Texto Áureo: Ap. 22.9 – Leitura Bíblica: Ap. 12.7-10
INTRODUÇÃO
A batalha espiritual continua, desta feita nos voltaremos para a natureza dos demônios, ressaltando o agenciamento desses seres no mundo na maldade. Para tanto, partiremos do texto de Ap. 12.7-10, a fim de mostrar a atuação demoníaca no contexto escatológico. Ao final, enfocaremos o poder dos demônios, evitando supervaloriza-lo, a fim de mostrar que Jesus é o Grande Vencedor, e Aquele a quem devemos proclamar, como o Valente de Deus.
1. ANÁLISE TEXTUAL
O livro do Apocalipse foi escrito por João na Ilha de Patmos, quando ali esteve como prisioneiro, por causa do Evangelho do Senhor Jesus. Esse texto trata a respeito dos eventos que acontecerão por ocasião da Grande Tribulação, que antecede a volta de Cristo em glória, para estabelecer o reino no Milênio. João diz que houve uma batalha – polemos – e que Moisés e os seus anjos, e batalhavam – polemesai – o dragão e os seus anjos. Esse verbo polemesai, em consonância com o substantivo polemos, dão ideia não apenas de uma luta, mas também da manifestação de hostilidade (v. 7, 8). Há uma disputa e uma desconsideração dos poderes das trevas pelos mensageiros de Deus. Mas o grande dragão, a antiga serprente, chamado o diabo em grego e Satanás em hebraico, foi precipitado – eblethe – foi derrotado, tendo sido lançado na terra, esse mesmo que engana – plana – dando ideia de alguém que conduz as pessoas a se desviarem, e que as leva pelo caminho do engano (v.9). Satanás é finalmente derrotado, pois o próprio João escuta uma grande voz do céu, dizendo que a salvação era chegada, e a força e o reino do nosso Deus, e o poder – dunamis, um poder para realizar milagres - do Seu Cristo. Isso porque o acusador – kategor – de nossos irmãos foi derrotado. A principal característica de Satanás é a de acusar- kategoron – e isso ele faz dia e noite (v. 10).
2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Ao estudarmos o assunto da batalha espiritual, precisamos ter cuidado para não dar ideia que existem poderes iguais, como se fossem forças antagônicas em condições semelhantes, disputando território e poder. Qualquer perspectiva dessa natureza se assemelha a um dualismo grego, que não encontra respaldo nas Escrituras. As hostes satânicas não podem deter o poder de Deus, muito menos do Seu reino. No texto em foco, João viu sinais nos céus, uma mulher que dá à luz e um dragão que pretende destruir sua descendência. Há várias interpretações desse texto, a mais apropriada é a de que Jesus é o filho da mulher – Israel – que é perseguido pelo dragão, justamente no período da Grande Tribulação. Deus envia Miguel e suas hostes celestiais, a fim de pelejar contra Satanás. Miguel é um arcanjo e guardião do povo de Deus (Dn. 10.13; 12.1; Jd. 9). A vitória de Miguel e das suas hostes sobre o dragão é resultante do poder triunfante de Jesus na cruz do calvário (Cl. 2.15). A batalha de Satanás contra os anjos de Deus remete aos tempos antigos, e talvez, anterior a criação dos homens. Satanás é o príncipe dos demônios (Mt. 12.24; 25.41). Ele era um querubim ungido, perfeito em sabedoria e formosura, mas que se rebelou (Ez. 28.12-15; Is. 14.12-15), sendo destituído da sua condição, alguns anjos que o apoiaram nessa rebelião já estão presos (II Pe. 2.4; Jd. 6).
3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Estamos diante de uma luta contra os poderes das trevas, e essa teve início na esfera humana no jardim do Eden (Gn. 3.1-15). Depois de ter sido expulso do céu, Satanás busca desviar o ser humano do objetivo para o qual foi criado: viver para a glória de Deus. Mas seus dias estão contados, e eles sabe muito bem disso, ademais, mesmo sendo um Acusador, não há mais condenação para aqueles que estão em Cristo (Rm. 5.1; 8.33), por causa da justificação. Jesus se fez pecado por nós, Seu sacrifício na cruz do calvário foi suficiente para que tenhamos a garantia da vida eterna. Por causa de Jesus, esses espíritos imundos (Lc. 4.33; 8.29; Ap. 18.2) e os espíritos malignos (Lc. 8.2) estão limitados, até o dia em que finalmente serão vencidos, por Aquele que é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. A vitória de Jesus contra Satanás está na esfera da implantação do reino de Deus, ao mesmo tempo que existe um “já”, há um “ainda não” que terá sua plenitude quando o reino de Deus for finalmente estabelecido. Por isso, devemos ter cuidado, e não devemos ignorar as astúcias do Inimigo, sendo capaz de colocar espinhos na carne (II Co. 12.7), e até mesmo impedir o avanço da obra de Deus, sobretudo da obra missionária (I Ts. 2.18). Não devemos desconsiderar seus ardís, muito menos sua astúcia (II Co. 2.11), sabendo que chegará o dia em que ele será esmagado (Rm. 16.20).
CONCLUSÃO
Satanás é o adversários daqueles que creem em Deus, devemos estar cientes de que uma batalha existe, e que essa é real no mundo espiritual. Mas devemos saber também que Jesus, o mais Valente que o inimigo, está do nosso lado, Ele é o Capitão da nossa salvação, e por causa dele, temos a certeza de que o Reino de Deus virá, e certamente teremos um governo de plena paz, e de justiça para todas as pessoas. Essa é nossa expectativa, e deve continuar sendo, a grande esperança da igreja.
BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.