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A RESPONSABILIDADE É INDIVIDUAL

 

Texto Base: Ezequiel 18:20-28


“A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez.18:20).

 

Ezequiel 18:

20.A Alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.

21.Mas, se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá.

22.De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou, viverá.

23.Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor JEOVÁ; não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva?

24.Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, e fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá.

25.Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é direito. Ouvi, agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?

26.Desviando-se o justo da sua justiça e cometendo iniquidade, morrerá por ela; na sua iniquidade que cometeu, morrerá.

27.Mas, convertendo-se o ímpio da sua impiedade que cometeu e praticando o Juízo e a Justiça, conservará este a sua alma em vida.

28.Pois quem reconsidera e se converte de todas as suas transgressões que cometeu, certamente viverá, não morrerá.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do livro de Ezequiel, trataremos nesta Aula da responsabilidade individual de cada ser humano. Os judeus à época de Ezequiel acreditavam que eles estavam sendo punidos por causa dos pecados de seus antepassados (Ez.18:2; Jr.31:29) mas o profeta Ezequiel exortou-os dizendo: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez.18:20).  O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos, e que se aplica a toda a Igreja ao longo de sua história, exorta: “Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm.14:12). Quando chegar o momento, Deus chamará todos a julgamento e, de acordo com os Seus decretos, que imprimiu na nossa consciência, e os preceitos que deixou na Sua Palavra, todos prestarão contas ao Senhor, o Criador e Sustentador da vida. Que fizestes de Jesus, chamado o Cristo? Pilatos mandou crucificá-lo; os sacerdotes e fariseus O desprezaram; o mundo O tem desprezado, esquecido e ridicularizado. Mas um Dia, todos os seres humanos, sem exceção, dobrarão os seus joelhos em adoração e toda a língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor (Fp.2:9-11). O profeta Amós exortava Israel com as seguintes palavras: "Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus" (Amós 4:12).  Ao rei Ezequias, Deus mandou dizer: "... põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás" (Is.38:1b). E nós? Estamos preparados para nos encontrar com Deus? Não há dúvidas, a responsabilidade do ser humano perante Deus é um fato, independentemente de alguém acreditar ou não, e essa responsabilidade é individual.

I. SOBRE A MÁXIMA USADA EM ISRAEL

1. Uma máxima equivocada

Até a época de Ezequiel existia uma máxima em Israel: ”Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram” (Ez.18:2); isto se baseava numa interpretação equivocada sobre o terceiro mandamento do Decálogo (Êx.20:5; Dt.5:9), que dizia que o Senhor visitava a maldade dos pais sobre os filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que lhe aborrecessem (Ex.20:5). Ou seja, acreditavam que os filhos pagariam até a quarta geração pelos pecados dos seus antepassados. Chama-se isto de doutrina da responsabilidade transgeracional, que foi amplamente difundida entre os filhos de Israel, e até mesmo entre as nações circunvizinhas. Essa máxima era muito usada em Jerusalém (Jr.31:29) e, também, entre os exilados de Babilônia (Ez.18:2). Era um provérbio metafórico – as “uvas verdes” se referem aos pecados, e os “dentes embotados” se referem à consequência deles. Esse dito popular refletia o ceticismo dos exilados, que se consideravam injustiçados, ou seja, estavam sendo condenados e punidos por causa dos pecados dos seus antepassados. Era uma crítica à justiça divina.

Segundo Daniel Block, essa doutrina tradicional da responsabilidade criou, supostamente, sérios problemas aos exilados. Entendiam que eram inocentes, e acusavam Yahweh de injustiça em Sua administração da justiça. Diziam que Ele não se importava com a culpa ou a inocência de um indivíduo; tudo que importava era equilibrar o pecado e a retribuição. Ao buscarem defender sua inocência viraram o significado da doutrina de cabeça para baixo. O Decálogo originalmente foi destinado como um aviso anacrônico para as pessoas guardarem suas condutas por causa das implicações de suas ações para com seus filhos. Mas, nas bocas dos contemporâneos de Ezequiel, se transformou em uma acusação de retrospectiva da injustiça divina. Não é justo que os “filhos”, os exilados, sejam punidos pelos pecados dos “pais”, seus ancestrais. Tendo em mente isto, o provérbio expressa de maneira figurativa a doutrina explicitamente declarada em Lamentações 5:7: “Nossos pais pecaram e não existem mais, e nós somos aqueles que carregam a culpa deles”.

Este entendimento que os judeus tinham, muitas igrejas ditas cristãs também têm. Só que isto é uma interpretação equivocada de quem não presta atenção ao texto; no final do texto diz: “daqueles que me aborrecem”. Ou seja, a maldição é sobre aqueles que permanecem nos pecados de seus pais; e o próprio Ezequiel dirimiu esta dúvida, afirmando que os pecados dos pais não afetarão os seus descendentes, caso eles se convertam dos seus maus caminhos (Ez.18:17) – “o tal não morrerá pela maldade de seu pai; certamente viverá”. A responsabilidade, pois, é individual, e que a pessoa que pecar, ela morrerá (Ez.18:4). A morte aqui é, principalmente, espiritual, e não exclusivamente física.

Na verdade, os pais devem saber que seus pecados, negligência espiritual, inclusive a de não se apartarem da impiedade do mundo, podem levar a consequências trágicas quanto a seus descendentes. Os filhos sofrem por causa dos pecados dos pais, no sentido de geralmente seguirem seus passos no caminho da transgressão dos mandamentos e da idolatria, e daí adotam maus hábitos e atitudes que os afastarão para longe de Deus, levando-os à perdição e morte espiritual.

2. Jeremias e Ezequiel trataram do assunto

Assim como Ezequiel, Jeremias também tratou do assunto (Lm.5:17; Jr.18:5-9;10-18). Nas palavras do pr. Esequias Soares, esse pensamento das “uvas verdes” vai na contramão do pensamento bíblico (Dt.24:16); isto é lembrado na história de Israel (2Rs.14:5,6). O conceito de responsabilidade continuada pelos pecados ancestrais era herança do segundo mandamento do Decálogo, uma vez que a continuidade das gerações humanas impede que a pessoa se isole do grupo. Quando Jeremias afirma: “Nossos pais pecaram e já não existem; nós é que recebemos o castigo pelas suas iniquidades” (Lm.5:7), ele está dizendo que os pecados dos seus antepassados conduziram a sua descendência nas mesmas transgressões para as gerações seguintes; e conclui dizendo: “Ai de nós, porque pecamos” (Lm.5:16).

Os pecados do povo foram acumulados geração após geração, mas o castigo do cativeiro era responsabilidade daquela geração. Tanto os exilados na Babilônia como os que estavam em Judá e em Jerusalém acreditavam ou se justificavam numa ideia falsa de que estavam pagando pelos pecados dos seus antepassados, não pelos seus, mesmo depois da destruição de Jerusalém (Lm.5:7). Pensava deste modo porque entendiam que esse era o castigo para quem desobedecesse aos Dez Mandamentos (Ex.20:5). Então, Ezequiel deu a nova diretriz de Deus, porque a antiga foi mal interpretada. Deus julga cada pessoa individualmente. Embora o mundo frequentemente sofra as consequências de pecados cometidos por aqueles que viveram nas gerações anteriores, Deus não nos castiga pelos erros de outrem, e não podemos usá-los como desculpa para os nossos pecados.

Cada pessoa é responsável perante Deus por suas ações; Mas, alguns habitantes de Judá usaram a bênção de Deus como desculpa para desobedecer-lhe; pensavam que viveriam por causa de seus antepassados justos (Jr.18:5-9). Deus lhes havia dito que não seria assim; eram filhos perversos de pais justos e, assim, morreriam (Jr.18:10-13). Porém, aqueles que se voltassem a Deus viveriam (Jr.18:14-18).

Deus proibiu enfaticamente o povo de pronunciar esse provérbio - “Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, vocês nunca mais repetirão esse provérbio em Israel” (Ez.18:3). Na profecia de Jeremias, essa proibição é escatológica. Os capítulos 30-33 anunciam a restauração de Israel e de Judá, e contempla o futuro glorioso da nação unificada. É nesse contexto escatológico que nunca mais será pronunciado em Israel tal provérbio popular. Mas a proibição anunciada por Ezequiel é imediata (Ez.18:2,3).

3. O problema em nosso tempo

A doutrina das “uvas verdes e dentes embotados” que predominou o imaginário popular do povo de Judá (Jr.31:29; Ez.18:2) veio a ser parte do menu doutrinário de um movimento infiltrado em algumas igrejas, conhecido como “Batalha Espiritual”, e nesse ensino está a enganosa doutrina da “maldição hereditária”. Os seguidores dessa falsa doutrina defendem que os crentes, mesmo tendo aceitado a Jesus, não estão totalmente livres do pecado, como se o sangue de Jesus fosse insuficiente, tendo de, mesmo depois de aceitarem a Cristo (e, portanto, já estarem lavados no sangue de Jesus), ter de quebrar maldições em “encontros” e outros comportamentos, para complementar a sua purificação e salvação, algo que nada mais é que uma versão moderna do pensamento gnóstico que não crê no poder do sangue de Jesus. No entanto, a Bíblia nos diz que “… o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado” (1João 1:7), e que “…fomos resgatados da nossa vã maneira de viver que por tradição recebemos de nossos pais pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1Pd.1:18b,19), e que “se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co.5:17). Portanto, a “maldição hereditária” é um entendimento equivocado, e que deve ser banido na vida daqueles que estão em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Na cruz, todas as nossas ofensas foram perdoadas e que nada ficou para ser pago ou resolvido entre nós e Deus (cf. Cl.2:14), de modo que o sacrifício de Cristo é suficiente, sendo mentira satânica qualquer ensinamento contrário. Não é preciso quebrar qualquer maldição hereditária depois que aceitamos a Cristo, pois, como diz o apóstolo Paulo, fomos vivificados juntamente com Ele e fomos perdoados de todas as ofensas, não restando coisa alguma; tudo foi cravado na cruz (Cl.2:14). Havendo o perdão dos pecados, somos vivificados e o nosso espírito passa a ter, novamente, ligação com o Espírito Santo, e este derrama em nós o amor divino. Este amor produz, na vida do justificado, boas obras, o fruto do Espírito Santo (Gl.5:22).

II. SOBRE A SALVAÇÃO PARA TODOS OS SERES HUMANOS

1. Há esperança para o pecador (Ez.18:21-23)

Deus falou pela boca de Ezequiel:

“Mas, se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá. De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou, viverá. Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor JEOVÁ; não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva?”

Ezequiel esclarece que Deus não tem prazer nem alegria nos sofrimentos do ímpio, antes deseja perdoar o pecador, mas não dá para ajudar a quem não se ajuda – “Não desejo eu muito mais que ele se converta dos seus caminhos e viva?” (Ez.108:23). Essa é uma pergunta retórica, ou seja, uma afirmação em forma de pergunta. Se o perverso deixar o pecado, ele será perdoado e viverá; se, por outro lado, a pessoa crente voltar a pecar, ela morrerá. A vontade de Deus é salvar todos os seus humanos. Está escrito: “Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm.2:4). “Desejaria Eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor Jeová: não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva?” (Ez.18:23). “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt.2:11).

No final do discurso Deus fez um apelo ao povo de Judá para que se convertesse (Ez.18:31). Certamente, há esperança para o pecador que se arrepende e se converte de todos os pecados que cometeu, é a esperança da salvação eterna, a mais sublime esperança para o ser humano.

Deus oferece uma real oportunidade de salvação a todas as pessoas, indistintamente. Mas, alguém poderá dizer que não são todas as pessoas que se salvam, e o dizem com razão, visto que as Escrituras assim o declaram, quando afirmam que “a fé não é de todos” (2Ts.3:2). No entanto, isto é apenas reflexo do fato de que o chamado para a salvação está inserido na ordem estabelecida por Deus de que as pessoas foram criadas com livre-arbítrio, ou seja, a graça salvadora de Deus é estendida a todas as pessoas, mas Ele requer que as pessoas estendam a sua mão para receber – “por meio da fé” (Ef.2:8).

Se é verdade que o jugo do pecado é universal, também é verdade que a necessidade da salvação em Cristo é universal. O Evangelho de Jesus Cristo, cujo conteúdo é Cristo, destina-se a todos os gentios, a todos os povos. Os judeus pensavam que as boas-novas de salvação eram destinadas apenas a eles; no entanto, o plano eterno de Deus incluía todos os povos. Cristo morreu a fim de comprar para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap.5:9). John Stott é enfático quando escreveu: "Precisamos libertar-nos de todo orgulho, seja de raça, nação, tribo, casta ou classe, e reconhecer que o Evangelho de Deus é para todos, sem exceção e sem distinção”.

Por causa do Seu amor e misericórdia, Deus ofereceu, em Cristo, a salvação a todos (João 3:16). Não concordamos, portanto, com a versão daqueles que dizem que somente alguns foram criados para usufruir da vida eterna, enquanto outros, “predestinados”, serão lançados no lago de fogo. Não! Em absoluto isso tem respaldo nas Escrituras Sagradas! Não haveria o porquê de o Pai enviar seu Filho, fazê-lo passar por todo processo de crucificação, morte e ressurreição, ordenando que os discípulos, após serem batizados no Espírito Santo, proclamassem o Evangelho a toda a criatura (Mc 16.15; cf. At 1.8), para salvar apenas alguns predestinados. Está claro nas Escrituras Sagradas, que a intenção de Deus é salvar todos os seres humanos e, com base em sua bondade, amor e justiça, dá a oportunidade de ele rejeitar ou não a promessa bendita de Salvação; o próprio Salvador Jesus Cristo afirma que quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc.16:16).

2. Refutando um pensamento fa­talista (Ez.18:20)

A tese enganosa, que permeava entre o povo exilado e entre os que ficaram em Judá, de que estavam sendo punido por causa dos pecados de seus antepassados, foi desaprovado por Deus. Deus proibiu esse pensamento fatalista porque a responsabilidade é individual, e Ezequiel torna isto claro de maneira textual e direta: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez.18:20). É o princípio moral da lei da semeadura (Os.8:7; Gl.6:7). Em todo o capítulo 18, o profeta Ezequiel esclarece, com reiteradas explicações e exemplos, que a lei da responsabilidade individual é justa e está de acordo com os atributos divinos. Deus é justo (Dt.32:4; Is.45:21), e esse atributo é manifesto no castigo do pecador e na premiação do justo - Deus “retribuirá a cada um segundo as suas obras” (Rm.2:6).

3. Duas situações (Ez.18:21,22,24)

“21.Mas, se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá. 22.De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou, viverá. 24.Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, e fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá.

Nestes textos o profeta Ezequiel trata de duas situações diferentes sobre a relação de Deus com os seres humanos: aquele que se converte dos seus maus caminhos e se decide por seguir a Deus e à Sua Palavra e; aquele que se desvia dos caminhos do Senhor de forma consciente e deliberada, e se espraia na iniquidade. Assim como Deus não leva em conta os pecados de quem se converte dos seus vis pecados e se volta completamente para Deus de forma confessa e consciente, pela mesma justiça aquele que se desvia de Deus e da Sua Palavra terá os registros de sua vida deletados e o nome retirado do Livro da Vida. Portanto, o princípio é o mesmo: o pecador que se arrepende viverá; quando ocorre o contrário, no caso de o crente se desviar, de todos os seus atos de justiça que praticou, nenhum será lembrado; na sua transgressão e no pecado que cometeu, neles morrerá (Ez.18:24). Aqui mostra com clareza que é possível, sim, o crente perder a comunhão com Deus, com risco de perder a salvação, tanto temporariamente (Lc.15:32) como definitivamente (Hb.6:4-6; 2Pd.2:20-22). O caso de Judas Iscariotes é emblemático, pois Jesus disse que ele se perdeu (João 17:12).

III. SOBRE A REAÇÃO DE ISRAEL

1. Uma pergunta retórica (Ez.18:25)

“Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é direito. Ouvi, agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?”.

Aqui mostra que tanto os exilados na Babilônia quanto os judeus que ainda estavam em Judá acusavam Deus de injustiça – “Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é direito”. Outra maneira de dizer: “os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram” (Ez.18:2). Com isso, eles estavam procurando um culpado por suas mazelas - os seus antepassados e agora o próprio Deus. O pensamento que dominava o imaginário popular era que Deus estava sendo injusto em punir os filhos por causa dos pecados dos pais.

Deus respondeu aos rebeldes com uma pergunta retórica: “Não é o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?”. Estas perguntas retóricas são repetidas em Ez.18:29. O profeta leva os destinatários de sua mensagem à reflexão. Eles deviam analisar o contexto religioso em que estavam vivendo e comparar com a tradição de Moisés e dos profetas. Mas isso não interessava a eles; era mais fácil lançar a culpa nos outros, nos antepassados e no próprio Deus. Mas Deus mostra que não é injusto, pois até mesmo o perverso pode ser salvo, caso se converta dos seus pecados, conforme o Senhor deseja que ele faça. Na verdade, Deus é justo, mas nós infringimos as suas regras. Não é Deus quem deve estar à altura de nossos ideais de justiça, antes, nós é que devemos estar à altura dos seus. Não desperdicemos nosso tempo procurando brechas para esquivarmos da Lei de Deus. Estejamos, sim, à altura dos padrões que Deus requer de nós!

2. Sobre a justiça

O profeta Ezequiel deixa muito claro que cada indivíduo é responsável pelos seus atos, isto é, ninguém vai ser punido por causa dos pecados de seus ancestrais. Se os pais de um indivíduo pecaram, e ele não permanecer nos pecados deles, mas se converter ao Senhor e segui-lo de todo o coração, certamente Deus o justificará, pois ”Deus é um juiz justo” (Sl.7:11) e “recompensará cada um segundo as suas obras” (Rm.2:6).

3. O arrependimento (Ez.18:27,28)

No final do capítulo 18, Ezequiel faz um chamado para os pecadores se converterem das suas transgressões e receberem “um coração novo e um espírito novo, pois por que razão morreríeis, ó casa de Israel?” (Ez.18:31). Ezequiel explica que “se o ímpio se converter de todos os seus pecados, certamente viverá” (Ez.18:21. Deus tem prazer em dar-lhe vida eterna (Ez.18:23).

Mas, para que o indivíduo receba o perdão de Deus é necessário que haja arrependimento sincero por parte dele. O que é arrependimento? É uma mudança de direção - conversão (ler 1Ts.1:9), mudança de mente, transformação do pensamento, da consciência, das atitudes. Quando a pessoa passa pelo verdadeiro arrependimento há uma tristeza sincera pelo pecado praticado (2Co.7:10) e posterior compromisso de abandoná-lo para abraçar a vontade de Deus. 

O verdadeiro arrependimento nada significa se produz apenas algumas lágrimas, um espasmo de pesar, um pequeno susto. Na época de Neemias, o povo judeu estava desviado dos caminhos do Senhor, mas no capítulo 8 de Neemias vemos que o povo se reuniu para ouvir a Palavra. A leitura, a explicação e a aplicação da Palavra trouxeram choro pelo pecado (Ne.8:9). Este é um dos efeitos da Palavra de Deus no coração daqueles que a ouvem - ela produz quebrantamento, arrependimento e choro pelo pecado. Arrependimento começa com choro, humilhação e quebrantamento diante de Deus (2Cr.7:14). Aliás, arrependimento é a tristeza profunda e suficiente para não repetir o erro. Precisamos abandonar os pecados dos quais nos arrependemos e andar em um caminho novo e de santidade. O verdadeiro arrependimento implica na mudança de atitude e conduta daquele que pecou, e isto não acontece somente no dia da conversão, mas na vida cotidiana, de forma contínua. A orientação amorosa do Senhor Jesus é: “vai-te e não peques mais” (João 8:11). Deus restaura o pecador que verdadeiramente se arrepende e muda de atitude.

CONCLUSÃO

Concluímos esta Aula reafirmando que, diante de Deus, cada ser humano responderá pelos seus atos cometidos, jamais responderá pelos atos cometidos por outrem, nem pelos de perto nem pelos de longe, pois a responsabilidade é individual. Portanto, o argumento de que cada pessoa está determinada por um rígido destino, não se coaduna com os ensinamentos da Palavra de Deus. Cada pessoa será julgada pelos seus atos cometidos e não por um destino fatalista.