Ezequiel 38:
1.Veio mais a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
2.Filho do homem, dirige o rosto contra Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal, e profetiza contra ele.
3.E dize: Assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal.
4.E te farei voltar, e porei anzóis nos teus queixos, e te levarei a ti, com todo o teu exército, cavalos e cavaleiros, todos vestidos bizarramente, congregação grande, com escudo e rodela, manejando todos a espada;
5.persas, etíopes e os de Pute com eles, todos com escudo e capacete;
6.Gomer e todas as suas tropas; a casa de Togarma, da banda do Norte, e todas as suas tropas, muitos povos contigo.
Ezequiel 39:
1.Tu, pois, ó filho do homem, profetiza ainda contra Gogue e dize: Assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que eu sou contra, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal.
2.E te farei voltar, e te porei seis anzóis, e te farei subir das bandas do Norte, e te trarei aos montes de Israel.
3.E tirarei o teu arco da tua mão esquerda e farei cair as tuas flechas da tua mão direita.
4.Nos montes de Israel, cairás, tu, e todas as tuas tropas, e os povos que estão contigo; e às aves de rapina, e às aves de toda a asa, e aos animais do campo, te darei por pasto.
5.Sobre a face do campo cairás, porque eu falei, diz o Senhor JEOVÁ.
6.E enviarei um fogo sobre Magogue e entre os que habitam seguros nas ilhas; e saberão que eu sou o SENHOR.
7.E farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo de Israel e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome; e as nações saberão que eu sou o Senhor, o Santo em Israel.
8.Eis que é vindo e se cumprirá, diz o Senhor JEOVÁ; este é o dia de que tenho falado.
9.E os habitantes das cidades de Israel sairão, e totalmente queimarão as armas, e os escudos, e as rodelas, com os arcos, e com as flechas, e com os bastões de isso por sete anos.
10.E não trarão lenha do campo, nem a cortarão dos bosques, mas com as armas acenderão fogo; e roubarão aos que os roubaram e despojarão aos que despojaram, diz o Senhor JEOVÁ.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos da profecia de Ezequiel a respeito de Gogue e Magogue, possivelmente, uma coalizão de nações que têm o mesmo objetivo: destruir o povo de Israel. Esta profecia ainda não se cumpriu, mas já estamos vendo bem de perto a movimentação para que isso ocorra. O livro de Ezequiel trata de profecias que ainda não se cumpriram em Israel; isso significa que elas se cumprirão no futuro, pois a Palavra de Deus não falha. Os recentes acontecimentos na Ucrânia têm alimentado as chamas do fervor escatológico de muitos cristãos e também dos judeus.
As profecias da Bíblia, a respeito da nação de Israel, são um testemunho poderoso da intervenção divina no mundo. É bom ressaltar que Gogue e Magogue de Ezequiel é completamente diferente do Gogue e Magogue de Apocalipse; são dois eventos completamente distintos. O de Ezequiel trata de uma colisão de nações que se levantará para invadir e destruir a nação de Israel; a profecia deixa claro que essa invasão será para o ”fim dos anos” (Ez.38:8); “no fim dos dias” (Ez.38:16), depois da restauração do Estado de Israel (Ez.38:12). Isso significa que será antes da Grande Tribulação, ou, talvez, logo no início dela, portanto, não é a mesma batalha do Armagedom (Ap.16:16). No livro de Apocalipse, trata-se de um conflito que ocorrerá no final do Milênio, uma rebelião contra o reino de Cristo, que é descrita em Ap.20:7-10; uma rebelião que envolverá os “quatro cantos da terra”. Em Ezequiel, a invasão de Gogue e seu bando se restringirá aos termos de Israel. O número do efetivo na rebelião apocalíptica é “como a areia do mar”, e o de Ezequiel é de “grande multidão”. Na rebelião apocalíptica, Deus imporá seu último juízo aqui na terra sobre a humanidade, antes do juízo do Grande Trono Branco. Após isto, Deus estabelecerá para sempre o seu glorioso Estado Eterno, onde os salvos estarão para sempre com o Senhor.
I. SOBRE A IDENTIDADE DOS POVOS INVASORES (PARTE 1)
1. Os invasores (Ez.38:5,6; 39:2)
“persas, etíopes e os de Pute com eles, todos com escudo e capacete; Gomer e todas as suas tropas; a casa de Togarma, da banda do Norte, e todas as suas tropas, muitos povos contigo. E te farei voltar, e te porei seis anzóis, e te farei subir das bandas do Norte, e te trarei aos montes de Israel”.
Ezequiel 38:5,6 e 39:2 mostram quem serão os invasores de Israel, liderados pelo “príncipe de Rosh” (Ez.38:2). Para muitos estudiosos das profecias de Ezequiel 38 e 39, Gogue é o príncipe de Rosh, ou o presidente de Rosh, pelo que, será provavelmente o presidente da Rússia, uma vez que Rosh era um dos antigos nomes dados à Rússia moderna. É necessário, pois, identificar esses povos no contexto em que vivia o profeta e procurar identificá-los nos tempos atuais, quando possível; isso tornará a profecia compreensível e mais vívida em nossos dias. Com a ajuda de alguns estudiosos e historiadores, apontamos esses invasores da seguinte forma:
a) Pérsia. Incluído nesta aliança está o reino da Pérsia que, nos dias de Ezequiel, era um poder menos conhecido ao leste da Babilônia. Hoje, a Pérsia é conhecida como Irã e existe como uma das maiores ameaças à nação de Israel. Em nenhum outro momento da história houve uma aliança em que a Pérsia e a Rússia se uniram contra a terra de Israel. Hoje a Rússia é aliada do Irã, fornecendo tecnologia nuclear ao país, ajudando-o a construir usinas nucleares e sistemas de centrifugação. O Irã também contratou a Rússia para comprar sistemas sofisticados de defesa antimísseis e aeronaves para protegê-lo das ameaças de Israel de destruir suas ambições nucleares. Na guerra atual entre a Rússia e a Ucrânia, noticia-se que Irã está fornecendo drones kamikazes para atacar a infraestrutura da Ucrânia. Isto é um forte sinal de aliança inquebrável entre estas duas nações. A Pérsia (Irã), juntamente com outras nações do Norte, atacará Israel nos “últimos dias”.
b) Etiópia. “Cush” é o nome antigo da Etiópia, que inclui as nações ao sul do Egito. Embora a Etiópia seja historicamente uma nação cristã, os muçulmanos fizeram grandes incursões para ganhar poder não apenas na Etiópia, mas também no Sudão. Essas nações estão unidas em seu ódio contra Israel.
c) Líbia (Pute). Este é outro aliado da Rússia e outra nação islâmica com uma história de ser um inimigo da nação de Israel. É uma nação antiga fundada por comerciantes fenícios como uma colônia. O general Hannibal é um dos descendentes mais famosos desta terra. Atualmente sua população é composta de 97% de muçulmanos sunitas, desde 1966. Na época do ditador Muamar Al-Khadaffi, por muitos anos, a Líbia foi um dos principais financiadores dos terroristas árabes, em especial dos palestinos, tendo tido sempre alinhamento com a União Soviética.
A profecia de Ezequiel diz que estes países - Irã, Etiópia e Líbia - estarão com “escudo e capacete”, ou seja, a expressão bíblica indica que participarão da operação militar desencadeada pela Rússia com soldados, pois escudo e capacete são equipamentos utilizados pelos soldados, o que nos permite vislumbrar que se tentará uma guerra convencional.
d) Gomer. Originalmente, é o filho mais velho de Jafé, irmão de Magogue (Gn.10:2). O povo descendente de Gomer fará parte da aliança contra Israel nos últimos dias. No capítulo 10 de Gênesis, Jafé é listado como tendo sete filhos, sendo quatro deles incluídos na lista de nações que virão contra a terra de Israel. Os judeus entendem que Gomer representa a Alemanha; o nome Alemanha é pensado por ter vindo do termo Gomerland. Além disso, os judeus da Alemanha são conhecidos como judeus asquenazes, em homenagem a Ashkenaz, um dos filhos de Gomer. “Os filhos de Gomer são: Asquenaz, Rifate e Togarma“(Gn.10:3).
e) Togarma. O quinto país aliado mencionado pela profeta é Togarma. Este é outro filho de Gomer, conhecido por trocar cavalos com os mercadores de Tiro (Ez.27:14). Este país é identificado com a Armênia, que fica a leste do Mar Negro, conhecida por sua criação e comércio de cavalos com a Pérsia e a Babilônia. Hoje a Armênia é identificada como aliada da Rússia e da Pérsia.
f) “muitas pessoas … com você” (Ez.38:6). A profecia mostra que a lista de nações não é abrangente, mas inclui outros grupos de pessoas nesta aliança de nações que vêm contra Israel. Essas nações poderiam invadir Israel com base em um mandato da ONU por causa da política de Israel em relação a seus vizinhos árabes. Os possíveis motivos para justificar um ataque a Israel podem ser os seguintes:
- Israel pode atacar um Estado palestino declarado pelas Nações Unidas.
- Israel pode rejeitar uma divisão mandatada pela ONU em Jerusalém.
- Israel pode assumir o controle do Domo da Rocha em um esforço para começar a construção do terceiro Templo.
- Israel pode revidar algum ataque à sua soberania sobre as suas reservas de gás.
Contudo, estas nações serão derrotadas pela intervenção divina. O capítulo 39 descreve a derrocada de Gogue e os seus confederados (Ez.39:4-6). Como podemos, pois, observar, os movimentos da política internacional continuam sinalizando para um estado de aliança político-militar entre a Rússia e as nações que a profecia bíblica indica serem aquelas que auxiliarão na frustrada invasão da Terra de Israel, na guerra que será promovida por Gogue, príncipe de Tubal e de Meseque, na terra de Magogue, contra o povo de Israel.
2. Compreendendo a profecia
Ezequiel descreve uma coalizão de nações que farão um ataque final contra Israel depois da restauração de Israel à sua pátria, na tentativa de destruir a nação e apossar-se da sua terra. A profecia de Ezequiel aponta para um período em que Israel se restabelecerá novamente como nação, ou seja, quando Deus fizer regressar o seu povo da diáspora vindo de todas as nações da terra (Ez.36:24). Alguém tem dúvida que isto já aconteceu? Certamente, não há dúvida! Logo, estamos no limiar desse impressionante acontecimento, que deixará a humanidade bastante apreensiva.
O profeta afirma que o líder dessas nações invasoras se chama Gogue (Ez.38:2-23). As nações invasoras, porém, não terão êxito, serão derrotadas pelo próprio Deus, que confundirá os exércitos invasores, de modo que algumas nações se voltarão contra os seus aliados. Ele também derrotará diretamente os exércitos por meio de terremotos, enfermidades e outros meios catastróficos (cf.Ez.38:21,22). Os exércitos de Gogue se encherão de terror por causa da peste e do sangue, chuva inundante, grandes pedras de saraiva, fogo e enxofre que Deus enviará (Ez.38:17-23). A destruição dos inimigos do povo de Deus traz à lembrança a promessa do Senhor em Isaias 54:17: “Toda arma forjada contra ti não prosperará [...] esta é a herança dos servos do Senhor”.
3. Gogue (Ez.38:2a; 39:1a)
O profeta descreve Gogue como “príncipe do Rôs, de Meseque e Tubal”, que, na opinião de alguns, são os nomes antigos da Rússia, de Moscou e de Tobolsk. Percebe-se, portanto, que este personagem, que a Bíblia denomina de Gogue, e que é o príncipe de Meseque e de Tubal, terá a audácia de invadir a terra de Israel, quando haverá uma relativa sensação de paz no meio do povo de Israel (“o povo que se ajuntou entre as nações”), buscando dominar os recursos naturais existentes na região. A primeira dificuldade que se tem é a identificação de quem seja Gogue. A Bíblia diz que se trata de uma pessoa, de uma autoridade, o príncipe de Meseque e de Tubal, lugares situados na terra de Magogue. Para que tenhamos condição de saber a que lugar o texto sagrado está se referindo, devemos verificar a relação de nações surgidas da confusão das línguas em Babel, o chamado “índice das nações”, que se encontra no capítulo 10 do livro de Gênesis. Lá está dito que, entre os filhos de Jafé, um dos filhos de Noé, estavam Magogue, Tubal e Meseque (Gn.10:2). Flávio Josefo, o grande historiador judeu, ao comentar esta relação de nações, indica que Magogue foi o pai dos citas, povo bárbaro que vivia, na época de Josefo (século I d.C.), na região que hoje pertence à Rússia, enquanto Tubal teria dado origem aos iberos, povo que habitou a região da Península Ibérica (Portugal e Espanha atuais) e Meseque teria sido o pai dos capadócios, povo que habitou a Capadócia, região que hoje pertence à Turquia (cf. Flávio JOSEFO. História dos hebreus).
O texto bíblico diz que Gogue é o príncipe de Tubal e de Meseque, que se encontram na terra de Magogue. Portanto, trata-se de uma autoridade que tem sua base na região que foi ocupada pelos Citas na época de Josefo, ou seja, a Rússia, que é o principal país que se situa ao norte de Israel, pois a profecia bíblica de Ezequiel diz claramente que este invasor virá do Norte (Ez.39:2) e, como foi muito bem demonstrado pelos estudiosos, em especial o pastor Abraão de Almeida, se traçarmos uma linha reta de Jerusalém rumo ao norte, esta linha passará por Moscou, a capital russa.
Mas como dizer que Gogue é uma autoridade da Rússia, se, como vimos, Tubal seria a nação dos iberos e Meseque, a nação dos capadócios, duas regiões bem distantes da Rússia e que nem sequer se situam precisamente no norte de Israel (pelo menos a Península Ibérica)? Muitos estudiosos, inclusive, ao analisarem o fato de Gogue ser chamado de “príncipe de Tubal e de Meseque”, associam os nomes bíblicos de Tubal e de Meseque, não aos filhos de Javé, ou seja, às nações surgidas das descendências destes dois filhos de Javé, mas, sim, a nomes de lugares, pois a referência à descendência, à nacionalidade, somente se dá na expressão “terra de Magogue” e, portanto, Tubal e Meseque seriam apenas nomes de locais. Assim, Tubal e Meseque, em Ez.38:2, não representariam as nações surgidas de Tubal e de Meseque, mas cidades da terra de Magogue, cidades que, edificadas por descendentes de Magogue, fazem menção, em seus nomes, a estes irmãos de Magogue, a título de homenagem, como se vê, por exemplo, no caso de Caim, que, ao edificar uma cidade, deu a ela o nome de seu filho Enoque (Gn.4:17).
As denominações proféticas destes locais, Tubal e Meseque, correspondem, nitidamente, em mais das inúmeras demonstrações da infalibilidade das Escrituras às localidades hoje conhecidas como Tobolsk e Moscou, que, não coincidentemente, são duas das principais cidades da Rússia. Com efeito, Tobolsk foi fundada pelos russos em 1587, quando eles começaram a ocupar a Sibéria (nome que recebe a parte norte da Ásia e que se confunde com a própria Rússia asiática), sendo, desde então, considerada a capital histórica da Rússia asiática, o símbolo do domínio russo sobre esta parte da Ásia. Moscou, por sua vez, capital do principado de Moscóvia, é a capital de toda a Rússia desde a unificação dos vários principados da região, o que se deu em 1495 sob o reinado de Ivã III. Antes, em 1453, logo após a queda de Constantinopla, Moscou fora considerada a nova capital da cristandade pelos cristãos orientais, a “terceira Roma”, o que demonstra como é antiga a pretensão dos russos de se arvorarem em estandarte da Cristandade Oriental e, assim, terem direito sobre a Terra Santa. Deste modo, percebemos, com clareza, que Gogue é o chefe da Rússia, ou seja, o governante da Rússia que, nos últimos tempos, resolverá invadir Israel juntamente com várias outras nações já definidas aqui.
II. SOBRE A IDENTIDADE DOS POVOS INVASORES (PARTE 2)
1. Magogue (Ez.38:2b; 39:1b, 6a)
Em Gênesis 10:2 Magogue é um dos filhos de Jafé, que era filho de Noé. De acordo com Ezequiel 38:2 é um povo cujo território será futuramente governado por Gogue (talvez já esteja ocorrendo). Em Ez.38:2, lê-se literalmente: “Firma bem a tua face contra Gogue, contra a terra de Magogue […]”. O historiador judeu Flávio Josefo (37-103 d.C.), mundialmente respeitado e conhecido pela sua obra "As Guerras dos Judeus", identifica Magogue com os Citas; estes eram originários daquilo que é hoje o Sul do Irão; eram guerreiros que montavam cavalos e que habitavam em muito do território que hoje compõe a Geórgia, a Arménia, e parte das regiões do sul da Ucrânia e da Rússia por cerca de 1300 anos, desde o 7º século a.C. até ao 4º século d.C. A costa Norte do Mar Negro era completamente Cita. Mas o que há de tão especial com os Citas? Flávio Josefo tinha uma interessante teoria acerca deles e das terras onde viveram. Segundo as suas conclusões, aquelas terras onde eles habitaram eram Magogue, tal como lemos na Bíblia sobre Gogue e Magogue (Ez.38 e 39). É essa agora, pois, a razão da efervescência recente entre os estudiosos dos sinais apocalípticos, logo que os acontecimentos na Ucrânia começaram a despertar a atenção mundial. Para muitos estudiosos, a expectativa de estarmos a viver nos "últimos dias" é tão grande, que este é mais um grande sinal do fim, talvez o princípio do fim. No Novo Testamento os Citas aparecem juntamente com os bárbaros (Cl.3:11), e que, talvez, muitos deles tenham se convertido a Cristo.
2. Meseque e Tubal (Ez.38:2c; 39:1c)
Originalmente, assim como Magogue, Meseque e Tubal eram filhos de Jafé, que era filho de Noé (Gn.10:2). Como foi dito no item 3 do tópico I, Tubal e Meseque, em Ez.38:2, são cidades da terra de Magogue, cidades que, edificadas por descendentes de Magogue, fazem menção, em seus nomes a estes irmãos de Magogue, a título de homenagem, como se vê, por exemplo, no caso de Caim, que, ao edificar uma cidade, deu a ela o nome de seu filho Enoque (Gn.4:17). Estas denominações proféticas destes locais, Tubal e Meseque, correspondem, nitidamente, em mais das inúmeras demonstrações da infalibilidade das Escrituras, às localidades hoje conhecidas como Tobolsk e Moscou, que, não coincidentemente, são duas das principais cidades da Rússia.
3. A coalização de Gogue (Ez.38:5)
Como já foi dito no item 1 do tópico I, conforme a profecia de Ezequiel haverá uma coalizão de nações que farão um ataque final contra Israel depois de sua restauração como nação, na tentativa de destruí-la e apossar-se da sua terra. Com vimos, o líder dessas nações chama-se Gogue. As nações invasoras, porém, não terão êxito, serão derrotadas pelo próprio Deus. Por causa dessa invasão, Deus castigará a terra de Magogue; Ele enviará uma saraiva de fogo na terra de Magogue e nas áreas ao redor dela (Ez.39:6). Pela destruição dos exércitos das nações perversas e invasoras, o Senhor manifestará a sua glória de tal maneira que todos saberão que somente Ele é o Senhor (Ez.39:6).
“Far-te-ei que te volvas” (Ez.38:4). Deus está puxando essa aliança para Israel. O próprio Deus está envolvido nesta próxima batalha. Gogue é retratado como um animal com ganchos nas mandíbulas sendo puxados para o conflito; Deus coloca os ganchos nas mandíbulas de Gogue.
“Todo o teu exército” (Ez.38:5). A profecia deixa claro que o exército que virá atacar Israel é uma força imensa que exigirá o enterro dos mortos por sete meses. Deus usará esses exércitos para se revelar às nações em seu conflito com Israel. As armas descritas no texto são termos com os quais Ezequiel e sua plateia estariam familiarizados - cavalos, cavaleiros, broquéis e espadachins. Ele faz menção a todos os tipos de armaduras, incluindo armas modernas.
Pelos últimos acontecimentos no mundo, principalmente na Ucrânia, essa coalizão brevemente será formada e a invasão será concretizada. Todos somos sabedores que Israel, hoje, é um país soberano, organizado política e economicamente, e considerado um dos países mais desenvolvido do mundo, apesar de sua recente independência, que se deu em 1948. E com a recente descoberta de gás, com uma reserva bastante volumosa, isto nos alerta que muito breve esse acontecimento se concretizará; já estamos vendo o movimento do tabuleiro no mundo político; já estamos vendo as angústias das nações tomando posições para este momento espetacular e ao mesmo tempo desastroso da história da humanidade. Mas, não somente Israel será afetado, também todos os países do mundo sofrerão as sequelas desse conflito, haja vista que estamos vivendo num mundo globalizado, em que um país afetado pelo outro terá reflexo aos demais. A Igreja, mais do que nunca, precisa estar alerta e observando todos esses acontecimentos, pois a iminência da volta do Senhor nunca foi tão vibrante e audível.
III. SOBRE O CONTEXTO ESCATOLOGICO
1. Gogue e Magogue
Como já foi dito anteriormente, Gogue, da terra de Maogogue, será o líder político que organizará uma aliança de nações contra Israel. Ezequiel o identifica como o “príncipe de Rosh, Meseque e Tubal”. O historiador judeu Josefo identificou a terra de Magogue como Cítia, a progenitora da Rússia, ao norte de Israel. Também na tabela das nações, Gênesis capítulo 10, Magogue é identificado como um dos filhos de Jafé. Portanto, na época de Ezequiel e no futuro, sua prole seria uma nação importante. Gogue de Magogue liderará a aliança de nações contra Israel, mas a profecia deixa claro que essas nações serão derrotadas vergonhosamente (Ez.39:4), e o nome de Deus será glorificado entre seu povo e entre as demais nações (Ez.39:7).
2. Como a Rússia aparece nesse contexto?
Aparece no contexto porque a profecia diz que a iniciativa da invasão é do “príncipe e chefe de Meseque e Tubal” (Ez.38:2 - ARC). Na Almeida e Atualizada diz: “príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal”. A palavra hebraica para chefe é “Ro’sh”, de significado amplo - “cabeça, chefe, pico, monte, parte superior”. Algumas traduções o traduzirão como príncipe principal em vez de príncipe de Rosh, com base em suas opiniões. Independentemente disso, Gogue é identificado como um líder do extremo norte, que é o chefe dos descendentes de Meseque e Tubal, na terra de Magogue. Foi a semelhança de Sons e a localização geográfica que levou muitos estudiosos a identificarem Rosh com a Rússia; Meseque, com Moscou, atual capital da Rússia; e Tubal com Tobolsk, cidade russa.
3. Origem da interpretação
“Esse pensamento não veio dos pentecostais e nem se trata de uma ideia oriunda dos dispensacionalistas, como equivocadamente dizem os críticos. Essa interpretação vem de longe, desde Gesenius (1787-1842), famoso orientalista alemão. Em seu léxico hebraico, o Roshe de Ezequiel 38.2 são os russos. Depois da Guerra Fria, o assunto foi ficando no esquecimento. Mas com a guerra da Ucrânia em 2022, a relação entre Rússia e o Ocidente está voltando ao cenário mundial, o que era antes da Queda do Muro de Berlim em 1989” (LBM.CPAD).
“O importante em nosso estudo não é a identidade de Gogue e seus confederados, isso são detalhes, mas mostrar ao mundo a veracidade da Palavra de Deus. Os expositores céticos das Escrituras, aqueles que não acreditam em milagres e nem na possibilidade de o Espírito anunciar as coisas futuras por meio dos profetas, procuram explicar as profecias que já foram cumpridas como se fossem extraídas do fato ocorrido. Eles chamam essa suposta ”pia fraude” de vaticinium ex eventu, ”vaticínio-predição-oráculo a partir do evento fato”, como se a profecia fosse escrita depois do acontecimento. Agora, com o cumprimento de profecias bíblicas na atualidade, eles não têm argumento em favor do vaticinium ex evento” (Esequias Soares).
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta Aula, conquanto superficialmente, sobre uma coalizão de nações, liderada por um governante poderoso, que achamos que seja o governante da Rússia, que pretenderá invadir a nação de Israel “no fim dos anos” (cf. Ez.38:8), isto é, nos últimos dias (que todos sabemos que é o período histórico que se inicia com o final da dispensação da graça e vai até o final da história, no término do milênio). Aprendemos também que o conflito descrito no livro do profeta Ezequiel não deve ser confundido com dois outros eventos que também ocorrerão, a saber: a batalha do Armagedom, que é o conflito que haverá entre os exércitos do Anticristo e Israel, que ocorrerá no final da Grande Tribulação; e a rebelião final de Gogue e Magogue, ou seja, o conflito que haverá entre os que se rebelarem contra o reino de Cristo, no final do milênio, que é descrita em Ap.20:7-10.
Vimos que Tubal e Meseque, na terra de Magogue, é a Rússia e, portanto, o que a Bíblia nos diz é que o governante da Rússia invadirá Israel, querendo tomar-lhe as riquezas. Para tanto, chefiará uma aliança de nações. A Bíblia diz que esta decisão de Gogue se dará quando houver uma sensação de paz na região do Oriente Médio. O texto sagrado afirma que Gogue, ao contemplar que os moradores de Israel estão seguros, decidirá pelo ataque (Ez.38:11). Esta afirmativa bíblica explica porque a União Soviética, em pleno capitalismo de estado, nunca poderia ter sido a potência que invadiria Israel. Para que haja a invasão, a Bíblia diz que deveria haver um sentimento de segurança em Israel e a política soviética à época era, precisamente, a de causar intranquilidade no Oriente Médio, pois a Guerra Fria nada mais era que uma sequência de atitudes de instabilidade que tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética semeavam nos demais países, a fim de favorecer ou enfraquecer os governos que lhes eram alinhados, ou não. Enquanto perdurasse a Guerra Fria, jamais poderia haver clima favorável à paz no Oriente Médio e isto é uma condição indispensável para que haja este conflito entre Israel e Magogue. Vemos, portanto, claramente, que jamais a guerra predita em Ez.38 e 39 poderia ser considerada a derrocada final do comunismo, como foi alardeado, pois a existência da Guerra Fria impediria que houvesse uma sensação de segurança e de paz na Palestina, que é predito como sendo o ambiente a ser vivido por Israel quando ocorrer essa invasão. Estejamos, pois, preparados porque Jesus breve virá!