Texto Base: 2Timóteo 2:14-19; 2Pedro 1:20,21
“Mas ele disse: Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam” (Lc.11:28).
2Timóteo 2:
14.Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes.
15.Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
16.Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade.
17.E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto;
18.os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.
19.Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.
2Pedro 1:
20.sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação;
21.porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos do tema: “Comprometidos com a Palavra de Deus”. O compromisso com a Palavra de Deus é das principais características do autêntico movimento pentecostal. O genuíno cristão considera a Bíblia Sagrada como a inspirada e inerrante Palavra de Deus em toda a sua dimensão e, por isso, ela é considerada a nossa única regra de fé e prática. Cremos que toda experiência espiritual genuína não pode contrariar a Palavra de Deus. A Bíblia é a referência para avaliar toda experiência individual e coletiva. Ela é a bússola que norteia a nossa jornada espiritual. Por meio dela somos guiados pelo Espírito Santo até o dia em que seremos arrebatados para estar para sempre com o Senhor. É preciso estarmos comprometidos integralmente com ela.
I. A AUTORIDADE DA BÍBLIA
A Bíblia é a Palavra de Deus porque tem origem em Deus; seu conteúdo foi comunicado por Deus aos homens santos escolhidos pelo Senhor para reduzi-la a escrito. O selo dessa autoridade aparece em expressões como "assim diz o SENHOR" (Êx.5:1; Is.7:7); "veio a palavra do SENHOR" (Jr.1:2); "está escrito" (Mc.1:2). Ante tais considerações, não temos como deixar de reconhecer que a Bíblia Sagrada é dotada de autoridade absoluta, ou seja, deve ser aceita pelo crente em Cristo como única regra de fé e de prática, ou seja, o cristão, se quiser ser fiel e obediente ao seu Criador, deve crer no que a Bíblia diz e fazer exatamente o que a ela determina.
1. Sola Scriptura (somente a Escritura)
As Escrituras são a base epistemológica da teologia, isto é, o fundamento do nosso conhecimento a respeito de Deus. O lema de Lutero, Sola Scriptura (“somente a Escritura”), é o
princípio protestante. As Escrituras constituem, determinam e governam todo o esforço teológico. A nossa fonte de autoridade é o Espírito Santo falando nas Escrituras, o produto de seu próprio fôlego criativo. Nelas, a Igreja tem um teste objetivo contra a autoilusão demoníaca e um recurso para sua correção. As Escrituras são o mapa autêntico da ordem espiritual. Através dela encontramos o Deus vivo em sua autorrevelação misericordiosa. O falar de Deus torna-se possível, porque é baseado na informação da revelação verificável, expressa na linguagem humana. As Escrituras são inspiradoras aos seus leitores porque são, em si mesmas, inspiradas por Deus. (1)
2. Nossos fundamentos
O fundamento de nossa doutrina espiritual e cristã está fincado unicamente nas Escrituras Sagradas. Elas são a principal regra de fé e prática do verdadeiro cristão pentecostal. A Declaração de fé das Assembleias de Deus narra isso sem rodeios: “A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática...não necessitamos de uma nova revelação extraordinária ou pretensamente canônica” (2Pd.1:19-21). Portanto, é insana a acusação de alguns segmentos do cristianismo, principalmente do orbe do protestantismo cessacionista, de que os pentecostais baseiam suas crenças e práticas nas emoções e que ensinam a crença no Canon aberto. Esta é uma interpretação equivocada de nossos irmãos reformados, pois nós cremos piamente que a revelação canônica se encerrou com os apóstolos e profetas do Novo Testamento (1Co.15:8). Portanto, Sola Scriptura!
3. Não somos deístas
O Deísmo é a crença que, apesar de admitir a existência de um Deus Supremo, que criou o universo e o homem, ensina que, depois da criação, o Senhor os entregou para ser governado pelas leis da natureza. Noutras palavras, Ele deu corda ao mundo como quem dá corda a um relógio e o deixou sem mais cuidado da sua parte. Para os seguidores desta doutrina, Deus limitou-se tão-somente a criar-nos, abandonando-nos a seguir à própria sorte. Houve, inclusive, um momento na história de Israel que os judeus se fizeram deístas (Sf.1:12). Essa crença também é conhecida como racionalismo, pois é a religião do natural e racional, baseada no raciocínio puramente humano. Eles elevam a razão a uma posição de supremo guia, dispensando o revelado.
Porém, o cristianismo é uma fé que se apoia na revelação que Deus fez de si mesmo. Ele se mostrou ao homem em suas ações desde a criação, revelando-se a Adão, aos patriarcas, a Moisés e ao povo de Israel. O Senhor encerra o Antigo Testamento revelando-se especificamente aos profetas (Am.3:7). Contudo, o ponto mais alto da revelação divina, foi a vinda do Filho de Deus em carne. Sem esta revelação, estaríamos condenados à ignorância e à morte eterna. Ele enviou o seu Filho para estar conosco, e o Filho enviou o Espírito Santo para estar em nós.
Portanto, não somos deístas; somos, sim, teístas. No teísmo a fé repousa em um Deus único, pessoal, criador, auto-existente, auto-suficiente, onipotente, onipresente, onisciente, imanente e transcendente na mesma proporção e que subsiste em três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito Santo.
II. ZELO PELA DOUTRINA
O zelo pela doutrina é um marco no pentecostalismo genuíno. Há uma conscientização de que o crente não sobrevive sem maturidade espiritual e cristã, e ela é adquirida com o estudo da Palavra de Deus. Por isso, desde cedo o crente é incentivado a conhecer as Escrituras Sagradas.
A Bíblia Sagrada contém ensinos preciosos e indispensáveis para que a pessoa viva. Estes ensinos é que constituem a “doutrina bíblica” ou “sã doutrina”. Não pode ser confundida com costumes, que são hábitos guardados por determinados grupos de pessoas dentro de um período de tempo. Foi fundamentada na doutrina bíblica que a Igreja primitiva em apenas três anos chegou aos pontos mais distantes do Império Romano. Em pouco tempo o evangelho foi pregado em todo o mundo de então (Rm.1:8).
1. Ensino ou instrução
“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2Tm.3:16,17).
“Doutrina” é palavra de origem latina que significa “o ensino dos doutores”, ou seja, o “ensino dos sábios”, o “ensino de quem sabe”. No caso da Bíblia Sagrada, dizemos que a “doutrina” ou a “sã doutrina” é o ensino constante das Escrituras, fruto da inspiração do Espírito Santo aos escritores dos diversos livros bíblicos, ou seja, aquilo que Deus quer que o homem saiba para se salvar e ter a vida eterna.
Seguir a doutrina Bíblica é seguir a vontade de Deus para o homem e é por isso que muitos se têm levantado contra a doutrina, porque ela implica na renúncia do eu, na renúncia do ego, na renúncia de nós mesmos, sem o que é impossível seguir a Jesus (Mt.16:24). Daí porque Jesus foi interrogado pelo sumo sacerdote a respeito de sua doutrina (João 18:19).
A doutrina de Jesus é impressionante. Ela traz mudança de caráter e mudança de direção. Veja Mateus 7:28; 22:33. Nestas referencias de Mateus, a doutrina de Jesus é apresentada como algo que admira, que causa assombro para os ouvintes, mostrando ser algo diferente, algo que não se confundia nem com a religiosidade existente, nem com as filosofias que também faziam parte dos discursos e ensinos ministrados naquela época. A doutrina de Jesus, portanto, como se pode observar é algo que não obedece a culturas, a costumes, nem à lógica humana.
O apóstolo Paulo, em seus escritos, sempre demonstrou sua preocupação para que a doutrina tivesse sempre um espaço privilegiado não só na vida de cada crente, mas nas igrejas locais, pois entendia que ser salvo era ter adotado uma nova doutrina (Rm.6:17); que os inimigos dos crentes são os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina (Rm.16:17); que um culto não tem sentido se não houver doutrina (1Co.14:6,26); que a vida familiar deve ser construída, notadamente a educação dos filhos, pela doutrina do Senhor (Ef.6:4).
2. O conteúdo da fé
A palavra “doutrina” se aplica também a um corpo básico e coerente do ensino cristão, como os credos, confissão de fé, declaração de fé. Estes são documentos eclesiásticos distintos, mas com o mesmo propósito – interpretar as Escrituras Sagradas para sintetizar o ensino da Igreja. Os credos são genéricos e as confissões de fé são mais elaboradas e específicas, afirma o Pr. Esequias Soares. “São interpretações autorizadas das Escrituras Sagradas aceitas e reconhecidas por uma Igreja ou denominação. Todas as igrejas ou denominações no mundo possuem algum tipo de conjunto de crenças, seja ele escrito ou não, não importando o nome dado aos ensinos que norteiam a vida da instituição cristã. A Bíblia é a Palavra de Deus e a única autoridade inerrante para a nossa vida; não é um credo, mas, sim, sua fonte primária. Na explicação de Philip Schaff, ‘a Bíblia revela a verdade em forma popular de vida e fato; o Credo declara a verdade em forma lógica de doutrina. A Bíblia é para ser crida e obedecida; o Credo é para ser professado e ensinado’. Em outras palavras, a Bíblia precisa ser interpretada e compreendida para uma adoração consciente a Deus” (Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD).
3. A nossa confissão de fé e a Bíblia
A nossa Declaração de Fé expressa o pensamento e a vida da Igreja, está absolutamente submetida às Escrituras Sagradas e em conformidade com elas; portanto, não é um documento de autoria particular.
O conjunto harmônico e bíblico dessa Declaração de Fé caracteriza-se por sua similitude no rigor da observação doutrinária estabelecida pela vivacidade da Palavra de Deus. Mesmo em forma sintética, abrange todas as principais doutrinas bíblicas, facilitando o conhecimento e conservando nossa mente contra as muitas heresias.
A obra “Declaração de Fé” é um documento eclesiástico que organiza, de forma escrita e sistemática, as crenças e práticas das Assembleias de Deus no Brasil que já são ensinadas nas igrejas desde a chegada ao país dos missionários fundadores, Daniel Berg (1884–1963) e Gunnar Vingren (1879– 1933). O contexto social e político por si só exige uma definição daquilo em que a Igreja crê e daquilo que professa desde as suas origens.
A Bíblia é a nossa única fonte de autoridade, a inerrante, infalível, completa e inspirada Palavra de Deus. As Escrituras Sagradas, no entanto, precisam ser interpretadas para que todos conheçam a sua mensagem. Assim sendo, o conteúdo dos 24 capítulos da Declaração de Fé são as interpretações autorizadas das Escrituras e os ensinos oficiais das Assembleias de Deus no Brasil.
A Declaração de Fé servirá como proteção contra as falsas doutrinas e contribuirá para a unidade do pensamento teológico para “que digais todos uma mesma coisa” (1Co.1:10). Trata-se ainda de um material didático para ajudar as igrejas no preparo dos candidatos ao batismo e também na formação espiritual dos novos convertidos, bem como mostrar para a sociedade aquilo em que nós cremos e aquilo que praticamos. O documento identifica nossa marca pentecostal como denominação, mas o objetivo primordial é a glória de Deus (extraído da obra Declaração de Fé das Assembleias de Deus).
III. O CUIDADO QUANTO AOS MODISMOS
Vivemos no tempo em que a Bíblia denomina de tempos trabalhosos (2Tm.3:1), que são dias em que surgem, com grande intensidade, inovações e modismos no meio do povo de Deus, porque são os dias da proliferação dos falsos profetas, falsos cristos, falsos mestres e doutores, até para que haja o cumprimento da Palavra de Deus. Devemos, pois, ser extremamente cautelosos com todo movimento e ideia que aparecer no meio do povo de Deus.
1. Modismo
Palavra própria da língua portuguesa, que vem da raiz latina “mod”, que era uma medida agrária antiga, donde retirou o seu significado de “limite”, de “limitação”. É “aquilo que está na moda e que tem caráter passageiro” (Dicionário Veja Larousse).
O “modismo” é sempre uma criação humana, que está sujeito a limitações de tempo e de espaço, e que não perdura, que tem a mesma natureza do seu criador, ou seja, é como a flor da erva, é como um conto ligeiro.
Vemos, pois, que, de um lado, temos a Palavra de Deus, que como o Seu autor é imutável, permanente, não sofre qualquer alteração; de outro, temos os “modismos”, criações humanas que, como o seu autor, são “introdução de novidades”, algo próprio de um ser criativo e cheio de invenções como é o homem (Ec.7:29), mas que, assim como o homem, é algo passageiro, que não tem consistência nem duração.
Não há comunhão entre a luz e as trevas, entre a Verdade e as mentiras. Modismos são falsificações da Palavra de Deus, são atitudes que não têm qualquer compromisso com Deus e, portanto, não podem ser adotados nem acolhidos por tantos quantos têm comunhão com o Senhor. Se Deus tem compromisso com a Sua Palavra, e se ela não muda, e se ela é a Verdade e a luz (Sl.119:105), temos que somente crer nela e nos valer dela como nossa regra de fé e prática de nossa conduta moral e espiritual.
Ocorrem vários modismos no orbe evangélico que são puramente aberrações, e que o autêntico cristão deve ficar muito longe disso. Cito três exemplos, mas a lista é grande:
a) Bênção da Água”
Na prática da “bênção da água”, tem-se nítido animismo inserido indevidamente no meio do povo de Deus. Esta prática nada mais é que uma “roupagem evangélica” para a “água benta”, umas das primeiras práticas pagãs absorvidas pelo romanismo.
Não é pela água que se purifica alguma coisa, nem que se consegue alguma bênção, muito menos que se espantam demônios ou espíritos malignos, mas por uma vida de comunhão com Cristo Jesus. A água, na Bíblia, é símbolo da Palavra de Deus e é por ela que somos santificados e regenerados (João 17:17; Ef.5:26; 1Jo.5:7,8). O único momento em que usamos água com significado espiritual é o instante do batismo, em que, por imersão em água, testificamos publicamente que cremos em Jesus, nascemos de novo e estamos mortos para o mundo (Rm.6:3,4). É um instante singular, único em que usamos a água.
b) Queima dos pedidos de oração”, “queima das necessidades” ou, ainda, “queima dos pecados dos antepassados” ou “queimas das maldições hereditárias”
Esta prática de se levar ao fogo para destruição ou purificação de algo é, nitidamente, uma prática retirada dos cultos pagãos, que o digam os sacrifícios feitos a Moloque, abomináveis aos olhos do Senhor (2Rs.16:3; 17:17; 21:6; 23:10; 2Cr.33:6; Ez.20:31; 23:37). Por que fazer algo que o Senhor já declarou explicitamente em Sua Palavra que abomina? Este tipo de modismo é puro animismo, pois é dar ao fogo o poder espiritual de atendimento às nossas preces, o que contraria totalmente o que ensinam as Escrituras. Repudiemos este “falso ensino”, verdadeiro exercício de feitiçaria!
c) “Purificação de ambientes”, para “proteção do crente e de sua família”
Nestas chamadas “purificações” são utilizados os mais variados elementos tais como “sal grosso”, “rosa ungida”, “óleo de Israel”, “água do rio Jordão”, e tantas outras coisas que nos fazem lembrar as “relíquias” da Igreja Romana, que tantos absurdos e crendices causaram na cristandade. Queridos irmãos em Cristo, isto é pura idolatria, misturada com a mais banal feitiçaria. Como pode um servo de Deus, lavado e remido no sangue do Cordeiro, crer que, para estar livre dos espíritos malignos, deve ter sal grosso em casa, rosa ungida ou ter um frasco com água do rio Jordão? Qual a diferença deste proceder com aqueles que usam patuás, fitas benzidas, pés de coelho, figas ou outros conhecidos amuletos e talismãs? Evidentemente, nenhuma!
As pessoas crentes que se deixam levar por isto são tão cegas quanto os incrédulos, para não dizer que estão ainda mais longe da salvação do que aqueles, pois, por pura ignorância, não sabem que Jesus liberta de tudo isto e não impõe estas coisas, como é defendido pelos pregadores deste falso e supersticioso evangelho. Tudo isto é resultado da ignorância espiritual, da falta de estudo da Palavra de Deus, do menosprezo que o ensino da Bíblia tem tido nas nossas igrejas locais. Somente a verdade pode libertar do pecado (João 8:32,36) e a verdade é a Palavra de Deus (João 17:17), a única que testifica de Cristo (João 5:39).
2. “Procura apresentar-te a Deus aprovado” (2Tm.2:15)
Como obreiro de Deus procuramos muitas coisas - procuramos estudar, procuramos orar, procuramos nos santificar, procuramos servir as pessoas, procuramos frequentar os cultos, procuramos contribuir financeiramente, procuramos crescer como obreiro...Tudo isto é importante, mas existe algo mais importante que devemos fazer: devemos procurar nos apresentar a Deus. É neste detalhe que muitos falham, muitos obreiros se apresentam à sua igreja, à sua denominação, ao seu pastor, ao seu bispo, aos congregados que ele serve, mas às vezes se esquece de se apresentar a Deus. Deus é o Senhor de sua própria obra, Ele é o responsável pela divisão de tarefas de sua obra; é a Ele a quem devemos prestar contas de nossos trabalhos. O obreiro de Deus deve conversar com Deus todos os dias, e essa comunhão diária proporcionará o aperfeiçoamento do servo de Deus. Existem obreiros que não oram, que quase não estudam a Bíblia, que não se apresentam a Deus; como pode essa pessoa ser bem sucedida na obra de Deus, que se caracteriza pelas lutas espirituais com as forças do mal?
Paulo diz que o obreiro deve se apresentar a Deus, mas diz também de que maneira este obreiro deve se apresentar: aprovado. O que isto significa? Significa que temos que ter a aprovação de Deus e da Bíblia para o que fazemos. No texto de 2Tm.2:15, a palavra grega “parastesai”, traduzida por “apresentar-te”, significa apresentar-se para o serviço; dá a ideia de utilidade para e no serviço. Já a palavra “dokimos”, traduzida por “aprovado”, era usada para indicar o ouro e a prata purificados de toda a escória; fazia referência ao dinheiro genuíno e não adulterado; também era empregada para aludir a uma pedra lavrada, cortada e provada a fim de ser usada adequadamente na construção de um edifício. Uma pedra com alguma imperfeição era marcada com um “A” maiúsculo, representando a palavra grega “adokimastos”, que significa “provada e encontrada deficiente”.
O Obreiro aprovado por Deus:
ü Prega e ensina sem engano. “Paulo nunca usou de engano em suas pregações. Diferente de alguns falsos mestres de sua época que pregavam e ensinavam com argumentos falsos e logro. É preciso ter muito cuidado com os “lobos” vestidos de ovelhas, que andam a enganar os crentes incautos”.
ü Prega com pureza. Paulo pregava por amor a Cristo. Jesus era o seu alvo. Atualmente, há muitos falsos obreiros que só visam lucro e bens financeiros. O falso mostra-se tão bem vestido de verdadeiro, que, se possível fosse, enganaria até mesmo os escolhidos. São falsos milagres, falsos milagreiros, falsos ensinos, falsos mestres, falsas profecias e falsos profetas. As igrejas locais estão proliferadas de obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os mestres da lei de Deus, nos dias de Jesus (Mt.24:11-24), e o crente precisa estar informado sobre este fato.
3. “...como obreiro que não tem de que se envergonhar” (2Tm.2:15)
Temos muitos motivos para nos orgulhar como obreiro de Deus:
ü fomos criados por Deus.
ü somos sustentados durante toda a nossa vida por Deus.
ü fomos salvos por Jesus.
ü o Espírito Santo habita em nosso coração.
ü os anjos de Deus nos protegem todos os dias.
ü fazemos parte da mesma comunidade que Abraão, Jacó, Elias, Davi, Pedro, Paulo, Débora e de outros servos de Deus do passado e do presente. Hoje pertencemos a Igreja de Jesus Cristo, ou seja, pertencemos a um povo salvo por Jesus Cristo, espalhado em toda a Terra.
Temos muitos motivos para nos orgulhar. Portanto, um obreiro de Deus não deveria ter do que se envergonhar, mas não é isto o que acontece na prática, pois nos envergonhamos de muitas coisas:
ü eu me envergonho de ver pregadores cobrando alto para pregar o que receberam de graça de Jesus.
ü eu me envergonho de ver obreiros brigando com outros obreiros por causa de dinheiro, de membros, de região geográfica.
ü eu me envergonho de ver obreiros que deveriam agir com transparência, usarem o dinheiro sagrado de dízimos e ofertas que o povo de Deus dá para a obra de Deus, para uso próprio, comprando mansões, viajando de primeira classe para pregar e comprando até jatinhos de milhões de dólares.
ü eu me envergonho de ver tantos obreiros se separando de suas esposas e família, namorando com suas secretárias, assistentes e membros da congregação, e continuarem a “ministrar“ como se nada tivesse acontecido.
ü eu me envergonho de ver “obreiros“ que não conhecem a Bíblia Sagrada, e querer ensinar alguma coisa espiritual ao povo de Deus.
ü eu me envergonho de ver pessoas se rebelando nas igrejas e abrindo outras denominações com nomes estranho, causando vergonha aos que seriamente servem a Deus.
ü eu me envergonho de ver na época de eleições os púlpitos das igrejas serem usados por oportunistas que só querem o voto, e nada tem com Deus e sua obra.
Como Deus julgará que tipo de trabalhadores temos sido para Ele, devemos edificar nossa vida em sua Palavra e aplicá-la à nossa vida. Esta, por si mesma, já nos indica como viver e servir a Deus. Os crentes que ignoram a Bíblia certamente se envergonharão no dia do julgamento. O estudo consistente e diligente da Palavra de Deus é vital; caso contrário, seriamos impelidos a negligenciar a Deus e ao nosso verdadeiro propósito na vida.
4. “...que maneja bem a Palavra da verdade” (2Tm.2:15)
A Palavra da Verdade é a Bíblia sagrada. O obreiro do Senhor precisa apresentar-se primeiro a Deus como aprovado, para depois apresentar-se diante dos homens com eficácia. Seu papel não é torcer as Escrituras Sagradas, mas manejá-la bem. Enquanto os falsos mestres desvirtuam as Escrituras (2Tm.2:18; 1Tm.1:6;6:21), o obreiro fiel deve manejá-la bem, ou seja, pregá-la com fidelidade e sinceridade. O obreiro de Deus deve dominar a Bíblia de gênesis a apocalipse, deve conhecer suas doutrinas e princípios.
Não podemos fazer a obra de Deus relaxadamente. Aquele que ensina deve esmerar-se em fazê-lo. Quem prega a Palavra precisa ser um mestre da Palavra. Aquele que cessa de aprender cessa de ensinar. Quem não abastece sua própria alma com a Palavra não pode alimentar os outros com a Palavra. Não podemos ensinar os outros a partir da plenitude das nossas emoções e do vazio da nossa mente.
CONCLUSÃO
Aprendemos neste estudo que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus, e como Palavra de Deus deve ser recebida, crida e obedecida como a autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à vida e à piedade (Mt.5:17-19; João 14:21; 15:10; 2Tm.3:15,16; ver Êx.20:3). Na igreja, a Bíblia deve ser a autoridade final em todas as questões de ensino, de repreensão, de correção, de doutrina e de instrução na justiça (2Tm.3:16,17). Ninguém pode submeter-se ao senhorio de Cristo sem estar submisso a Deus e à sua Palavra como a autoridade máxima (João 8:31,32,37). Como filhos de Deus, não podemos afastar-nos jamais das Sagradas Escrituras; destas, todos dependemos vitalmente. Quanto mais as estudarmos, mais íntimos seremos de seu Autor. Todos na igreja devem amar, estimar e proteger as Escrituras como um tesouro, tendo-as como a única verdade de Deus para um mundo perdido e moribundo.