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ESDRAS VAI A JERUSALÉM ENSINAR A PALAVRA DE DEUS


Texto Base: Neemias 8:1-12

 

“E Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a congregação [...] E leu nela [...] desde a alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e sábios; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei”(Ne.8:2,3).

Neemias 8:

1.E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o SENHOR tinha ordenado a Israel.

2.E Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a congregação, assim de homens como de mulheres e de todos os entendidos para ouvirem, no primeiro dia do sétimo mês.

3.E leu nela, diante da praça, que está diante da Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e entendidos; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei.

4.E Esdras, o escriba, estava sobre um púlpito de madeira, que fizeram para aquele fim; e estavam em pé junto a ele, à sua mão direita, Matitias, e Sema, e Anaías, e Urias, e Hilquias, e Maaséias; e à sua mão esquerda, Pedaías, e Misael, e Malquias, e Hasum, e Hasbadana, e Zacarias, e Mesulão.

5.E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo; porque estava acima de todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.

6.E Esdras louvou o SENHOR, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém!?, levantando as mãos; e inclinaram-se e adoraram o SENHOR, com o rosto em terra.

7.E Jesua, e Bani, e Serebias, e Jamim, e Acube, e Sabetai, e Hodias, e Maaséias, e Quelita, e Azarias, e Jozabade, e Hanã, e Pelaías, e os levitas ensinavam ao povo na Lei; e o povo estava no seu posto.

8.E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.

9.E Neemias (que era o tirsata), e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao SENHOR, vosso Deus, pelo que não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei.

10.Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.

11.E os levitas fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; por isso, não vos entristeçais.

12.Então, todo o povo se foi a comer, e a beber, e a enviar porções, e a fazer grandes festas, porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do grande valor do ensino das Escrituras Sagradas ao povo de Deus. E o ensino das Escrituras precisa ser realizado por pessoas que se dedicam a este ministério. Esdras estava ciente de que para iniciar a reconstrução religiosa do povo era necessário começar pelo ensino da Palavra de Deus, pois sem ela não há identidade espiritual nem moral. Por isso, Esdras foi a Jerusalém e ensinou o povo as Escrituras Sagradas; o avivamento do povo de Deus foi tremendo, e teve início mediante um autêntico retorno à Palavra de Deus e um esforço decisivo para a compreensão da sua mensagem (Ne.8:8).

Há uma profunda conexão entre o ensino fiel das Escrituras e o avivamento espiritual. Sempre que a Palavra de Deus é exposta com poder há uma profunda manifestação do Espírito Santo, gerando despertamento espiritual na vida do povo de Deus. Neemias 8 é um grande modelo da pregação que produz o verdadeiro crescimento espiritual. Martin Lloyd-Jones disse que a pregação é a tarefa mais importante do mundo, a maior necessidade da Igreja e a maior necessidade do mundo. Podemos afirmar, portanto, que a Palavra de Deus é o elemento central para gerar avivamento, crescimento e desenvolvimento do caráter do povo de Deus.

I. O POVO SE AJUNTOU NA PRAÇA PARA OUVIR A PALAVRA DE DEUS

“E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel”(Ne.8:1).

À época de Neemias e Esdras o maior avivamento espiritual ocorrido em Jerusalém foi a restauração da autoridade da Palavra de Deus sobre o povo. A leitura da Bíblia por Esdras trouxe um grande impacto na vida do povo.

1. O líder deve ser apto para ensinar

Entre os crentes sempre há a necessidade de ensino e esta oportunidade não deve de forma alguma ser negligenciada pelo líder; ele deve procurar aproveitá-la ao máximo possível. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo afirma que o verdadeiro líder deve estar apto para ensinar (1Tm.3:2). Ele deve ensinar a outros e treinar líderes (Tt.1:9). A maior necessidade da Igreja é de homens que conheçam, vivam e ensinem a Palavra de Deus com aptidão. O ensino da Palavra de Deus é a tarefa mais importante que existe no mundo. As pessoas não buscam alguém para lhes contar bonitas experiências, mas procuram um fiel e apto expositor das Escrituras.

2. O povo se reuniu para ouvir a Palavra de Deus

Uma das principais evidências de um avivamento bíblico entre o povo de Deus é a grande fome de ouvir e ler a Palavra de Deus. Esdras subiu numa plataforma especialmente construída para a ocasião e, ao lado de treze levitas, leu por várias horas o que havia no Livro da Lei de Moisés. O povo demonstrou profundo respeito pela Palavra de Deus (ler Ne.8:5,6), à medida que os levitas, mencionados no versículo 7 do capitulo 8, forneciam explicações sobre o que estava sendo dito (Ne.8:8).

O ajuntamento do povo para ouvir a Palavra de Deus naquela ocasião tem quatro características distintas que devem servir de modelo para a Igreja contemporânea (Adaptado do Livro “Neemias”, de Hernandes Dias Lopes):

a) O ajuntamento foi espontâneo (Ne.8:1) – “E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça...”. Deus moveu o coração do povo para reunir-se para buscar a Palavra de Deus. Eles não se reuniram ao redor de qualquer outro interesse. Hoje o povo busca resultados e não a verdade; coisas materiais e não a Deus; benefícios pessoais e não a Palavra de Deus; querem as bênçãos de Deus, mas não o Deus das bênçãos. Têm fome de prosperidade e sucesso, mas não têm fome da Palavra.

b) O ajuntamento foi coletivo (Ne.8:2,3). Todo o povo, homens e mulheres, reuniram-se para buscar a Palavra de Deus. Ninguém ficou de fora. Pobres e ricos, agricultores e nobres, homens e mulheres, jovens e crianças. Eles tinham um alvo em comum: buscar a Palavra de Deus. Precisamos ter vontade de nos reunir não apenas para ouvir cantores famosos ou pregadores conhecidos, mas para ouvir a Palavra de Deus. O centro do culto é a pregação da Palavra de Deus.

c) O ajuntamento foi harmonioso (Ne.8:1) - "Todo o povo se ajuntou como um só homem". Não havia apenas ajuntamento, mas comunhão. Não apenas estavam perto uns dos outros, mas eram unidos de alma. A união deles não era em torno de encontros sociais, mas em torno da Palavra de Deus.

d) O ajuntamento foi proposital (Ne.8:1) - "[...] e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha prescrito a Israel". O propósito do povo era ouvir a Palavra de Deus. Eles tinham sede da Palavra. Eles tinham pressa de ouvir a Palavra. Não era qualquer novidade que os atraía, mas a Palavra de Deus.

Esse método de Esdras e dos levitas tem sido abençoado por Deus ao longo dos séculos e continua a ser um instrumento eficaz para levar o povo de Deus da Nova Aliança à maturidade e ao despertamento espiritual. Pregações textuais e temáticas podem, com frequência, ser inspiradoras e úteis, porém seus benefícios espirituais não se comparam aos resultados alcançados por ministérios semelhantes ao de Esdras. Abençoados são os cristãos que têm o privilégio de ouvir pregações expositivas sobre as Escrituras Sagradas.

3. O povo estava atento à leitura da Palavra de Deus

“E leu nela, diante da praça, que está diante da Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e entendidos; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei”(Ne.8:3).

De pé sobre um púlpito de madeira, durante sete dias, seis horas por dia, Esdras leu o livro da lei (Ne.8:3,18). O povo permaneceu desde a alva até ao meio-dia, sem sair do lugar (Ne.8:7), com os ouvidos atentos. Eles queriam Pão do Céu, a Verdade de Deus. Só o Pão nutritivo da Palavra de Deus pode saciar a fome daqueles que anseiam por Deus.

4. Homens preparados foram designados para o ensino (Ne.8:7)

 “E Jesua, e Bani, e Serebias, e Jamim, e Acube, e Sabetai, e Hodias, e Maaséias, e Quelita, e Azarias, e Jozabade, e Hanã, e Pelaías, e os levitas ensinavam ao povo na Lei; e o povo estava no seu posto”.

Vemos aqui neste versículo que Neemias e Esdras designaram instrutores para ensinar a Palavra de Deus em todas as cidades de Judá. Até os levitas que serviam no Templo foram envolvidos nesse mister (Ne.11:1). Esses líderes tinham plena consciência de que a base do avivamento espiritual é o ensino da Palavra de Deus e a sua obediência.

No Novo Testamento, para cumprir a tarefa do ensino da Palavra, é preciso, em primeiro lugar, que a Igreja se veja dotada de homens e mulheres preparados para ensinar. Um dos grandes problemas que temos visto nas Igrejas Locais da atualidade é o despreparo das pessoas para ensinarem a Palavra de Deus. Quando falamos em preparo, não estamos nos referindo à escolaridade ou ao conhecimento secular de alguém, mas, sobretudo, ao seu conhecimento bíblico, à sua capacidade de manejar bem a Palavra da Verdade (1Tm.2:15). Atualmente temos vistos que, à medida que a escolaridade nas igrejas evangélicas sobe, o conhecimento bíblico decresce. É válido ressaltar que décadas passadas, grande parte dos obreiros das Assembleias de Deus era composta de pessoas iletradas, semialfabetizados, mas tinham profundo conhecimento bíblico; atualmente, estamos repletos de obreiros dotados de diplomas universitários, mas que, biblicamente, são completamente analfabetos. O que é isto? É falta de estudo da Palavra de Deus!

II. A SUPREMACIA DA PALAVRA DE DEUS

A Bíblia é a Palavra de Deus. Esta é a definição canônica mais curta da Bíblia. Tudo o que Deus tem preparado para o homem, bem como o que Ele requer do homem, e tudo o que o homem precisa saber espiritualmente da parte dEle quanto à sua redenção e felicidade eterna, está revelado na Bíblia. Tudo o que o homem tem a fazer é tomar a Palavra de Deus e apropriar-se dela pela fé. Podemos afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus entre outros motivos, porque:

  • A própria Bíblia faz menção da sua inspiração.
  • O Espírito Santo testifica em nosso íntimo que ela é a Palavra de Deus.
  • Nenhum outro livro apresenta tantos testemunhos a respeito da transformação de uma pessoa; muitas conversões foram feitas por meio da leitura da Bíblia, demonstrando o poder da Palavra.
  • A unidade da Bíblia: seus sessenta e seis livros apresentam a pessoa de Jesus Cristo; o Antigo Testamento falava da vinda do Messias e as suas profecias se cumpriram no Novo Testamento; o próprio Jesus destacou ser Ele o tema do Antigo Testamento (Mt.5:17; Lc.24:27:44; João 5:39; Hb.10:7).

Três verdades precisam ser destacadas aqui (Adaptado do Livro Neemias, de Hernandes Dias Lopes):

1. O pregador precisa estar comprometido com as Escrituras (Ne.8:2,4,5)

Esdras era um homem comprometido com as Escrituras Sagradas (Esdras 7:10) - “Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos”. As pessoas não buscam alguém para lhes contar bonitas experiências, mas procuram um fiel expositor das Escrituras. A maior necessidade da Igreja é de homens que conheçam, vivam e preguem a Palavra de Deus com fidelidade. A pregação é a maior necessidade da Igreja e do mundo. A pregação é a tarefa mais importante que existe no mundo. Precisamos nos tornar o povo "do Livro", "da Palavra". Não há avivamento espiritual sem a restauração da autoridade da Palavra de Deus.

2. O povo precisa estar sedento das Escrituras (Ne.8:1,3)

A Bíblia era o anseio do povo. Eles se reuniram como um só homem (Ne.8.1), com os ouvidos atentos (Ne.8:3), reverentes (Ne.8:6), chorando (Ne.8:9) e alegrando (Ne.8:12) e prontos a obedecer (Ne.8:17). O povo queria não farelo, mas trigo; eles queriam Pão do céu, a verdade de Deus. Eles buscaram pão onde havia pão. Muitos vão à Casa do Pão e não encontram pão; são como Noemi e sua família, que saíram de Belém e foram para Moabe, porque não encontraram pão na Casa do Pão. Quando as pessoas deixam a Casa do Pão, encontram a morte.

Há muita propaganda enganosa nas Igrejas hoje. Prometem pão, mas só há fornos frios, prateleiras vazias e algum farelo de pão. Apenas receita de pão não pode matar a fome do povo. Só o pão nutritivo da Verdade pode saciar a fome daqueles que anseiam por Deus.

3. Vejamos as atitudes do povo de Israel em relação às Escrituras Sagradas (Ne.8:1-8)

Quatro atitudes nos chamam a atenção:

a) Eles estavam com os ouvidos atentos (Ne.8:3). O povo permaneceu desde a alva até ao meio-dia, sem sair do lugar (Ne.8:7), com os ouvidos atentos. Não havia dispersão, distração nem enfado. Eles estavam atentos não apenas ao pregador, mas, sobretudo, ao Livro da Lei. Não havia esnobismo nem tietagem, mas fome da Palavra de Deus.

b) A mente deles estava despertada para o conhecimento (Ne.8:2,3,8). A explicação era lógica, para que todos entendessem. O aviamento não foi um apelo às emoções, mas um apelo ao entendimento.

c) Eles estavam reverentes (Ne.8:5) - "Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, porque estava acima dele; abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé". Essa era uma atitude de reverência e respeito à Palavra de Deus. Esse púlpito elevado não era para revelar o garbo do pregador, mas a supremacia da Palavra de Deus.

d) Eles estavam em posição de adoração (Ne.8:6). Esdras ora, o povo responde com um sonoro amém, levanta as mãos e se prostra para adorar. Onde há oração e exposição da Palavra, o povo exalta a Deus e O adora.

III. A PRIMAZIA DA PREGAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS

A Pregação da Palavra de Deus tem a primazia porque ela, a Palavra:

·         É a Verdade (João 17:17). A Bíblia não apenas fala a verdade como também é a própria Verdade.

·         É viva e eficaz (Hb.4:12). A Bíblia é viva por que ela age atuando em nossas vidas; sendo também eficaz, em tudo que faz dá certo.

·         É inspirada por Deus (2Pd.1:20,21). Embora tenha sido escrita por mãos de homens, a Bíblia foi inspirada por Deus a eles. Prova disto é que foi escrita em lugares, épocas, línguas e pessoas diferentes e mesmo assim ela trata dos mesmos assuntos sendo coerente em tudo o que diz, pois o Autor é o mesmo Deus.

·         É útil (2Tm.3:16,17). A utilidade da Bíblia é para diversos assuntos da vida, dando sabedoria e conhecimento ao ser humano em todas as áreas de sua existência.

O apóstolo Paulo, o maior bandeirante do Cristianismo, fechando as cortinas da vida, na antessala de seu martírio, ordenou a Timóteo: “Prega a palavra…” (2Tm.4:2). Uma vez que temos a Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito de Deus, inerrante, infalível e suficiente, não podemos guardá-la apenas para nós. A palavra que nos foi confiada precisa ser transmitida.

Portanto, não basta reconhecer a supremacia das Escrituras Sagradas, é preciso estar comprometido com a primazia da pregação. Sonegar a Palavra é privar as pessoas de conhecer a graça de Deus. Reter a mensagem da salvação é uma atitude cruel com os perdidos, uma vez que a fé vem pelo ouvir a Palavra.

Deus chama os seus escolhidos por meio da Palavra. A Palavra de Deus é poderosa, tem vida em si mesma; é a divina Semente, que semeada em boa terra produz a trinta, a sessenta e a cento por um; nunca volta para Deus vazia; sempre cumpre o propósito para o qual foi designada.

Em Neemias capitulo oito encontramos os três pontos principais da pregação expositiva. Que pontos são esses? (Adaptado do Livro Neemias, de Hernandes Dias Lopes):

1. Ler o texto das Escrituras (Ne.8:2,3,5)

Por ocasião do sermão, a leitura do texto é sobremodo importante, pois é a fonte da mensagem e a autoridade do mensageiro. O texto é o fundamento do sermão. O sermão é o texto explicado. O sermão só é legítimo quando se propõe a explicar o texto lido. Muitos pregadores são descuidados na leitura do texto; atropelam-no e leem-no atabalhoadamente, dando a impressão que o desconhecem ou o desprezam.

2. Explicar o texto das Escrituras (Ne.8:7,8)

Pregar é explicar o texto sagrado. A mensagem é baseada na exegese, ou seja, tirar do texto, o que está no texto. Não podemos impor ao texto nossas ideias, isso é eisegese. Calvino dizia que pregação é a explicação do texto. O púlpito é o trono de onde Deus governa a sua Igreja. O texto governa o pregador. Lutero dizia que existe a Palavra de Deus escrita, a Palavra de Deus encarnada e a Palavra de Deus pregada. Muitos hoje dizem: "Eu já tenho o sermão, só falta o texto". Isso não é pregação. Deus não tem nenhum compromisso com a palavra do pregador, e sim com a Sua Palavra. É a Palavra de Deus que tem a promessa de não voltar vazia e não a palavra do pregador.

3. Aplicar o texto das Escrituras (Ne.8:9-12).

A aplicação do texto é o alvo do sermão. O sermão precisa alcançar o coração dos ouvintes como uma flecha. A mensagem não é só verdadeira, mas também relevante. Para usar uma figura de John Stott, o sermão é uma ponte entre dois mundos - ele liga o texto antigo ao ouvinte contemporâneo. O pregador traz o texto antigo à audiência moderna. O sermão leva a voz de Deus aos ouvintes contemporâneos. O pregador precisa ler o texto e sentir o povo; ele deve pregar não diante da congregação, mas à congregação.

A aplicação num sermão não é simplesmente um apêndice da discussão ou subordinada a ela, mas é a coisa principal a ser feita. Onde começa a aplicação, começa o sermão.

Entretanto, há um grande perigo de heresia na aplicação de um texto; se não o interpretarmos corretamente, vamos aplicá-lo distorcidamente, vamos prometer o que Deus não está prometendo e corrigir quando Deus não está corrigindo. À época de Neemias e Esdras a exposição e a aplicação correta da Palavra de Deus produziram na vida do povo vários resultados preciosos que subsistiram por muito tempo.

IV. RESULTADOS DO ENSINO DA PALAVRA DE DEUS

A Bíblia Sagrada é a revelação de Deus para a humanidade, e esta revelação contém ensinos preciosos e indispensáveis para que o homem viva. O povo de Deus se dispôs a seguir ao Senhor depois que Esdras e Neemias, em cumprimento à própria Lei, ajuntou o povo para ler a Palavra de Deus para o povo. O avivamento foi decorrência direta dessa reunião, em que não só o povo ouviu a leitura da Lei como também teve lições a respeito de seu significado (Ne.8:7,8).

O ensino da Palavra de Deus por Esdras e Neemias atingiu as seguintes áreas vitais da vida do povo (Adaptado do Livro Neemias, de Hernandes Dias Lopes):

1. Atingiu o intelecto do povo (Ne.8:8)

“E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse”.

A pregação foi dirigida à mente. O culto foi racional. Esdras subiu numa plataforma especialmente construída para a ocasião e, ao lado de treze levitas, leu por várias horas o que havia no Livro da Lei de Moisés. O povo demonstrou profundo respeito pela Palavra de Deus, à medida que os levitas, mencionados em Ne.8:7, forneciam explicações sobre o que estava sendo dito (Ne.8:8). Uma vez que o aramaico substituiu o hebraico após o cativeiro, era necessário explicar ao povo muitas palavras hebraicas presente nas Escrituras.

2. Atingiu a emoção do povo (Ne.8:9-12)

Esse fato pode ser provado por duas reações do povo ao ouvir a exposição da Palavra:

a)    A primeira reação foi choro pelo pecado (Ne.8:9). A Palavra de Deus produz quebrantamento, arrependimento e choro pelo pecado. O verdadeiro conhecimento nos leva às lágrimas. Quanto mais perto de Deus você está, mais tem consciência de que é pecador e mais chora pelo pecado. O emocionalismo é inútil, mas a emoção produzida pelo entendimento é parte essencial do povo de Deus. É impossível compreender a verdade sem ser tocado por ela.

b)    A segunda reação foi a alegria da restauração (Ne.8:10). As festas deviam ser celebradas com alegria (Dt.16:11,14). A alegria, como fruto do Espírito, tem três aspectos importantes:

·  Uma origem divina. "A alegria do Senhor". Essa não é uma alegria circunstancial, momentânea, sentimental, é a alegria de Deus, indizível e cheia de glória.

·  Um conteúdo bendito. Deus não é apenas a origem, mas o conteúdo dessa alegria. O povo regozija-se não apenas por causa de Deus, mas em Deus - Sua graça, Seu amor, Seus dons. É na presença de Deus que há plenitude de alegria.

·  Um efeito glorioso - "A alegria do Senhor é a nossa força"(Ne.8:10). Quem conhece essa alegria não olha para trás como a mulher de Ló. Quem bebe da fonte das delícias de Deus não vive cavando cisternas rotas. Quem bebe das delícias de Deus não sente saudades do Egito. Essa alegria é a nossa força. Foi essa alegria que Paulo e Silas sentiram na prisão. Essa é a alegria que os mártires sentiram na hora da morte - era “a alegria do Senhor”. Aleluia!

3. Atingiu o anseio do povo (Ne.8:11,12)

11.E os levitas fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; por isso, não vos entristeçais.

12.Então, todo o povo se foi a comer, e a beber, e a enviar porções, e a fazer grandes festas, porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber.

Isso pode ser conferido por duas decisões tomadas pelo povo depois de ouvir a Palavra:

  • Primeira, obediência a Deus (Ne.8:12). O povo obedeceu à voz de Deus e deixou o choro e começou a regozijar-se.
  • Segunda, solidariedade ao próximo (Ne.8:12). O povo começou não apenas a alegrar-se em Deus, mas a manifestar seu amor ao próximo, enviando porções àqueles que nada tinham. Não podemos separar a dimensão vertical da horizontal no culto.

4. Foi gerado no coração do povo temor a Deus (Ne.9:1-3)

1.E, no dia vinte e quatro deste mês, se ajuntaram os filhos de Israel com jejum e com pano de saco e traziam terra sobre si.

2.E a geração de Israel se apartou de todos os estranhos, e puseram-se em pé e fizeram confissão dos seus pecados e das iniquidades de seus pais.

3.E, levantando-se no seu posto, leram no livro da Lei do SENHOR, seu Deus, uma quarta parte do dia; e, na outra quarta parte, fizeram confissão; e adoraram o SENHOR, seu Deus.

Como resultado do ensino da Palavra de Deus, o povo confessou os seus pecados, apartou-se de deuses estranhos, adorou ao Senhor seu Deus, e com Ele fez firme concerto (Ne.9:1-3). Foi, na verdade, uma demonstração de grande avivamento espiritual. A Palavra de Deus é poder de Deus (Rm.1:16). Pelo temor a Deus o crente se aparta do mal (Pv.3:7), se desvia do mal (Pv.16:6), e aborrece o mau caminho (Pv.8:13).

CONCLUSÃO

Vimos neste estudo que a leitura, a explicação e a aplicação da Palavra trouxeram choro pelo pecado e alegria de Deus na vida do povo. Vimos também que a liderança se reuniu para aprofundar-se no estudo da Palavra e o resultado foi a restauração da vida religiosa de Jerusalém. Essas reuniões de estudo aconteceram durante 24 dias (Ne.8:1-3,8,13,18; 9:1). Havia fome da Palavra; o estudo e a obediência dela trouxeram um poderoso reavivamento espiritual.

Qualquer movimento espiritual que dispense o estudo das Escrituras Sagradas, que dispense a meditação na Palavra do Senhor, não pode produzir vida espiritual alguma. Para que tenhamos um verdadeiro avivamento, para que nos santifiquemos e nos tornemos fortes espiritualmente, é mister que sejamos iluminados, e a única luz que existe é a Palavra de Deus (Sl.119:105). Portanto, se quisermos Igrejas avivadas, comecemos pela Palavra de Deus; sem ela, não pode haver despertamento espiritual.