SISTEMA DE RÁDIO

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A REBELDIA DE SAUL E A REJEIÇÃO DE DEUS

Texto Base: 1Smauel 15:17-28

 “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei” (1Sm.15:23).
1 Samuel 15:
17-E disse Samuel: Porventura, sendo tu pequeno aos teus olhos, não foste por cabeça das tribos de Israel? E o SENHOR te ungiu rei sobre Israel.
18-E enviou-te o SENHOR a este caminho e disse: Vai, e destrói totalmente a estes pecadores, os amalequitas, e peleja contra eles, até que os aniquiles.
19-Por que, pois, não destes ouvidos à voz do SENHOR? Antes, voaste ao despojo e fizeste o que era mal aos olhos do SENHOR.
20-Então, disse Saul a Samuel: Antes, dei ouvidos à voz do SENHOR e caminhei no caminho pelo qual o SENHOR me enviou; e trouxe a Agague, rei de Amaleque, e os amalequitas destruí totalmente;
21-Mas o povo tomou do despojo ovelhas e vacas, o melhor do interdito, para oferecer ao SENHOR, teu Deus, em Gilgal.
22-Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros.
23-Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.
24-Então, disse Saul a Samuel: Pequei, porquanto tenho traspassado o dito do SENHOR e as tuas palavras; porque temi o povo e dei ouvidos à sua voz.
25-Agora, pois, te rogo, perdoa-me o meu pecado e volta comigo, para que adore o SENHOR.
26-Porém Samuel disse a Saul: Não tornarei contigo; porquanto rejeitaste a palavra do SENHOR, já te rejeitou o SE-NHOR, para que não sejas rei sobre Israel.
27-E, virando-se Samuel para se ir, ele lhe pegou pela borda da capa e a rasgou.
28-Então, Samuel lhe disse: O SENHOR tem rasgado de ti hoje o reino de Israel e o tem dado ao teu próximo, melhor do que tu.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do trimestre sobre o “governo divino em mãos humanas” trataremos nesta Aula da “rebeldia de Saul e a rejeição de Deus”. Saul, o primeiro rei de Israel, eleito e pedido pelo povo de Israel (1Sm.12:13), foi um rei rebelde, orgulhoso, arrogante, inconsequente, do começo ao fim de seu reinado. Ele tinha tudo para ser um homem de sucesso e foi um fracasso. Suas decisões foram desastradas. Ele tropeçou nas suas próprias pernas. Foi derrotado não pelos inimigos nem pelas circunstâncias, mas por si mesmo.
A vida de Saul é uma trombeta a alertar-nos para o perigo de começar bem a carreira e perder-se na caminhada. Quando o líder se desvia do caminho a ser seguido, o povo, também, vai com ele. Se o líder é um desajustado espiritual os seus liderados também são. A vida de Saul nos ensina que podemos desperdiçar as oportunidades da vida. Ela nos ensina o que não devemos fazer. Ela nos aponta para o perigo de receber em si mesmo a merecida punição do seu erro.
Saul começou bem (1Sm.11:1-13), mas não continuou bem. Logo no segundo ano do seu reinado, trocou a submissão pela rebelião. Em primeiro lugar, ele não conseguiu obedecer aos limites de sua atividade e da sua autoridade. Ao defrontar-se com os poderosos invasores filisteus, não cumpriu a ordem de Samuel para esperá-lo e, imprudentemente, usurpou a função sacerdotal do sacrifício (1Sm.13:8-14). Por causa dessa sua atitude de rebeldia contra a Lei de Deus, que normatizava a ministração de sacrifícios e holocaustos, Saul recebeu a mensagem de Deus que o seu reino não subsistiria, pois o Senhor já tinha buscado alguém segundo o seu coração para substituí-lo (1Sm.13:14). A rebeldia de Saul continuou até o fim de seu reinado, quando de forma deliberada e consciente se derramou diante de uma mulher que consultava mortos, um pecado abominável (1Sm.18:11,12).
Estudando as Escrituras Sagradas, não encontramos nenhum outro tipo de transgressão que seja tratada com tanta severidade por Deus como a da rebeldia. Pessoas ficaram gravemente enfermas (Nm.12:10), reis perderam o seu trono (1Sm.13:13-14), pessoas foram mortas por um juízo de Deus, “simplesmente” pelo fato de que se levantaram contra Sua autoridade (Nm.16:1-33).
O mais chocante é que rebelião não acontece só quando alguém se levanta frontalmente contra Deus; todas as vezes que alguém se opõe às pessoas constituídas e vocacionadas por Deus é tratado como um rebelde; e a Bíblia adverte que há castigo divino para quem trilha o caminho da rebeldia (Nm.17:10; 20:24; Rm.10:21; 1Tm1:9).
“Arão recolhido será a seu povo, porque não entrará na terra que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes à minha palavra, nas águas de Meribá” (1Sm.20:24).

I. DEFINIÇÃO DE REBELDIA

1. Conceito

Segundo o dicionário da língua portuguesa, rebeldia é:
Ø Característica de rebelde; qualidade da pessoa que não obedece ou que se opõe a uma autoridade - foi demitido por rebeldia.
Ø Resistência; força, vontade contrária ou oposta a - a rebeldia dos manifestantes.
Ø Teimosia; excesso de obstinação ou birra; exemplo - não controlo a rebeldia do meu filho.
O Dicionário Vine - Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 254 – afirma que rebeldia é “a conduta ou discurso incitando à revolta contra autoridade constituída ou outro representante do governo legítimo”.
“para que se busque no livro das crônicas de teus pais, e, então, acharás no livro das crônicas e saberás que aquela foi uma cidade rebelde e danosa aos reis e províncias e que nela houve rebelião em tempos antigos; pelo que foi aquela cidade destruída” (Ed.4:15).
“Barrabás fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade e de um homicídio” (Lc.23:19).
Na Bíblia, há exigências constantes para que o servo de Deus evite a rebelião, quer seja contra Deus, quer seja contra os pais, os líderes e as autoridades. Todavia, há rebeldia que é justa e necessária; exemplos:
a) a rebeldia dos apóstolos em não atender a ordem das autoridades da época para não se pregar o Evangelho de Cristo (Atos 5:28).
“Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem”.
Mas Pedro foi contundente e claro:
“Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos Homens” (Atos 5:29).
b) A rebeldia realizada por Martinho Lutero (1483-1546). Este rebelou-se contra os erros doutrinários e litúrgicos da Igreja Católica, e expôs sua revolta exigindo que a igreja voltasse aos verdadeiros princípios exarados nas Sagradas Escrituras, e não apenas em normas ditadas pela igreja.
Como bem afirma o pr. Osiel Gomes, “a rebeldia no seu aspecto positivo busca resolver problemas, procura o bem do próximo, quer uma sociedade justa, um mundo melhor. Quando uma pessoa age intencionada na defesa dos bons princípios, de uma sociedade igualitária, de direitos iguais, pode-se dizer que, nesse parâmetro, sua rebeldia é a de não se conformar com o que não convém, mas, sim, com o que convém; por isso ela é positiva”.
A rebeldia que exsurge sem motivos justos, pautadas em interesses próprios, sem causas justas, visando única e exclusivamente contrariar as pessoas, não condiz com princípios basilares da vida cristã, que tem suas diretrizes norteadas pelas Escrituras Sagradas, e que no seu ser há uma nova natureza implantada por Cristo Jesus (2Co.5:17; 1Pd.1:23).
Praticar a rebeldia é o mesmo que chamar a natureza velha para que reine outra vez, e a ordem de Paulo é que ela não reine (Rm.6:12); assim sendo, esse comportamento deve ser evitado pelo povo de Deus.

2. O aspecto bíblico

No aspecto bíblico, a rebeldia pode ser praticada contra os líderes, os pais, Deus e sua Palavra; os que procedem assim, buscam desafiar a Deus e a sua ordem (Lm.1.18), razão pela qual sofrem as consequências divinas. Ao praticar tal erro, deve-se confessá-lo como fez o profeta Jeremias - “Justo é o SENHOR, pois me rebelei contra os seus mandamentos; ouvi, pois, todos os povos e vede a minha dor; as minhas virgens e os meus jovens se foram para o cativeiro” (Lm.1:18).
A história bíblica mostra as diversas rebeliões do próprio povo de Deus, de quem se esperava um pouco mais de fidelidade para com o Senhor. No livro de Oseias, Israel é comparado a uma vaca rebelde (Os.4:16), uma linguagem campestre em que o fazendeiro realça a rebeldia do animal.
No deserto, o povo de Israel se rebelou diversas vezes: desprezou o Maná mandado por Deus (Número cap.11); Miriã e Arão desafiaram Moisés (Num 12); Israel se recusou a entrar na Terra Prometida (Numero cap.14); Datã, Coré e Abirão se rebelaram contra Moisés (Numero cap.16); Moisés e Arão pecaram junto à Rocha (Numero cap.20); o povo se rebelou em Baal Peor, com idolatria e prostituição (Numero cap.25). Mesmo tendo chegado a Canaã, Israel não se emendou, e preferiu correr atrás dos deuses das nações cananitas, sendo, posteriormente, deportados.
No Novo Testamento, quando Deus se manifestou na pessoa de Jesus Cristo, seu povo escolhido o rejeitou, e mesmo a Igreja composta de judeus teve dificuldades de aceitar a extensão do plano da salvação aos gentios.
Vivemos tempos em que as gerações são dominadas pelo sentimento de rebeldia. Mas, para o povo de Deus que serve e teme a Ele, esse procedimento deve ser evitado, pois tal procedimento é próprio de pessoas que têm um coração não transformado ou regenerado; também, porque, segundo nos revela a Palavra, todos os que a praticaram a rebeldia tiveram um fim muito triste.
A nova geração de israelitas, que sobreviveram no deserto, foi alertada a não seguir o modelo de seus pais, que se portaram rebeldemente (Sl.78:8; Jr.5:23); assim, Paulo diz que o que foi escrito é para nossa advertência (Rm.15:4) – “Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.
Rejeitemos, pois, terminantemente a rebeldia para podermos desfrutar das copiosas bênçãos de Deus.

3. O cristão e a rebelião

O cristão verdadeiro tem sua vida vinculada à Carta Magna de Deus, as Escrituras Sagradas; ela é a regra de fé e prática do cristão; ela é a Constituição da Igreja; ela é a Palavra de Deus. Seguindo os seus ditames, o cristão trilhará o caminho da harmonia, da paz, da comunhão com Deus e com os demais membros do Corpo de Cristo. Portanto, o cristão verdadeiro jamais trilhará o caminho da rebeldia, quer seja no âmbito congregacional ou no orbe secular.
Os apóstolos Pedro e Judas, falam daqueles que são dominados pelas paixões infames da carne e não temem desrespeitar qualquer autoridade (2Pd.2:10; Jd.1:8).
“mas principalmente aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia e desprezam as dominações. Atrevidos, obstinados, não receiam blasfemar das autoridades”.
“E, contudo, também estes, semelhantemente adormecidos, contaminam a sua carne, e rejeitam a dominação, e vituperam as autoridades”.
As Escrituras Sagradas, porém, advertem ao cristão respeitar as autoridades constituídas (cf. Rm.13:1; Tt.1:3), e que jamais se deve proceder como os ímpios, que buscam criar revoltas, rebeldias, sedições, com fins particulares.
Disse o sábio:
“Na verdade, o rebelde não busca senão o mal, mas mensageiro cruel se enviará contra ele” (Pv.17:11).
Exorta assim o apostolo Paulo:
“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm.13:1).
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (1Tm.2:1,2).
Não somente contra as autoridades seculares o cristão não deve se rebelar, mas também não se deve ser rebelde contra os líderes da Igreja Local.
“Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hb.13:17).
Entretanto, segundo as Escrituras, o cristão não deve sujeitar-se a uma autoridade quando a prioridade da justiça está em risco e quando há violação aos princípios bíblicos (Atos 5:29). No sentido de não conformidade com o que é errado, o cristão pode manifestar-se contrário, pois seu propósito é sempre estar ao lado da verdade, da justiça, buscando a perfeita unidade, que é o vínculo da paz (Ef.4:3); mesmo assim, o ato de não se submeter ao que é errado ou contrário às Escrituras Sagradas não significa liberdade para usar de ataques com palavras indecorosas, motins e exposições em redes sociais. No caso de tomar qualquer atitude, o primeiro passo do cristão é orar, ver se sua ação configura-se segundo os parâmetros bíblicos e qual o propósito dela. A Bíblia alerta-nos quanto ao risco por meio de quem vem o escândalo (Mt.18:7) – “Porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!”.
O Antigo Testamento mostra os três amigos de Daniel que não se sujeitaram à ordem do rei, sendo preparados para serem lançados no fogo; mesmo assim, demonstraram respeito para com o monarca, não pronunciando palavras ofensivas (cf. Dn.3:16,17).
Enfim, quem é nova criatura em Cristo Jesus (2Co.5:17) não trilha o caminho da rebeldia; por vezes, sua ação em relação ao sistema político secular, ou mesmo eclesiástico, só pode acontecer quando não se está procedendo com justiça. No mais, tal ação deve ser feita com oração, prudência, equilíbrio, atentando para os aspectos morais e espirituais, mensurando-se até que ponto sua ação pode ser produtiva ou não. Disse Jesus: “Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt.12:37).

4. Por que Deus foi, é e será tão severo com os rebeldes? 

a) Porque a rebelião questiona o senhorio de Deus. Deus não tolera a rebelião porque ela questiona a base que sustenta o Universo, ou seja, o seu Senhorio. Se existe algo que Deus não pode abrir mão é do governo sobre todas as coisas. Ao criar o homem e colocá-lo no Jardim do Éden, o Senhor Deus deixou claro que a única condição para que tudo permanecesse bem, era que Adão e seus descendentes se sujeitassem a Ele. A figura da “árvore do conhecimento do bem e do mal” colocada no meio do jardim com seu fruto proibido era um ícone da autoridade divina, um aviso que o homem deveria entender assim: “Você pode dominar sobre tudo, mas quem manda em você sou Eu, o Senhor”. Ao comer daquele fruto, Adão e Eva estavam se insurgindo, proclamando sua independência e, como resultado, receberam toda a maldição do pecado, não somente sobre si, mas sobre toda a raça humana que o seguiu.
b) Porque a rebelião nos assemelha a Lúcifer, o querubim corrompido. Foi exatamente uma insurreição contra a soberania do Senhor Deus, que fez com que Lúcifer e um terço dos anjos fossem expulsos do lugar onde habitavam e se tornassem um reino asqueroso de demônios que atormenta a Terra. Quando nos rebelamos, nós que fomos feitos para manifestar a glória e o caráter de Cristo, assumimos uma identificação completamente oposta, assemelhando-nos àquele que se tornou o maior inimigo de Deus, o diabo.
c) Porque a rebelião contamina. A rebelião tem um terrível e devastador poder de contaminação. Rebeldes costumam levantar insurreições, são como o estopim de uma grande bomba. Ao lado de um rebelde logo se levantarão muitos outros. Por isso, não podem ser deixados à revelia, agindo no meio da sociedade como células cancerosas que se multiplicam em sua loucura.
Veja, a seguir, dois exemplos basilares de rebelião que servirão de alerta aos cristãos nos dias de hoje.
ü  Exemplo 1: A Rebelião de Ninrode. O relato da torre de babel é o clímax da história da rebelião contra Deus, imediatamente após o dilúvio. Deus havia mandado os sobreviventes do dilúvio “encher a terra” (Gn.9:1), em vez disso, eles escolheram reunir-se em um único lugar para construir uma cidade com uma torre que alcançaria o céu e seria como símbolo de sua identidade comum.
As pessoas estavam unidas, mas estavam unidas primariamente em sua língua e em sua rebelião contra Deus. Deus repreendeu-lhes a arrogância confundindo-lhes a língua; assim, as pessoas que quiseram estabilizar sua identidade, unidade e segurança em torno de um grande ideal, e não em torno do grande Deus, foram dispersas para encher a terra.
ü  Exemplo 2: A rebelião de Coré, Datã e Abirão. Em seu desejo de substituir Moisés, Coré contaminou Datã, Abirão e 250 líderes do povo com sua ambição profana. Prometeu posições no serviço do templo que não eram suas para que pudesse dar — e fez tudo isso acreditando firmemente que Deus estava com ele. No que poderia ser descrito como a mais chocante demonstração do poder de Deus, a terra literalmente se abriu, tragando os rebeldes, suas famílias e seus bens. Essa impressionante demonstração deveria ter sido suficiente para convencer todo o povo de que Deus estava com Moisés e Arão; porém, enfurecidamente, o povo os atormentou por matarem os homens de Deus. Deus ficou tão zangado com isso que enviou uma praga, a qual matou outras 14.700 pessoas (Nm.16:49) antes que a intercessão de Arão pudesse impedir a mão de Deus. Como acontece frequentemente, o pecado acariciado por um geralmente contamina muitos.

II. A REBELDIA DE SAUL

Foram muitas as justificativas que marcaram a rebeldia de Saul: irreverência com a ordem de Deus, voto tolo, infidelidade na guerra contra os amalequitas e desobediência às palavras do Senhor.

1. A raiz da rebeldia de Saul: o orgulho (1Sm.15:12)

“...e anunciou-se a Samuel, dizendo: Já chegou Saul ao Carmelo, e eis que levantou para si uma coluna...” (1Sm.15:12).
Vemos neste texto que Saul construiu um monumento em sua própria honra – a coluna do orgulho. É provável que Saul tenha levantado esse monumento para honrar suas vitórias anteriores e perpetuar sua fama, como os reis faziam, por vezes, no antigo Oriente Próximo. No início, Saul hesitou em tornar-se rei, apesar da declaração do profeta Samuel e da confirmação por meio de sinais (cf.1Sm.10:2-7); agora, porém, inebriado pelo êxito, procura elevar-se aos olhos de Israel. De modo irônico, isso ocorre pouco antes de ele receber uma reprimenda de Samuel e um comunicado de rejeição por parte de Deus.
Saul era orgulhoso, arrogante e ególatra. Ele queria a glória para ele mesmo; queria ver seu nome exaltado; então, para ele, isso valia mais que fazer a vontade de Deus. Ele usava o nome de Deus para que o seu recebesse a glória. Saul idolatrava a si próprio; ele mesmo era o deus a quem ele escolhera servir.
O orgulho é um fator determinante para o pecado de rebelião. Geralmente, a ausência de humildade leva o ser humano a desenvolver uma personalidade egoísta e orgulhosa. Quando se permite o orgulho dominar o coração, o processo de rebeldia está preste a ser instalado.
Como diz Richard W. Dortch, nenhum outro pecado é maior que o orgulho; todos os outros pecados, como, por exemplo, a embriaguez, pecados sexuais, cobiça, mau gênio, violência, não passam de insignificâncias comparados ao monumento do orgulho. O orgulho nos torna independente de Deus, e a independência está diametralmente oposto à adoração.

2. Saul era desobediente - não cumpria as ordenanças divina

Em 1Samuel 15, o profeta Samuel é enviado ao rei Saul com uma ordem bastante específica e clara: “Agague, o rei, e todos os amalequitas, desde o menor até o maior, tinham que ser eliminados”. Tudo deveria ser destruído e banido, pois os amalequitas estavam sob o julgamento divino. Essa ação divina era para evitar que o mal deles se espalhasse cada vez mais.
O Senhor disse a Samuel que o motivo para tal juízo se dava pelo fato de que quando os israelitas saíram do Egito e peregrinavam no deserto, Amaleque os atacou em Refidim (Êx.17:8-13). Naquele dia, depois que deu a vitória aos israelitas, o Senhor prometeu que a memória de Amaleque seria eliminada da Terra, para sempre (Êx.17:14).
O dia chegou, e o Senhor queria executar este juízo através de Saul. A ordem era muito clara, eles deveriam destruir tudo e não pegar nenhum despojo da batalha, algo que era muito comum à época. Mas neste caso especifico, o Senhor não queria que nada fosse pego ou poupado, pois não se tratava de uma guerra qualquer. O que não poderia ser queimado, como o ouro, a prata e o ferro, seria objeto solene de consagração a Deus.
Saul venceu a guerra, mas não obedeceu à ordem divina. Vendo quão agradáveis eram os animais dos amalequitas, não ordenou que fossem eliminados. Poupou o que havia de melhor, e não executou o rei Agague, como o Senhor havia ordenado (1Sm.15:9).
Essa atitude de Saul deixou o Senhor muito entristecido, e Ele comunicou isso ao profeta Samuel (1Sm.15:10,11). Samuel se contristou e toda a noite clamou ao Senhor, e muito cedo saiu e foi ao encontro de Saul (1Sm.15:12).
Quando Saul viu o profeta, o elogiou e recebeu com muita alegria, como se nada de errado estivesse acontecendo; porém, sem meias palavras, Samuel perguntou o porquê de os animais estarem vivos (1Sm.15:14). Saul respondeu de modo sutil e defensivo. Sem dúvida, lembrou-se da ordem do Senhor e afirmou que o exército tinha poupado os animais, embora o tivesse feito com um proposito nobre, isto é, para sacrifício. Contudo, ao descrever a destruição total do restante, ele se incluiu na ação (1Sm.15:15).
Ouvindo as palavras de Saul, o profeta Samuel declarou a sentença do Senhor sobre seu reino e proferiu uma das passagens mais conhecidas da Bíblia: 
“Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros” (1Sm.15:22).
Nesse dia, o reinado de Saul acabou. O Senhor Deus o rejeitou como rei, e declarou que já havia passado a outro. Depois que ouviu a sentença, Saul fez tudo o que antes lhe havia sido ordenado, mas era tarde demais.
Aprendemos neste episódio que devemos obedecer a Deus de maneira inegociável. O Senhor prioriza a obediência acima do formalismo religioso. Saul agia de acordo com o conceito equivocado de que Deus prioriza os atos religiosos formais. No entanto, o relacionamento correto com Deus não pode ser garantido por meio de formalidades religiosas, como sacrifícios e orações (veja Is.1:11-15).
Samuel lembra Saul que o formalismo religioso sem obediência é vazio (1Sm.15:22). A única maneira de ter um relacionamento saudável e vigoroso com Deus é submeter-se à sua vontade, uma submissão demonstrada por meio da obediência a seus padrões morais e éticos.
No cristianismo autêntico, a obediência é fundamental para um relacionamento com Deus, em contraste com o paganismo, que procura esse relacionamento por meio do formalismo religioso.

2. Deus se “arrependeu de haver posto a Saul como rei” (1Sm.15:11,35)

“Arrependo-me de haver posto a Saul como rei; porquanto deixou de me seguir e não executou as minhas palavras” (1Sm.15:11).
Está escrito que Deus não muda e nEle não há sombra de variação (Ml.3:6; Tg.1:17); Ele sempre é o mesmo (Sl.102:27; Hb.1:12). Mas, em 1Sm.15:11,35 está escrito que Deus se “arrependeu de haver posto a Saul como rei”. Não há uma contradição nestes textos?
Muitos procuram enxergar nestas passagens bíblicas, e em outras como, por exemplo, Gn.6:7; 2Sm.24:16, 1Cr.21:15, Jr.26:19; Am.7:3,6; Jn.3:10, uma “contradição” bíblica, nesta busca insana que os inimigos da Palavra de Deus têm para tentar desacreditar o seu Criador.
Entretanto, uma vez mais, são eles fracassados neste seu intento. A expressão bíblica de “arrependimento” em relação a Deus nada mais é que uma “antropopatia”, ou seja, uma expressão de nossa linguagem para tentar nos fazer compreender uma atitude divina. Deus está acima da nossa compreensão e, por isso, temos de nos valer da pobreza de nosso vocabulário para tentar compreender e entender as ações divinas. É o que acontece com a palavra “arrependimento”.
Na verdade, todas as vezes em que a Bíblia menciona que “Deus Se arrependeu”, o que está em foco não é uma mudança de Deus em Suas atitudes, mas, sim, uma resposta de Deus em virtude da mudança proporcionada pelo comportamento humano. No mesmo capítulo de 1Samuel, versículo 29, está escrito:
“E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem, para que se arrependa”.
Assim, o “arrependimento” de Deus não é uma mudança de Deus, mas a manutenção da sempre e mesma posição de Deus diante da constante mudança do homem. Foi o que ocorreu com os juízos sobre Saul. A mudança na conduta de Saul exigiu uma mudança correspondente nos planos e propósitos de Deus para ele.
Para se manter coerente com seus atributos, o Senhor deve abençoar o obediente e castigar o desobediente. Desta feita, por causa de sua desobediência constante, Deus não permitiu que Saul continuasse dirigindo o Seu povo. Por isso, por meio de Samuel, Ele o rejeitou. A desobediência, a teimosia e a rebelião do primeiro rei de Israel atraíram a ira de Deus.
“O prazer de Deus não está em sacrifícios, mas na obediência do ser humano à sua Palavra. Mais do que um belo sermão, ou de grandiosas construções, Deus requer de seu povo a obediência (Sl.50:13,14) ”.

4. “A rebelião como pecado de feitiçaria” (1Sm.15:23)

O Senhor caracterizou a rebeldia de Saul como pecado de feitiçaria. Saul esperava agradar a Deus por meio do sacrifício que se propôs a apresentar - ele o considerava perfeitamente legitimo e apropriado. Porém, do ponto de vista do Senhor, Saul desobedeceu à ordem divina para fazer esse sacrifício, o que constituiu um ato de rebelião, semelhante à feitiçaria ou à idolatria.
O profeta Samuel afirma que não há valor em sacrifícios a Deus quando se quebra um de seus mandamentos por desobediência deliberada. Quem age assim coloca a sua vontade no lugar da de Deus. Por isso, a rebelião é tão maléfica quanto à feitiçaria, pois ela rouba o lugar da glória de Deus. Talvez, do ponto de vista de Deus, a intenção de Saul de compelir ou manipular Deus por meio de sacrifícios seja equivalente à idolatria e mereça o devido castigo.
Portanto, cultivar a submissão, a humildade e a obediência é o antídoto necessário para remover o “espírito da rebelião”, “porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria” (1Sm.15:23).

III. SAUL: UM LÍDER SEM CRITÉRIOS

1. Saul não sabia esperar

Veja a ordem do homem de Deus, Samuel, a Saul:
“Tu, porém, descerás diante de mim a Gilgal, e eis que eu descerei a ti, para sacrificar holocaustos e para oferecer ofertas pacíficas; ali, sete dias esperarás, até que eu venha a ti e te declare o que hás de fazer (1Sm.10:8)
Mas, Saul não teve paciência para esperar até o prazo final (1Sm.13:8-13).
“8.E esperou sete dias, até ao tempo que Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se espalhava dele.
 9.Então, disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto.
10.E sucedeu que, acabando ele de oferecer o holocausto, eis que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar.
11.Então, disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás,
12.eu disse: Agora, descerão os filisteus sobre mim a Gilgal, e ainda à face do SENHOR não orei; e forcei-me e ofereci holocausto.
13.Então, disse Samuel a Saul: Agiste nesciamente e não guardaste o mandamento que o SENHOR, teu Deus, te ordenou; porque, agora, o SENHOR teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre”.
Observe que em 1Samuel 10:8, foi dada a ordem para esperar sete dias; e em 1Samuel 13:8 o narrador enfatiza que Saul esperou os sete dias determinados, embora Samuel tenha chegado exatamente quando Saul terminava de apresentar a oferta do holocausto (cf.1Sm.13:10).
O pecado de Saul não consistiu em haver apresentado o holocausto prematuramente (pois ele esperou o prazo determinado por Samuel). Seu pecado consistiu em haver desrespeitado a autoridade de Samuel ao oferecer, ele próprio, o holocausto. Isto foi uma clara usurpação de autoridade.
Em 1Sm.10:8, Samuel deixou claro que ele apresentaria o holocausto e daria ordens a Saul. A afirmação anterior de Samuel não sugere que um atraso de sua parte dava autoridade para Saul fazer o que bem entendesse. Trata-se de pura presunção da parte de Saul, resultante de pânico (cf.1Sm.13:11-13). Veja o aspecto de pânico de Saul:
“Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás, eu disse: Agora, descerão os filisteus sobre mim a Gilgal, e ainda à face do SENHOR não orei; e forcei-me e ofereci holocausto” (1Sm.13:11,12).
Quanto mais Saul esperava, mais soldados desertavam. As tropas filisteias estavam reunidas para a batalha e poderiam atacar a qualquer momento. Se isto acontecesse, Saul não desejaria estar numa posição em que não “buscou o favor do Senhor”.
Uma análise mais minuciosa mostra que o ponto de vista de Saul é equivocado em pelo menos três aspectos importantes:
§  Uma preocupação com o número cada vez menor de soldados revelava a crença de que exércitos humanos, e não o Senhor, decidirão a batalha (com relação a esta questão, convém lembrar juízes cap.7).
§  Sua preocupação em oferecer um holocausto revelava uma teologia distorcida, que elevava o ritual acima da obediência (veja 1Sm.15:22,23) e se mostrava propenso a considerar que rituais podiam, de algum modo, garantir o favor divino.
§  Saul ultrapassou os limites de sua alçada. Saul era rei, mas estava debaixo da autoridade do profeta-sacerdote Samuel, o intercessor de Israel (cf. 1Sm.7:7-11; 12:18,19,23). Em Deuteronômio 17 e 18 em que são fornecidas as prescrições para o reinado em Israel (Dt.17:14-20; cf. 1Sm.10:25), faz-se distinção clara entre o papel do rei e o papel dos sacerdotes (Dt.18:1-13) e dos profetas (Dt.18:14-22). Como observamos anteriormente, Samuel deixa claro que ele era a pessoa autorizada por Deus para oferecer os holocaustos (cf. 1Sm.10:8) e que ele, em sua função de profeta, daria instruções ao rei.
Assim como Saul, nosso verdadeiro caráter espiritual é revelado diante das nossas dificuldades. Os métodos que utilizamos para alcançar os nossos objetivos são tão importantes quanto a realização dos mesmos.
É grande o desafio de confiar em Deus quando nossos recursos estão se esgotando. Quando Saul percebeu que o tempo estava limitado, ficou impaciente com a contagem regressiva do tempo determinado pelo Senhor. Ao pensar que a cerimônia era tudo o que precisava, substituiu a fé em Deus pelo sacrifício de um animal.
Ao enfrentar uma situação difícil, não permita que a impaciência o leve a desobedecer a Deus. Ao saber que é o desejo do Senhor, siga seu plano e não se importe com as consequências. Deus costuma usar a demora para testar a nossa obediência e a paciência.

2. Saul: o rei rejeitado

“Então, disse Samuel a Saul: Agiste nesciamente e não guardaste o mandamento que o SENHOR, teu Deus, te ordenou; porque, agora, o SENHOR teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre” (1Sm.13:13).
Samuel acusa Saul de desobediência à ordem, dada pelo Senhor, de esperar Samuel oferecer os sacrifícios e lhe dar instruções devidas (1Sm.10:8). Por proceder assim, Samuel acusa Saul de se comportar de modo tolo – “agiste nesciamente”.
Ao tentar esconder os pecados atrás de desculpas, Saul perdeu seu reinado (1Sm.13:14). Saul apresentou inúmeras desculpas para justificar sua desobediência, mas Samuel as anulou, quando trouxe à tona a realidade.
Assim como Saul, costumamos encobrir nossos enganos e pecados, ao tentarmos justificar e espiritualizar nossas ações devido às circunstâncias “especiais”. Estas desculpas, porém, nada são além de desobediência. Deus conhece nossos verdadeiros motivos. Ele perdoa, restabelece e abençoa apenas quando reconhecemos nossos pecados.
“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv.28:13).

CONCLUSÃO

Saul tinha tudo para dar certo, mas ele fez tudo o que não devia fazer. Ele tinha a função mais honrosa e de grande responsabilidade: a de ser líder do povo de Deus, a nação escolhida pelo próprio Deus Altíssimo. Mas, Saul desperdiçou esse grande feito, simplesmente, por causa da desobediência à Palavra de Deus; e a força motriz dessa desobediência foi o orgulho, a arrogância, o ego, que dominava o seu coração. Em tudo, ele queria a glória para si mesmo, queria ver seu nome exaltado entre o povo que ele liderava (1Sm.15:12); para ele, isso valia mais que obedecer aos mandamentos do Senhor Deus de Israel. A desobediência contumaz de Saul destruiu o seu reinado.
Saul recebeu a Palavra de Deus através de Samuel. Hoje nós temos as Escrituras Sagradas para nos orientar. Mas não basta só isso. Saul ouviu, mas desprezou seguir o que a Palavra ensinava. Por isso, o Senhor o rejeitou para sempre.
Portanto:
-Cumpra o que a Bíblia diz:
“E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos” (Tg.1:22).
-Não confiemos em nossos pensamentos e lógica, coloque-os debaixo do crivo da Palavra de Deus:
“E digo isto e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade do seu sentido, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus, pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração, os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para, com avidez, cometerem toda impureza” (Ef.4:17-19).
-Não confie em seu coração ou intensões:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr.17:9).
-Peça a Deus que te ajude a conhecer quem você é:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (S.139:4).
-Que realizar a vontade de Deus e glorificar o seu nome sejam os verdadeiros motivos do nosso viver.
-Não esquecer que o verdadeiro progresso na vida espiritual não está em ser indicado e aceito a alguma função eclesiástica, mas sim na obediência completa à Palavra de Deus e ao Deus da Palavra. Disse Salomão: “é melhor o fim das coisas, do que seu princípio” (Ec.7:8). Que Deus nos ajude a obedecer e a viver para sua glória! Pense nisso.