemos de Deus, a base da nossa fé é evidenciada na oração, por intermédio da qual lubrificamos os equipamentos da armadura de Deus. A oração deixou de fazer parte do cotidiano de muito crentes, a principal razão é o pragmatismo moderno, que aliena as pessoas de uma vida na presença de Deus. A partir da oração, devemos nos revestir de toda a armadura de Deus, não apenas de parte dela, pois é possível que Satanás encontre os pontos frágeis, pois cada pessoa tem o seu “calcanhar de Aquiles”, uns é o dinheiro, para outros, o sexo, e ainda, para alguns é o poder. Os instrumentos que compõem toda a armadura de Deus são: a couraça da justiça, essa diz respeito a convicção que temos de que fomos justificados por Deus, por intermédio do sacrifício vicário de Jesus. Os calçados da preparação do evangelho da paz, não disseminamos a guerra com quem quer que seja, anunciamos as boas notícias de que Cristo é o Príncipe da paz. O escudo da fé, não apenas o conjunto de crenças, mas a fidelidade a Deus, principalmente diante das adversidades. O capacete da salvação, para não termos dúvidas de que fomos alcançados pela graça maravilhosa de Deus, ainda que não fôssemos merecedores. A espada do Espírito, que é própria Palavra de Deus, pois existem muitos ensinamentos falsos tentando adentrar a Igreja, precisamos ser proativos ao recorrer à Palavra de Deus, manejando-a com sabedoria, interpretando apropriadamente os textos.

CONCLUSÃO
A batalha espiritual na qual estamos não se trata de uma guerra humana, por isso não podemos recorrer as armas físicas. Antes devemos depender de toda a armadura de Deus. Assim como a armadura de Saul não serviu a Davi, também as armas humanas não são apropriadas para a Igreja. Por isso devemos recorrer às armas espirituais: os calçados do evangelho da paz, o escudo da fé, o capacete da salvação, a espada do Espírito, e principalmente, da oração.

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.