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PAULO NO PODER DO ESPÍRITO SANTO

 

Texto Base: Atos 19:1-7

“E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam” (Atos 19:6).

V.P.: “Uma vez movidos no poder do Espírito, podemos ser bem-sucedidos na missão de pregar o Evangelho a toda a criatura”.

 

Atos 19:

1.E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos,

2.disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo.

3.Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados, então? E eles disseram: No batismo de João.

4.Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo.

5.E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus.

6.E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam.

7.Estes eram, ao todo, uns doze varões.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula veremos como Paulo pregou o Evangelho no poder do Espírito Santo. O Espírito Santo foi o Agente fundamental para que Paulo tivesse êxito nas missões que realizou. Sem o Espírito Santo, Paulo não teria sido o que foi, pois os obstáculos em seu ministério foram numerosos. Só o Espírito Santo pode conduzir a vida do crente entre os obstáculos que sempre surgem. Nenhum missionário, evangelista, terá êxito no nobre ofício de pregar o evangelho de Cristo sem o revestimento de poder do Espírito Santo. Sua unção é indispensável à nossa caminhada com Cristo. Não podemos viver sem Ele, muito menos, extinguir a sua presença em nossas vidas. Por isso, a recomendação de Paulo: “Não apagueis o Espírito” (1Ts.5:19).

I. PREGANDO A CRISTO NO PODER DO ESPÍRITO

1. Paulo, movido pelo poder do Espírito Santo

Para fazer a obra de Deus é preciso estar na plenitude do Espírito Santo. Paulo começou a caminhada no Espírito Santo, viveu no Espírito e terminou no Espírito Santo. Em todo o seu ministério, Paulo foi movido pelo poder do Espírito Santo. Assim sendo, ele passou a ter como missão de vida dar testemunho de Jesus e provar que Ele é o Cristo (Atos 19:21,22).

Revestido de poder, logo após sua conversão (Atos 9:17), Paulo se mostrou sobrenaturalmente habilitado para pregar, manter e defender a verdade quando pregava. Movido pelo Espírito Santo, Paulo tornou-se embaixador de Cristo e pregador do evangelho (Atos 9:20-22). Inicialmente, ele pregou nas sinagogas de Damasco afirmando que Jesus é o Filho de Deus (Atos 9:20) e, mais tarde, demonstrando que Jesus é o Cristo prometido (Atos 9:22). Durante todo o seu ministério ele foi movido pelo poder do Espírito; ele mesmo disse “que ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo” (1Co.12:3). Portanto, Paulo, movido pelo poder do Espírito, não tinha outra missão, senão, pregar a Jesus, e este crucificado (1Co.2:2).

2. O caminho de pregação

Paulo, logo após ter sido curado e recebido a plenitude do Espírito Santo, ele passou a pregar nas sinagogas de Damasco, afirmando que Jesus é o Filho de Deus (Atos 9:20). Em seguida, foi para a Arábia, onde passou três anos recebendo revelação de Cristo Jesus (Gl.1:15-17). Na verdade, ele quis ficar a sós com Deus. Naquele momento não sentiu a necessidade de orientação humana, mas da presença e da ajuda de Deus. Ele precisava de tempo e quietude e solidão para reorganizar sua mente, seus conceitos, seus valores, sua teologia.

Depois disso, voltou outra vez para Damasco; e, agora, ele não apenas afirmava que Jesus é o Filho de Deus, mas o demonstrava, provando detalhada, exaustiva e meticulosamente que Cristo é o Messias (Atos 9:22). Paulo voltou para Damasco para dar testemunho de Jesus aos que outrora perseguira.

De Damasco foi a Jerusalém para enfrentar o seu passado; Disse ele: “Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e fiquei com ele quinze dias” (Gl.1:18). Mas, sua volta a Jerusalém não foi fácil; ele arriscou sua vida. Seus amigos de antes, os judeus, reclamaram seu sangue, porque para eles Paulo era um renegado e traidor. Já os cristãos poderiam rejeitá-lo por pensar que ele estava sabotando a fé cristã e se infiltrava na Igreja para persegui-la (Atos 9:26). O propósito de Paulo a Jerusalém foi pessoal – ele foi visitar o apostolo Pedro, que na ocasião era o líder da Igreja (Gl.1:19); ele não viu a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor” (Gl.1:19), que era o pastor e líder da Igreja Jerosolimitana. Ele foi visitar Pedro para mostrar que nunca estava em plena desarmonia com todas as opiniões dos apóstolos. Vale destacar que grande parte daquelas duas semanas em Jerusalém foi ocupada em pregações e ensinos (Atos 9:28,29).

Ainda em Jerusalém, ele recebeu uma revelação de que deveria sair de lá (Atos 22:17,18) - “...quando orava no templo, fui arrebatado para fora de mim. E vi aquele que me dizia: Dá-te pressa e sai apressadamente de Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho acerca de mim”. Então, ele foi para Síria e Cilícia (Gl.1:21). Tarso, na Cilícia, era a cidade onde Paulo nasceu. Ele estava ali obviamente não porque fosse de sua vontade voltar à sua terra natal, mas porque não podia mais permanecer em Jerusalém (Atos 9:29,30). Aliás, o próprio Deus o mandou sair de Jerusalém (Atos 22:17-21). Na verdade, Paulo foi levado a Cesareia e dali enviado a Tarso (Atos 9:30). Paulo passou mais de dez anos em Tarso, longe dos holofotes. Nesse tempo, Deus trabalhou nele para depois trabalhar por intermédio dele.

3. Paulo e as duas viagens missionárias

Depois de dez anos em Tarso, agora instruído e convicto de sua missão, o Espírito Santo mandou chamá-lo para fazer parte do grupo de líderes da Igreja de Antioquia e, certamente, para a missão que Jesus tinha preparado para ele - “E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia” (Atos 11:25). Barnabé foi a Tarso à procura de Saulo, pois Tarso era a cidade natal de Saulo, para onde os crentes de Jerusalém o havia enviado, quando sua vida estava ameaçada (Atos 9:28-30). Não sabemos o que ele esteve fazendo nesse período, embora a sua Epístola aos Gálatas parece indicar que esteve pregando na Síria e Cilícia. Alguns comentaristas sugerem que foi durante esse período que ele sofreu algumas perseguições físicas às quais se referiu mais tarde, e provavelmente foi desertado pela família.

Barnabé foi buscar Saulo porque, certamente, deve ter ouvido falar do chamado de Saulo para ser apóstolo aos gentios (Atos 9:15,17), e é bem possível que as conversões gentias em Antioquia tenham-lhe feito pensar em Saulo. Em todo caso, tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E por todo um ano se reuniram naquela Igreja, cuja maioria eram novos convertidos sem instrução, e ensinaram numerosa multidão (Atos 9:26a). Logo depois, a Igreja de Antioquia, obedecendo a ordem do Espírito Santo, separou Paulo e Barnabé para realizarem juntos as duas primeiras viagens missionárias (Atos 13:2,3):

“E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram”. Com estas palavras começou o grande movimento missionário da Igreja “até aos confins da terra” (Atos 1:8).

-De Antioquia a Chipre (Atos 13:1-12). “E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre” (Atos 13:4). Este versículo inicia o registro da jornada conhecida como “Primeira Viagem Missionária de Paulo”, que se estende até Atos 14:26. Nessa viagem, os missionários concentraram seus esforços na Ásia Menor. De Antioquia, na Síria, os dois servos intrépidos de Cristo desceram primeiro a Selêucia, um porto a cerca de vinte e cinco quilômetros de Antioquia. De lá, navegaram para a ilha de Chipre. Depois de chegarem a Salamina, na costa leste de Chipre, visitaram várias sinagogas, onde anunciaram a Palavra de Deus. Ao se dirigirem primeiro às sinagogas, Barnabé, Saulo e seu auxiliar, João Marcos, estavam cumprindo a determinação divina de apresentar o evangelho aos judeus antes de levá-lo aos gentios (cf. Atos 13:5).

Saindo de Salamina, atravessaram toda a ilha até Pafos (capital de Salamina – principal cidade comercial). Em Pafos, encontraram um judeu, mágico e falso profeta chamado Barjesus (isto é, filho de Jesus ou de Josué). Quando Sérgio Paulo, procôncul romano que administrava a ilha, mandou chamar Barnabé e Saulo para instruírem-no acerca da Palavra de Deus, o mágico tentou interferir. É provável que tenha sido inspirado por Satanás a tentar impedir a propagação do evangelho. Ao perceber que Sérgio Paulo estava buscando a verdade com um coração sincero e que o mágico era um inimigo da verdade, Paulo, com autoridade do Espírito Santo, repreendeu este último com severidade (cf. Atos 13:9,10). Ele ficou “cego [...] por algum tempo”. Com este episódio o procônsul tornou-se um verdadeiro seguidor do Senhor Jesus. Foi o primeiro fruto da graça dessa viagem missionária.

-De Chipre a Antioquia da Pisídia (Atos 13:13-52). Da cidade de Pafos, os missionários rumaram para Perge da Panfília. A Panfília era uma província romana localizada na costa sul da Ásia Menor, cuja população era devota de Diana (Ártemis, para os romanos). Perge era sua capital. Ao chegarem a Perge, João Marcos os deixou e voltou para Jerusalém. Talvez a ideia de levar o evangelho aos gentios não o agradasse. Paulo considerou sua partida uma deserção e se recusou a permitir que Marcos o acompanhasse na segunda viagem missionária. Essa decisão provocou um conflito sério entre Paulo e Barnabé e levou os dois a seguirem caminhos separados no ministério (cf. Atos 15:36-39). Posteriormente, Marcos reconquistou a confiança do apóstolo Paulo (2Tm.4:11).

Depois do Concílio de Jerusalém (Atos 15:1-30), Paulo e Barnabé resolveram empreender a Segunda Viagem Missionária. Tinha dois objetivos: visitar as igrejas que eles fundaram durante a Primeira Viagem; e abrir novos campos de trabalho (ler Atos 15:36,41). Barnabé decidira levar João Marcos com eles; Paulo por sua vez rejeitou a ideia, alegando que João Marcos os havia deixado em meio à viagem anterior, voltando a Jerusalém (Atos 15:37,38). Tal contenda causou a divisão entre ambos. Barnabé acompanhado de João Marcos foi novamente a Chipre, enquanto Paulo, levando Silas em sua companhia, saiu a percorrer a Ásia Menor, visitada durante a Primeira Viagem Missionária, e entregando às igrejas, cópias da decisão apostólica tomada no Concílio de Jerusalém (Atos 16:4,5).

II. O ARGUMENTO DE PAULO SOBRE A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

1. Paulo aclara o ensino sobre a plenitude do Espírito

Na Segunda Viagem Missionária houve uma nova liderança – o jovem Silas é o novo companheiro de Paulo (Atos 16:1-3). Agora, Paulo e Silas, acompanhado por Lucas, conforme se depreende de Atos 16:10-17, chegaram às cidades de Derbe e Listra; ali encontram o jovem Timóteo, filho de mãe judia e pai grego, moço de bom testemunho tanto em sua cidade, Listra, como na cidade vizinha, Icônio; e Paulo quis que ele o acompanhasse. Timóteo possuía um legado espiritual: aprendera as sagradas letras desde a infância com sua mãe Eunice e com sua avó Loide (2Tm.1:5; 3:15). Paulo o chamou de filho amado (1Co.4:17) e disse que não havia ninguém igual a ele, que cuidava dos interesses da Igreja de Cristo (Fp.2:19,20). Paulo adotou Timóteo como seu filho espiritual (1Co.4:17; 1Tm.1:2,18; 2Tm.1:2).

Nessa Viagem Missionaria, a última cidade da Ásia Menor a visitar foi a cidade de Éfeso (Atos 18:19). E “ele, entrando na sinagoga, disputava com os judeus. E, rogando-lhe eles que ficasse por mais algum tempo, não conveio nisso. Antes, se despediu deles, dizendo: Querendo Deus, outra vez voltarei a vós. E partiu de Éfeso” (Atos 18:19-21). Na sua Terceira Viagem Missionária, Paulo voltou novamente à cidade de Éfeso (cf. Atos 19).

Na Terceira viagem Missionária, Paulo, após passar sucessivamente pela província da Galácia e da Frigia, pregando o evangelho e ensinando os crentes já convertidos (Atos 18:23), ele chegou à cidade de Éfeso. O texto de Atos 19:1-6 diz que “Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo. Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados, então? E eles disseram: No batismo de João. Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam”.

Esses doze crentes de Éfeso tinham crido em Jesus e tinham nascido de novo pelo Espírito Santo. Depois de terem sido batizados em água (Atos 19:5), Paulo impôs sobre eles as mãos, e foram batizados no Espírito Santo. Observe que, neste caso, o batismo em água precedeu o recebimento da plenitude do Espírito Santo (Atos 19:6). Quando o Espírito Santo veio sobre eles, começaram a falar noutras línguas e a profetizar (Atos 19:7). Lucas nunca apresenta o derramamento do Espírito Santo como algo que se possa perceber somente pela fé. Pelo contrário, mostra que é uma experiência identificável e que pode ser comprovada objetivamente; falar em línguas era a comprovação externa e visível que o Espírito Santo viera sobre esses seguidores de Jesus Cristo.

É válido ressaltar que a pergunta de Paulo, nesse contexto (“Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?”), indica que ele achava plenamente possível “crer” em Cristo sem a pessoa experimentar o batismo no Espírito Santo. Este texto é fundamental por demostrar que uma pessoa pode ser crente sem ter recebido o batismo no Espírito Santo.

Portanto, o Batismo no Espírito Santo é uma experiência distinta da Salvação. A salvação vem pela fé em Cristo e não pelo batismo no Espírito; este, reflete a busca por uma aproximação mais pessoal do crente com Deus; capacita o crente a ser eficaz no testemunho do Evangelho ao mundo. Quando a Palavra de Deus é proclamada sob o poder do Espírito, sua veracidade é confirmada muito mais do que naquelas pessoas que são dotadas apenas de refinamento formal e intelectual, embora isto possa ter um importante papel, desde que esteja sob o domínio do Espírito Santo. Portanto, todos aqueles que foram salvos em Cristo - sejam eles pentecostais, ou não, foram eles batizados no Espírito Santo, ou não -, têm o Espírito Santo, e foram batizados no Corpo de Cristo (1Co.12:13)

2. É preciso crer para receber o Espírito Santo

A promessa do batismo no Espírito Santo é diferente da promessa da salvação, visto que é dirigida à Igreja; portanto, é para todas as pessoas que se convertem ao Senhor Jesus em todos os lugares e em todas as épocas; “ninguém recebe o batismo no Espírito Santo antes de crer em Cristo como Salvador”.

Todavia, nem todos os crentes em Jesus são batizados no Espírito Santo. Jesus, ao anunciar que os discípulos deveriam aguardar o revestimento de poder, Jesus não fez qualquer restrição a respeito de quem deveria aguardar o batismo no Espírito Santo - "Ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc.24:49). Estas foram palavras proferidas pelo Senhor no Monte das Oliveiras, por ocasião do seu último discurso antes de ascender os céus que, segundo nos dá conta o apóstolo Paulo, foram ouvidas por mais de quinhentos crentes (cf. 1Co.15:6; At.1:12; Lc.24:50,51). Assim, a promessa foi feita para todos quantos criam em Jesus e professavam Seu nome naquele tempo, ou seja, a toda a igreja então existente.

Lamentavelmente, dos mais de quinhentos que ouviram a promessa, apenas “quase cento e vinte” perseveraram até o dia de Pentecostes (At.1:15); e, por isso, só estes, naquela oportunidade, foram revestidos de poder. Entretanto, e isto é muito importante, tantos quantos perseveraram e creram nas palavras do Senhor, alcançaram a bênção, mesmo se não eram do colégio apostólico, mesmo se eram homens ou mulheres (sim, mulheres também estavam entre os que foram batizados no Espírito Santo, cf. At.1:14), se eram crentes antigos (como os primeiros discípulos, como Pedro, João e André) ou se eram crentes recentemente convertidos (como os irmãos de Jesus, que se converteram apenas depois da ressurreição do Senhor, cf.1Co.15:7). Jesus quer batizar a tantos quantos creiam na promessa e nela perseverem.

3. Paulo cuida para esclarecer Apolo (Atos 18:24-28)

Apolo era um judeu natural de Alexandria, uma cidade egípcia de grande importância por causa de sua cultura. Fundada por Alexandre, o Grande (daí seu nome), em 332 a.C., só perdia para Atenas como centro de cultura e aprendizado. Apolo, certamente, teve uma destacada formação, principalmente no conhecimento das Escrituras Sagradas. Ele era um homem eloquente e poderoso nas Escrituras Sagradas (Atos 18:24). Sendo instruído na Palavra, pregava com entusiasmo e fervor. Lucas assim narra sobre ele: “Este era instruído no caminho do Senhor; e, fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor, conhecendo somente o batismo de João” (Atos 18:25). Nas palavras de Matthew Henry, “Apolo era um pregador que tinha tanto o fogo divino quanto a luz divina. Muitos pregadores são fervorosos de espírito, mas são fracos no conhecimento. Por outro lado, outros são eloquentes nas Escrituras, mas lhes falta fervor”.

Mesmo pregando com fervor e precisão sobre Jesus, Apolo não tinha todo conhecimento necessário. Ao que parece, havia sido devidamente instruído acerca do ministério de João Batista e sabia que João havia chamado a nação de Israel ao arrependimento em preparação para a vinda do Messias (Atos 18:25). Porém, não parecia conhecer o batismo no Espírito Santo e outras questões da doutrina cristã. Ao ouvirem-no falar numa sinagoga de Éfeso (Atos 18:26), o casal Priscila e Áquila observaram que ele precisava de mais instrução. Vendo que Apolo tinha um grande potencial, Priscila e Áquila investiram nele e expuseram-lhe com mais exatidão o caminho de Deus (Atos 18:26). Com uma atitude louvável, o pregador eloquente mostrou-se disposto a aprender com um casal de fazedores de tendas.

Os ensinos recebidos de Priscila e Áquila foram eficazes, e os cristãos em Éfeso passaram a ter plena confiança em Apolo, a ponto de escreverem uma carta de apresentação aos discípulos na Acaia quando ele resolveu ir para lá (Atos 18:27). Chegando a Acaia, especialmente a Corinto, Apolo auxiliou muito os crentes, porque com grande poder convencia publicamente os judeus, provando por meio das Escrituras que Jesus era de fato o Messias (Atos 18:28).

III. A FONTE DO ENSINO DE PAULO SOBRE O ESPÍRITO SANTO AOS EFÉSIOS

1. As Escrituras como fonte de revelação sobre o Espírito Santo

Sem dúvida, as Escrituras Sagradas são a fonte de revelação sobre o Espírito Santo. Ele é o mesmo que atuou no Antigo Testamento. Paulo era cônscio disto, haja vista que a sua primeira fonte de conhecimento acerca da divindade era a revelação do cânon do Antigo Testamento. O Espírito Santo é mencionado 85 vezes no Antigo Testamento, cerca de um terço de todas as referências bíblicas. Isto é mais do que suficiente para demonstrar quanto o Espírito Santo manteve-se atuante nesse período.

Qual a diferença, então, da atuação do Espírito Santo no Antigo Testamento com relação à sua atuação no Novo Testamento? Naquele período, o Espírito habitava no meio do povo (Ag.2:5), ou estava sobre alguém (Nm.11:17; Is.59:21); no Novo Testamento, está dentro de ou em nós (João 14:17). Naquele período, eram usados indivíduos (como Saul, Davi, etc.); neste período, ele usa um povo (1Co.6:19; Ef.2:22; Ap.3:6). Naquele período, era temporário (Nm.11:25); neste período, em caráter permanente (João 16:7).

Na Criação, a atuação do Espírito Santo foi importantíssima (Jó 26:13; Sl.33:6; 140:30); também na transmissão, tanto oral (Mq.3:8) quanto escrita, da Palavra de Deus (2Pd.1:21). Afirmou o apóstolo Pedro: “porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2Pd.1:21). Disse Paulo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm.3:16,17).

2. Pentecostes sobre fonte de revelação do Espírito Santo

No Antigo Testamento a atuação do Espírito Santo foi mostrada de forma subjetiva, mas no Novo Testamento, em especial na primeira festa de Pentecostes, após a morte e Ressurreição de Cristo, a atuação do Espírito Santo foi revelada de maneira objetiva e clara.

A festa de Pentecostes era uma das três grandes festividades anuais do povo israelita, conforme determinado na lei de Moisés. Como nada que ocorre nas Escrituras e, por conseguinte, no plano de Deus ao homem é por acaso, é sem propósito, também não é coincidência nem muito menos um acidente que a promessa do derramamento do Espírito Santo tenha se cumprido no dia de Pentecostes. A própria festa de Pentecostes, também chamada de “festa da sega dos primeiros frutos” (Ex.23:16), “festa das semanas” (Dt.16:16) ou “festa das primícias (Ex.34:22), já era uma figura que apontava para o próprio derramamento do Espírito Santo.

Naquele Pentecostes subsequente à Ressurreição de Jesus, cumpriu-se a profecia de Joel, como afirmou o apóstolo Pedro no sermão inaugural da Igreja (Jl.2:28-32; Atos 2:16,17). A promessa é de “derramamento”, que atingiria “toda a carne” (Jl.2:28a); ou seja, o Espírito de Deus, que, segundo os preceitos judaicos, era peculiar ao povo de Israel, estaria sendo disseminado entre todas as nações, todos os povos, sobre todo o ser humano. Tal promessa prenunciava, portanto, um tempo inteiramente novo sobre a Terra, onde a presença do Senhor se faria sentir além das fronteiras do orbe sacerdotal, da “propriedade peculiar entre os povos”, que era Israel (Ex.19:5,6), algo jamais visto pela humanidade desde a queda do homem no jardim do Éden. Ele continua com a Igreja até entregá-la ao Senhor Jesus no dia de sua gloriosa vinda.

3. Paulo ensina acerca do Espírito Santo aos efésios (Atos 19:1-6)

1.E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos,

2.disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo.

3.Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados, então? E eles disseram: No batismo de João.

4.Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo.

5.E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus.

6.E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam.

Paulo, por ocasião de Terceira Viagem Missionária, voltou à cidade de Éfeso. Ao chegar, encontrou-se com uns doze homens que professavam ser discípulos. Durante a conversa, Paulo perguntou-lhes: “recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?” (Atos 19:2). E eles responderam: “Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo” (Atos 19:2). Por serem discípulos de João Batista, como o versículo seguinte informa, deviam saber da existência do Espírito Santo pelo Antigo Testamento. Além disso, segundo o ensino de João Batista a seus discípulos, o Messias que viria depois dele os batizaria com o Espírito Santo. O que os discípulos ignoravam era a vinda o Espírito Santo no dia de Pentecostes, conforme argumenta William Macdonald.

Depois que eles foram batizados nas águas, pela autoridade do Senhor Jesus (Atos 19:5), dando assim testemunho público de que haviam aceitado Jesus Cristo como o Senhor de sua vida, e, certamente, recebido ensinos do apóstolo sobre o batismo no Espírito Santo, Paulo impôs as mãos sobre eles, e receberam o Espírito Santo da mesma maneira que os discípulos de Jesus receberam no dia de Pentecostes (Atos 19:6,7). Esta foi a quarta vez em Atos que Lucas narra que o Espírito Santo foi concedido de forma clara. O pr. Elienai Cabral argumenta que “essa experiência levou os discípulos efésios a anunciarem Jesus como Salvador, e fez a Igreja crescer. Nesse tempo, sinais e prodígios foram marcas externas da presença e do poder do Espírito Santo na vida da Igreja”.

CONCLUSÃO

O apóstolo Paulo, no poder do Espírito Santo, pode realizar uma grande obra evangelística em toda a Ásia e em uma parte da Europa. Sem o poder do Espírito Santo, ele não teria o êxito nas missões que realizou, e não teria sido o que foi: o maior embaixador do Cristianismo. E este poder ainda continua hoje na vida dos crentes. O propósito principal deste poder do Espírito Santo na vida do crente é capacitá-lo a testemunhar a sua fé em Cristo, algo que é próprio e característico da dispensação da graça (Lc.24:49; At.1:8). Não eram apenas os discípulos da geração apostólica que deveriam pregar o Evangelho, mas a grande comissão é tarefa de toda a Igreja, como nos deixam claro as expressões de Jesus, que são dirigidas a toda a Igreja (Mc.16:15 e At.1:8), assim como os ensinamentos de Paulo a este respeito (1Co.9:16; 2Tm.4:1,2). Ora, diante disto, temos que o revestimento de poder do Espírito Santo é uma operação que deve perdurar enquanto a Igreja estiver pregando o evangelho, o que acontecerá até o final desta dispensação (Mt.24:14; Ap.22:17).

É bom enfatizar que o revestimento de poder do Espírito Santo cumpre alguns propósitos na vida do crente. Muitos o confundem como algo mágico, manipulado, um objeto sobrenatural para produzir fenômenos que glorifiquem o homem ou lhe traga algum tipo de vantagem, como pensava o mágico Simão, duramente repreendido pelos apóstolos Pedro e João (At 8:9-24). No entanto, Deus não dá dons aos homens para produzir espetáculos, para glorificação humana, mas com finalidades bem específicas na sua obra.