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ESDRAS E NEEMIAS COMBATEM O CASAMENTO MISTO

 Texto Base: Esdras 9:1-4; Neemias 13:23-26; 9:38; 10:1,29,30
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?” (2Co.6:14).

Esdras 9:

1.Acabadas, pois, essas coisas, chegaram-se a mim os príncipes, dizendo: O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas não se têm separado dos povos destas terras, seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus, dos ferezeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos amorreus,

2.porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a semente santa com os povos destas terras, e até a mão dos príncipes e magistrados foi a primeira nesta transgressão.

3.E, ouvindo eu tal coisa, rasguei a minha veste e o meu manto, e arranquei os cabelos da minha cabeça e da minha barba, e me assentei atônito.

4.Então, se ajuntaram a mim todos os que tremiam das palavras do Deus de Israel, por causa da transgressão dos do cativeiro; porém eu me fiquei assentado atônito até ao sacrifício da tarde. 

Neemias 9:

38.E, com tudo isso, fizemos um firme concerto e o escrevemos; e selaram-no os nossos príncipes, os nossos levitas e os nossos sacerdotes.

Neemias 10:

1.E os que selaram foram Neemias, o tirsata, filho de Hacalias, e Zedequias,

29 - firmemente aderiram a seus irmãos, os mais nobres de entre eles, e convieram num anátema e num juramento, de que andariam na Lei de Deus, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de Deus; e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do SENHOR, nosso Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos;

30.e que não daríamos as nossas filhas aos povos da terra, nem tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos;

Neemias 13:

23.Vi também, naqueles dias, judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas. 

24.E seus filhos falavam meio asdodita e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo.

25.E contendi com eles, e os amaldiçoei, e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos.

26.Porventura, não pecou nisso Salomão, rei de Israel, não havendo entre muitas nações rei semelhante a ele, e sendo amado de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? E, contudo, as mulheres estranhas o fizeram pecar.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos acerca do casamento misto. Veremos como o povo de Deus deve encarar o casamento, e compreender que as uniões mistas prejudicam a comunhão com Deus. Deus nunca aprovou a união dos israelitas com os outros povos. Todas as vezes que Israel desobedeceu à ordenança do Senhor sobre o casamento misto, sofreu duras consequências. Israel não poderia ser reconstruído com o perigo de cair novamente na idolatria e violar sua identidade como povo de Deus. Por isso, os líderes da reconstrução – Esdras e Neemias -  exortaram o povo a manter a pureza de seus princípios espirituais outorgados pela Lei de Deus.

Não é da vontade de Deus o casamento entre o fiel e o infiel; a Bíblia chama isso de jugo desigual. Como pode haver comunhão genuína entre o casal, que não concorda entre si sobre questões espirituais? Diz a Bíblia: “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”(Os.3:3). O apóstolo Paulo é contundente em sua exortação: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?”(2Co.6:14).

I. ESDRAS E NEEMIAS COMBATEM O PERIGO DO CASAMENTO MISTO

Deus havia proibido o casamento de um judeu com uma pagã (Dt.7:2-4; Êx.34:16; Js.23:12,13), e a desobediência à essa ordem era um ato de rebelião contra Deus. Por que Deus fez essa proibição? Porque Ele, na sua presciência, sabia e sabe que o povo se contamina facilmente com a idolatria, que é adultério espiritual, que é abominação aos Seus olhos, e Ele quer que seu povo seja santo e exclusivo para Ele. Deus agiu dessa maneira puramente por amor ao seu povo. A história de Israel registra vários exemplos das consequências nefastas do casamento misto. Cito aqui dois exemplos emblemáticos de dois grandes reis de Israel:

Ø  Salomão, filho de Davi, rei de Israel. Esse rei, que Deus apareceu a ele e o abençoou sobremaneira, e que deu a ele o privilégio de construir o grande Templo em Jerusalém, contaminou-se por causa dos casamentos com mulheres pagãs; elas perverteram seu coração, e ele passou a seguir os seus deuses estranhos (cf.1Rs.11:1-9). Como consequência do seu pecado, no reino de seu filho Roboão, as dez tribos do Norte separaram-se e constituíram-se em um reino independente sob a liderança de Jeroboão (1Rs.12:16-19), um dos piores reis idólatras da história de Israel. O futuro dessas tribos foi devastador.

Ø  Acabe, rei de Israel. Esse rei casou-se com uma princesa sidônia, por nome Jezabel (cf.1Rs.16:31). Jezabel fortaleceu o culto a Baal em Israel, e perseguiu de forma implacável os profetas de Deus (1Rs.18:4). Deus teve que esconder seus profetas da insanidade de Acabe, o qual, por causa de sua embriaguez na idolatria, tinha perdido o temor ao Senhor e queria apagar definitivamente tudo o que se relacionava com o Deus de Israel.

1. A ira e a reação de Esdras (Ed.9:2,3)

2.porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a semente santa com os povos destas terras, e até a mão dos príncipes e magistrados foi a primeira nesta transgressão.

3.E, ouvindo eu tal coisa, rasguei a minha veste e o meu manto, e arranquei os cabelos da minha cabeça e da minha barba, e me assentei atônito.

O povo de Israel recebeu advertências enérgicas de não se misturar com as nações pagãs e idólatras que habitavam em Canaã (Dt.7:1-5). Deus tinha dado a seguinte ordem: “Não faças concerto com os moradores da terra, nem tomeis das suas filhas para os teus filhos (Êx.34:11-16; Dt,7:3,4). Por este motivo, o sacerdote Esdras  ficou perplexo, quando tomou conhecimento de que o povo, depois de haver voltado do exílio, tomava mulheres dos povos gentílicos em redor, misturando a semente santa. Esdras chorou, rasgou os seus vestidos, sua capa, e arrancou os cabelos, tanto de sua barba como de sua cabeça, e assentou-se pasmado na praça. Ele buscou com profunda dor a ajuda de Deus, reconhecendo que o povo, com esta atitude, havia deixado os mandamentos, violando-os (Ed.9:1-14). Na hora do sacrifício da tarde, Esdras dobrou seus joelhos diante do povo, e orou a Deus (Ed.9:6-15). E todo povo chorou com grande choro (Ed.10:1).

Deus havia escolhido Israel para ser o Seu povo, separado para Ele (ler Dt.7:6-11); não o escolheu por ser mais numeroso (era o menor de todos os povos), escolheu-o simplesmente porque o amava e desejava que lhe obedecesse em todas as coisas, inclusive não promovendo matrimônios com pessoas fora da sua linhagem.

Neemias, também, ficou perplexo diante desta quebra de aliança. Ele usou como exemplo os erros de Salomão para advertir o povo (Ne.13:26). Se um dos maiores reis de Israel caiu por causa da influência dos incrédulos, outras pessoas também poderiam cair. Sob a influência de suas mulheres estrangeiras, Salomão construiu altares aos deuses estranhos, caindo assim no pecado da idolatria (ler 1Rs.11:6-8). Uma propensão ao pecado deve ser rapidamente reconhecida e tratada; caso contrário, ela pode nos dominar e derrubar.  Portanto, devemos ter cuidado com as uniões que vão de encontro aos princípios estabelecidos por Deus ao seu povo, exarados na Bíblia Sagrada.

2. O efeito da atitude de Esdras foi imediato

A atitude de Esdras – oração e confissão, fazendo do pecado do povo seu próprio pecado – motivou o povo a lamentar com grande choro. Falando em nome do povo, Secanias confessou o pecado de Israel e lembrou a Esdras que ainda havia esperança, caso o povo despedisse todos os cônjuges e filhos estrangeiros. Em seguida, sugeriu que Esdras propusesse uma aliança para despedirem todas as mulheres estrangeiras e seus filhos (Ed.10:1-5).

“Agora, pois, façamos concerto com o nosso Deus, de que despediremos todas as mulheres e tudo o que é nascido delas, conforme o conselho do Senhor e dos que tremem no mandado do nosso Deus; e faça-se conforme a Lei” (Ed.10:3).

Os sacerdotes, os levitas e todo o Israel concordaram com a aliança nacional de arrependimento e juraram (Ed.10:1-5).

“Levanta-te, pois, porque te pertence este negócio, e nós seremos contigo; esforça-te” (Ed.10:4).

3. O arrependimento do povo

Todo o povo foi convocado a ajuntar-se em Jerusalém para uma cerimônia pública de confissão (Ed.10:6-8). Aqueles que se recusassem a comparecer dentro de três dias e não aceitassem a determinação perderiam seus bens e seriam excomungados.

Com apenas três dias para atender ao chamado, todos os homens de Judá e Benjamim correram a Jerusalém. Nem mesmo o tempo ruim os impediu, pois a questão era gravíssimo e haveria resultados muitos piores caso não fosse atendida. Depois que todo o povo se reuniu, Esdras falou à congregação e apontou a transgressão (cf. Ed.10:9-11).

“Vós tendes transgredido e casastes com mulheres estranhas [...] fazei confissão ao SENHOR [...] apartai-vos [...] das mulheres estranhas”. “Assim seja; conforme as tuas palavras, nos convém fazer” (Ed.10:10-12).

Então, toda a congregação reconheceu prontamente que havia desobedecido à Lei de Deus. Contudo, por causas das grandes chuvas e da quantidade de pessoas envolvidas, o povo sugeriu que os casos fossem tratados individualmente, cidade por cidade. Juízes foram designados para tratarem desses problemas, e, em menos de duas semanas, teve início o inquérito. A investigação foi concluída em três meses (Ed.10:12-17).

A única maneira de restaurar a aliança quebrada é uma volta à Palavra de Deus. A restauração recomeçou quando o livro de Moisés foi aberto. Sem profecia o povo se corrompe. Sem a Palavra de Deus, o povo perde o caminho. Não há restauração sem volta às Escrituras. Hoje a maior necessidade da Igreja evangélica é uma volta profunda à Palavra. Carregamos a Bíblia, estudamo-la, mas não a colocamos em prática.

4. A visão de Esdras, era a visão de Deus - a proteção da família

Esdras visava proteger a família de Deus. Ele tinha consciência de que a mistura com os povos circunvizinhos e suas abominações era grave violação aos mandamentos do Senhor e comprometia toda a missão deixada a Israel pelo Senhor (Ed.9:11-15).

Se a família é o ambiente estabelecido por Deus para que venhamos a cumprir os propósitos divinos para a humanidade, como podemos construir uma família sem observar a vontade do Senhor? Como podemos constituir uma família fora dos parâmetros estatuídos por Deus? Como poderemos criar um ambiente propício à adoração ao Senhor, se não Lhe formos obedientes na própria constituição da família?

A lei de Moisés era claríssima quanto aos parâmetros que deveriam ser seguidos pelos judeus na constituição de famílias. Em Êx.23:32 e 34:15,16 o Senhor proibiu que os israelitas fizessem concerto com os povos das terras, e, principalmente, que houvesse casamento entre israelitas e gentios, visto que o casamento é um dos mais solenes concertos e comprometimentos que pode haver entre duas pessoas.

A razão de ser desta proibição não tinha qualquer base étnica; não se estava a defender uma “etnia pura” ou uma superioridade da parte de Israel. O objetivo dessa regra divina era estritamente espiritual:

“e tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas, prostituindo-se após os seus deuses, façam que também teus filhos se prostituam após os seus deuses” (Ex.34:16).

O Senhor mostrava a Israel que, a partir do momento que se formassem famílias entre israelitas e gentios, a mistura faria com que os israelitas deixassem de servir ao Senhor, porque, diante do compromisso estabelecido no casamento, certamente se envolveriam com os deuses dos povos das terras, deixando, pois, de servir a Deus e de ser “a nação sacerdotal e o povo santo” que os israelitas haviam se comprometido em ser na aliança do Sinai (Ex.19:5,6).

II. O CONCERTO NOVAMENTE FOI QUEBRADO

Muitas vezes, o povo de Israel fez promessas solenes e as quebrou. No capítulo 10 de Esdras, vemos um grande avivamento espiritual quando o povo fez uma aliança com Deus, extinguindo toda mistura com o mundo que poderia levar a contaminação do povo de Deus. Mas, 24 (vinte quatro) anos depois, o concerto foi quebrado. No capítulo 13 de Neemias, vemos as promessas firmadas diante de Deus sendo quebradas.

Com a ausência de Neemias, sem sua firme liderança espiritual, o sacerdócio se corrompeu e o povo quebrou a própria aliança que havia feito com Deus. Cyril Barber fez o seguinte comentário sobre essa situação:

“Neemias permanece na Babilônia por doze anos. Durante a sua ausência, o partido da oposição, composto do sumo sacerdote e sua família, mais os cidadãos influentes da cidade, desprezaram a política separatista de Neemias a favor de menos restrições, diálogo aberto com o samaritanos, e a remoção de influências inibidoras” (BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz)..

1. A deplorável situação espiritual do povo de Israel

O capítulo 13 de Neemias relata a deplorável situação que Neemias encontrou quando retornou a Jerusalém para exercer seu segundo mandato de governador. Ao chegar, Neemias havia encontrado Tobias morando numa câmara grande no Templo, como também a profanação do sábado. Além disso, ele deu conta de um outro abuso que se instalara durante a sua ausência: os casamentos mistos, que comprometiam a própria existência do povo judeu.

Vi também, naqueles dias, judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas” (Ne.13:23)

Ele viu que os judeus tinham se casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas, cujos filhos falavam meio asdodita e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo (Ne.13:23). Este problema não surgira somente agora, quando Neemias retornava para seu segundo mandato de governador. Na verdade, 24 (vinte quatro) anos antes, conforme já comentamos anteriormente, foi este um problema que havia sido detectado por Esdras quando fora mandado por Artaxerxes para ensinar a Lei do Senhor.

Com efeito, quando lemos o capítulo 9 do livro de Esdras, notamos que, assim que ele chegou a Jerusalém, doze anos antes da primeira chegada de Neemias, os príncipes disseram a Esdras que o povo de Israel, os sacerdotes e os levitas não se tinham separado dos povos daquelas terras, seguindo a sua abominação, casando com os gentios, misturando a semente santa com os povos das terras, tendo sido os príncipes e magistrados os primeiros transgressores (Ed.9:1,2). Ao saber daquela situação, como já comentamos anteriormente, Esdras desesperou-se, rasgou seus vestidos e arrancou os cabelos da sua cabeça e da sua barba, ficando atônito, levando-o à oração intercessória ao Senhor e convencendo o povo a abandonar esta prática, implicando num verdadeiro avivamento em Judá (Ed.9:3-10:44).

No entanto, pelo que se extrai do texto sagrado, alguns judeus, que moravam entre os estrangeiros, não seguiram esta orientação; esses judeus eram os mesmos que fizeram oposição à obra de Deus durante a construção dos muros e portas de Jerusalém (Ne.4:12).

O fato é que, ausentando-se Neemias de Jerusalém, esses judeus, que habitavam entre os estrangeiros, certamente estimulados pelo péssimo exemplo dado pelo sumo sacerdote Eliasibe, que se aparentou com Tobias e até lhe entregou a câmara grande do Templo, vieram também morar em Jerusalém, com suas famílias mistas, cujos filhos nem sequer falavam a língua aramaica, então utilizada pelos judeus, falando meio asdodita, meio amonita e meio moabita, sendo um verdadeiro “corpo estranho” que estava a comprometer toda a espiritualidade do povo judeu.

2. A intenção do inimigo é a destruição da família segundo o modelo estabelecido pelo Senhor

O inimigo se infiltrara de forma sutil no meio do povo judeu após a ausência de Neemias.

-Primeiro, ocorreu o casamento misto dentro da família sacerdotal (Ne.13:28). Este tipo de procedimento foi um golpe que quase atingiu fatalmente o coração da religião judia. Um dos filhos de Joiada, filho do sumo sacerdote Eliasibe, casou-se com uma filha de Sambalá, o grande inimigo dos judeus (Ne.13:28). Esse tipo de parentesco faria com que o serviço do Templo fosse prejudicado e, desta maneira, toda a adoração a Deus ficaria prejudicada, fazendo cessar o culto ao Senhor. Havia regulamentos especiais que governavam o casamento dos sacerdotes (Lv.21:6-8,13,14; Dt.23:8-11).

-Em seguida, o inimigo conseguiu que a principal marca de identificação do povo de Judá como povo de Deus, o sábado, fosse igualmente prejudicada, usando de estrangeiros que vinham enriquecer-se neste dia, arrastando após si também os judeus.

-Por fim, o inimigo fez com que os judeus que habitavam entre os estrangeiros e que haviam se casado com os povos das terras, trouxessem de novo, para o meio de Judá, essas famílias mistas, totalmente descomprometidas com Deus e com a Sua Lei, tanto que os filhos nem sequer falavam a língua utilizada pelo povo judeu.

Com todas estas artimanhas, o inimigo estava, mais uma vez, a perseguir o seu alvo, que era tão somente a destruição do povo judeu, que, caminhando como estava, em pouco tempo se misturaria com os povos das terras e perderia a sua identidade de “propriedade peculiar de Deus entre os povos”.

Notamos, assim, que uma das mais importantes armas do inimigo para a destruição do povo de Deus é a destruição da família segundo o modelo estabelecido pelo Senhor. A família é uma instituição divina, criada pelo próprio Deus, para ser o ambiente propício para que o homem tenha comunhão com o seu Senhor (Gn.1:27,28; 2:18,21-24).

A família é a “célula mater” da sociedade, ou seja, não há sociedade, não há povo que se forme sem que seja por intermédio da família, que foi especialmente criada por Deus para ser o cerne, a base da própria humanidade, o ambiente pelo qual o homem pode cumprir o propósito estabelecido pelo seu Criador.

Ora, se a família for destruída, se não for constituída segundo os parâmetros estatuídos pelo Senhor, não haverá como o homem cumprir os propósitos almejados por Deus a ele e, deste modo, toda a missão da humanidade estará comprometida e a perdição é certa. Não é por outro motivo que o inimigo do ser humano, o diabo, tem se esforçado para lançar seus dardos inflamados contra a família, pois, em um só golpe, atacará todo o projeto de Deus para o homem.

O casamento é considerado um pacto entre duas pessoas e Deus (Pv.2:17; Ez.16:8; Ml.2:14). Assim, o casamento misto corrói a própria base do casamento. O lar deve ser a base da sociedade, a estrutura sobre a qual uma nação se constrói. Paulo, em 2Coríntios 6:14-17, fala da inconveniência da aliança entre crentes e incrédulos. Antônio Neves de Mesquita acentua o fato dramático de que os casamentos mistos são a ruína de muitos jovens em nossas igrejas.

III. NEEMIAS REMOVE O ABUSO DOS CASAMENTOS MISTOS

Vinte e quatro anos haviam se passado desde que Esdras levara o povo a abandonar a prática dos casamentos mistos. Mas, o fato é que, com a ausência de Neemias e o fato de Eliasibe se aparentar com Tobias (Ne.13:4), muitas famílias foram constituídas fora dos parâmetros previstos na Lei do Senhor, mediante casamentos mistos com asdoditas, amonitas e moabitas (Ne.13:23).

“Vi também, naqueles dias, que judeus haviam casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas (Ne.13:23).

1. A mistura entre um santo e um ímpio jamais resulta em santidade, mas, sim, em impiedade

O quadro visto por Neemias era trágico. Os filhos desses casamentos mistos não eram judeus, pois nem sequer falavam “judaico”, que era a língua aramaica, mas, sim, falavam meio asdodita ou, ainda, a língua de cada povo com que os judeus haviam se misturado. Isto nos mostra claramente que, na constituição de uma família com uma pessoa que não serve a Deus, o salvo nunca imprimirá no “modus vivendi” da família aquilo que é desejável pelo Senhor. Não nos iludamos: quando um salvo se casa com alguém perdido, a sua família será perdida. A mistura entre um santo e um ímpio jamais resulta em santidade, mas, sim, em impiedade. Alguém poderá dizer que tal assertiva não teria amparo bíblico, visto que o apóstolo Paulo afirma que, num casal misto, teríamos que “os filhos seriam santos, e não imundos” (1Co.7:14). Como explicar isto?

-Em primeiro lugar, temos que o caso tratado pelo apóstolo Paulo não se refere a casamentos mistos como os tratados na época de Neemias e Esdras. Aqui, estamos a tratar de casamentos em que pessoas salvas, desobedecendo ao Senhor, casam-se com ímpios. Paulo está a tratar de pessoas que, sendo ímpias, casaram-se com ímpios, mas que, posteriormente, se converteram ao Senhor (1Co.7:12,13). Era a situação vivida em Corinto. Paulo está a explicar que o fato da conversão não significa, em absoluto, permissão para abandonar o cônjuge.

-Em segundo lugar, o apóstolo Paulo está a ensinar que, diante da conversão de um dos cônjuges, passa a ser ele elemento de santificação do lar, inclusive dos filhos; ou seja, como “sal da terra” e “luz do mundo”, o cônjuge que se converteu passa a ser um instrumento de Deus na família que já constituíra antes, no tempo de sua incredulidade, motivo pelo qual não poderá ele querer se ausentar da família só porque alcançou a salvação, mas deve agir de forma a levar os demais integrantes da família para Deus.

A situação da época de Neemias, porém, era totalmente diferente; era uma situação em que a pessoa pertencia ao povo de Deus e que, deliberadamente, resolveu contrair união com um ímpio, com um incrédulo. Esse casamento era um verdadeiro “jugo desigual”, pois, alguém que está na luz vai formar o mais solene e sério compromisso de vida sobre a face da Terra com alguém que vive nas trevas, o que, certamente, além de não ser agradável a Deus, constituirá num comprometimento que trará seríssimos prejuízos espirituais.

2. Os casamentos mistos são um instrumento poderosíssimo na mão do inimigo para retirar a identidade do povo de Deus, e assim impedir a sua continuidade

Uma das funções primordiais do casamento é o de propiciar a perpetuação da espécie humana, e a mistura entre salvos e ímpios no casamento é a garantia que tem o adversário de nossas almas de que a próxima geração seja completamente ignorante das coisas de Deus, esteja inevitavelmente comprometida e envolvida com o pecado. Foi o que viu Neemias ao contemplar aquelas famílias. Os filhos nem sequer sabiam falar judaico; eram verdadeiros gentios, não conhecendo a Deus e não tendo nada que ver com os judeus.

Se após a morte da geração da conquista da Terra Prometida, a simples negligência no ensino da Lei do Senhor fez que com surgisse uma geração que desconhecia ao Senhor, com graves consequências para o povo de Israel (Jz.2:10-13), que dirá de famílias que já foram constituídas com pessoas estranhas ao concerto de Israel e que nem sequer a língua do povo judeu ensinaram aos seus descendentes?

3. O casamento deveria ser realizado segundo os parâmetros estabelecidos por Deus, o que envolveria a existência de comunhão entre os cônjuges e Deus

O apóstolo Paulo, neste mesmo ensino aos coríntios a respeito do casamento, reafirmou o que já fora determinado na lei de Moisés, ao mandar que os salvos se casassem “no Senhor”  (1Co.7:39).

Assim, ao contrário do caso tratado pelo apóstolo Paulo, que diz que a pessoa salva se torna instrumento de santificação de seus filhos num lar que, outrora, era composto apenas por ímpios, o salvo que se casa com um ímpio se torna um potencial instrumento de geração de filhos perdidos. Podemos, como filhos de Deus, ser geradores de filhos ímpios, instrumentos de satanás? Evidentemente que não!

Além dos filhos nascidos destes casamentos mistos não serem salvos, mas perdidos, também os próprios salvos que se uniram a pessoas ímpias acabaram sendo igualmente levados à perdição, caso não tenham se convertido dos seus maus caminhos.

Nos exemplos trazidos da história sagrada, bem percebemos que os santos, entrando em comunhão com os ímpios, tornam-se ímpios, como nos ensina Ag.2:13. Afinal de contas, quando alguém se aproxima de uma pessoa doente, torna o doente são ou poderá ficar doente como ele? Logicamente que poderá ficar doente. Ninguém transmite saúde para outrem, apenas transmite doença.

Moisés, para realizar a obra que Deus lhe dera, teve de ser apartado de sua mulher, sem o que sucumbiria espiritualmente. Os israelitas que se envolveram com as moabitas foram mortos. Malom e Quiliom morreram em Moabe. Salomão, como afirmou o próprio Neemias (Ne.13:26), foi levado ao pecado por causa de suas mulheres e, embora tenha alcançado a misericórdia do Senhor (2Sm.7:14,15), não impediu a destruição do reino (1Rs.11:11) e a perdição de seu filho Roboão (1Rs.14:21-24).

4. Houve forte resistência em cumprir a ordem de Neemias

Neemias contendeu com os judeus, a fim de que eles cessassem esses casamentos mistos, voltando a servir ao Senhor.

“Contendi com eles, e os amaldiçoei, e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os conjurei por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos” (Ne.13:25).

Quando Neemias diz que contendeu com os judeus, isto nos mostra que houve grande resistência para a mudança deste “modus vivendi”. Não é fácil lidar com assuntos familiares no meio do povo de Deus, pois, sendo a “célula mater” da sociedade e, por conseguinte, da própria Igreja Local, o enfrentamento de problemas na família leva a uma remoção de malfeitos nas próprias raízes do relacionamento. É por isso que o inimigo quer se infiltrar nas famílias, pois, assim, torna-se muito mais difícil a obra de restauração.

A resistência não foi pequena. Neemias teve até de amaldiçoá-los, de espancar alguns deles, arrancar-lhes os cabelos e os fazer jurar por Deus de que não mais dariam seus filhos a gentios, nem tomariam gentios para seus filhos (Ne.13:25). Quem olha para tais atitudes de Neemias chega a surpreender-se e até a recriminar o gesto do líder do povo de Deus, que parece ter sido cruel e desumano. No entanto, esta aparência é enganosa. Senão vejamos:

-Em primeiro lugar, vemos que Neemias podia simplesmente expulsar os judeus recalcitrantes, mandá-los para as terras estrangeiras. Se o fizesse, Neemias não seria um verdadeiro “pastor”, mas um “mercenário”, e, certamente, estaria sob a reprovação divina.

-Em segundo lugar, vemos que Neemias podia simplesmente mandar matar os judeus, tomando, inclusive, o exemplo do caso de Baal-Peor (Nm.25:1-5); mas, assim agindo, também não estaria a cumprir a vontade de Deus, pois, embora tivesse “jurisprudência” a seu favor, seu ministério não era o de destruir o povo de Judá, mas, precisamente o contrário, era o de restaurá-lo para que ele pudesse tornar a servir a Deus e aguardar a vinda do Messias.

-Em terceiro lugar, temos de entender que se estava no tempo da Lei e de uma cultura totalmente diversa da nossa. O que para nós hoje significa uma “violação dos direitos humanos”, uma “demonstração de crueldade”, nos dias de Neemias era o estrito cumprimento da Lei então vigente, o regular exercício da autoridade de que Neemias fora legitimamente investido não só pelo rei Artaxerxes, mas pelo próprio Deus. Desta feita, o fato de Neemias ter espancado alguns judeus recalcitrantes ou lhes ter arrancado os cabelos não era, à época, exercício de uma violência injusta, mas a aplicação de castigos devidamente previstos na Lei, tanto a lei persa quanto a Lei de Moisés, o devido castigo que as autoridades não só podem, mas devem aplicar aos desobedientes e perturbadores da ordem pública (Rm.13:1-4).

Observemos, a propósito, que Neemias, como um verdadeiro e autêntico homem de Deus, aplicou castigos corporais, mas não levou ninguém à morte, prova de que este tipo de pena não é da vontade do Senhor, pois só Deus é o dono da vida e só Ele pode aplicar tal pena, como, aliás, foi estabelecido pelo Senhor quando da aliança firmada com Noé após o dilúvio (Gn.9:5).

-Em quarto lugar, a aplicação de castigo aos judeus recalcitrantes não tinha outro objetivo senão a correção, era uma demonstração de amor de Neemias aos desobedientes, uma forma de repreensão e de pressão para que houvesse a retomada da vida correta e de acordo com a vontade do Senhor, o que também Deus faz em relação a nós (Hb.12:5-11), tanto que, após serem espancados ou terem seus cabelos arrancados, acabaram por jurar ao Senhor que não mais permitiriam a realização de casamentos mistos, ou seja, arrependeram-se e assumiram compromisso solene de servir a Deus (cf. Ne.10:29,30).

“firmemente aderiram a seus irmãos; seus nobres convieram, numa imprecação e num juramento, de que andariam na Lei de Deus, que foi dada por intermédio de Moisés, servo de Deus, de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do Senhor, nosso Deus, e os seus juízos e os seus estatutos; de que não dariam as suas filhas aos povos da terra, nem tomariam as filhas deles para os seus filhos”.

IV. UMA PALAVRA FINAL SOBRE O CASAMENTO DOS CRENTES

No entendimento do Pr. Caramuru Afonso Francisco(em seu comentário sobre “as consequências do jugo desigual, no portal EBD de 2011), o casamento é uma ‘comunhão divina e humana entre um homem e uma mulher’; trata-se, pois, de um compromisso assumido entre um homem e uma mulher que ultrapassa o mero aspecto biológico ou social, mas que atinge, também, o nível espiritual. É a forma que Deus estabeleceu para a formação da família (Gn.2:24) e, por isso, exige que ambos os cônjuges sejam comprometidos com o Senhor, para que se tenha o ambiente propício para a adoração ao Senhor.

Os israelitas jamais poderiam ser “nação sacerdotal e povo santo” se eles se estruturassem em casamentos mistos, em casamentos com pessoas gentias, visto que os gentios não serviam a Deus e, portanto, não podiam, de forma alguma, criar um ambiente para que o povo de Israel servisse ao Senhor e se constituísse em intermediários entre Deus e o restante da humanidade, e fosse um povo separado para cultuar ao Senhor dentre as nações.

Caso houvesse essa mistura, o próprio Deus denunciaria que o resultado, a consequência seria que os filhos decorrentes destas uniões não serviriam a Deus, mas, sim, seriam levados à infidelidade e à idolatria, porquanto a mistura entre o santo e o imundo resulta em imundícia, jamais em santidade.

-Em nossos dias, não é diferente. A Igreja, que é o povo de Deus nesta dispensação, não pode formar famílias com “os povos das terras”, pois, se o fizer, estará também abrindo uma importante brecha para que o inimigo de nossas almas se infiltre e prejudique grandemente a obra de Deus. O fato de a Igreja ser um povo espiritual em nada altera este parâmetro divino estatuído para as famílias, até porque as razões pelas quais se proíbem os casamentos mistos são razões de ordem espiritual e não étnica.

A exemplo de Israel, portanto, a Igreja também deve ser um povo santo e sacerdotal (1Pd.2:9) e, portanto, não pode, também, permitir que suas famílias sejam constituídas por pessoas que não estão comprometidas com o Senhor. Os salvos devem casar-se apenas com outros salvos, criando, assim, o ambiente propício para que o nome do Senhor venha a ser glorificado em suas vidas. Afinal de contas, a Igreja, assim como em Israel, é formada por famílias (Rm.16:5; 1Co.16:19; Cl.4:15).

A história sagrada mostra claramente como os casamentos mistos foram extremamente danosos para Israel. O próprio Moisés, que se casara com Zípora, que era midianita, sofreu muitíssimo por causa deste casamento, a ponto de ter tido uma temporária separação de sua mulher, sem o que não conseguiria realizar a obra de libertação de Israel no Egito (Ex.4:20-26). Posteriormente, este casamento foi a raiz da sedição de Arão e Miriã contra o próprio Moisés, uma das mais graves crises enfrentadas por Moisés durante a sua liderança (Nm.12).

Muitos, em nossos dias, têm comprometido seus ministérios por causa dos casamentos feitos fora da direção e orientação do Senhor, casamentos feitos com pessoas que, embora até pertencentes à comunidade social da Igreja Local, não são verdadeiros salvos, não pertencem à Igreja, já que não se converteram ao Senhor verdadeiramente. Tomemos, pois, cuidado com a formação de nossas famílias!

CONCLUSÃO

Os casamentos mistos continuam a ser um “grande mal” e uma “prevaricação contra o Senhor”. Deus não mudou, amados irmãos! Conscientizemo-nos disto e ensinemos as pessoas solteiras da Igreja Local a respeito desta verdade bíblica, para que não haja a formação de famílias que gerem pessoas totalmente descomprometidas com Deus. Àqueles que querem formar uma família, conscientizem-se de que uma escolha precipitada, olhando somente para o que está diante de seus olhos, pode impedir que recebas aquele ou aquela que Deus tem preparado para ti. Entregue, pois, a tua vida e o teu futuro a Deus, pois somente Ele conhece a pessoa certa para você. Deus, que trouxe a companheira para Adão (Gn.2:22), poderá fazer isto por ti. Espera pois no Senhor!