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BATALHA ESPIRITUAL – A REALIDADE NÃO PODE SER SUBESTIMADA


Texto Áureo: Mc. 26.41 – Leitura Bíblica: I Pe. 5.5-9

INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos a respeito do conceito bíblico de Batalha Espiritual. Esse é um tema que encontra respaldo escriturístico, mas que precisa ser avaliado à luz dos princípios hermenêuticos, a fim de evitar excessos bastante comuns ao tratar sobre o assunto. Na aula de hoje analisaremos o texto de I Pe. 5.5-9, ressaltando a realidade da luta diante da qual nos encontramos, que não poderá ser subestimada, sob o risco de perdemos nossa alma.

1. ANÁLISE TEXTUAL
Na passagem em foco, o autor admoesta aos anciãos da igreja, em relação aos dias difíceis que se aproximam, encorajando-os a serem humildes e vigilantes. Uma mensagem inicial é direcionada aos jovens – neoteroi – para que esses sejam sujeitos aos anciãos – presbyteroi. Nesse caso, os jovens necessariamente não têm a ver com idade, mas com a relação com os mais velhos, sobretudo àqueles que estão em liderança. E como se isso não fosse suficiente, é preciso que sejamos sujeitos – hupotagete – uns aos outros, considerando que na igreja, a liderança é primordialmente funcional, não tem a pretensão de ser hierárquica. Pedro orienta ao revestimento em humildade – tapeinophrosune – que dá ideia também de ascetismo, pois Deus resiste aos soberbos  - huperephanos – aqueles que são prepotentes, que querem se colocar acima dos outros, mas dá graça aos humildade – tapeinos – aqueles que estão em posição menos elevada.  O imperativo é para que devamos nos humilhar – tapeinothete, debaixo da potente mão de Deus, esperando que Ele, no tempo oportuno – kairo, e de acordo com Sua soberana vontade, exalte os humildes. O melhor é levar até Ele todas nossas ansiedades – merimnan, ciente de que Ele é Aquele que tem cuidados de nós. E mais, sejamos sóbrios – nepsate – uma virtude necessária, que deve permanecer atrelada a um outro imperativo: ser vigilante – gregoresate, tendo em vista que temos um adversário – antidikos, que também pode ser traduzido como acusador. Esse é o diabo – diabolos - que anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar – katapiein. Esse verbo também tem o sentido de devorar, o que implica em maior violência. Para vencê-lo, devemos, portanto, resistir firmes – steroi, sabendo que as mesmas aflições – pathematon – também sofrem outros irmãos no mundo.

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
A I Epístola de Pedro foi escrita por volta do ano 64 d. C., possivelmente da cidade de Roma, com o objetivo de oferecer encorajamento aos cristãos que sofriam perseguição.  A orientação de Pedro é para que as pessoas mais jovens da congregação, que geralmente são mais resistentes à liderança, sejam sujeitas aos anciãos e para isso cita Pv. 3.34, a fim de lembra-los que Deus se opõe aos orgulhosos, mas direciona seu favor àqueles que são humildes (5.5). Na verdade, todos devem ser humildes, aprendendo a depender de Deus, mesmo nos momentos da adversidade. Devemos depender da potente mão de Deus que trouxe Israel do Egito (Ex. 3.19; 32.11; Dt. 4.34; 5.15; Dn. 9.15). Assim como aconteceu com Israel, o cativeiro não durará para sempre, portanto, sabemos que o período de sofrimento vai passar. Ainda que estejamos passando por momentos difíceis nos dias atuais, temos a convicção que no tempo oportuno de Deus, Seu povo será exaltado na eternidade (5.6). Por isso, devemos lançar sobre Ele toda nossa ansiedade, não temos motivos para viver preocupados, se confiamos na providência do Senhor (5.7). Antes, devemos nos manter sóbrios e vigilantes, alertas aos ataques do Adversário, pois o diabo – representado como um leão – fica à espreita buscando a quem devorar. A admoestação é de que o diabo deve ser resistido (5.8), esse não deve ser temido pelos cristãos, pois o Senhor tem dado poder espiritual para permanecer firme na fé (Ef. 6.12-18). Devemos, portanto, confiar nas promessas do Senhor, pois Deus tem a palavra final, quando exaltará aqueles que atualmente são perseguidos (Tg. 4.7). Além disso, é preciso saber que o sofrimento não é exclusividade de alguns, crentes no mundo inteiro padecem por causa do nome do Senhor. E mais que isso, o próprio Senhor sofre com aqueles que são perseguidos por causa do Seu evangelho (5.9).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Os cristãos estão envolvidos em uma batalha espiritual, e essa não pode ser subestimada. É preciso, no entanto, evitar qualquer tipo de extremos, se por um lado alguns crentes descreem no poder das hostes celestiais do Adversário, por outro lado, outros exageram na supervalorização desse poder. Há evangélicos que veem o diabo em toda esquina, certos pregadores falam mais a respeito do Satanás do que de Jesus. Em alguns cultos, ao invés de se pregar a Palavra de Deus, fala-se apenas no poder do diabo, e quando há prática de exorcismo, entrevista-se o Inimigo sem atentar para a verdade bíblica de que é o pai da mentira (Jo. 8.44). Precisamos ter cautela com esse tipo de ensinamento, resultante de uma teologia deformada, que apregoa doutrinas como mapeamento espiritual, maldição hereditária e de crentes endemoninhados. Tais crenças vieram da Teologia da Prosperidade, da Confissão Positiva e do Domínio, e se espalharam pelos arraiais neopentecostais, ou melhor, pseudopentecostais. A doutrina do mapeamento espiritual não tem base bíblica, e geralmente está fundamentada em versículos descontextualizados ou em interpretações equivocadas da Bíblia. Em relação à maldição hereditária, costuma-se citar Ex. 20.5, mas esse texto se refere às gerações, principalmente às pessoas de uma família, que vivem debaixo de um jugo de pecado, mas não se aplica aos crentes, pois Cristo se fez maldição por nós (Gl. 3.13). Sobre crentes endemoninhados, devemos saber que o maligno não pode tocar naqueles que tiveram um encontro com Cristo (I Jo. 5.18), e mais, aquele que está em nós é maior do que aquele que está no mundo (I Jo. 4.4).

CONCLUSÃO
Esse é o momento de alertar aos evangélicos que se deixam controlar por uma crença equivocada em uma falsa doutrina da batalha espiritual. Na mesma medida em que reconhecemos que essa batalha é real, precisamos também considerar que Cristo é maior, e que não devemos nos deixar manipular por lideranças que se aproveitam dessas doutrinas falsas para causar insegurança espiritual nas pessoas. Consoante ao exposto, devemos saber que o diabo precisa ser resistido, mas que devemos depender da direção divina (Jd. 1.9).

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.