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A SUBLIMIDADE DAS BÊNÇÃOS ESPIRITUAIS EM CRISTO

Texto Base: Efésios 1:3,4,9-14
12/04/2020
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef.1:3).
Efésios 1:
3.Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo,
4.como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade,
9.descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo,
10.de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra;
11.nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade,
12.com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperamos em Cristo;
13.em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa;
14.o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do trimestre sobre “a Igreja Eleita”, trataremos nesta Aula a respeito da “Sublimidade das Bênçãos Espirituais em Cristo”. Em Sua soberania e vontade, nos refolhos da eternidade, Deus planejou eleger um povo e adorná-lo com ricas bênçãos, bênçãos essas de durabilidades eternas (Ef.1:3) - “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”. Todas essas riquezas vêm pela graça de Deus e são para a glória de Deus. A maior de todas as bênçãos é a plenitude da nossa redenção, que se dará na glorificação, que se concretizará quando Cristo voltar para levar a Sua Igreja à pátria celestial (João 14:3). Qual a garantia disso? O próprio Espírito Santo é o penhor ou garantia da toda a nossa herança (Ef.1:13,14). Como Selo Ele nos mantém unidos a Cristo para o Dia da nossa premiação no Tribunal de Cristo; como Penhor Ele garante que a nossa herança plena será preservada.
Portanto, as bênçãos do crente estão nas regiões celestiais, literalmente “nos céus”. Em vez de serem bênçãos materiais terrenas, são bênçãos espirituais nas regiões celestiais. E para o crente receber essas bênçãos é preciso estar unido a Cristo pela fé. A partir do momento em que o homem está em Cristo, ele se torna possuidor de todas elas. Estar em Cristo é participar de tudo o que Cristo fez, de tudo o que Ele é.

I. A NOVA POSIÇÃO EM CRISTO

Neste primeiro tópico trataremos de nossa posição em Cristo Jesus, que desfrutamos diante de Deus. Antes, perdidos; agora, salvos pela morte vicária de Jesus Cristo. Antes, destituídos da glória de Deus; agora, reconciliados com Deus. Antes, sem nenhum benefício espiritual; agora, cheios de bênçãos espirituais em Cristo nos lugares celestiais. Antes, escravos no pecado; agora, libertos do poder do pecado e selados pelo Espírito Santo.

1. A Doxologia

Após a sua saudação cristã – “graça e paz”, tratada na Aula anterior -, à Igreja de Cristo em Éfeso, Paulo apresenta uma lista de “todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”. Antes, porém, ele expõe uma bela doxologia de exaltação a Deus Pai, demonstrando que a vida cristã só tem sentido se tivermos sempre uma atitude de reconhecimento e ação de graça ao Doador de todas as bênçãos.
Paulo começa com a frase: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef.1:3). Aqui, Paulo volta sua atenção para Deus, e não propriamente para a Igreja, uma vez que tudo é dEle, tudo vem por meio dEle e tudo é para Ele (Rm.11:36). Todos nós devemos ser cônscios de que tudo que temos é para louvor e glória do glorioso nome do Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
O que Deus tem feito para que O louvemos de coração? A essa pergunta se responde da seguinte forma: “Ele nos tem abençoado com toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo”. Todos os crentes são benditos quando recebem as bênçãos dos céus; Deus é bendito quando é louvado por tudo o que gratuitamente confere aos seus santos, não somente a estes, mas a todos os indivíduos abençoados por Deus através de Sua graça comum.
Só o Deus Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, portanto, é digno de ser bendito, porque somente Ele é o perfeito doador de bênçãos, que nos dá “para louvor de sua glória” (Ef.1:6). Por três vezes, no primeiro capítulo de Efésios, Paulo enfatiza que a finalidade de todas as coisas realizadas por Deus para nós é o “louvor da sua glória” (Ef.1:6,12,14), é como se fosse o refrão desta doxologia. A finalidade de tudo o que Deus fez, está fazendo e fará é o louvor de Sua glória.

2. As bênçãos espirituais

O apóstolo Paulo, a despeito de sua fatídica e dolorosa situação como prisioneiro em Roma, e longe de colocá-la sob holofotes, ele eleva seus pensamentos às alturas excelsas e apresenta à igreja de Éfeso as gloriosas bênçãos espirituais que temos nas regiões celestes (Ef.1:3-14).
Percebe-se que as suas palavras, nos textos de Efésios 1:3-14, fluem de sua boca numa sequência como se fosse uma torrente contínua; ele não faz pausa para tomar fôlego, nem pontua as frases com pontos finais. Paulo não olha para as circunstâncias adversas, e sim para as bênçãos que Deus Pai de nosso Senhor Jesus Cristo tem preparado para todos nós em Cristo Jesus nas regiões celestiais.
Três verdades devemos levar em consideração:
a) A fonte das bênçãos. Deus, o Pai, é a fonte de nossas bênçãos; é Ele quem nos enche de todas as bênçãos em Jesus Cristo. Ele é o dono do Universo, e nós somos seus filhos e herdeiros – “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef.1:3).
b) A natureza das bênçãos. Paulo enfatiza que as bênçãos que Deus nos dá em Cristo são espirituais. Provavelmente, a intenção de Paulo é contrastar com as bênçãos do povo de Deus do Antigo Testamento, bênçãos essas prometidas por Deus, em grande parte, materiais (cf. Dt.28:1-13).
É verdade que Jesus prometeu aos seus seguidores algumas bênçãos materiais, pois os proibiu de ficar ansiosos quanto a comida, bebida e roupas, e assegurou-lhes que o Pai celestial supriria suas necessidades se eles colocassem os interesses do reino de Deus e da sua justiça em primeiro lugar; mas, na Nova Aliança, as bênçãos prometidas ao povo de Deus, são eminentemente espirituais. Estas são mais importantes do que aquelas, porque não se corrompem; por isso, Jesus fez a seguinte exortação: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam” (Mt.6:19,20).
c) A esfera de fruição das bênçãos. Afirma o apóstolo: “Nas regiões celestiais em Cristo”. Esta frase só aparece em Efésios. Como compreender este ensino? Russell Shedd é de opinião que, em combinação com Ef.1:20, Paulo quer chamar nossa atenção para a realidade de que, quando estamos em Cristo, já estamos como que tirados deste mundo. O Rev. Hernandes Dias Lopes, citando Curtis Vaughan, diz que a expressão "regiões celestiais" neste texto não se refere a uma localização física, mas a uma esfera de realidade espiritual à qual o crente foi elevado em Cristo, o que quer dizer se tratar não do Céu futuro, mas do céu que existe no cristão e em torno dele no presente. Os crentes, na realidade, pertencem a dois mundos (Fp.3:20): na perspectiva temporal, pertencem à terra; mas, espiritualmente, vivem em comunhão com Cristo e, por conseguinte, pertencem à esfera celestial.
As pessoas não convertidas estão interessadas primariamente nas coisas terrenas, porque esse é o lugar em que vivem; elas são filhas deste mundo (Lc.16:8). Mas, a vida do cristão está centrada no Céu (Cl.3:1); sua cidadania encontra-se no Céu (Fp.3:20); sua morada está no Céu (João 14:2,3); seu nome está escrito no Céu (Lc.10:20); seu Pai está no Céu (Mt.6:9).

3. A nova condição

“Em Cristo” (Ef.1:3). Esta é a nova condição do novo povo eleito por Deus; é a esfera em que este povo vive, e nela recebem todas as bênçãos (Ef.1:3). Está em Cristo é uma posição de intimidade com Ele, de um relacionamento íntimo com Ele; com a intimidade de uma vida transformada, de uma vida resgatada, salva; uma vida em que Cristo é realmente Senhor de nossa vida, aquele a quem já nos entregamos definitivamente de todo o coração. Aos crentes Colossenses, Paulo faz a seguinte exortação, que se aplica a todos nós:
1.Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
2.Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra;
3.porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
4.Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em Glória” (Cl.3:1).
Portanto, a vida do crente que está em Cristo é o oposto da vida “em Adão”, escravizada pelo pecado (Rm.5:11-15), em que a natureza carnal atrai a pessoa a um materialismo mórbido e ao um orbe moralmente degradante (Gl.5:19-21).
Nas palavras de Russell P.Shedd, a expressão “em Cristo” tem a ideia de representação, uma representação total de nossa vida. Não devemos nos esquecer também de que estar “em Cristo” quer dizer estar no Espírito e ter o Espírito Santo em nós, unindo-nos a Cristo, e uns aos outros no Seu Corpo, a Igreja.
A expressão “em Cristo”, em Efésios, Paulo enfatiza não menos de seis vezes nos primeiros catorze versículos do capítulo primeiro: os crentes são fiéis em Cristo (Ef.1:1); escolhidos nele (Ef.1:4); recebem a graça nele (Ef.1:6); têm a redenção nele (Ef.1:7); são feitos herança nele (Ef.1:11); são selados nele (Ef.1:13) e assim por diante. Como bem afirma o Rev. Hernandes Dias Lopes, a vida do cristão está erguida acima das coisas passageiras; ele está no mundo, mas também está no Céu, pois não é limitado pelas coisas materiais que se esvaecem. 

II. UMA VIDA CRISTOCÊNTRICA

A vida do crente é determinada por uma relação vital e redentiva entre ele e Cristo. Todas as atitudes, ações e decisões de um crente em Cristo devem estar subordinados aos ditames de nosso Senhor. Ele é a figura central da Igreja; é o ponto focal do povo de Deus. Portanto, a mente e o coração de todos que fazem a Igreja devem estar centralizados n’Ele. Viver uma vida fora da órbita de Cristo é um grande perigo para a alma, pois poderá ser catapultada para uma escuridão sem fim na eternidade sem Deus.

1. A revelação do mistério

“descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Ef.1:9,10).
Paulo ao escrever a Epístola de Efésios chama a atenção dos crentes para um grande “mistério”, mistério esse não no sentido de algo que não tem explicação, mas a respeito de uma verdade maravilhosa não conhecida até então. Esse “ministério”, que é o tema dominante da Epístola, é a eleição da Igreja, o novo povo de Deus, constituído de judeus e gentios, que estariam lado a lado formando o Corpo de Cristo, a Igreja. Deus está formando este novo povo para que todos os seus constituintes sejam Seus santos (Ef.1:1), Seu povo santo especial (1Pd.2:9,10). Deus nos escolheu em Cristo “para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele” (Ef.1:4). A única evidência da eleição é uma vida santa.
No presente momento os eleitos estão assentados em Cristo nos lugares celestiais; no futuro, vão compartilhar da sua glória como Cabeça de todas as coisas. À Igreja de Éfeso estava sendo revelado este grande mistério, que estava no coração de Deus desde a eternidade; eles, agora, eram partícipes do Corpo de Cristo, a Igreja, o povo de Deus da Nova Aliança; agora, “todos quantos o [Jesus Cristo] receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome” (João 1:12).

2. A plenitude dos tempos

Deus fez mais do que nos escolher em Cristo em uma eternidade passada e dar-nos a condição de filhos agora, como um bem presente; Ele também nos “revelou o mistério da sua vontade” para o futuro, isto é, “o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo [...] na dispensação da plenitude dos tempos” (Ef.1:10).
Segundo John Stott, “na dispensação da plenitude dos tempos”, quando o tempo se fundir com a eternidade novamente, o plano de Deus é “fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas”. Cristo já é a Cabeça de seu Corpo, a Igreja, mas um Dia “todas as coisas” reconhecerão sua liderança. No momento ainda há discórdia no universo, mas na plenitude dos tempos, a discórdia cessará, e a unidade pela qual ansiamos existirá sob a liderança de Jesus Cristo.
O propósito de Deus é o de estabelecer uma nova ordem, uma nova criação. Nessa nova ordem, o universo de Deus, no qual o pecado introduziu a desordem e a confusão, será restaurado à sua primitiva harmonia e unidade sob a supremacia de Jesus Cristo.
A expressão em Efésios 1:10 “de tornar a congregar em Cristo”(ARC) ou “de fazer convergir”(ARA), traduzindo do original grego, literalmente significa “debaixo de uma só cabeça”. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje traduz este texto da seguinte maneira: “Esse plano é unir, no tempo certo, debaixo da autoridade de Cristo, tudo o que existe no céu e na terra”. Vendo esta perfeição do futuro, devemos ser estimulados a viver aqui como se já estivéssemos lá (Rm.13:11-14).
É bom deixar claro que Ef.1:10 não trata de salvação universal no futuro, como muitos erroneamente interpretam o texto. Muitos torcem o texto para sugerir que no fim todas as coisas e todas as pessoas serão restauradas e reconciliadas em Cristo; porém, essa falaciosa teoria é totalmente estranha ao referido texto. Aqui, Paulo fala de “domínio universal”, e não de salvação universal. Atente bem a siso!

3. Louvor da sua glória

“nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade, com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperamos em Cristo” (Ef.1:11,12).
A Igreja – constituída de judeus e gentios -  é a eleita de Deus em Cristo (Ef.1:4; 1Ts.1:7); e, aqui neste texto, Paulo enfatiza que o propósito dessa eleição é para louvor da Sua glória, e que todas “as bênçãos nas regiões celestiais” são destinadas a este povo. Nas palavras de John Stott, nos tornamos povo ou propriedade de Deus não por acaso nem por escolha (ou seja, por nossa escolha). Pelo contrário, foi pela própria vontade soberana e pela bondade de Deus.
Por que Deus nos fez Seu povo? “Para o louvor da sua glória” (Ef.1:12). Como explicar melhor isto? No entendimento de John Stott, a glória de Deus é a revelação dEle, e a glória de Sua graça é a revelação que Ele faz de Si mesmo como um Deus gracioso. Viver para o louvor da glória de Sua graça é adorá-lo por meio de palavras e ações, como o Deus gracioso que Ele é, e fazer com que outras pessoas o vejam e o louvem também. Essa foi a vontade de Deus para Israel nos dias do Antigo Testamento, e é também seu propósito para o povo da Nova Aliança.
Portanto, somos a herança de Deus por causa da Sua vontade (Ef.1:5,9,11) e para louvor de Sua glória (Ef.1:5,6,12,14). O alvo de Deus é que a Sua glória (revelação de Deus) venha a ser conhecida por meio do Seu povo, o povo de Deus da Nova Aliança.

III. O ESPÍRITO SANTO, PENHOR DA NOSSA HERANÇA

Em Cristo, temos uma linda herança (1Pd.1:1-4) e também somos a herança de Deus. Veja que no texto Paulo se refere a Igreja como herança e propriedade de Deus - “fomos feitos herança”(Ef.1:9). No Antigo Testamento, estas palavras eram aplicadas exclusivamente ao povo de Israel, mas agora são aplicadas ao novo povo de Deus, o povo da Nova Aliança, a Igreja eleita, cujo denominador comum é estar em Cristo.
Aqueles que são porção de Deus têm sua herança nEle. Somos valiosos nEle. Somos a herança de Deus, o Corpo de Cristo, o Seu Edifício, a Sua Noiva, a Menina dos olhos de Deus, a Delícia de Deus. Somos os santos de Deus (Ef.1:1), a herança de Deus (Ef.1:11) e a possessão de Deus (Ef.1:14).
Quando o indivíduo se converte a Cristo ele recebe o Espírito Santo e é batizado por Ele (1Co.12:13), ou seja, esse indivíduo é mergulhado na Igreja, tornando-se assim eleito e predestinado à salvação. O Espírito Santo nos dá a certeza de que Deus está ativo em nós; é o Santo Espírito da promessa (Ef.1:13), citado pelos profetas do Antigo Testamento (Ez.36:27; Jl.2:28) e prometido por Jesus a Seu povo (João 14:16,17; Lc.24:49; Atos 1:4,5; 2:33,38,39).
A seguir, veja duas imagens que o apóstolo Paulo utiliza para sublimar a significação do Espírito Santo em nossa vida.

1. O Espírito Santo é o Selo da Igreja

“...e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef.1:13).
O Espírito Santo é a marca distintiva do cristão (2Co.1:21,22; Ef.4:30). A presença dEle na Igreja é a prova de que esse povo pertence a Deus.
“Mas o que nos confirma convosco em Cristo e o que nos ungiu é Deus, o qual também nos selou...” (2Co.1:21,22).
“E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção” (Ef.4:30).
Dois aspectos importantes merecem destaque:
a) O Selo com o Espírito Santo fala de propriedade. No mundo antigo, o selo representava o símbolo pessoal do proprietário. O gado, e até mesmo os escravos, eram marcados com um selo pelos seus donos, a fim de indicar a quem pertenciam. Deus pôs o Seu selo em nós porque nos comprou para sermos sua propriedade exclusiva (1Co.6:19,20; 1Pd.2:9). Deus colocou o Seu Espírito dentro do Seu povo para marcá-lo como Sua propriedade exclusiva (2Tm.2:19).
“Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” (2Tm.2:19).
b) O Selo com o Espírito Santo fala de segurança. A Bíblia tem várias ilustrações desse uso. Quando o rei Dario selou a boca da cova dos leões, Daniel não tinha condições de sair (Dn.6:17). No tempo em que Ester era rainha, o rei usou seu anel para selar suas cartas e documentos; e, uma vez feito isso, ninguém podia alterar o conteúdo (Et.8:8). Pilatos fez a mesma coisa quando ordenou que os soldados guardassem “o sepulcro como bem vos parecer”; e eles selaram a pedra do túmulo (Mt.27:65,66). Assim o crente pertence a Deus. O Espírito Santo foi-nos dado para estar para sempre conosco. Ele jamais nos deixará (João 14:16).

2. O Espírito Santo é o Penhor da nossa herança

“o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória” (Ef.1:14).
Quando estamos em Cristo, Deus não nos dá o Espírito somente como Selo; Ele é também o Penhor. Penhor é aquilo que é dado como garantia. Quando Deus nos deu o Espírito Santo, Ele estava se comprometendo a dar-nos toda a herança reservada para Seus filhos.
A Palavra grega para “penhor” é arrabõn, de origem semítica, cujo sentido original vem do meio comercial, quando uma pessoa comprovava algo e dava uma garantia em dinheiro como espécie de “entrada”, “sinal” ou “primeira prestação” (leia Gn.38:17). Portanto, a palavra penhor, garantia, representa a primeira parcela de um pagamento, a garantia de que o pagamento integral será efetuado.
Nos tempos do apóstolo Paulo os comerciantes usavam penhores com três finalidades: como pagamento adiantado, "entrada" que fechava um negócio; representava um compromisso de pagamento, e era uma amostra do que haveria de vir.
Imagine que você esteja querendo comprar um carro. O penhor seria a entrada que você paga, fechando o negócio; representaria também o compromisso de pagar o carro; e seria uma amostra do que seguiria – as parcelas restantes do dinheiro. De maneira semelhante, o Espírito Santo é o Penhor de que Deus nos comprou, a garantia. Sua presença em nós mostra o compromisso que Deus assumiu de nos redimir completamente. Talvez o melhor de tudo, a presença do Espírito Santo, vivendo em união conosco, nos dá um gosto antecipado, uma amostra de nossa herança, da nossa vida futura na presença de Deus. O Espírito Santo é o primeiro pagamento que garante aos filhos de Deus que Ele terminará sua obra em nós, levando-nos para a Sua glória (Rm.8:18-23; 1João 3:1-3).
“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1João 3:1-3).
A palavra “penhor”, como “garantia”, também foi usada no grego para falar de “aliança de noivado, de compromisso”; é a garantia de que a promessa de fidelidade será guardada. Nossa relação com Deus é uma relação de amor. Jesus é o Noivo, e a sua Igreja é a Noiva.
É bom ressaltar o seguinte: “Uma aliança de noivado promete um casamento, mas não é parte desse casamento. A primeira prestação de uma compra de um objeto ou imóvel é mais do que uma garantia de pagamento; é, em si, a primeira parcela do preço total dessa compra. Assim é com o Espírito Santo; ao entregá-lo a nós, Deus não está apenas nos prometendo a herança final, mas, na verdade, está nos dando uma prévia dela” (John Stott).
Em resumo, podemos dizer que quando somos batizados no corpo de Cristo (1Co.12:13), o Espírito entra em nossas vidas e nos sela através da Sua presença. Ele é a garantia de Deus, dando-nos certeza de que nossa herança virá.

CONCLUSÃO

Através de Jesus Cristo, recebemos todas a bênçãos espirituais: fomos eleitos para receber a salvação, perdoados e depois adotados como seus filhos, recebemos os dons do Espirito Santo, o poder de fazer a vontade divina e a esperança da vida eterna com Cristo. Como temos um intimo relacionamento com Ele, podemos gozar agora dessas bênçãos nas “regiões celestiais”; estas “regiões celestiais” mostram que essas bênçãos são eternas e atemporais, elas vêm do Reino espiritual de Cristo. Cada bênção é concedida às pessoas que estão “em Cristo”. Tudo foi feito, é feito e será feito para “o louvor da sua glória” (Ef.1:6,12,14). Amém!