Texto Base: 1Corintios 14:26-32
“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (João 4:24).
1Corintios 14:
26.Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
27.E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.
28.Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.
29.E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
30.Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
31.Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.
32.E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.
33.Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo do trimestre sobre o verdadeiro pentecostalismo, trataremos nesta Aula do culto pentecostal, aquele que é praticado com liberdade e reverência. O genuíno culto pentecostal deve ser ordeiro e de acordo com as Escrituras Sagradas. Deus não aceita no momento do culto procedimentos desorganizados e comportamentos irreverentes. Deus não é Deus de confusão, e não deseja que o momento em que é adorado sirva de escárnio nem para crentes não pentecostais nem para ímpios. O culto é um ato de adoração, ou seja, ato pelo qual o crente reconhece que Deus é o Senhor de todas as coisas, inclusive do adorador. O padrão universal estabelecido para se cultuar a Deus está exarado no compêndio doutrinário da Igreja. Cada nação, povo ou etnia se apresenta diante Deus de forma reverente, na sua própria tradição cultural. Às vezes não compreendemos certas atitudes de alguns povos na sua forma de louvar a Deus, mas Deus compreende muito bem.
I. O CULTO PENTECOSTAL: LIBERDADE E REVERÊNCIA
Apesar da liturgia dos cultos pentecostais serem previsíveis, aceita-se certa liberdade no modo de adoração ao Senhor, vez que não há padrões rígidos e fixos após a vinda do Espírito Santo sobre a Igreja no dia de Pentecostes, daí porque as Escrituras dizerem que onde há o Espírito de Deus, aí há liberdade (2Co.3:17). Contudo, a liberdade na adoração a Deus não significa, em absoluto, que não haja quaisquer regras ou parâmetros na devoção coletiva, na liturgia, que é o nome que os teólogos dão a esta ordem de culto a Deus na igreja local. Liberdade, biblicamente falando, é algo que é feito debaixo da submissão da autoridade divina, algo que tem responsabilidade, não uma autonomia diante de Deus, muito menos uma libertinagem. Nosso Deus é um Deus de ordem e de decência e, como tal, a devoção coletiva deve observar estes parâmetros de nosso Senhor (1Co.14:40). Nesta Aula vamos estudar como deve ser o Culto de adoração ao Senhor e os elementos para que ele seja aceitável a Deus.
1. A flexibilização cristã
A Bíblia é o maior manual litúrgico em circulação, sendo ela inspirada por Aquele a quem devemos toda honra, glória e louvor. É nela que encontramos a principal fundamentação para a prática do culto cristão. Na Nova Aliança, a prática do culto a Deus é muito mais flexível do que era no culto Levítico, mais rígido e inflexível. No culto cristão há uma flexibilização na liturgia, porém, essa flexibilização tem limites. Não se pode aceitar que atitudes venham manchar a essência do culto que é adorar a Deus. Atualmente vê-se nas Igrejas locais em todo o Brasil inovações, práticas e costumes que têm intrigado muitos cristãos. Exemplos:
· Uso exagerado de palmas nas reuniões devocionais coletivas. Para tudo se bate palmas. Isto não era desconhecido dos israelitas, como podemos verificar no Sl.47:1, passagem bíblica que tem sido utilizada por tantos quantos são favoráveis a esta prática na devoção coletiva. Entretanto, este texto é uma expressão poética, ou seja, temos ali uma linguagem figurada, não literal, de modo que não se pode aceitar que o texto permita inferir que as palmas tenham sido uma conduta observada pelos israelitas na sua devoção a Deus.
· O uso de coreografia no momento do culto. Muitos utilizam como gancho para justificar essa prática os textos bíblicos de Ex.15:20 e 32:19 ou em Jz.11:24 e 21:21. Estas eram danças praticadas pelo povo de Israel em ocasiões especiais, em celebrações populares, resultantes da cultura profana do povo israelita, sem qualquer conexão com o cerimonial levítico. A verdade é que a prática da dança não estava relacionada com o culto formalmente estabelecido por Deus conforme a lei de Moisés. Mesmo quando vemos Davi dançando, quando levava a arca para Jerusalém, isto se deu durante a subida da arca para Jerusalém, no caminho, não havendo registro de dança durante a realização dos sacrifícios, após a chegada da arca (2Sm.6:17,18). A dança, pelo contrário, estava presente nas festividades em honra ao bezerro de ouro (Ex.32:19). Vê-se, portanto, que não se trata de uma conduta que esteja, na Bíblia, relacionada ao culto devocional coletivo a Deus, motivo por que não deve ser adotado. Aliás, em muitos lugares onde houve a adoção de tal prática, houve a instalação de uma perigosa irreverência e de uma sensualidade que, em tudo, são avessos ao propósito que deve estar presente em nossa devoção coletiva.
· Excesso de Louvores. O louvor é importante, mas é apenas um instante de preparação para o momento principal da reunião, que é a exposição da Palavra de Deus. Hoje em dia, infelizmente, devido ao grande número de grupos musicais na igreja, sem se falar naqueles que preferem cantar individualmente, não raras vezes, três quartos do tempo da reunião são dedicados ao louvor, o que tem causado grande prejuízo espiritual ao povo de Deus. O alimento do cristão é a Palavra de Deus, e o excesso de louvores tem contribuído para o raquitismo espiritual da igreja nos nossos dias. Precisamos voltar aos tempos passados, onde se ouviam até três mensagens numa reunião. Certamente, vivemos o tempo do “louvorzão” e da “palavrinha”.
Devemos nos conscientizar de que precisamos nos moldar e nos adequar cada vez mais aos princípios e ensinamentos da Palavra de Deus. Não somos perfeitos, pois somos seres humanos, mas, como salvos, devemos nos aperfeiçoar até atingir a condição de varões perfeitos, a medida da estatura completa de Cristo (Ef.4:13). É claro que isso só acontecerá quando chegarmos ao último estágio do processo da salvação, que é a glorificação.
2. O Culto
O Culto é uma das mais belas e antigas formas do homem expressar sua devoção, gratidão e adoração a Deus. É uma atitude que exige, antes de mais nada, que a pessoa esteja no lugar determinado pelo Senhor. Não há como se cultuar a Deus se não estivermos no local indicado por Deus. Por isso, o culto a Deus, no tempo da lei, devia ser feito exclusivamente no lugar escolhido por Deus (Dt.12:1-14). “Cultuar” é se pôr no seu devido “posto” (Ne 8:7), reconhecer qual é o seu lugar e qual é o lugar de Deus.
É interessante notar que no atual período da Igreja, como Deus está em nós (João 14:17,23), não há um lugar exterior determinado para o culto, mas nós mesmos, sendo templo do Espírito Santo (1Co.6:19), devemos cultuar a Deus a todo instante, em espírito e em verdade (João 4:21-24).
Para muitos cristãos, ir ao culto é uma questão de hábito. Por hábito entenda-se aquela disposição duradoura adquirida desde o início da vida cristã, quando entregamos nossa vida ao Senhor. De um modo ou outro, este hábito produz em muitas pessoas um senso de obrigação, algo que precisa ser feito pelo menos uma vez por semana. Outros têm maior necessidade de ir ao culto, sendo este hábito fortalecido por um profundo desejo de estar na casa de Deus, pode-se dizer neste caso que é um hábito que se renova no instante que o cristão está se dirigindo à casa do Senhor.
Todavia, cultuar a Deus não é um hábito, é a expressão máxima de nossa devoção ao Senhor, de nossa dependência à sua Palavra e de nossa necessidade de prestar-lhe serviço. O culto cristão é uma resposta ao imenso amor de Deus, mediante expressões de louvor e adoração. O culto é a resultante de nossa reconciliação com Deus promovida por Jesus Cristo - “Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto” (Ef.2:13).
“Culto”, por fim, significa “honra, veneração e respeito”. Não se pode falar em culto se não houver um reconhecimento da superioridade de quem é cultuado em relação a quem cultua. O culto é uma demonstração do reconhecimento da nossa inferioridade diante de Deus, de que Ele é o Senhor e digno de toda a adoração, de todo o louvor (Ap.5:12-14). Através do culto, externamos aquilo que já está em nosso coração, ou seja, a convicção, a certeza e o reconhecimento de que Deus é digno, de que Deus merece toda a honra, toda a veneração, todo o respeito.
3. A reverência no culto
Deus é infinitamente sublime em majestade, poder, santidade, bondade, amor e glória. Por isso, devemos adorá-lo e servi-lo com toda reverência. Quando lemos a Palavra de Deus, observamos que o Senhor sempre exigiu reverência, respeito e consideração nas reuniões coletivas de adoração. Quando se manifestou a Moisés, imediatamente mandou que o futuro líder libertador de Israel não se aproximasse da sarça ardente e, ainda, descalçasse seus pés, pois o lugar onde se encontrava era terra santa, em virtude da presença do Senhor (Ex.3:5), algo que, anos mais tarde, seria repetido em relação ao sucessor de Moisés, Josué (Js.5:15), passagem que prova que a adoração não se desprende da reverência.
A reverência, o respeito, a consideração, traduzem, aliás, o que a Bíblia chama de “temor do Senhor”, ou seja, o reconhecimento da soberania e do senhorio de Deus sobre cada ser humano, o que nos leva a respeitá-lo, ou seja, “olhá-lo com atenção”, “levá-lo em consideração”, “prestar-Lhe atenção”, “dar-Lhe ouvidos”. O respeito leva-nos, portanto, a ter algumas regras e normas no culto a Deus, normas estas que devem ser observadas e que revelam o próprio ato de adoração que está presente em cada culto coletivo a Deus - “Adorai ao Senhor vestidos de trajes santos; tremei diante dele, todos os habitantes da terra”(Sl.96:9 -JFAA).
O sentido do termo “adoração” é chegar-se a Deus de modo reverente, submisso e agradecido, a fim de glorificá-lo. Sem que sejamos verdadeiramente submissos a Deus, sem que sigamos a sua vontade, que está na sua Palavra, não teremos adoração, mas um mero formalismo, que é algo que gera no Senhor repugnância, verdadeiro aborrecimento. É por este motivo que Deus não aceitava os rituais, cerimônias e celebrações do povo de Israel quando este se encontrava em pecado, distante do Senhor. Todos os sacrifícios, todos os rituais e todo o formalismo praticado pelo povo eram considerados nada mais nada menos do que abominação para o Senhor (cf.: Is.1:11-15; Jr.6:20; 7:21-26; Am.5:21-27; Mq.6:6-8; Zc.7; Ml.1:6-14).
II. O CENTRO DO CULTO PENTECOSTAL
No livro de Atos constatamos que a mensagem da igreja cristã em seu início era essencialmente cristocêntrica. Ou seja, Cristo era o centro da pregação e adoração na igreja primitiva. Cristo é o centro, propósito e sentido último de tudo o que fazemos. Percebe-se que no meio de muitas reuniões de culto e conjuntos musicais, percebe-se que alguns tão somente querem evidenciar a si mesmos ou seus talentos musicais, e esquecem de evidenciar a Cristo. Fazem da oportunidade de tocar um momento para evidenciar seus talentos e performance. Estaria Cristo sendo glorificado nisso? Lembre-se, nossa função não é entretenimento, não é apresentação pessoal, nossa função é Cristo por meio da adoração e evangelização.
1. O centro da nossa adoração
A essência do culto a Deus é a adoração, e o Senhor Jesus é o centro da nossa adoração. Em assembleia, os crentes se reúnem em nome de Jesus para adorar ao Deus trino. A adoração a Deus é o gesto concreto de nosso reconhecimento de que Deus é o Senhor de todas as coisas, inclusive de nosso ser. É através da adoração que Deus é reconhecido como Senhor e o homem, como seu servo. Quando adoramos ao Senhor, em espírito e em verdade (João 4:23,24), trazemos o Senhor até ao local de adoração de uma forma especial. O Senhor Jesus disse que Deus procura a estes adoradores e disse que estaria onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome (Mt.18:20). Assim sendo, quando nos reunimos em nome do Senhor, quando realmente O adoramos, Ele se faz presente de uma forma toda especial, ou seja, como companheiro, como intercessor, como Salvador. A verdadeira adoração é a chave para sentirmos a presença do Senhor e para que haja salvação de vidas, operação de sinais e maravilhas, demonstração do poder de Deus. Quando não há adoração, nada disso se verifica e este é um sinal patente da ausência de Deus em determinadas igrejas locais.
2. O Culto vibrante no poder do Espírito
É uma verdadeira bênção participar de um culto onde a manifestação do sobrenatural de Deus é notória; um culto onde a presença real do Espírito Santo é sentida. Não há como ficar inerte sem participar desse culto, pois o Espírito impulsiona o crente a se mover em atitudes de adoração a Deus, típica do verdadeiro movimento pentecostal. Percebe-se no capítulo 14 de 1Corintios que os crentes da igreja de Corinto não eram meros espectadores, mas participantes fervorosos e vibrantes, impulsionados pelo mover do Espírito Santo.
Infelizmente, no pentecostalismo contemporâneo há, como havia na igreja de Corinto, muito fervor, mas pouca espiritualidade; muito carisma, porém pouco caráter; muitos dons, mas falta de virtudes do fruto do Espírito. É impressionante o número de eventos que conclamam sobre avivamento, mas poucos são os frutos desse suposto “mover”. Que Deus desperte a igreja pentecostal, para que ela volte a praticar um culto vibrante no poder do Espírito Santo.
3. Características pentecostal
Vejamos algumas características da Igreja Pentecostal:
a) Tem a Bíblia como a sua regra de fé e prática. A Bíblia é o Livro da Igreja. Igrejas Locais que não valorizam a Palavra de Deus não podem ser consideradas igrejas cristãs; não são servas da Palavra e nem serva de Cristo; são servas de teologias, de filosofias, do pós-modernismo, do relativismo; são servas de seus fundadores, de seus dogmas, mas não tem Cristo como Senhor, nem sua Palavra como regra de fé e prática. É na Bíblia que encontramos as diretrizes para atingirmos à santidade (ver Ef.4:24-32). A doutrina pentecostal é, sobretudo, bíblica, ou seja, está fundada nas Escrituras e se baseia totalmente nelas. Portanto, o verdadeiro pentecostalismo não admite qualquer outra revelação além das Escrituras Sagradas, pois prima pela ortodoxia e ortopraxia bíblica, e pela sã doutrina (Gl.1:6-9).
b) Mantém a Comunhão, ou seja, a união entre os crentes e o Senhor, e entre os próprios crentes. Comunhão com Deus significa a separação do pecado e a separação para Deus, enquanto a comunhão com os irmãos representa a união fraternal, o exercício do verdadeiro amor, o amor divino entre os irmãos, sem o qual não se pode dizer que há amor a Deus (1João 2:9-11; 4:7,8). Preservar o verdadeiro Pentecostes é demonstrar o amor a Deus, evitando o pecado, como também amando o próximo.
c) Conserva o avivamento iniciado no dia de Pentecostes: o Batismo no Espírito Santo e os dons espirituais. Esta preocupação é a mesma que havia no cerimonial do Tabernáculo e, depois, do templo de Jerusalém, de não se permitir que o fogo do altar se apagasse (Lv.6:13).
d) Tem compromisso com a santidade. Para manter o Espírito Santo ativo em nós, faz-se necessário que nos mantenhamos separados do pecado, que não voltemos a pecar, bem como que prossigamos a obedecer ao Senhor Jesus. O segredo da conservação do verdadeiro Pentecostes está na santificação e na observância da Palavra de Deus.
e) Obedece de forma irrestrita à Palavra de Deus. Não basta orarmos, nem tampouco meditarmos na Palavra de Deus; precisamos pôr em prática aquilo que aprendemos ao estudarmos a Bíblia Sagrada, como também aquilo que recebemos da orientação direta do Espírito Santo. O conhecimento teórico das Escrituras de nada serve. Jesus mostrou que os fariseus tinham amplo e correto conhecimento da Palavra, mas não viviam coisa alguma daquilo que ensinavam (Mt.23:1-3).
f) Anuncia o Evangelho em tempo e fora de tempo. O verdadeiro pentecostalismo mantém a mesma postura da igreja primitiva, que não se cansava de anunciar Jesus Cristo como Senhor e Salvador da humanidade, conforme as demandas da Grande Comissão (Mc.16:15-20).
g) Contribui financeiramente para Obra de Deus. As contribuições financeiras são partes de adoração desde os tempos do Culto Levítico (Dt.26:10; 1Co.16:1,2; 2Co.9:7). O objetivo das contribuições é levar avante a obra de Deus enquanto a Igreja estiver aqui na Terra.
III. COMO SE EXPRESSA AS LITURGIAS DE NOSSAS IGREJAS?
Em nossas igrejas locais há diversas modalidades de cultos coletivos, como, por exemplo, o “culto da família”, “culto de oração”, “culto da juventude”, “culto de doutrina”, culto de ensino”. Todos esses encontros estão submetidos a uma liturgia prévia, tendo o Espírito Santo plena liberdade para operar; é uma liturgia simples que permite que qualquer membro da igreja expresse sua vontade de adorar a Deus, respeitando a decência e a ordem do culto, eliminando os exageros que porventura venham surgir. Foi por causa dessa liberdade, com responsabilidade, de adoração que a Igreja Assembleia de Deus se tornou na maior denominação evangélica do Brasil. Deus seja louvado!
1. Nossas reuniões de adoração
Nossas reuniões de adoração tem uma liturgia previamente estabelecida. A liturgia compreende diversas partes do culto: oração (At.12:12; 16:16); cânticos (1Co.14:26; Cl.3:16); leitura e exposição da Palavra de Deus (Rm.10:17; Hb.13:7); ofertas (1Co.16:1,2); manifestações e operações do Espírito Santo (1Co.14:26-32); e bênção apostólica (2Co.13:13; Nm.6:23-27).
A liturgia tem por finalidade servir ao Senhor e trazer um ordenamento no culto, de forma que haja tempo para a oração inicial, os cânticos e louvores, testemunhos e a pregação da Palavra. Sem uma liturgia, o culto pentecostal não teria ordem, trazendo confusão ao santuário.
Atos 13 é um bom exemplo de uma igreja pentecostal que prestava um culto racional e com uma liturgia que agradava a Deus. Lucas retrata a primeira comunidade cristã mista da história - a Igreja em Antioquia; lá havia profetas e mestres adorando ao Senhor de forma tão agradável que o Espírito Santo ordenou que separassem Paulo e Barnabé para uma obra específica. Atos 13:2 apresenta a seguinte expressão: “E, servindo eles ao Senhor e jejuando…”. Aqui, a palavra “servindo”, no grego “leitourgeion”, representa não só a adoração do culto, mas também a ordem como ela se manifesta. Foi nesse ambiente que o Senhor ordenou que Paulo e Barnabé fossem separados para a obra missionária. Isso coloca por terra a teoria de que a liturgia atrapalha a operação do Espírito Santo de Deus. Como vemos, Ele fala – tanto por sua palavra como por meio de profetas - em ambientes onde seu nome é cultuado de forma ordeira, mas seu Espírito reprova ambientes, como da Igreja em Corinto, onde o culto era desordeiro, sob o falso pretexto de espiritualidade.
A Liturgia no culto é necessária, mas deve-se ter cuidado com o formalismo exagerado. Se há necessidade de haver uma determinada ordem no culto coletivo a Deus e que esta ordem se manifeste por meio de algumas regras e normas, há o grande risco de, em nome da organização, estabelecermos um formalismo, um legalismo que prevaleça sobre a própria adoração a Deus, que foi, precisamente, o mal que tomou conta do povo de Israel que passou a cultuar a Deus de modo exclusivamente externo e aparente, prendendo-se aos rituais e às cerimônias, o que levou, inclusive, o Senhor a abominar as solenidades e festividades que se passaram a realizar. Através dos profetas, Deus mostrou ao Seu povo que não tinha prazer em rituais, cerimônias e solenidades, se elas não viessem acompanhadas de um verdadeiro espírito de adoração, se elas não traduzissem um real e sincero reconhecimento da soberania divina da parte dos participantes das cerimônias religiosas (Is.1:10-19; 58:1-8; Zc.7:4-7; Ml.1:7-14). O ponto máximo do formalismo encontramos nos fariseus, a ponto que “farisaísmo” passou a ser sinônimo de um formalismo vazio e abominável ao Senhor, algo que repugna a Deus (veja o alerta de Jesus em Mateus 23).
2. Culto Pentecostal
O Culto pentecostal genuíno é aquele em que a operação do Espírito Santo é manifestada de uma forma efusiva, como acontecia na Igreja de Corinto. Os cultos naquela igreja eram muitos fervorosos, pois nela havia a manifestação constante dos dons espirituais. É isso o que caracteriza um culto pentecostal no seu stricto senso. Mas é preciso ter muito cuidado com o surgimento das meninices nas reuniões pentecostais. Os crentes de Corinto tinham todos os dons (1Co.1:7), os cultos eram fervorosos, mas muitos desses crentes eram imaturos, insubmissos, ignorantes da doutrina reveladora dos dons, além de carnais. Os dons não eram utilizados de forma equilibrada, visando o “progresso da obra do Senhor. Os crentes exerciam os dons para demonstrar níveis de maturidade e de santificação, tornando-se assim, carnais (1Co.3.1), ignorantes (1Co.12:1) e meninos (1Co.14:20). Não são os atos miraculosos realizados e os diversos dons espirituais exercidos que identificam os autênticos servos de Deus, mas os seus frutos. É o fruto que revela a natureza da árvore. O que atesta a autenticidade de um cristão pentecostal não é primeiramente o que ele faz, mas o que ele é ante a Palavra de Deus (Mt.5:13-16). Os dons têm a ver com o que fazemos para Deus.
CONCLUSÃO
A prática e a experiência, fundamentadas na Palavra de Deus, nos revelam que é possível conciliar no culto cristão espiritualidade e ordem, liberdade e reverência, alegria e temor. Nós não podemos prestar um culto a Deus por força de nosso hábito, nem por interesse em nosso próprio bem-estar pessoal, nem por considerar obter algum ganho diante de Deus. Nós prestamos cultos a Deus porque Deus “nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado” (Cl.1:13b).