INTRODUÇÃO
A
igreja local é formada por pessoas que se reúnem para adorar, congregar e
servir a Deus. Nesta lição, refletiremos sobre as nossas responsabilidades
quanto ao lugar no qual desenvolvemos nossa comunhão com o Pai Celeste e com os
irmãos em Cristo. Que o Espírito Santo nos guie neste estudo!
I. A
MORDOMIA DOS BENS ESPIRITUAIS
1.
A mordomia e a valorização da Palavra de Deus. Ao
longo dos séculos, Deus confiou a proclamação de sua Palavra aos seus
seguidores. Há mais de 1490 anos antes de Cristo, Deus falou com e por meio de
Moisés (Êx 3.1-22; 17.14). Tempos depois, falou por intermédio de outros
profetas a partir de Samuel até Malaquias. E, nos últimos dias, revelou-se
através de seu Filho, Jesus Cristo (Hb 1.1).
Hoje,
pastores, evangelistas, discipuladores e professores da Escola Dominical são os
mordomos que cuidam da evangelização e do discipulado nas igrejas locais. Por
isso, todos devem zelar pela Palavra de Deus, lendo-a, estudando-a em
profundidade e realçando o seu inestimável e infinito valor.
Espera-se
que, na liturgia do culto cristão, a Palavra de Deus tenha a primazia (Sl
119.11). Num culto, a pregação e o ensino da Bíblia Sagrada deve ter toda a
prioridade. Se a mordomia da Palavra for negligenciada, os prejuízos
espirituais da congregação serão grandes e, às vezes, irremediáveis.
2.
A mordomia na evangelização e no discipulado. Uma das
melhores formas de se exercer a mordomia da Palavra de Deus é evangelizar todos
os tipos de pessoas (Mc 16.15,16). De acordo com essa demanda, a Palavra de
Deus deve ser proclamada “a tempo e fora de tempo” (2Tm 4.2). Somente ela pode
transformar o interior das pessoas.
Todavia,
paralelo à evangelização, deve ocorrer o discipulado eficaz (Mt 28.19), que é a
mordomia da Palavra exercida de maneira pessoal no curto, médio e longo prazos.
Sem discipulado não há aprofundamento da fé, perseverança, fidelidade e
maturidade cristã. Isso é o que as estatísticas missionárias revelam. Onde há
real discipulado, a maior parte das pessoas permanece em Cristo. Mas, quando o
discipulado é ignorado, esse dado cai vertiginosamente.
3.
A mordomia no uso dos dons espirituais. Os dons espirituais
são concedidos por Deus para dar poder e unção à Igreja. Eles confirmam a
pregação da Palavra, a fim de glorificar a Cristo. A Bíblia mostra que os dons
espirituais foram confiados unicamente à Igreja, ou seja, aos salvos: “Cada um
administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus” (1Pe 4.10 — grifo meu).
Na
Bíblia há orientação para o uso correto dos dons espirituais (1Co 14.40). Por
esse motivo, certas práticas estranhas ao Movimento Pentecostal não devem ser
estimuladas nem toleradas no culto público, tais como marchar, pular, rodopiar
ao som de batidas, correr de um lado para outro, sapatear, fazer “aviõezinhos”
etc. Segundo a Bíblia, isso é meninice, imaturidade e, muitas vezes, revela
apenas carnalidade e infantilidade (1Co 3.1).
II. A
MORDOMIA DA AÇÃO SOCIAL DA IGREJA
1.
A assistência social no Antigo Testamento. No Antigo
Testamento, encontramos o fundamento para a obra de assistência social:
1.1.
Nos salmos. Davi, homem de Deus, analisando a situação do próximo,
afirmou: “Fui moço, e agora sou velho, mas nunca vi desamparado o justo, nem a
sua descendência a mendigar o pão” (Sl 37.25). Certamente, já com idade
avançada, o salmista podia concluir que o “Jeová Jiré” não desampara jamais
aqueles que o servem (Sl 82.3,4).
1.2.
Nos provérbios. O sábio escreveu: “Informa-se o justo da causa do pobre,
mas o ímpio não compreende isso” (Pv 29.7). O texto mostra que não podemos nos
omitir quanto à necessidade de nossos irmãos.
1.3.
Nos profetas. Isaías, o profeta messiânico, clamou pelos necessitados
(Is 1.17). Jeremias, o “profeta das lágrimas”, falou em defesa dos oprimidos
(Jr 22.3). O profeta Ezequiel não deixou de contribuir, protestando contra
Jerusalém, pela sua omissão em atender aos pobres (Ez 16.49). Zacarias foi
usado por Deus de igual modo para exortar sobre o cuidado com os necessitados,
incluindo órfãos, viúvas e estrangeiros (Zc 7.9,10).
2.
Assistência social no Novo Testamento. Aqui também
encontramos fundamentos para a obra de assistência social:
2.1.
Nos Evangelhos. Jesus, em seu ministério, multiplicou pães e peixes duas
vezes para alimentar as multidões (Mt 14.13-21; Mt 15.29-39). Isso indica que
Jesus deu muita importância à necessidade de socorrer os famintos. Assim, na
igreja local, os cristãos têm o privilégio de prover o alimento necessário para
aqueles que necessitam do pão cotidiano.
2.2.
Nos Atos dos Apóstolos. Os diáconos foram escolhidos
para cuidar da assistência social da igreja. Tal trabalho foi considerado pelos
apóstolos um “importante negócio” (At 6.1-6). Dentre as características da
Igreja Primitiva, vemos que os crentes “tinham tudo em comum” (At 2.44,45).
2.3.
Nas Epístolas. O apóstolo Paulo, ensinando sobre os dons, dá ênfase ao
ministério de socorro aos pobres e carentes (Rm 12.8). O apóstolo Tiago, de
início, em sua carta, já afirma que a verdadeira religião é visitar os órfãos e
as viúvas e guardar-se da corrupção (Tg 1.27), pois “a fé sem as obras é morta
em si mesma” (Tg 2.17).
3.
Agindo para glória de Deus e o alívio do próximo. Não
precisamos, portanto, do Socialismo, ou do Marxismo, ou da Teologia da
Libertação (braço auxiliar do marxismo que dessacraliza o evangelho e politiza
o Reino de Deus) para acolher e cuidar dos necessitados. Os representantes
dessas ideologias usam um ideal supostamente nobre para escravizar pessoas e
perpetuarem-se no poder. Infelizmente, o nosso país, bem como toda a América
Latina, é vítima dessa ideologia nefasta.
O
fundamento da igreja local para a prática social está nos salmistas, nos
profetas, em Cristo e nos apóstolos, ou seja, em toda a Bíblia. A Igreja de
Cristo deve socorrer os menos favorecidos porque o amor de Deus está em nós, e,
portanto, devemos amar o nosso semelhante (Mc 12.30,31; cf. Gl 2.10).
Que
estrutura as igrejas locais têm para atender os novos convertidos que se acham
entre certos grupos: prostitutas, moradores de rua, drogados, famintos,
deficientes e deprimidos? É preciso, à luz do exemplo do nosso Salvador, e
dentro das nossas possibilidades (Ec 9.10), estruturar o mínimo de condições
para resgatar tais segmentos. Sejamos zelosos na mordomia da ação social!
III.
A MORDOMIA DOS CRENTES NA IGREJA LOCAL
1.
Em primeiro lugar é preciso congregar. É notório o
crescimento dos “desigrejados”. Não temos espaço aqui para entrar em detalhes
sobre o fenômeno. Entretanto, um dos maiores perigos deste movimento é esta falsa
ideia: já que a “igreja sou eu”, não preciso frequentar os cultos regulares,
nem ser membro de uma igreja local.
Ora,
não é isso o que a Bíblia ensina, mas exatamente o contrário: “não deixando a
nossa congregação, como é costume de alguns” (Hb 10.25). Quer sua igreja local
seja grande, quer seja pequena, ou um ponto de pregação, alegre-se em orar com
os irmãos, participar da ceia do Senhor, ouvir a Palavra de Deus, compartilhar
os dons espirituais e assistir aos mais necessitados. Tenha a alegria de congregar!
Ame a Cristo, o cabeça; mas ame também a Igreja, o seu corpo.
2.
Líderes cristãos como mordomos. Os pastores das
igrejas locais, como mordomos cristãos, têm grande responsabilidade diante de
Deus pelas almas que lhe são confiadas. Essa responsabilidade está amparada no
próprio exemplo de Jesus. Nosso Senhor ensina-nos como cuidar das almas que o
Pai nos confiou. Ele lavou os pés aos discípulos, e ensinou: “Entendeis o que
vos tenho feito? […] Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu
vos fiz, façais vós também” (Jo 13.12,15 — grifo meu). Aqui, está claro que
nenhum líder deve comportar-se como “maior que os outros”, inacessíveis aos
humildes servos do Senhor, mas todos devem fazer parte da “irmandade da bacia e
da toalha”. Essa perspectiva consciente da liderança evangélica é o mais eficaz
antídoto contra o orgulho.
3.
A mordomia dos membros e congregados. Numa igreja local,
além dos líderes terem uma responsabilidade específica, o membro do Corpo de
Cristo deve ser útil à Obra do Senhor, exercendo a mordomia do Reino de Deus
conforme a sua capacidade. Orando, louvando, testemunhando, evangelizando,
visitando enfermos e afastados, liderando departamentos e realizando outras
atividades. É preciso trabalhar “enquanto é dia” (Jo 9.4).
CONCLUSÃO
A
mordomia na igreja local abrange muitas tarefas. Precisamos saber a nossa
vocação e perseverar nela para servir melhor ao Senhor e à sua Igreja. É um
grande privilégio servir a Deus com os dons que Ele nos deu. Portanto, seja um
mordomo fiel na igreja em que você congrega. Ame a Deus, ame ao próximo, ame à
igreja e congregue com alegria. Valorize a igreja local. PENSE NISSO!