SISTEMA DE RÁDIO

  Sempre insista, nunca desista. A vitória é nosso em nome de Jesus!  

SENDO CAUTELOSOS NAS OPRESSÕES


 Texto Base: Mateus 7:1-6
“Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso (Lc.6:36).

Mateus 7:

1.Não julgueis, para que não sejais julgados,

2.porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.

3.E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu olho?

4.Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?

5.Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.

6.Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos de um novo tema proferido por Jesus no Sermão do Monte: o complexo tema do julgamento. Jesus condena o julgamento temerário (Mt.7:1-15), mas também incentiva o julgamento daqueles que desprezam a mensagem de Deus e atacam os mensageiros (Mt.7:6). Jesus condena o hábito de fazer crítica ferina e dura, e não o exercício da faculdade crítica pela qual os homens podem fazer, e se espera que façam, em ocasiões especificas, juízos de valor, escolhendo entre diferentes programas e planos de ação.

Segundo William Macdonald, o mandamento de não julgarmos os outros inclui as seguintes áreas: não deveríamos julgar motivos, pois só Deus os pode ver; não deveríamos julgar pelas aparências (João 7:24; Tg.2:1-4); não deveríamos julgar aqueles que têm escrúpulos conscienciosos sobre assuntos que julgam não estarem certos ou errados (Rm.14:1-5); não deveríamos julgar o serviço de outro cristão (1Co.4:1-5) e; não deveríamos julgar um companheiro cristão falando mal dele (Tg.4:11,12). Em suma, Jesus foi enfático ao declarar: “Não julgueis, e não sereis julgados” (Lc.6:37). Somente o Senhor, que é conhecedor de todas as coisas, tem autoridade para julgar suas criaturas. Deus é o justo juiz e todo julgamento no campo espiritual pertence somente a Ele (2Tm.4:8).

I. NÃO DEVEMOS JULGAR O OUTRO

1. Aprendendo a se relacionar com os outros

Cristianismo é pleno relacionamento - vertical e horizontal; ou seja, é Deus se relacionando conosco e nós nos relacionando uns com os outros. Apesar das diferenças que temos, pois somos indivíduos com personalidades diferentes, daí a dificuldade nos relacionamentos, sujeitos a enfrentar conflitos entre nós (1Co.1:11,12), devemos sim, com a ajuda do Espírito Santo, nos esforçar a aprender se relacionar uns com os outros. Apesar de sermos muitos, formamos um só corpo (1Co.12:12). E a principal característica desse corpo é a unidade. Todos os que creem em Cristo fazem parte do mesmo corpo, da mesma família, do mesmo rebanho. Essa unidade não é organizacional nem denominacional, mas espiritual. Nós confessamos o mesmo Senhor (1Co.12:1-3), dependemos do mesmo Deus (1Co.12:4-6), ministramos no mesmo Corpo (1Co.12:7-11), e experimentamos o mesmo batismo (1Co.12:13).

O corpo embora uno tem uma grande diversidade de membros – “Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos” (1Co.12:14). O que torna o corpo bonito e funcional é o fato de ele ter seus membros harmoniosamente distribuídos e todos trabalhando juntos para o bem comum. Se eu cortasse o meu braço e o colocasse numa cadeira ao lado, ele seria meu braço ainda; só que que não valeria nada para o corpo; esse braço só tem valor se tiver ligado ao corpo; fora do corpo ele não tem valor, é inútil. Se eu cortasse minha mão e a colocasse numa cadeira, no outro lado da sala, ela ainda seria minha mão, mas não teria mais utilidade porque estaria separada dos outros membros do corpo. Da mesma maneira, o apóstolo Paulo está dizendo que somos uma unidade. O membro tem valor na medida em que está inserido no corpo e na proporção em que ele trabalha para o bem comum do corpo.

O corpo precisa das diversas funções dos membros para sobreviver (1Co.12:15-19). Um membro serve ao outro e todos trabalham em harmonia para o benefício e edificação do corpo. Imagine que você esteja com fome caminhando pela estrada e vê uma mangueira cheia de mangas maduras, mangas vermelhas, mangas cheirosas. O seu olho vê a manga, no entanto, não basta o olho ver; você tem de usar a mão para pegar; você tem de usar a boca e os dentes para morder e mastigar; você tem de usar a língua para movimentar; você tem de usar o esôfago para engolir; você tem de usar o estômago para triturar; você tem de usar o fígado para jogar a biles ali; você precisa de toda uma máquina funcionando para que aquela manga possa nutrir você e atender à sua necessidade.

Assim, também, é a Igreja; ela é um Corpo e nós precisamos ajudar uns aos outros. Na Igreja precisamos aprender a ter empatia, a sofrer com os que sofrem e alegrar-se com os que se alegram. Disse o apóstolo Paulo: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam” (1Co.12:26). Não estamos num campeonato dentro da Igreja disputando quem é o mais talentoso, o mais dotado, o mais espiritual. Somos uma família. Somos um Corpo. Devemos celebrar as vitórias uns dos outros e chorar as tristezas uns dos outros.

2. Ninguém deve ser julgado? 

Foi Jesus quem disse: “Não julgueis...” (Mt.7:1). Todavia, Jesus não está nos ensinando a ser cristãos sem discernimento. Nunca foi sua intenção que abandonássemos as faculdades críticas ou discernimento. O Novo Testamento contém muitos exemplos de julgamentos legítimos da condição, da conduta ou do ensinamento de outros. Além disso, há várias áreas em que se ordena ao cristão tomar uma decisão, para discernir entre o bom e o mau ou entre o bom e o melhor ou entre o joio e o trigo. Veja alguns exemplos:

a)    Quando surgem contendas entre cristãos, elas devem ser acertadas na Igreja Local perante membros que podem decidir a questão (1Co.6:1-8).

b)    A Igreja Local deve julgar pecados sérios dos membros e tomar as devidas providências (Mt.18:17; 1C.5:9-13).

c)     Os cristãos têm de julgar os ensinamentos doutrinários dos ensinadores e pregadores através da Palavra de Deus (Mt.7:15-20; 1Co.14:29; 1João 4:1).

d)    Os cristãos têm de discernir se os outros realmente são cristãos a fim de obedecer à ordem de Paulo em 2Corintios 6:14 – “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?”.

e)    Os membros da Igreja precisam julgar quais homens têm as qualidades necessárias para serem líderes (1Tm.3:1-13).

f)     Temos de discernir quais pessoas são desordeiras, covardes, fracas etc., e tratá-las de acordo com as instruções da Bíblia (por exemplo: 1Ts.5:14 - “Exortamos-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos”).

Portanto, como disse Charles Spurgeon, “não devemos julgar, mas não devemos agir sem julgamento”.

3. O julgamento defendido por Jesus

O julgamento defendido por Jesus é aquele que é feito com amor. Ele deu uma ordem expressa: “não julgueis...” (Mt.7:1a), mas, aqui, Jesus se refere à atitude condenável de julgar sem amor, a qual ocorre com especial facilidade pelas costas do próximo. E qual é em geral o motivo do julgamento frio e da condenação pelas costas? É a satisfação malévola secreta com a desgraça do próximo. Não temos conhecimento suficiente para julgar imparcialmente nem temos poder para condenar. Esse julgamento subjetivo, temerário e tendencioso não deve ser praticado pelos seguidores de Jesus. O que Ele espera é que julgamentos de valor sejam feitos, que o certo e o errado sejam identificados, e que o digno e o indigno sejam discernidos. O cristão deve ver a falta do irmão de forma que tal pessoa seja trazida a uma correção gentil, mas firme (cf. Mt.8:15-17).

Qual, então, a justificativa para não julgarmos sem amor? Jesus disse: “…para que não sejais julgados” (Mt.7:1b). Quem julga, será julgado. Quem se assenta na cadeira do juiz, assentar-se-á no banco dos réus. A seta que você lança contra o outro volta-se contra você. Robertson acredita que Jesus esteja aqui citando um provérbio semelhante a: “quem tem telhado de vidro não joga pedra no telhado dos outros”.

II. DEVEMOS PRIMEIRAMEN­TE OLHAR PARA NÓS MESMOS

1. Cuidado com o juízo exagerado sobre os outros

Há um grande erro que costumeiramente é cometido pelos cristãos: expor os pecados cometidos por alguém e estabelecer sobre ele um julgamento muitas vezes sem nenhum critério justo. É mais fácil enxergar um cisco no olho do irmão do que uma tábua em nossos próprios olhos. Somos complacentes com nós mesmos e implacáveis com os outros. Somos rasos demais para ver nossos erros e profundos demais para enxergar os erros dos outros. Devemos ter discernimento não para ver com lentes de aumento os pecados dos outros, mas devemos ter clara visão para socorrermos o nosso irmão e seu desconforto. Os fariseus julgavam e criticavam os outros para exaltar a si mesmos (Lc.18:9-14), mas os cristãos devem julgar a si mesmos para ajudar a exaltar os outros. Alguém disse que “nada divide a igreja com mais rapidez do que a ação daqueles que julgam duramente seus irmãos”.

Muitas vezes quando a pessoa é apressada demais para apontar o dedo nas feridas de alguém é porque essa pessoa tem alguma coisa errada consigo mesmo. Foi o que aconteceu com Davi com relação ao seu pecado de adultério e homicídio. Para confrontar Davi com seu pecado, Deus mandou Natã, um profeta (2Sm.12:1-14); ele narra a parábola do camponês pobre que perdeu sua única ovelha por causa da maldade do vizinho rico. Davi ficou bravo, e demandou um castigo duro ao ladrão. Falou que este homem teria que pagar quatro vezes o valor da ovelha, e que seria morto pelo crime (2Sm.12:5,6). É comum alguém que pecou e não tratou de forma devida o seu pecado projetar um sentimento de "justiça" e uma falsa santidade perante os outros. Ele exige dos outros aquilo que ele mesmo não fez. Cobra santidade, requer compromisso, exige dedicação, no entanto, nega com a sua prática a eficácia desses valores. Mas Natã, com divina autoridade, disse a Davi: “Tu és este homem"(2Sm.12:7). O profeta Natã declarou que Davi era culpado de desprezar “a palavra do Senhor” e de desprezar o próprio Deus (2Sm.12:9,10). “Desprezar” significa tratar com menosprezo, fazer pouco caso. Portanto, mediante seus atos, Davi estava declarando que Deus não era tão importante, nem digno de amor e consagração. Foi fácil para Davi enxergar o pecado do outro e considerado horrível, mas ele não pensou no seu, ou seja, não reparou a trave que estava nos seus olhos (Mt.7:3).

Semelhantemente, na Igreja Local de hoje, há crentes que procuram falhas nos outros e os sentenciam, mas ignoram ou fazem vista grossa em relação aos seus próprios pecados, que, por vezes, são mais graves do que as que outra pessoa está cometendo. Precisamos, pois, ter cuidado com o juízo exagerado sobre alguém.

2. A inconsistência dos que possuem espírito de crítica

Jesus condena o hábito de criticar os outros, sendo nós mesmos faltosos. O crente deve primeiramente submeter-se ao justo padrão de Deus, antes de pensar em examinar e influenciar a conduta de outros cristãos (Mt.7:3-5).

Um espírito crítico e arbitrário difere radicalmente do amor. A condição especial dos crentes junto à Cristo não lhes dá licença para tomar o lugar de Deus como juiz. Aqueles que julgam dessa maneira encontrar-se-ão igualmente julgados por Deus. Como Deus tem misericórdia dos misericordiosos (Mt.5:7) e perdoa aqueles que perdoam (Mt.6:14,15), Ele condenará os que condenam – “porque com o juízo com que julgardes sereis julgados e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mt.7:2). Jesus disse que era inaceitável que alguém desculpasse os próprios pecados, e, ao mesmo tempo, condenasse os outros por um comportamento semelhante.

Quando perceber algum erro em alguém, seu primeiro impulso pode ser enfrentar ou rejeitar essa pessoa; mas, primeiro pergunte a si mesmo se o conhecimento desse erro não está espelhando a sua própria vida. Seu esforço para ajudar será em vão se essa pessoa puder apontar o mesmo erro em você. Utilize o seu próprio remédio antes de pedir que alguém o utilize.

Os escribas e fariseus eram peritos em julgar os outros, eram autoconfiantes e justos aos seus próprios olhos (Lc.18:9); por isso, foram duramente repreendidos pelo Senhor Jesus. Certa feita, eles trouxeram junto a Jesus uma mulher que tinha sido pegue em pleno ato de adultério, segundo a versão deles. Jesus percebeu logo que aquilo era uma farsa, uma imensa hipocrisia. Jesus conhecia os pensamentos deles, sabia do plano abominável deles. Ele poderia ter exposto esses acusadores à execração. Podia ter denunciado o segredo do coração deles, mas apenas lhes disse: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (João 8:7). A derrota dos acusadores foi patentíssima. Acusados pela consciência, retiraram-se, começando a debandada pelos mais velhos, que evidentemente idearam o plano, seguindo-se os mais moços, até o último. Jesus chama de hipócrita aquele que vê transgressões pequenas na vida dos outros e não consegue enxergar os grandes pecados em sua própria vida (Mt.7:5). Portanto, antes de tratar os pecados dos outros, precisamos enfrentar a nós mesmos.

3. O que fazer para não julgarmos precipitadamente os outros? 

Segundo o Pr. Osiel Gomes, em seu livro “Os valores do Reino de Deus”, para não julgamos os outros de modo precipitado, basta que atentemos para as palavras de Cristo em Mateus 7:3-5:

“E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem”.

Se colocarmos estas exortações de Jesus em prática, não julgaremos os outros precipitadamente. Jesus nos leva à conscientização de que temos em nossas vidas muitos pecados - alguns são como argueiros (palha, resíduos de cereais) ou estilhaços, outros como trave (ou tábua). A primeira coisa a fazer com esses pecados é tratá-los antes de tratarmos os outros.

Todavia, precisamos entender que em momento algum Jesus está dizendo que não devemos nos preocupar em corrigir ninguém, pois em Tiago 5:19,20 somos incentivados a corrigir os faltosos; porém, ele nos lembra de que não devemos nos precipitar em nosso julgamento em relação a outras pessoas, condenando-as; devemos estar cientes dos nossos pecados e, como espirituais que somos, o tratamento deve ser criterioso e com amor (Gl.6:1).

Os que procuram julgar os outros sem primeiramente atentar para a sua vida agem como hipócritas, querendo curar as outras pessoas quando elas mesmas estão enfermas. Jesus quer que o crítico tire a trave do seu próprio olho para poder enxergar melhor. Somente depois disso, vendo seus próprios erros, suas fraquezas humanas, procure tirar o pequeno cisco do olho do próximo.

III. E SE FÔSSEMOS JULGADOS PELA SEVERIDADE DE DEUS

1. Deus é severo? 

Se Deus fosse severo, Ele tinha colocado o homem e a mulher no Inferno para sempre por ter pecado deliberadamente contra Deus (Rm.3:23). Deus é bom (Mc.10:18), e a prova disso é o fato de Ele ter enviado o seu amado Filho, Jesus Cristo, para morrer por toda a humanidade perdida e inimiga de Deus (Joao 3:16). Contudo, Ele é o justo juiz, e sente indignação todos os dias (Sl.7:11).

Para aqueles que vivem na prática deliberada do pecado e não atentam para o sacrifício de Jesus na cruz do calvário, há uma mensagem contundente do profeta Jeremias: “Mas o Senhor é verdadeiramente Deus; ele é o Deus vivo e o Rei eterno; do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação” (Jr.10:10). Um Dia, perante o Grande Trono Branco, o justo Juiz julgará todos aqueles que pecaram deliberadamente contra Ele por não se arrependeram dos seus vis pecados; serão julgados e jogados no Lago de fogo e enxofre, onde estarão por toda a eternidade (Ap.20:11-15). Deus é amor (1João 4:8), mas também é fogo consumidor (Hb.12:29).

2. Como Deus nos julga?

Estamos no período da graça, portanto, não devemos esperar algum julgamento de Deus, aqui e agora, por infrações cometidas, sejam elas as mais absurdas. Um Dia, porém, tudo que fizermos por meio do corpo, bem ou mal, prestaremos conta com Deus, mediante um julgamento. Precisamos entender que a vida é uma semeadura, colhemos o que plantamos. Aqueles que plantam o mal colherá o mal. Aqueles que semeiam vento colherão tempestade. Aqueles que semeiam na carne, da carne colherão corrupção. O que fazemos aqui determinará nosso destino amanhã. Querer fazer o mal e receber o bem é zombar de Deus, e de Deus ninguém zomba (Gl.6:7).

Precisamos entender que Deus é justo, estabeleceu um governo moral no mundo e disponibilizou suas leis para serem praticados. Quando essas leis são quebradas, haverá consequências e sanções que serão tratadas no tempo certo. Na Bíblia inteira, Deus é visto como Justo Juiz. Ele pronunciou juízos, nos tempos antigos, contra Israel, e também contra as nações. No fim dos tempos não vai ser diferente. Todo ser humano devia se preocupar com esse momento, pois fora da Salvação em Cristo, indubitavelmente, enfrentará esse momento que, infelizmente, nele só haverá um veredicto: a condenação eterna (Ap.20:15). Este é o chamado “Julgamento Final” ou “Juízo Final” ou, ainda, o “Juízo do Trono Branco”, que terá lugar depois do término do reino milenial de Cristo. Logo após os rebeldes serem devorados pelo fogo do céu que cairá sobre os exércitos que estarão a cercar a cidade santa de Deus, terá findado a história humana. O tempo deixará de existir e Deus chamará à sua presença todos os seres humanos que foram criados e que ainda não tinham sido julgados até então, ou seja, todo ser humano que não pertence nem à Igreja nem ao Israel salvo nem ao grupo dos mártires da Grande Tribulação, que já terão sido julgados. Estes “outros homens” são os que serão levados a julgamento neste último grande tribunal da história.

3. O exemplo da justiça de Deus na vida de Davi

A vida de Davi como homem comum foi dividida em dois períodos: antes e depois do pecado de adultério com Bate-Seba, esposa de Urias. Antes, um homem segundo o coração de Deus – obediente, valente, vitorioso, temente ao Senhor – o Senhor era com ele; depois (durante 25 anos), um homem deprimido - moral, emocional e espiritualmente; perseguido e vulnerável. Após pecar, Davi ouviu um dos mais duros julgamentos pronunciados pelo profeta Natã (2Sm.12:10-14). O julgamento atingia não somente sua vida pessoal, mas também toda a sua existência, incluindo o reino e a família dele. Embora Davi tenha se arrependido dos seus pecados e recebido o perdão da parte de Deus, as consequências desse pecado não foram eliminadas por Deus. Semelhantemente, um crente que venha a cometer pecados terríveis, pode receber, através da tristeza segundo Deus e o arrependimento sincero, a graça e o perdão da parte de Deus. Mas, a restauração do nosso relacionamento com Deus não significa que escaparemos do castigo temporal, nem que ficaremos isentos das consequências dos pecados específicos (cf. 2Sm.12:10,11,14).

O adultério com Bate-Seba, o planejamento e a covarde execução de seu esposo, Urias, estão entre os pecados mais condenáveis e repulsivos já narrados na história bíblica. Uma vez concebido, o pecado fez com que o "homem segundo o coração de Deus" passasse da vitória para o tormento. O rei Davi mais do que ninguém sentiu na pele e na alma a tragédia desse pecado. Deus, o Senhor de toda a justiça, reprovou o ato de Davi (2Sm.11:27), perdoou-o por se arrepender profundamente do ato impensado e precipitado, mas não o livrou das inevitáveis e trágicas consequências.

Muitas pessoas passam a vida inteira chorando por uma decisão errada feita apenas num instante. Pagam um alto preço por uma desobediência. Choram amargamente por tomar uma direção errada na vida. Portanto, cuidado com o pecado, pois ele pode levar você mais longe do que você quer ir. O pecado promete prazer e paga com o desgosto; levanta a bandeira da vida, mas seu salário é a morte; tem um aroma sedutor, mas ao fim cheira a enxofre. Só os loucos zombam do pecado.

A maneira correta de lidarmos com o pecado é nos arrependermos dele e, com toda a sinceridade, buscarmos em Deus o perdão, a graça e a misericórdia (Sl.51; Hb.4:16; 7:25), e nos dispormos a aceitar, sem amargura nem rebelião, o castigo divino pelo nosso pecado. Davi tanto reconheceu quanto confessou seus pecados terríveis; voltou-se para Deus e aceitou a Sua justiça com humildade (2Sm.12:9-13,20;16:5-12;24:10-25; Sl.51).

CONCLUSÃO

A ordem de Jesus é contundente: “não julgueis” (Mt.7:1), e devemos obedecer a essa ordem. Todavia, isso não tem a finalidade de encobrir o comportamento errado dos outros, e sim um chamado para discernirmos nossos erros e nossas motivações, em vez de mostrar um comportamento negativo para com os outros. Assim sendo, não é correto tomar a posição de juiz contra alguém e muito menos julgar uma pessoa apenas por sua aparência exterior. Precisamos ter cuidado quando for feita uma avaliação a respeito das atitudes de alguém; se precisar realmente ser feita, é bom que se faça à luz da Palavra de Deus, sem precipitação, de modo criterioso, sensato e lúcido, e confiar em Deus como o supremos Juiz (1Co.4:3-5).