Leitura Bíblica: Pv. 16.32 – Texto Áureo: I Jo. 2.17-17
INTRODUÇÃO
Dando prosseguimento ao estudo das obras da carne e do fruto do Espírito, estudaremos na aula de hoje a prostituição e a glutonaria, opondo a essas a moderação ou o domínio próprio, que é a própria temperança, pois se trata de uma demonstração de equilíbrio espiritual, produzido pelo Espírito Santo. Inicialmente abordaremos essas duas obras da carne, em seguida, mostraremos a necessidade de cultivar o domínio próprio, ou melhor, o domínio que vem de Deus, para não vir a perder o controle espiritual. Ao final, defenderemos que fomos chamados para a santidade, e que essa deve ser buscada integralmente: corpo, alma e espírito (I Ts. 5.23).
1. A PROSTITUIÇÃO E A GLUTONARIA
O vocábulo prostituição, no grego do novo testamento, é porneia e seria melhor traduzido como “imoralidade sexual”. A sexualidade humana é uma dádiva de Deus, e deve ser desfrutada dentro do casamento (Gn. 2.24; Hb. 13.4). O homem caído, por causa da sua natureza pecaminosa, deturpa a sexualidade. Vivemos em uma cultura sexualizada, de modo que tudo gira em torno do sexo. A mídia favoreceu essa explosão, principalmente no que tange à pornografia. A facilidade de acesso a vídeos dessa natureza, e aos sites de relacionamentos, tem contribuído consideravelmente para os casos de fornicação e adultério. Mas essas práticas pecaminosas não são recentes, Paulo teve sérios problemas a esse respeito na igreja de Corinto (I Co. 5.1). O Apóstolo orientou para que os pecados sexuais fossem disciplinados, a fim de que o transgressor se arrependesse, e se voltasse para Deus (I Co. 5.6-8). Ele foi bastante enfático, advertindo aos crentes de Corinto para que fugissem da prostituição (I Co. 6.13). Além da prostituição, os crentes são orientados por Paulo para que não se entreguem à glutonaria. A palavra grega para esse pecado é truphe ou gaster e está relacionada a uma série de práticas. Algumas pessoas estão literalmente “morrendo pela boca”, pois se entregam dissolutamente ao pecado da gula. Não é pecado se alimentar bem, mas é preciso ter cuidado, pois o corpo é templo e morado do Espírito Santo (I Co. 6.19). É preciso ser moderado na escolha dos alimentos, o excesso de sal e açúcar, por exemplo, pode causar danos à saúde, a curto, médio ou longo prazo. A alimentação saudável deve ser equilibrada, priorizando frutas e verduras, e evitando gorduras.
2. CULTIVANDO O DOMÍNIO PRÓPRIO
Os crentes foram salvos para viver de forma moderada, desenvolvendo a virtude da temperança (Gl. 5.21). O termo grego para esse aspecto do fruto do Espírito é engkrateia, que aparece na forma substantivada somente em três passagens: Gl. 5.22, At. 24.25 e II Pe. 1.6. Em todos esses textos fica evidente o sentido de domínio sobre o eu. Como um atleta que disciplina seu corpo, a fim de chegar ao propósito desejado, também os crentes devem fazê-lo, para alcançarem o prêmio espiritual (I Co. 9.24,25). Esse tipo de autocontrole tem relação direta com os pecados sexuais, bem como a moderação no comer e no beber. A vontade de Deus é que o crente tenha uma vida equilibrada, que não se deixar dominar pelos excessos. Isso começa pelo controle da língua, para que não venhamos a tropeçar em palavras (Tg. 3.2). Os impulsos sexuais também devem ser freados, aqueles que são casados devem fugir do adultério, e os solteiros da fornicação. Paulo esclarece aos crentes coríntios que é melhor casar que abrasar-se (I Co. 7.9), os jovens devem fugir das tentações sexuais, e não se entregarem aos desejos da mocidade (II Tm. 2.22). Jesus nos deixou o exemplo de vida moderada, controlada e equilibrada no Espírito, pois sendo tentado em tudo, não pecou (Hb. 4.15). A liderança espiritual deve seguir esse modelo, considerando que o pastor deve ser temperado (I Tm. 3.1,2), santo e equilibrado (Tt. 1.7.8). O domínio próprio é um processo, e se inicia com pequenas atitudes, que serão aprimoradas ao longo da vida cristã. Conforme defende um determinado grupo, é preciso evitar o contato inicial com o pecado, e lutar diariamente contra a tentação, sem nunca desistir.
3. ANDANDO EM SANTIDADE
Para andar em santidade, não há outra saída, senão andar com Cristo, e ser cheio do Espírito (Ef. 5.18). A vontade de Deus é nossa santificação (I Ts. 4.3-8), Ele espera que tenhamos uma vida totalmente consagrada. Essa é uma disciplina cristã, que começa pelo controle da mente (Fp. 4.8). Muitos cristãos permitem que suas mentes vagueiem por lugares perigosos, que acaba por distanciá-los da vida piedosa. O autor da Epístola aos Hebreus destaca que devemos buscar a santificação, sem a qual ninguém poderá ver a Deus (Hb. 12.14). O cristianismo, ao contrário do que defendem alguns críticos, não nega a dimensão física, muito pelo contrário, concebe o valor do corpo. Mas é preciso que esse seja utilizado com responsabilidade, para glória de Deus, e preservação da própria vida. De modo que, conforme adverte Paulo, “cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra” (I Ts. 4.4). Uma vertente da filosofia helenista negava o corpo, e defendia que esse poderia ser desgastado, pois Deus valorizava apenas a parte espiritual. Essa perspectiva nada tem de bíblica, é contrária ao plano de Deus para o corpo, que tem seu devido valor, inclusive no ato da ressurreição (I Co. 15.22,23). Por desconsiderarem o valor do corpo muitas pessoas estão sofrendo com enfermidades, e tantas outras atraindo problemas sobre elas mesmas, por causa da falta de moderação. A esse respeito adverte Paulo: "os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito". E mais, “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm. 8.5.-8).
CONCLUSÃO
A vontade de Deus é que vivamos em santidade, sem nos deixar controlar pelos desequilíbrios carnais. Aqueles que alimentam a natureza pecaminosa, e se entregam dissolutamente aos prazeres pecaminosos, trarão sobre eles mesmo consequências drásticas. A santificação é o plano de Deus para nosso próprio bem, a fim de que venhamos a desfrutar da boa, agradável e perfeita vontade de Deus. As advertências de Deus, para que fujamos do pecado, é com vistas à maturidade espiritual, para que desfrutemos de uma vida saudável, na presença do Senhor.
BIBLIOGRAFIA
OLIVEIRA, A. G. Os frutos do Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
OLIVEIRA, F. T. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Reflexão, 2016.