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A BATALHA ESPIRITUAL E AS ARMAS DO CRENTE


Texto Base: Efésios 6:10-20
 “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef.6:11).

Efésios 6:
10.No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.
11.Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo;
12.porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
13.Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
14.Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça,
15.e calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
16.tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
17.Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus,
18.orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos
19.e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho,
20.pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.

INTRODUÇÃO

Com esta Aula concluímos os estudos da Epístola aos Efésios. Tenho certeza de que fomos ricamente abençoados com todo o conteúdo estudado. Nesta última Aula do trimestre trataremos da “Batalha espiritual e as armas do crente”. A Igreja, desde o seu nascedouro no Pentecostes, está em uma luta renhida, luta esta que não é física, mas espiritual; em Efésios 6:13-20, o apóstolo usa a metáfora da armadura romana para mostrar a realidade dessa guerra. Embora Paulo estivesse preso em Roma, por instigação dos judeus, por determinação das autoridades romanas, na antessala do martírio, escreve dizendo que nossa batalha não era contra os seus algozes que o prenderam e que o mantinha preso, mas era contra forças demoníacas, contra batalhões de anjos caídos, contra espíritos maus, demônios, sob a liderança de Satanás, que pertinaz procura impedir que o Plano de Deus se concretize. Embora não possamos vê-los, estamos cercados constantemente por seres espirituais malignos; mesmo sendo verdade que eles não podem habitar num crente verdadeiro, podem oprimi-lo e molestá-lo.
Neste estudo vamos conhecer as armas que Deus tem colocado à nossa disposição para lutarmos contra o nosso arqui-inimigo e seus asseclas. O apóstolo usou os instrumentos bélicos como metáfora de uma realidade que todos nós conhecemos. Na armadura de Deus o crente tem tudo o que é necessário para suportar os ataques de Satanás e suas hostes. Portanto, há uma batalha espiritual e, para enfrentá-la, precisamos estar bem preparados com as armas espirituais. Devemos estar prontos, e armados, a fim de lutarmos e vencermos essa guerra.

I. O PREPARO ESPIRITUAL DO CRENTE PARA A BATALHA

A guerra espiritual não é uma ficção. O fato de o nosso inimigo ser invisível não quer dizer que é irreal. Os demônios existem de fato, mas não passam de um inconveniente diante do poder de Jesus Cristo; são entidades destituídas de poder quando estão na presença do Senhor Jesus (Mc.1:23-26; 3:11). No entanto, nós seres humanos não podemos desafiá-los com nossas próprias forças; para enfrentá-los e vencê-los não podemos usar armas convencionais; precisamos da ajuda divina; precisamos de armas espirituais poderosas em Deus para desbaratar o inimigo; precisamos estar na dependência de Deus.
“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das Fortalezas” (2Co.10:4).
Apresentamos duas verdades a serem consideradas nesta batalha contra as hostes espirituais do mal:

1. Precisamos estar fortalecidos no poder de Deus (Ef.6:10)

"Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder".
Não podemos entrar nesse campo de batalha fiados em nossa própria força. Precisamos ser revestidos com poder. Sem autoridade espiritual seremos humilhados nessa peleja. Não basta falar de poder, é preciso experimentá-lo. A igreja contemporânea está parecida com os discípulos de Cristo no sopé do monte da transfiguração (Lc.9:40). Estamos sem poder porque perdemos muitas vezes o foco com discussões inócuas, enquanto deveríamos orar, jejuar, crer e fazer a obra de Deus na força do seu poder (Mc.9:14). Concordo com Hernandes Dias Lopes quando afirma que, “hoje, a igreja tem extensão, mas não tem profundidade; tem influência política, mas não tem autoridade moral; tem poder econômico, mas está vazia de poder espiritual. Estamos precisando de poder, de uma capacitação especial do Espírito de Deus. Não falamos de um desempenho diante dos homens; não falamos de um poder cosmético que tem brilho, mas não calor; que tem aparência, mas não substância. Precisamos de um batismo de fogo, e não de fogo estranho; precisamos de uma obra do Céu, e não dos embustes da Terra”.

2. Precisamos estar vigilantes em toda oração e súplica (Ef.6:18)

“orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos”.
Ser vigilante é ficar de prontidão para o combate; é não dormir em meio à luta, como os discípulos de Jesus dormiram no Getsêmani. Vigiar é não brincar com o pecado, é fugir da tentação, é não ficar flertando com situações sedutoras. O diabo não usa as suas "ciladas" contra o incrédulo, contra o não cristão, ele escala seus demônios mais terríveis para atacar os filhos de Deus.
A oração é a energia que capacita o soldado crente a usar a armadura e brandir a Espada do Espírito. Não podemos lutar nessa guerra com nossas próprias forças, no nosso próprio poder. Moisés orou, e Josué brandiu a espada contra Amaleque. Oração e ação caminham juntas (Ex.17:8-16). A oração é o poder para a vitória.
Em Efésios 6:18, Paulo fala sobre seis elementos importantes a respeito da oração (Adaptado do livro Efésios – a Igreja, a noiva gloriosa. Rev. Hernandes Dias Lopes).
a) O tempo da oração (Ef.6:18) - "Orando em todo tempo". Isso quer dizer que devemos estar em constante comunhão com Deus. Não é correto dizer: "Senhor, vimos agora à tua presença", porque o crente jamais tem licença para sair da presença do Senhor. O crente deve orar sempre, porque ele está sempre exposto ao ataque do inimigo.
b) A natureza da oração (Ef.6:18) - "Com toda oração e súplica". Isto é mais do que um tipo de oração. Devemos usar súplica, intercessão e ação de graças. O crente que ora apenas pedindo coisas está perdendo o real sentido da oração, que é se manter em intimidade com Deus, deleitando-se nEle.
c) A esfera da oração (Ef.6:18) - "no Espírito". Isto quer dizer que essa oração precisa ser motivada e assistida pelo Espírito (Rm.8:26,27). Não é oração feita no monte ou em línguas, mas no Espírito. O Espírito assiste-nos em nossa fraqueza, porque não sabemos orar como convém. O Espírito é como o fogo que faz o incenso da oração subir como aroma suave diante de Deus. Diz o apóstolo Paulo: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm.8:26).
d) A vigilância da oração (Ef.6:18) - "e vigiando nisso." Devemos orar de “olhos” abertos. Devemos orar e vigiar. Devemos fazer como Neemias: "Nós, porém, oramos ao nosso Deus; e colocamos guardas para proteger-nos de dia e de noite" (Ne.4:9). Orar e vigiar é o segredo da vitória sobre o mundo (Mc.13:33), a carne (Mc.14:38) e o diabo (Ef.6:18). Porque Pedro dormiu no Getsêmani, e não orou nem vigiou, ele foi derrotado (Mc.14:29-31,67-72).
e) A perseverança da oração (Ef.6:18) - "com toda perseverança". A igreja primitiva orou com perseverança (At.1:14; 2:42; 6:4), e também devemos orar da mesma forma (Rm.12:12). Robert Law disse: "A oração não é para fazer a vontade do homem no céu, mas para fazer a vontade de Deus na terra".

II. CONHECENDO O CAMPO DA BATALHA ESPIRITUAL

1. As astutas ciladas do Diabo

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef.6:11).
O diabo é mais perigoso em sua astúcia do que em sua ferocidade; ele usa ciladas, armadilhas e ardis; ele age dissimuladamente como uma serpente; ele disfarça-se; ele transfigura-se em anjo de luz; ele usa voz mansa; ele usa diversas máscaras; ele tenta enganar as pessoas levando-as a duvidar da Palavra de Deus, exaltando o homem ao apogeu da glória. Ele também age assustadoramente como um leão, ele ruge para assustar; ele sabe agir de maneira a angariar para si vantagens e a não se deixar enganar; ele é hábil para fazer maldades; ele e seus asseclas ameaçam e intimidam as pessoas com o propósito de destruí-las; eles atacam com fúria no dia mau. Eles também agem com diversidade de métodos; eles estudam cada pessoa para saber o lado certo e o momento certo para atacá-la. Sanção, Davi, Pedro foram derrubados porque o diabo variou seus métodos. O Inimigo age dissimuladamente como uma serpente.
Precisamos, pois, estar atentos para identificar as ciladas do inimigo; do contrário, sofreremos sérios danos. William Hendriksen, escrevendo sobre essas ciladas do diabo, afirmou:
“Alguns destes manhosos ardis e malignos estratagemas são: confundir a mentira com a verdade de forma a parecer plausíveis (Gn.3:4,5,22); citar erroneamente as Escrituras (Mt.4:6); disfarçar-se em anjo de luz (2Co.11:4) e induzir seus "ministros" a fazerem o mesmo, aparentando ser apóstolos de Cristo (2Co.11:13); arremedar a Deus (2Ts.2:1-4,9); reforçar a crença humana de que ele não existe (At.20:22); entrar em lugar onde não se esperava que entrasse (Mt.24:15; 2Ts.2:4); e, acima de tudo, prometer ao homem que por meio das más ações pode-se chegar a obter o bem” (Lc.4:6,7).

2. O conflito contra o reino das trevas

Os cristãos não estão em uma campanha militar terrena – nossa batalha não é contra carne e sangue. Afirma o apóstolo Paulo: “porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef.6:12).
Observe que o nosso inimigo é invisível e poderoso, e o campo de batalha não é mundo material, e sim espiritual; e a luta se dá tanto na área individual quanto na área coletiva da Igreja (1Pd.5:8,9).
Note que essa guerra não é contra filósofos ateus, líderes, pregadores e mestre religiosos mentirosos, praticantes de cultos que negam a Cristo ou governadores desleais. Não. A batalha é contra forças demoníacas, contra batalhões de anjos caídos, contra espíritos maus que tem imenso poder. Embora não possamos vê-los, estamos cercados constantemente por seres espirituais malignos. Mesmo sendo verdade que não podem habitar num crente verdadeiro, eles podem oprimi-lo e molestá-lo. O crente não deve se preocupar continuamente com o demonismo, tampouco dever viver com medo de demônios. Na armadura de Deus ele tem tudo o que é necessário para suportar os seus ataques.
O principal objetivo desse inimigo é derrotar a Igreja de Cristo. Quando cremos em Cristo, esses seres se tornam nossos inimigos e tentam tudo o que for possível para nos afastar do Senhor e levar-nos de volta ao pecado. Embora tenhamos a vitória garantida, devemos nos engajar nesta luta até a volta de Cristo, porque Satanás está pelejando constantemente contra aqueles que estão do lado do Senhor. Precisamos do poder sobrenatural do Senhor Jesus Cristo para vencermos Satanás, e Deus nos deu o precioso Espírito Santo, que está dentro de cada um de nós, bem como a sua armadura, que está sobre cada um de nós. Quando nos sentirmos desencorajados, lembremos das palavras de Jesus a Pedro: “sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt.16:18).

3. As Agências das potestades do ar

Paulo identifica as forças do mal que militam contra a Igreja como “principados, potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais da maldade” (Ef.6:12). Eles são demônios, e são numerosos. Não podemos vencer esse terrível exército do mal sozinhos nem com nossas próprias armas.
Os demônios são anjos caídos que se juntaram a satanás em sua rebelião e, dessa forma, se tornaram maus e pervertidos. A descrição revela as características desses inimigos, bem como a sua esfera de atuação:
Ø “Principados” - Esses são poderes cósmicos ou demônios, mencionados em Ef.1:21. A despeito de serem poderosos, o poder deles é limitado. Eles são invisíveis (nos lugares celestiais).
Ø “Potestades” – refere-se àqueles poderes espirituais que aspiram conquistar o mundo. A essência do caráter deles é a maldade (das trevas) e atualmente governam os sistemas deste mundo (Mt.4:8,9; 1João 5:19).
Ø “As hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” – é uma expressão que se refere às moradas dos demônios (possivelmente, o chamado segundo céu – Ef.6:2), a partir dos quais eles controlam a vida das pessoas. Essas regiões celestiais não podem ser vistas com olhos carnais; é um céu onde se encontra tudo o que é espiritual; é também onde os anjos de Deus travam as batalhas espirituais com Satanás e seus demônios (Dn.10:1-13; Ap.12:7); é o lugar onde se encontram os anjos e os demônios os quais não podemos ver com olhos humanos; é onde Satanás e seus demônios planejam as suas estratégias para derrubar os crentes e destruir o povo de Deus.
Aqui está, portanto, um exército de forças espirituais agrupadas contra nós, exigindo que usemos a armadora completa de Deus. Esses são seres reais e poderosos, não meras fantasias. Os crentes não devem subestimá-los. Os efésios haviam praticado magia negra e feitiçaria (Atos 19:19) e estavam bem a par do poder das trevas.
Portanto, o diabo, mesmo não sendo onipresente, onisciente e onipotente, tem seus agentes espalhados por toda parte, e esses seres caídos estão a seu serviço para guerrear contra o povo de Deus. O diabo e seus demônios rodeiam a terra e passeiam por ela (Jó 1:7). Eles investigam nossa vida, buscando uma oportunidade para nos atacar (1Pd.5:8). Esse inimigo não dorme, não tira férias nem descansa. Esse inimigo tem um variado arsenal. Ele usa "ciladas", “dardos inflamados” (Ef.6:16). Para cada pessoa ele usa uma estratégia diferente. Ele ousa mudar os métodos.
Como foi dito no item anterior, enfrentamos um poderoso exército cujo objetivo é derrotar a Igreja de Cristo. Quando cremos em Cristo, os seres satânicos tornam-se nossos inimigos e usam todos os truques para nos afastar dEle e nos levar de volta ao pecado. Embora nós, os crentes, tenhamos certeza da vitória, devemos nos engajar na luta até que Cristo retorne, porque Satanás luta constantemente contra todos que estão ao lado de Deus.

III. AS ARMAS ESPIRITUAIS INDISPENSÁVEIS AO CRENTE

1. A armadura completa de Deus

Quando nos tornamos cristãos e participantes do Reino dos céus, pela fé em Cristo, iniciamos uma verdadeira batalha espiritual. Desta feita, como bem diz o rev. Hernandes Dias Lopes, a vida cristã não é uma colônia de férias, não vivemos numa redoma de vidro nem numa estufa espiritual; ao contrário, vivemos num campo minado pelo inimigo, uma arena de lutas renhidas, de combates sem trégua; há uma luta mundial, supra terrena, espiritual e contínua. Não há acordo de paz nessa guerra.
Nessa guerra, só existem duas categorias: aqueles que estão alistados no exército de Deus e aqueles que pertencem ao exército de Satanás. Para lutar nessa guerra é preciso armadura completa de Deus. Paulo exorta os crentes em Cristo da seguinte maneira: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus...” (Ef.6:11), pois há uma batalha, não contra sangue e carne, mas contra o império do diabo (Ef.6:11-13).
Não há espaço para descansar, pois a luta é renhida e contínua. Daí se compreende porque Jesus insistiu tantas vezes para seus discípulos: “Vigiai e orai”. É bom entender que a vitória de um dia, não garante a vitória para o dia seguinte.
Mas, o que significa revestir-se “de toda a armadura de Deus”? Significa o crente se “fortalecer no Senhor e na força do seu poder” (Ef.6:10). Logo, a armadura de Deus é Cristo e de tudo aquilo que Ele conquistou para nós, a saber, o poder que vem dEle. Portanto, a “armadura de Deus” pode ser definida como um conjunto de armas que forma uma vestimenta de guerra, cujo objetivo é servir de blindagem para um soldado no campo de batalha.
Estar revestido de toda armadura de Deus, portanto, é estar revestido do próprio Cristo (Rm.13:14). O que devemos fazer é tomar posse dessa armadura que é Cristo, o Senhor.
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef.6:13).
Observe que Paulo exorta a Igreja a tomar “toda a armadura de Deus “para poder resistir no dia mau” (Ef.6:13). O "dia mau" é o dia de duras provas, os momentos mais críticos da vida, quando o diabo e seus subordinados sinistros nos assaltam com grande intensidade. O "dia mau" refere-se àqueles dias críticos de tentação ou de constante assalto satânico que todos os filhos de Deus conhecem; nesses dias, somos subitamente assaltados, sem nenhum aviso, sem nenhum sinal de tempestade.
Portanto, nestes últimos dias da Igreja aqui na Terra, precisamos nos revestir de toda a armadura de Deus, para que estejamos firmes contra as astutas ciladas do diabo. Observe que é necessário que o crente seja completamente revestido com a armadura; uma ou duas peças não bastam; nada menos que todo o equipamento que Deus fornece servirá para nos manter invulneráveis. O diabo tem muitas estratégias – desânimo, frustração, desordem, falhas morais, divisão e erros doutrinários; ele conhece o nosso ponto fraco e o ataca. Se não conseguir nos vencer de uma maneira, tentará de outra.

2. As armas indispensáveis de defesa

O apóstolo Paulo listou cinco armas de defesa imprescindíveis para entrarmos na peleja contra o inimigo.
a) A Verdade - como cinto (Ef.6:14a) – “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade...”.
A “Verdade”, aqui, é como fosse um cinto. O cinto era uma das peças mais importante da armadura do soldado romano; ele cobria toda a parte do abdome; era o suporte do restante da armadura; tudo era suportado pelo cinto.
Não é de estranhar que Paulo começa dizendo que a “Verdade” é o “cinto” da amadura de Deus. É desta realidade que nós partimos: da Verdade do Evangelho que Deus revelou. E como isso nos protege contra Satanás? A arma maior de satanás é o erro religioso. Uma vez que você conhece a “Verdade”, que você se apoderou da Verdade do evangelho em Cristo Jesus, então você está em condição de se defender das mentiras, das heresias, do erro religioso que é apresentado por Satanás, às vezes de forma muita atrativa, através de homens preparados para ludibriar os incautos, e até mesmo pessoas cristãs com grande experiência no caminho. Mas, aquele que conhece a “Verdade”, satanás não tem o poder de derrubá-lo. Esta “Verdade” é a porta de entrada para a maturidade cristã - “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32). Então, a “Verdade” é como um cinto; é o primeiro equipamento da armadura de Deus.
Como me aproprio dessa “Verdade”? Como e quando vou obedecer a essa ordem - “cingi-vos da verdade”? Todo dia enchendo a nossa cabeça com essa Verdade: meditando na “Verdade”, que é Cristo; meditando nas grandes promessas do Evangelho; crendo nessas coisas; deleitando-se nas verdades espirituais. Desta maneira, estaremos cingindo os nossos lombos com a Verdade. Fazendo assim, essa “Verdade” se torna o “cinto” que protege o nosso “abdômen”, de onde estão ligados os outros equipamentos da armadura de Deus.
b) Couraça da Justiça (Ef.6:14) – “...e vestida a couraça da justiça”. A couraça era uma armadura defensiva em forma de um manto de ferro feito de couro, tiras de metal ou escamas de bronze (1Sm.17:5). Sua função era proteger o pescoço, o peito, os ombros, o abdome e as costas. Dependendo da época e da civilização, a couraça chegava até à coxa.
No soldado romano, a couraça cobria o peito dele, era firmado no cinto, no qual ele estava cingido, e era proteção para órgãos vitais. Geralmente, era proteção contra os golpes que poderiam ser fatais.
Esta peça da armadura é um símbolo da justiça que o crente tem em Cristo (2Co.5:21), como também o caráter justo que o crente exerce em sua vida diária (Ef.4:24). Ela representa a vida devota e santa do crente, ou seja, a retidão moral.
O apóstolo Paulo usa a couraça como metáfora para ilustrar a defesa espiritual como "couraça da justiça". “Justiça”, aqui, não é um atributo ético, mas é a justiça de Deus pela fé em Cristo Jesus; é a justiça com a qual Deus justifica pecadores como nós; é a justificação, que funciona como uma couraça. Paulo compara a justiça de Deus em Cristo Jesus, ou a justificação, a uma couraça, e essa comparação é muita perfeita, porque uma vez que você foi justificado em Cristo, diariamente você tem que se lembrar disso. Eis uma declaração do próprio Paulo, em Romanos 8:31-33:
“Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica”.
Sem a justiça de Cristo e a santidade pessoal não há defesa contra as acusações de Satanás (Zc.3:1-3). Satanás é o acusador, mas sua acusação não prospera por causa da justiça de Cristo imputada a nós (Rm.8:34). Mas nossa justiça posicional em Cristo, sem uma justiça prática na vida diária, apenas dá a Satanás oportunidade para nos atacar.
c) Paz do Evangelho - como sapato - “e calçados os pés na preparação do evangelho da paz (Ef.6:15). O calçado do soldado romano era uma semibota entrelaçada de um solado de couro duro, que tinha como objetivo evitar os objetos pontiagudos que os inimigos jogavam no campo de batalha. Acontecia que, às vezes, o soldado corria descalço e os inimigos jogavam objetos pontiagudos e aquilo feria os pés do soldado prejudicando a sua eficácia na batalha. Para que ele pudesse correr no campo de batalha com segurança e com firmeza ao encontro do inimigo ou se defender, ele precisava estar calçado e protegido.
Se quisermos ficar firmes e de pé na luta, precisamos estar calçados com o Evangelho (que nos dá paz com Deus e com o próximo); precisamos ter pés velozes para anunciar o evangelho da paz aos perdidos (Is.52:7). O diabo declara guerra para destruir os homens, mas nós somos embaixadores do evangelho da paz (2Co.5:18-20).
d) A Fé em Cristo - como escudo - “tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno” (Ef.6:16). O “escudo” que Paulo se refere aqui é um escudo quadrado, muito popular nos filmes de hollywood, quando em momentos de conflito os soldados se juntam e forma uma grande proteção contra flechas, lanças, etc. Esse escudo media 1,60m de altura por 70cm de largura. Ele protegia todo o corpo do soldado. Era feito de madeira e coberto por um couro curtido. Quando os soldados lutavam emparelhados, formavam como que uma parede contra o adversário. Uma das armas mais terríveis eram os dardos de fogo porque não apenas feriam, mas também incendiavam. Curtis Vaughan diz que “esses dardos de fogo eram flechas untadas com breu ou com outro material combustível e acesas imediatamente antes de ser lançadas contra o adversário. Não só feriam, como também queimavam” (VAUGHAN, Curtis. Efésios).
O diabo lança dardos de fogo em nosso coração e mente: mentiras, pensamentos blasfemos, pensamentos de vingança, dúvidas, murmurações e ardentes desejos de pecar. Se não apagarmos esses dardos pela fé, eles acendem fogo em nosso interior e nós desobedecemos a Deus. Na aljava do diabo há toda espécie de dardos ardentes. Alguns dardos inflamam a dúvida, outros a lascívia, a cobiça, a vaidade e a inveja.
e) Capacete da Salvação - “Tomai também o capacete da salvação...” (Ef.6:17). O capacete do soldado romano era feito de couro e peças de metal para proteger a cabeça, parte superimportante do corpo do soldado; se ele fosse ferido na cabeça, já ficava impossibilitado de atuar no conflito.
Satanás ataca a mente. Essa foi a estratégia pela qual ele derrotou Eva. Essa peça da armadura fala de uma mente controlada por Deus. Infelizmente, muitos crentes dão pouco valor à mente, à razão, ao conhecimento, à sabedoria. Quando Deus controla nossa mente, Satanás não pode levar o crente a fracassar. O crente que estuda a Bíblia e está firmado na Palavra de Deus não cede às propostas sedutoras do diabo facilmente.

3. A imprescindível arma ofensiva

Finalmente, a sexta armadura que deve fazer parte do conjunto para o crente ficar bem protegido do inimigo é a Palavra de Deus, como a Espada do Espírito - “Tomai também... a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef.6:18).
Havia dois tipos de espada que eram usados pelo soldado romano: uma espada comprida, que não é a que Paulo menciona aqui; e uma espada curta, que era levada na cintura, que os soldados usavam para defesa e ataque em uma luta corpo a corpo.
Observe que a Espada do Espírito é arma de ataque. Vencemos os ataques do diabo e triunfamos sobre ele por meio da Palavra; é pela Palavra que os cativos são libertos. A Palavra é poderosa, viva e eficaz. Moisés quis libertar os israelitas do Egito com a espada do homem carnal e fracassou, mas quando usou a Espada do Espírito o povo foi liberto. Pedro quis defender a Cristo com a espada humana e fracassou, mas quando brandiu a Espada do Espírito, multidões se renderam a Cristo (Atos 2:41).
Cristo venceu Satanás no deserto usando a Espada do Espírito. As viagens de Paulo, pregando o evangelho, plantando igrejas e arrancando vidas da potestade de Satanás para Deus é uma descrição eloquente de como ele usou a Espada do Espírito.
Precisamos conhecer bem a Palavra de Deus. A Bíblia nos afasta do pecado ou o pecado nos afasta da Bíblia. Infelizmente, há multidões de crentes mais comprometidos com as mídias sociais do que com a Palavra de Deus. Isso é lamentável!

CONCLUSÃO

Amados irmãos e amigos, nossa luta contra o diabo e suas hostes continuará até que ele seja lançado no lago de fogo. Enquanto vivermos aqui, teremos luta. Aqui não é lugar de descanso, mas de guerra. Viver é lutar. Nessa peleja não existe o cessar-fogo; não existe trégua; não existem acordos de paz. Depois de uma vitória, não devemos arriar as armas, pois não há momento mais vulnerável na vida de um indivíduo do que depois de uma grande vitória. O segredo da vitória é estar revestidos “de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef.6:11).
Deus vos abençoe e vos guarde, e que Ele levante o Seu rosto sobre todos nós e nos dê a Sua preciosa Paz.
No próximo trimestre reprisaremos todos estes subsídios, haja vista que as Lições serão as mesmas deste trimestre, conforme nota da CPAD. Irei apresentar todos estes subsídios, mas em forma de vídeos-slides, que serão publicados aqui neste blog e no YouTube. Até lá, então!