Texto Base: Neemias 6:10-14; 1Tessalonicenses 5:20,21; 1Coríntios 14:29
“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1João 4:1).
10.E, entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaías, o filho de Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te; sim, de noite virão matar-te.
11.Porém eu disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei.
12.E conheci que eis que não era Deus quem o enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram.
13.Para isso o subornaram, para me atemorizar, e para que eu assim fizesse e pecasse, para que tivessem alguma causa a fim de me infamarem e assim me vituperarem.
14.Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, conforme estas suas obras, e também da profetisa Noadias e dos mais profetas que procuraram atemorizar-me.
1Tessalonicenses 5:
20.Não desprezeis as profecias.
21.Examinai tudo. Retende o bem.
1 Coríntios 14:
29.E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
INTRODUÇÃO
Nas Aulas anteriores tratamos dos diversos ataques, dos de dentro e dos de fora, para paralisar ou arrefecer a obra de Deus, desde quando o povo voltou do exílio. Mas, a pior perseguição é a camuflada, quando o inimigo se veste de uma capa de piedade, quando ele se parece com um santo. O inimigo nunca é tão perigoso como quando vem disfarçado, com palavras lisonjeiras e com propostas sedutoras. Alguém disse “que quando o diabo parece piedoso é melhor você se acautelar”.
Precisamos muito do auxílio do Espírito Santo para reconhecer a verdadeira voz de Deus em todas as esferas de nossa vida, seja no mundo material ou espiritual. Não podemos ser levados pelas operações de erros, pois no mundo espiritual, isso pode ser um prejuízo fatal com implicações graves na vida material. A exortação do apóstolo João ainda ecoa em nossos dias: “provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1João 4:1). Que o Senhor Jesus, com o auxílio do Espírito Santo, nos ajude a estar atentos e despertados.
I. CUIDADO COM OS FALSOS PROFETAS!
“E, entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaías, o filho de Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te; sim, de noite virão matar-te. Porém eu disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei. E conheci que eis que não era Deus quem o enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram(Ne.6:10-12).
1. Profeta a serviço do inimigo
O pior inimigo é aquele que se esconde atrás da religião, é aquele que se diz nosso irmão, que é profeta (falso profeta, claro), e vem disfarçado com palavras lisonjeiras e com propostas sedutoras, como as do falso profeta Semaias, o qual trabalhava em conjunto com a profetiza Noadias (Ne.6:14). O inimigo de Neemias, agora, está trajado com vestes sacerdotais; ele não está mais do lado de fora, mas dentro dos muros da Cidade de Jerusalém. Os muros foram levantados, mas o inimigo ficou do lado de dentro dos muros; ele não tem mais a cara de um demônio, mas de um santo; ele não parece mais um ímpio blasfemo, mas um sacerdote piedoso. Quando o diabo fica piedoso e esconde seus dentes de leão, é melhor você se precaver. Cuidado com os lobos vestidos com pele de ovelha.
Satanás usou Semaias para:
a) A sedução teológica. O inimigo não desiste, sua arma agora é a sedução teológica, a mais perigosa e sutil das tentações; porque advém de pessoas que estão infiltradas em nosso meio, que se dizem “profetas”, que demonstram conhecer a Bíblia. O diabo conhece a Bíblia, mas ele a torce e a usa para seduzir, para tentar; foi assim com Eva no Éden; foi assim que ele conseguiu interromper a jornada espiritual de muitas pessoas. Ele queria interromper a Obra de Jesus, só que se deu mal, muito mal.
O primeiro livro dos Reis de Israel registra um episódio em que um profeta foi capaz de rejeitar riquezas e glórias por fidelidade a Deus, mas não conseguiu escapar da sedução teológica. Ele morreu porque acreditou na teologia do profeta velho, que lhe falava em nome de Deus, que parecia que era verdadeiramente um enviado de Deus (1Rs.13:1-32).
Já que o inimigo não conseguiu levar Neemias à mesa do diálogo, quer agora trancá-lo dentro do Templo. Só que o conhecimento bíblico de Neemias o salva. Ele percebeu que Semaías era um falso profeta, porque a sua mensagem não era coerente com as Escrituras Sagradas (Dt.13:1-5). Na verdade, Semaías queria que Neemias cometesse o pecado da profanação. Ele queria corromper Neemias, sugerindo a ele um pecado espiritual: esconder-se no Templo, mesmo não sendo um sacerdote (cf.Nm.18:7). O rei Uzias ficou leproso por desrespeitar o recinto sagrado (2Cr.26:16). Se Neemias tivesse se trancado no Templo, possivelmente teria perdido sua vida, sua honra e sua causa. Se Neemias tivesse atendido a esse falso conselho, teria incorrido no desagrado de Deus e caído na desaprovação do povo; sua liderança estaria arruinada, e estariam todos vendidos ao inimigo.
Esse tipo de traição a Deus e ao seu reino, por falsos teólogos, que se dizem profetas, é uma das piores aflições que os fiéis servos de Deus, às vezes, tem que suportar (ver At.20:28-31; 2Co.11:26). Atualmente, muitos obreiros têm se desviado da sua fidelidade a Deus porque dão ouvidos àqueles que falam em nome de Deus, mas torcem as Escrituras; falam em nome de Deus, mas estão a serviço do inimigo usando a Bíblia para tentar e não para edificar. [1]
b) A falsa profecia para impressionar – “...virão matar-te” (Ne.6:10). O falso profeta faz ameaças assustadoras, e ainda coloca um tom de urgência, de gravidade, de pressa - “sim, de noite virão matar-te”. A principal arma do diabo é a mentira; ele amedronta as pessoas; ele intimida os fracos; ele faz ameaças assustadoras. Muitos, por não conhecerem a Deus, vivem amedrontados pelo diabo. Quem teme a Deus não tem medo do inimigo. Neemias temia a Deus, por isso nunca se acovardou diante das bravatas do inimigo (Ne.5:15).
c) A falsa profecia para obter lucro – “mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram”(Ne.6:12). Muitos profetas de Jerusalém falavam mentiras para se locupletarem; Semaias era um deles. Ele deixou de ser boca de Deus para ser arauto de Satanás. Em vez de pregar a Palavra, ele usa a Palavra para ganhar dinheiro e enganar. Ele prostituiu o seu ministério e vendeu sua consciência.
Há muitas pessoas, hoje, profetizando em nome de Deus, guiando os indoutos com sonhos, visões e revelações em desacordo com as Escrituras. São falsos profetas que nunca foram enviados por Deus, que torcem a Palavra de Deus e fazem errar os imprudentes. Não são poucos os ministros que têm mercadejado a Palavra de Deus numa volta vergonhosa às indulgências da Idade Média. Há pastores que, inescrupulosamente, têm feito da Igreja uma empresa familiar, do púlpito um balcão de comércio, do templo uma praça de barganha, do evangelho um produto e dos crentes consumidores. [1]
Aqueles que torcem a Palavra de Deus, negando sua inerrância e suficiência, e usando-a para fins lucrativos, são falsos profetas. Precisamos nos acautelar, pois Deus está contra eles(cf. Ez.13:17-23).
2. Os falsos profetas de hoje
Nestes tempos pós-modernos, muitas Igrejas Locais estão proliferadas de obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os falsos profetas e profetizas da época de Neemias(Ne.6:14); e o crente precisa estar informado sobre este fato. Jesus adverte que nem toda pessoa que professa a Cristo é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros obreiros são aquilo que dizem ser. Muitos desses obreiros “exteriormente pareceis justos aos homens”(Mt.23:28); aparecem “vestidos como ovelhas”(Mt.7:15); podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de Deus e expor altos padrões de retidão; poderão realizar milagres, ter grande sucesso e multidões de seguidores(ver Mt.7:21-23); 24;11,24; 2Co.11:13-15). Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (ver Dt.13:3; 1Rs.18:40; Ne.6:12; Jr.14:14; Os.4:15), e aos fariseus do Novo Testamento, cujas vidas eram “cheias de iniquidade e de hipocrisia”(Mt.23:28). Que o Senhor, por sua misericórdia, levante homens e mulheres aptos a defender a Igreja contra os falsos profetas desses últimos dias (Mt.24:11,24; 2Pd.2:1).
II. A BÍBLIA REVELA A EXISTÊNCIA DOS FALSOS PROFETAS
“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis”(Mt 7:15,16).
1. No Antigo Testamento
Assim como Deus utilizou os seus servos, os profetas, para transmitir sua verdade e seus desígnios, e também cobrar do povo que andasse de forma correta e justa com seus irmãos, Satanás, também, utilizou-se, no Antigo Testamento, de falsos profetas que traziam mensagens contrárias às que Deus tinha enviado, como foi o caso de Zedequias, filho de Quenaana, e seu grupo de profetas, que conseguiram impressionar o rei Acabe (cf. 1Rs.22:5-28; 2Cr.18:4-27). Esses falsos profetas fizeram, em nome de Jeová, promessas incoerentes e ludibriadores, que não podiam ser cumpridas, sem levar em consideração a má condição moral e espiritual do povo. As consequências foram cruentas e devastadoras, refletidas até hoje sobre o povo judeu. Poderíamos mencionar vários outros exemplos de falsos profetas no Antigo Testamento, mas vou citar apenas três:
a) O falso profeta Hananias (Jr.28:1). Ele representa todo o grupo de profetas profissionais. Na época de Jeremias, a maioria dos profetas era irrealista e falso, que desencaminhavam o povo com profecias enganosas. Suas declarações eram muito positivas e soavam edificantes, até mesmo encorajadoras aos ouvidos das pessoas. Eles prometiam muito, inclusive a vitória. É o caso de Hananias, falso profeta, que apresentava uma “mensagem maravilhosa” e tinha a ousadia, e até mesmo a insolência, de proclamá-la abertamente, como se vê no capítulo 28:2-4 de Jeremias. Ele era do tipo que impressionava com suas mensagens - falava como profeta, tinha discurso de profeta e vestia-se como profeta. Aliás, era mais dramático que os profetas de Deus. Além disso, só falava o que o povo queria ouvir. Pregava a paz e determinava a prosperidade. Com um coração despreocupado fez, em nome de Jeová, promessas inconsistentes que não podiam ser cumpridas. Ele esperava resultados sem colocar os devidos alicerces para alcançá-los.
Com grande arrogância, Hananias desafiou Jeremias no Templo de Jerusalém diante do povo e dos sacerdotes; ele estabeleceu um limite de dois anos na sua profecia (cf. Jr.28:3), enquanto Jeremias falava que eram setenta anos de cativeiro, pois era a vontade de Deus. Hananias era um fanático, e fanáticos sempre estão com pressa.
b) Os falsos profetas de Acabe (1Rs.22:1-6). Depois de três anos de paz entre a Síria e Israel, Acabe teve a ideia de reaver dos sírios a cidade de Ramote-Gileade, que localizava-se no lado oriental do rio Jordão. Na ocasião, Josafá, rei de Judá, estava visitando Acabe e se mostrou disposto a cooperar na campanha militar. Primeiro, porém, sugeriu que consultasse o Senhor por meio de profetas. Quatrocentos profetas da corte de Acabe se pronunciaram a favor do plano e garantiram vitória. É bem possível que fossem os mesmos quatrocentos profetas que não compareceram ao confronto com Elias no Monte Carmelo (1Rs.18:19,22).
Josafá provavelmente ficou apreensivo, pois perguntou se não havia algum profeta do Senhor que pudesse consultar. Entra em cena o profeta do Senhor, chamado Micaías, o profeta destemido e odiado por Acabe em razão de suas mensagens contundentes. Os que foram buscá-lo disseram-lhe: “Vês aqui que as palavras dos profetas, a uma voz, predizem coisas boas para o rei; seja, pois, a tua palavra como a palavra de um deles, e fala bem”. Então disse Micaías: “O que o Senhor me disser isto falarei”. Como Micaías profetizou, assim aconteceu: Acabe morreu na batalha (1Rs.22:5-28,35-37).
“Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o Senhor, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o Senhor, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma (Dt.13:1-3).
c) O profeta velho e sua falsa mensagem (1Reis cap.13). Uma das características do profeta é a obediência a Deus. O porta-voz deve não somente falar a mensagem de Deus, mas cumprir integralmente as ordens que receber da parte do Senhor. Foi este o grande problema do homem de Deus que levou aquela vigorosa mensagem ao rei Jeroboão. Embora tenha transmitido integralmente a mensagem divina, acabou por desobedecer a Deus, iludido por um profeta velho, o que causou a sua própria morte (1Rs.13:11-32).
O homem de Deus profetizou com muita coragem advertindo o ímpio rei de Israel, que estava junto do altar queimando incenso. Ele disse: “Altar, altar! Assim diz o SENHOR: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que queimam sobre ti incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti” (1Rs.13:2). E deu um sinal de que aquela palavra era do Senhor: “Eis que o altar se fenderá, e a cinza [...] se derramará” (1Rs.13:3).
Ouvindo o rei aquela palavra, estendeu a sua mão sobre o altar ordenando que prendessem o homem de Deus. Todavia, a mão que ele estendeu contra o profeta secou-se, e não a podia tornar a trazer a si. O altar se fendeu, e a cinza se derramou, como o profeta havia dito. A pedido do rei, o profeta orou a Deus e a mão lhe foi restituída sā.
Todavia, havia naquele lugar um velho profeta, cujo filho lhe contou o que fizera o profeta vindo de Judá. O velho profeta foi ao encontro do homem de Deus, e convidou-o para comer pão. Mas, havia uma ordem de Deus para que o profeta não comesse pão e nem bebesse água naquele lugar, e que voltasse pelo mesmo caminho (1Rs.13:9). Ante a recusa do homem de Deus, o velho profeta argumentou que um anjo lhe havia falado, ordenando que convidasse o profeta de Judá a voltar, para comer pão em sua casa (1Rs.13:11-15). O homem de Deus não discerniu a mentira e aceitou o convite do velho profeta. E sucedeu que quando ele estava comendo pão, Deus tomou o velho profeta em profecia e disse: “Visto que foste rebelde à boca do SENHOR, [...] antes, voltaste, e comeste pão, [...] o teu cadáver não entrará no sepulcro de teus pais” (1Rs.13:21,22). Caso a sentença pareça severa demais, devemos lembrar que Deus trata com mais rigor aqueles a quem Ele ama e aos seus porta-vozes.
Depois de ter comido pão, voltou, e no caminho um leão o matou, deixando-o prostrado na estrada (1Rs.13:23,24). Contrariando todas as leis da natureza, o jumento pertencente ao profeta e o leão vigiaram juntos seu cadáver na estrada. Quando o profeta velho soube da notícia, percebeu de imediato que se tratava do juízo do Senhor por causa da desobediência. Dirigiu-se à cena da tragédia, levou o corpo do homem de Deus de volta a Betel e o sepultou no seu próprio sepulcro. Em seguida, instruiu seus filhos sobre o que fazer quando ele morresse: deveriam sepultá-lo no sepulcro junto com o homem de Deus. Ele percebeu que o sistema idólatra do qual fazia parte estava condenado a ser destruído pelo Senhor (1Rs.13:26-32).
2. Como era possível distinguir o verdadeiro do falso profeta no Antigo Testamento?
O capítulo 8 de Deuteronômio foi um recurso revelado por Deus ao povo, por intermédio de Moisés, a fim de se estabelecer algumas diretrizes para identificar o falso profeta. Podemos aprender também com essas diretrizes que (adaptado da revista Lições Bíblicas: Maturidade Cristã - Jovem e Adultos. Rio de Janeiro, CPAD. 1993):
a) O verdadeiro profeta falava em nome do Senhor dos Exércitos. Aliás, era costume dos profetas em Israel iniciar suas mensagens desta forma: “Assim diz o Senhor dos Exércitos”. Embora nem sempre os verdadeiros profetas usassem esta fórmula, ela caracterizava o verdadeiro profeta. Daniel, por exemplo, não a usou; isto, porém, não lhe descaracteriza a profecia.
b) As palavras enunciadas pelos profetas deveriam estar em conformidade com a Palavra de Deus. Caso contrário, o mensageiro seria execrado da comunidade de Israel. Em Isaías 8:20, lemos que todos deveriam se ater à Lei e ao testemunho. E, se não falassem de acordo com estas palavras jamais veriam a alva.
c) As profecias teriam que ter, necessariamente, um cabal cumprimento. Caso contrário, seriam descaracterizadas como palavras de Deus. Note bem: o cumprimento profético não poderia ter um cumprimento casuístico nem circunstancial, como acontece hoje em muitas Igrejas Locais. O cumprimento deveria ser atestado por todo o povo de Deus.
d) Se o profeta tentasse levar os israelitas ao erro, seria considerado imediatamente um impostor. Jamais esse profeta haveria de achar lugar entre os eleitos. Alguns, de fato, mostravam-se seguidores de Jeová; no entanto, não passavam de filhos de Belial; não somente induziram os israelitas ao erro, como também os levavam à derrocada nacional.
Embora vivamos noutro Testamento, as mesmas regras continuam válidas para aferirmos a autenticidade dos mensageiros do Senhor. Afinal, como afirma o apóstolo Paulo, tudo quanto foi escrito, para nossa instrução foi escrito. Se nos dedicarmos mais ao estudo das Sagradas Escrituras, não seremos tão facilmente enganados. Infelizmente, muitas igrejas, hoje, são ludibriadas porque não têm mais as Sagradas Escrituras como a sua única regra de fé e conduta.
3. No Novo Testamento
No Novo Testamento não há profeta do estilo veterotestamentário. Diz o texto sagrado: “Porque todos os profetas profetizaram até João”(Mt.11:13). Lucas 16:16: “A Lei e os Profetas duraram até João”. Com estas palavras, o Senhor descreveu a dispensação da Lei, que começou com Moisés e terminou com João Batista. Mas agora uma nova dispensação estava sendo inaugurada, a dispensação da Graça.
Em Efésios 4:11, o apóstolo Paulo faz menção a “profetas”, mas estes “profetas” referem-se a mensageiros usados pelo Espírito Santo que cooperavam na edificação da Igreja (At.13:1), dedicando-se ao ensino e à interpretação da Palavra de Deus. Os missionários, os que plantam igrejas e os que ministram a palavra para edificação dos santos são profetas, porém, não são “profetas” no sentido primário.
Assim como no Antigo Testamento, a função instintiva do profeta do Novo Testamento é transmitir e interpretar a Palavra de Deus através do Espírito Santo, para admoestar, exortar, animar, consolar e edificar o povo de Deus (At.2:14-36; 3:12-26; 1Co.12:10; 14:3). É dever do “profeta” do Novo Testamento, assim como fora do Antigo Testamento, desmascarar o pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo e mornidão espiritual entre o povo de Deus. Por causa da sua mensagem de justiça, o “profeta” pode esperar ser rejeitado por muitos nas igrejas, em tempos de mornidão e apostasia.
A obrigação profética da Igreja não é, em absoluto, a autorização para que, mediante uma “tradição”, acrescente o que estar revelado nas Escrituras a respeito de Cristo (João 5:39), mas tão somente a divulgação, o anúncio, a explicação daquilo que está contido na Bíblia Sagrada, que é a Verdade (João17:17), e que se encontra em posição superior à própria Igreja, seja porque é fonte de sua santificação, seja porque a Palavra se encontra engrandecida acima do próprio nome do Senhor (Sl.138:2), nome que está acima de todo o nome (Fp.2:9), precisamente por ser Jesus o Verbo (João 1:1), aquele que é a própria Palavra de Deus (Ap.19:13). Por isso, quando não se conhecem as Escrituras, cometem-se erros (Mt.22:29).
É bom deixar claro que assim como existiam falsos profetas no meio do povo de Israel, como fizera questão de deixar advertido Moisés (Dt.13:1-5; 18:20-22), há inúmeros falsos mestres, pregadores se dizendo profetas, no meio do povo de Deus da Nova Aliança; há inúmeros falsos profetas com o mesmo estilo daqueles profetas de Acabe: dotados de espírito mentiroso, pregando mentiras (1Rs.22:22). A Bíblia adverte que nos últimos tempos aparecerão falsos profetas (Mt.24:11,24).
-Tenhamos cuidado, pois, os falsos “profetas” da atualidade têm amor ao dinheiro e trocam a glória celeste e a vida eterna pelas riquezas desta vida, pelo vil metal. A Igreja passa a ser meio de lucro e de enriquecimento, as almas passam a ser mercadorias; eles são os legítimos sucessores de Balaão, o "profeta mercenário" (1Tm.6:5,10; Jd.11; At.8:18-24; 20:33,34; João 10:12,13; Ap.2:14). Lamentavelmente, já chegamos a observar certos "obreiros" que se gabam de serem "bons obreiros" pelo fato de estar havendo maior contribuição financeira nas Igrejas que dirigem e de haver medição de "competência" exclusivamente sob este prisma. Estamos, realmente, vivendo os últimos dias da Igreja. Pense nisso!
-Tenhamos cuidado, pois, os falsos “profetas” abandonam o juízo correto e o senso espiritual, em troca da obtenção do erro de Balaão, tornando-se lisonjeadores, a fim de obterem vantagens financeiras. Os falsos mestres se utilizam da “religião” para obterem vantagens pecuniárias; aproveitam-se dos sentimentos religiosos de outros a fim de promoverem seu próprio enriquecimento. É triste a situação quando homens supostamente espirituais se tornam 'comerciantes', e não profetas...". Estejamos, pois, alertas para que não sejamos enganados por eles.
III. COMO DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS?
Obviamente, nem toda profecia vem de Deus, ou o apóstolo João não teria escrito: “Amados, não deis créditos a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1João 4:1).
Somos alertados para “provar os espíritos”, porque todas as profecias vêm de Deus, da carne ou do Diabo através de espírito malignos. Quando a verdade é negada, o engano é liberado. Falsos profetas e falsas profecias estão no mundo atualmente.
Em nossos dias, temos visto que os termos ”profecia“ e ”profetizar“ têm sido mal utilizados. Muitas pessoas falam de si mesmas palavras boas como se estas fossem verdadeiras profecias, e ainda motivam outras pessoas a fazerem o mesmo. Paulo perguntou: “... Porventura são todos profetas? “ (1Co.12:29). Esta pergunta foi feita para mostrar que nem todas as pessoas são profetas, ou seja, nem toda pessoa possui o dom de profecia dado pelo Espírito Santo. A profecia deve ser julgada e que o profeta deve obedecer aos ditames das Escrituras Sagradas (1Co.14:29-33).
Desejar uma bênção para o próximo ou ter palavras de vitória tem sido encarado como uma profecia, o que é um erro terrível, pois os verdadeiros profetas falavam o que recebiam do Senhor - “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2Pd.1:21). Portanto, à luz da Bíblia, nem todas as pessoas são profetas, e a vontade do homem, por mais bondosa que seja, não pode originar uma profecia verdadeira.
Como devemos julgar as profecias?
1. Examinando as Escrituras Sagradas
As Escrituras falam de profetas verdadeiros e de profetas falsos. Os primeiros constituem enorme bênção para o povo de Deus; os últimos representam ameaça permanente. O povo de Deus não pode renunciar a responsabilidade de prová-los, com os melhores elementos extraídos das Escrituras Sagradas. A Palavra de Deus é o Prumo (Am.7:7,8). Uma mensagem que estiver em desacordo com a Palavra de Deus, seja ela transmitida por quem for, até por um anjo do céu, está reprovada e deve ser rejeitada, pois é anátema (Gl.1:8).
Se um profeta é verdadeiro, sua mensagem é de Deus, cheia de verdade e de autenticidade; seu testemunho representa adequadamente a natureza, o caráter e a missão de Cristo; sua mensagem está em harmonia e em correspondência com todas as revelações de Deus. Repetidas vezes, a Palavra de Deus adverte contra falsos profetas. Precisamos dar ouvidos a essas advertências. Jesus disse: "Acautelai-vos dos falsos profetas" (Mt.7:15). "Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos... operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos" (Mt.24:11,24).
-Paulo compara os falsos profetas a Janes e Jambres, que se opuseram a Moisés e Arão com sinais e maravilhas operados pelo poder de Satanás - “E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”(2Tm.3:8).
-Pedro advertiu que assim como houve falsos profetas no tempo do Antigo Testamento, assim também haverá entre nós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras – “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição”(2Pd.2:1).
-O apóstolo João declarou que já em seus dias muitos falsos profetas atuavam entusiasticamente no meio da igreja – “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1João 4:1).
Quanto mais hoje, portanto, devemos estar alertas quanto aos falsos profetas à medida que a apostasia profetizada para os últimos dias atinge o seu clímax, preparando o mundo e uma falsa religião para a chegada do Anticristo.
Conhecer, amar e obedecer à Palavra de Deus é o único meio seguro de não sermos enganados. Como é trágico que a Bíblia Sagrada seja tão negligenciada hoje por aqueles que se chamam cristãos! Muitos que professam conhecer a Deus e servi-lo têm pouca ou nenhuma sede por Sua Palavra. Em vez disso, buscam sinais e maravilhas, experiências emocionais, novas revelações, o último "mover" do Espírito, ou os dons em lugar do Doador. Como resultado, são suscetíveis a todo "vento de doutrina" (Ef.4:14) e caem vítimas de falsos mestres que “... movidos por avareza, farão comércio de vós com palavras fictícias..." (2Pd.2:3), "supondo que a piedade é fonte de lucro" (1Tm.6:5). A mentira popular da "$emente de fé" – a ideia de que uma contribuição para um ministério abre a porta para milagres e prosperidade – engana e promove cobiça entre os milhões que ignoram a Palavra de Deus. Precisamos julgar as profecias e discernir os espíritos, a fim de não sermos enganados pelos falsos profetas.
2. Através do dom de discernimento de espíritos
O crente que estuda a Palavra de Deus sabe com facilidade discernir os falsos mestres, mas às vezes, as doutrinas proferidas por eles são tão sutis que o discernimento se torna impossível sem a ajuda do Espírito Santo. A Bíblia é clara ao dizer que sempre houve no meio do povo de Deus manifestações espirituais por meio de falsos profetas (Dt.13:1-3), falsos mestres, falsos apóstolos. Satanás é muito sagaz, ele usa todos os seus ardis para ludibriar o povo de Deus. Está escrito que ele e os seus agentes se transformam em anjos de luz, e seus mensageiros, em ministros de justiça (2Co.11:13-15). Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram falsas imitações, e só com o Dom de Discernimento é possível identificar a fonte de tais manifestações. Isso mostra a importância e a atualidade deste Dom (1Co.12:10). Sem dúvida, no mundo espiritual, o Discernimento de espíritos é um Dom imprescindível.
3. A diferença entre Adivinhação e Profecia bíblica
Quem recebe de Deus uma mensagem profética não deve ser confundido com um adivinho, nem pode agir como um. Profetas devem falar quando Deus mandar, e calarem-se quando Deus assim ordenar. Adivinhos geralmente são pessoas compradas, que falam mentiras em prol do dinheiro que poderão ganhar. Motivados pela ganância, tentam predizer o futuro através de interpretação de sonhos, leitura de cartas e outros meios que impressionam os incautos.
Ø A adivinhação faz afirmações vagas e genéricas e não esclarece os fatos; a profecia bíblica é a história escrita antes que aconteça. Ela parte do próprio Deus Todo-Poderoso, que tem uma visão panorâmica das eras e as estabeleceu em Seu plano divino. O próprio Senhor afirma: "lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Is.46:9,10).
Ø A adivinhação interpreta algum tipo de sinal; a profecia bíblica não depende da nossa interpretação, mas se sustenta exclusivamente em sua própria realização.
Ø Adivinhação e interpretação de sinais são baseados em mentiras; a profecia divina é a mais absoluta verdade. Balaão era um "agoureiro" (Nm.24:1) que Balaque, rei dos moabitas, queria usar para amaldiçoar Israel (Nm.23:24). E justamente esse adivinhador foi obrigado a reconhecer: "Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?" (Nm.23:19).
Ø A adivinhação cria confusão mental, turva a visão para a verdade bíblica e bloqueia a disposição das pessoas de crerem no Evangelho de Jesus Cristo; ela embota os sentidos das pessoas, prende-as a falsos ensinos e torna-as inseguras em suas decisões; a profecia divina, entretanto, liberta e dá segurança. Por isso, todos deveriam seguir o conselho de Deus: "Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei. Ouvi-me vós..." (Is.46:11b-12a).
Qualquer pessoa que crê em Jesus Cristo e confia sua vida a Ele tem um futuro seguro e não precisa ter medo de nada. Quem se entrega a Jesus passa a viver sob a bênção da profecia encontrada em João 14:3: "E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também”.
CONCLUSÃO
Muitas pessoas têm acreditado em tudo o que veem ou ouvem. Infelizmente, muitas ideias impressas e ensinadas não são verdadeiras. Os cristãos devem ter fé, porém, não devem ser incautos. Devemos verificar toda mensagem que ouvimos, ainda que a pessoa que a expressa afirme que é de Deus. Se a mensagem for verdadeiramente de Deus, será consistente com os ensinamentos de Cristo. Pense nisso!