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A MORDOMIA DOS DÍZIMOS E OFERTAS

INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos sobre os dízimos e ofertas na obra de Deus. Veremos que, de um lado, os dízimos e as ofertas pertencem a Deus e devem ser-lhe entregues com amor, alegria e fidelidade. Por outro, a liderança eclesiástica deve aplicar os recursos de forma correta, fiel e transparente. Assim, a mordomia desses recursos deve ser executada com base nos princípios da Bíblia Sagrada.
I. AS FONTES DE RECURSOS DA IGREJA LOCAL
1. Dízimos e ofertas. A igreja local tem como fonte legítima de recursos os dízimos e as ofertas. Sem eles, muitos trabalhos ficariam inviabilizados. O fundamento para essa legitimidade está no Antigo Testamento (Lv 27.30-33, Ml 3.10), no Novo (Mt 23.23; 2Co 8.8-15) e ao longo da História da Igreja. Não se trata, portanto, de uma prática que começou por imposição de uma pessoa ou de grupo ou de denominação, mas pela necessidade natural da Obra do Senhor.
2. O cuidado com recursos externos. Com base na Bíblia, os recursos financeiros da igreja evangélica jamais devem ser provenientes de governos ou de órgãos públicos, ou de organismos financeiros. Nossa missão é divina! Que Deus guarde a igreja local de envolvimento com práticas ilícitas e abomináveis aos olhos de Deus.
3. Outras fontes de recursos. Se a igreja local tiver um centro social de amparo às pessoas vulneráveis, não há impedimento para que o poder público envie recursos para tal ação social. Entretanto, é necessário cumprir as prescrições legais para que não haja a possibilidade de qualquer “aparência do mal”. Outrossim, a igreja jamais deve lançar mão de bingos, rifas e outros jogos de azar para aumentar suas receitas. Isso é pecado; desagrada a Deus.
II. A BASE BÍBLICA PARA OS DÍZIMOS E AS OFERTAS
1. Os dízimos no Antigo Testamento. Muitos acusam de legalismo os que observam a disciplina do dízimo e das ofertas. Entretanto, veremos que a origem do dízimo é anterior a Lei, e que o que o legitima é o sentimento de gratidão do fiel ao seu Criador.
1.1. Origem do dízimo. De acordo com a Bíblia, a entrega do dízimo (hb. ma’ aser — décima parte) teve origem no sentimento sincero do patriarca Abraão. Como gratidão ao favor de Deus, ele deu o dízimo de tudo ao sacerdote Melquisedeque (Gn 14.14-20). Assim, é patente que, para além do valor material do dízimo, o gesto de generosidade é significativo. Quando o dízimo tornou-se lei, a gratidão, que é subjetiva, estava no “espírito” da lei. O povo de Israel devia ser grato ao Criador.
1.2. O dízimo é do Senhor (Lv 27.30). Nesse sentido, quando entregamos o dízimo não restituímos nada a Deus nem fazemos barganha com Ele, pois, como percebeu o Rei Davi, “tudo vem de ti, e da tua mão to damos” (1Cr 29.14). O dízimo é do Senhor!
1.3. O objetivo do dízimo no Antigo Testamento. Deus instituiu o dízimo como Lei para a manutenção da sua Casa, sustento da classe sacerdotal e o cuidado com os órfãos e as viúvas (Ml 3.5; Dt 26.12; Jr 22.3). Nesse sentido, há promessas de bênçãos aos dizimistas fiéis (Ml 3.8-10).
2. O dízimo no Novo Testamento. A Bíblia mostra que os fariseus eram rigorosos quanto a entrega dos dízimos. Esse entendimento está presente nas palavras de Jesus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho”. Entretanto, ao mesmo tempo Ele declarou: “desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas” (Mt 23.23 — grifo meu). Aqui, o que o Senhor denuncia é o legalismo e a hipocrisia dos fariseus, e não a entrega do dízimo mesmo. Vejamos dois propósitos do dízimo hoje:
2.1. O dízimo é necessário para manter o ministério em tempo integral. No Antigo Testamento, o dízimo servia para a manutenção dos sacerdotes e levitas (Ne 10.37; 18.21). O princípio do sustento do ministério integral permanece no Novo Testamento (1Tm 5.17,18). Assim, aos ministros do Evangelho, que se dedicam exclusivamente a obra de Deus, que “vivam do Evangelho” (1Co 9.14).
2.2. O dízimo é necessário para a assistência social. A Igreja de Cristo sempre teve compromisso com os órfãos, as viúvas e pessoas carentes em diversas condições. Tiago diz que esta é a verdadeira religião (Tg 1.27). Por isso, a igreja local tem o compromisso bíblico de cuidar, por exemplo, das viúvas que necessitam de ajuda (1Tm 5.3,8). Isso é feito com o recurso dos dízimos.
3. As ofertas nas Escrituras. A igreja no Novo Testamento se expandiu e se multiplicou (At 9.31; 16.5; 1Co 16.19). Para ajudar os irmãos necessitados, bem como expandir a obra missionária, a igreja apostólica usou o expediente das ofertas (2Co 9.10-15; Fp 4.14-17). A Bíblia mostra que o trabalho dos apóstolos era financiado pelos irmãos de diversas igrejas. Hoje, juntamente com os dízimos, as ofertas tem importância e são dirigidas a muitos fins: construção, necessidade humanitária, missões. Enfim, é um privilégio ofertar na obra do Senhor.
III. A MORDOMIA DOS DÍZIMOS E DAS OFERTAS NA IGREJA LOCAL 
1. Como deve ser a entrega dos dízimos e das ofertas na igreja local?
1.1. Com gratidão a Deus. Deus é o dono de tudo: da Terra e de seus habitantes (Sl 24.1). Somos propriedade dEle (1Co 6.20). Só temos saúde porque Ele permite. Só trabalhamos porque Ele nos concede forças. Estamos de pé porque Ele cuida de nós. A gratidão a Deus é a virtude primeira na entrega dos dízimos e das ofertas.
1.2. O dízimo deve ser calculado a partir da renda bruta. É comum irmãos terem dúvidas quanto ao cálculo para separar o dízimo: “Devo separá-lo da renda líquida ou bruta?”. O princípio bíblico que norteava a entrega do dízimo no Antigo Testamento é o das “primícias” (Pv 3.9,10). Por isso, nossa orientação é que o dízimo deve ser retirado da renda bruta. Antes de preocupar-se em pagar as prestações, a água, a luz, o gás ou qualquer outra despesa, honre ao Senhor com suas primícias.
1.3. Os dízimos e as ofertas devem ser levados “a casa do tesouro”. O dízimo e as ofertas tem de ser levados ao tesouro da igreja local. No templo, em Jerusalém, havia um lugar chamado de “a casa do tesouro” para receber os dízimos do povo (Ne 10.37-39). Assim, hoje, cabe ao cristão levar o dízimo e as ofertas a tesouraria da igreja local; e cabe a liderança da igreja a correta e transparente administração dos dízimos.
2. O dízimo dos empresários. Geralmente não poucos profissionais liberais e empresários tem dificuldade de calcular o dízimo. Como eles não tem uma renda fixa, há muitas dúvidas quanto a essa entrega. Para isso, damos a seguinte orientação:
2.1. O dízimo deve ser calculado com base na renda. O faturamento empresarial não é renda, pois inclui os custos da empresa e o lucro. O faturamento pertence à empresa, e não ao empresário. Assim, o lucro é o excedente sobre o custo. Desse lucro, além do valor que lhe permite reinvestir nos negócios, o crente empresário deve tirar a sua renda, ou o tecnicamente denominado Pró-Labore. Ou seja, dessa renda ele deve tirar o sustento direto de sua família. Logo, o dízimo tem de ser calculado a partir dessa renda familiar.
2.2. O controle da renda. Para calcular a sua renda, o empresário cristão deve anotar numa planilha, no computador ou mesmo num caderno, o quanto e a regularidade com que ele retira da empresa o valor para a sua manutenção: se diário, se semanal, se quinzenal, se mensal etc. Do valor retirado, simultaneamente, pode-se separar o dízimo. É melhor fazer assim do que deixar para tirar tudo de uma vez. Outro ponto importante é que o empresário deve retirar também o dízimo de sua renda bruta.
CONCLUSÃO
Entregar o dízimo e ofertar não é “obrigação”, mas privilégio. Ora, Deus nos concedeu a vida, a salvação, a saúde, a família, a segurança, a paz, os irmãos na fé, os amigos, as oportunidades e as vitórias nas lutas. Reconhecer todas essas bênçãos é cultivar um coração grato. Assim, todo cristão sincero entrega o dízimo e a oferta com satisfação, gratidão e alegria, para então, contribuir para o crescimento e o fortalecimento do Reino de Deus e sua obra. PENSE NISSO!