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O LIVRO DE JÓ

 

Texto Base: 2Timóteo 3:16; Ezequiel 14:14,19,20; Tiago 5:11.
"Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso" (Tg.5:11).

2Timóteo 3:

16.Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça,

Ezequiel 14:

14.ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles, pela

sua justiça, livrariam apenas a sua alma, diz o Senhor Jeová.

19.Ou se eu enviar a peste sobre a tal terra e derramar o meu furor sobre ela com sangue, para arrancar dela homens e animais;

20.ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Jeová, que nem filho nem filha eles livrariam, mas só livrariam a sua própria alma pela sua justiça.

Tiago 5:

11.Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.

INTRODUÇÃO

Estamos iniciando mais um trimestre letivo, em que estudaremos a respeito do seguinte tema: “A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: Lições do Sofrimento e da Restauração de Jó”. Teremos como pano de fundo a história de Jó. Embora esse patriarca tenha vivido há milhares de anos, num contexto histórico, geográfico, cultural e religioso muito diferente dos tempos contemporâneos, as lições que aprenderemos com ele são atuais e oportunas. O seu testemunho é dramático e sua perseverança na fé no torvelinho das tempestades nos estimula a servir a Deus em quaisquer circunstâncias. Até que a história feche suas cortinas, buscaremos na história de Jó alento e esperança. Por pior que seja a situação, por mais sombria que seja a realidade, Deus é poderoso para reverter o quadro e trazer-nos à tona para respirar. Com Deus não há causa perdida; para Ele não há impossíveis. Com Deus, nossas noites escuras e frias podem converter-se em manhãs cheias de luz e calor.

Nesta Aula introdutória, trataremos a respeito do Livro de Jó, uma das mais impressionantes literaturas bíblicas pertencentes ao cânon sagrado; nele é demonstrado a grandeza de Deus diante da limitação humana. Este Livro apresenta o mais antigo e fundamental questionamento do homem sobre o interminável problema: o destino do ser humano e a forma com que Deus o trata neste planeta. É, portanto, uma obra que alimenta a nossa esperança quando tudo mais parece ter perdido o sentido. Acredito que não há na Bíblia, ou fora dela, literatura de mérito comparável. Nosso objetivo é compreender o que este Livro santo diz a respeito do sofrimento do justo e as respostas dele diante do sofrimento impiedoso.

I. AUTORIA, LOCAL E DATA DO LIVRO DE JÓ

1. O autor de Jó

O Livro não fornece o nome de seu autor, embora a tradição judaica aponte para Moisés. Outros autores sugeridos são: Eliú, Salomão, Ezequias, Esdras, ou ainda o próprio Jó. Como Jó viveu mais 140 anos após os diálogos e acontecimentos narrados no Livro, ele pode ser a alternativa mais provável. A própria Bíblia não diz quem é o autor do livro de Jó, mas o fato é que o autor conhecia a forma poética e nela expressou a maior parte do livro. Embora o autor seja desconhecido, o texto não apresenta nenhum problema de inspiração ou exatidão histórica.

2. A pessoa histórica de Jó

A Escritura descreve Jó assim:

Havia um homem na terra de Uz, e seu nome era Jó. Ele era um homem íntegro e correto, que temia a Deus e se desviava do mal (Jó 1:1).

Jó era um homem verdadeiro, e não um mito, como querem os críticos céticos. Ele era um homem excepcional, mas não único. Ele tinha uma alma sensível, mas uma estrutura moral e espiritual granítica. Seus valores estavam solidamente plantados na rocha dos séculos. Mesmo golpeado pelo sofrimento atroz, mesmo abandonado pelas pessoas mais achegadas, agarrou-se a Deus e disse:

“Eu sei que o meu redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra. Depois, destruído o meu corpo, então fora da carne verei Deus. Eu o verei ao meu lado, e os meus olhos o contemplarão, não mais como adversário. O meu coração desfalece dentro de mim (Jó 19:25-27).

Em Ezequiel 14:14, Jó é citado como personagem histórico, não fictício. O apóstolo Paulo cita Jó 5:13 em 1Corintios 3:19: “Ele apanha os sábios na própria astúcia deles”. Tiago 5:11 também faz referência a Jó: “tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo”.

Em Jó 1:1-3 é dito que ele era um homem muito rico; possuía milhares de ovelhas, camelos e outros rebanhos; tão vasta era a sua posse de rebanhos, que era o maior de todo os homens do Oriente. Ele tinha uma grande família e muitos servos. De repente, Satanás, o acusador, compareceu perante Deus e defendeu a tese que Jó só confiava nEle porque era rico, e tudo lhe corria bem. E assim teve início o teste da fé desse grande homem de Deus. A Satanás foi permitido destruir-lhe os filhos, os servos, o gado, os pastores, e a casa; porém, Jó continuou confiando em Deus.

Jó era um homem íntegro e reto e temente a Deus, e desvia-se do mal (Jó 2:3) - esta avaliação foi dada pelo próprio Deus. Ele tinha sete filhos e três filhas. Mesmo sendo justo, ele perdeu a riqueza, os filhos e a saúde; até mesmo seus amigos foram convencidos de que Jó havia causado este sofrimento a si próprio. Ele não compreendeu o motivo dessa desgraça. Para Jó, a grande provação não foi a dor ou a perda, mas o fato de não poder compreender por que Deus permitia que ele sofresse. Enquanto Jó lutava para compreender o motivo de todas aquelas desgraças, tornava-se claro que ele não viria a conhecê-los. Jó teria de conviver com as respostas e explicações que possuía. Somente então sua fé seria completamente desenvolvida.

Precisamos viver a vida como fez Jó – um dia de cada vez, sem respostas completas para todas as questões da vida. Será que nós, assim como Jó, confiamos em Deus mais que em qualquer outra coisa? Ou cederemos a tentação de dizer que Deus não se interessa realmente? Pense nisso!

3. A terra de Jó

Conforme Jó 1:1, Jó morava na terra de Uz. O nome pode se referir a um dos três homens chamados Uz que são mencionados na Bíblia. Um deles é Uz, filho de Naor. No entanto, Uz, filho de Disã, neto de Seir, é mais favorável a ser o Uz pela a qual a terra tomou o nome, isso por que ele habitava a terra de Seir, conquistada pelos edomitas, tendo em vista que as evidências textuais do Livro de Jó indicam que a terra de Uz era próxima de Edom.

Conforme Wikipédia, a enciclopédia livre, Uz é por vezes identificada com o reino de Edom, aproximadamente na área da moderna Jordânia, sudoeste e sul de Israel. Pelo visto, Uz ficava perto de Edom, a leste de Petra, o que permitiria uma ampliação posterior do domínio edomita até Uz, ou que alguns edomitas posteriores residissem na “terra de Uz”, conforme indicado em Lamentações 4:21, que diz: "Regozija-te e alegra-te, ó filha de Edom, que habitas na terra de Uz".

Outras localizações propostas para Uz incluem a Arábia mais ao sul, especialmente Dofar, citada como sendo a casa dos árabes originais, a leste de Basã no sul da Síria/norte da Jordânia, Arábia a leste de Petra na Jordânia. Mas, as duas possibilidades mais aceitas pelos estudiosos a respeito da localização de Uz, são:

  • Uz estaria localizada em uma área entre Damasco e o Rio Eufrates, na orla do deserto da Arábia.
  • Uz estaria localizada na fronteira de Edom, no deserto da Arábia.

Esta última possibilidade situa Uz mais perto das localizações comumente aceitas para os lugares de origem dos três amigos de , que vieram visitá-lo. Segundo o documento do Mar Morto, o Manuscrito de Guerra, a terra de Uz é mencionada como existente em algum lugar além do Eufrates, possivelmente, em relação à Síria.

4. A época de Jó

É amplamente aceito que Jó viveu antes do nascimento de Abraão. Portanto, a experiência apresentada no livro se encaixaria cronologicamente em algum momento da parte final do capítulo 11 de Gênesis. Há várias razões para atribuir a história de Jó a esse período. Em primeiro lugar, o livro não apresenta provas concretas de que ele fosse judeu. Além disso, não há menção ao êxodo ou a à Lei de Moisés. Na verdade, o texto deixa claro que Jó atuava como sacerdote da própria família (Jó 1:5), prática típica do período patriarcal; as filhas de Jó eram coerdeiras juntamente com seus irmãos (Jó 42:15), o que não era permitido pela lei mosaica (cf. Nm.27:8). O estilo de vida apresentado no livro (mensurando a riqueza pessoal pela posse de rebanhos) também é condizente com a época dos patriarcas. Sua longevidade (viveu mais de duzentos anos) também é característica da era imediatamente anterior a Abraão. Esses fatos, além dos tipos de instrumentos musicais (Jó 21:12) e do dinheiro (Jó 42:11) mencionados no livro (a palavra hebraica qesitah, traduzida como "uma peça de dinheiro" (Jó 42:11), só aparece em outras duas ocasiões na Bíblia: uma em Gênesis 33:19 e a outra em Josué 24:32), levaram os estudiosos a relacionar Jó às partes antigas da cronologia de Gênesis.

II. ESTRUTURA LITERÁRIA DO LIVRO DE JÓ

1. Prosa e poesia

Para tratar desse item tomei como escora o argumento de Claudio Crispim (articulista do Portal Estudo Bíblico - www.estudosbiblicos.org); ele afirma que o Livro de Jó é classificado como poético, assim como os cinco Livros dos Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão e Lamentações.

O conteúdo de Jó é uma combinação de prosa-poesia-prosa (nessa ordem). Ele está literariamente organizado assim: uma prosa nos primeiros capítulos; uma longa poesia no meio; mais uma prosa no último capítulo. Assim, o prólogo (Jó 1:1-2.13), bem como a introdução aos discursos de Elíú (Jó 32:1-5) e o epílogo (Jó 42:7-17) estão em prosa; o restante do texto está em poesia.

Por que classificam o Livro de Jó como poético? Por causa da estrutura dos diálogos entre Jó e seus amigos, construída através de muitos ‘paralelismos’. Por paralelismo, o que dá sustentabilidade à poesia hebraica, temos a valoração do pensamento, através da ênfase, da repetição, do contraste e da elaboração de ideias, sem levar em conta elementos como ritmos, rimas e métricas, elementos essenciais às poesias ocidentais.

Como a estrutura da poesia hebraica repousa no desenvolvimento de ideias, a tradução do texto para outras línguas permite que se tenha maior precisão e preservação da ideia do texto, o que não ocorre nas poesias ocidentais pela impossibilidade de se transpor ritmo, rima e métrica para qualquer tradução. O poema ‘Canção do exílio’, de Gonçalves Dias, por exemplo, é primoroso pelo ritmo, rima e métrica, de modo que a melodia, pelo encadeamento do ritmo, como a rima, permite descrever a beleza da terra do autor com leveza ímpar, do ponto de vista patriótico e nacionalista. Observe:

“Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá”.

Veja como fica a versão em Inglês deste poema:

 “My land has palm trees

Where the thrush sings.

The birds that sing here

Do not sing as they do there”.

O ritmo e a rima, que dá graciosidade ao texto, se perdem na tradução e somente as expressões figurativas permanecem intocadas.

Já, o paralelismo, a base da poesia hebraica, trabalha analogias através de comparações, de modo a fazer com que o leitor conclua uma ideia por deduções simples, induzidas por figuras de linguagem, como personificações, hipérboles, metáforas, símiles e aliterações. Devemos agradecer a Deus o fato de a poesia bíblica empregar este recurso, pois é possível adaptar o texto satisfatoriamente a quase todas as línguas, sem perda significativa de beleza no processo de tradução.

O paralelismo sintético (ou, formal, construtivo) trabalha um pensamento na primeira linha do poema e a segunda linha desenvolve e enriquece a ideia que está na primeira linha, que compõe a estrofe, através de uma relação de causa e efeito. Observe: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Salmo 19:1).

2. Livro de Sabedoria

Os eruditos classificam, também, o Livro de Jó como Livro de Sabedoria, assim como o Livro de Provérbios e de Eclesiastes. Os eruditos entendem que o livro de Jó trata de questões práticas, pertinentes à existência humana, tais como fatalismo, materialismo, espiritualidade, sofrimento, moralidade, etc. Por meio de diálogos comoventes, o sofredor, porém íntegro Jó, discute com seus “amigos” as razões de sua desgraça. Ao final, aprende, por meio de contato pessoal com Deus, a aceitar a sabedoria e a vontade divina sobre sua vida. Trata-se, portanto, de literatura sapiencial em sua melhor forma, reconhecida até mesmo por incrédulos como poesia da mais alta qualidade.

Não se pode negar que o Livro de Jó é de riqueza incalculável do ponto de vista literário, mas, também, pelo seu valor como poesia, sem falar do seu conteúdo histórico. Entretanto, o tesouro que há no Livro de Jó não é de ordem literária, filosófica, histórica, sociológica e nem psicológica. Na sua grande maioria, os livros e estudos acerca do Livro de Jó, destaca o sofrimento do patriarca, o que fomenta inúmeras discussões de viés filosófico, antropológico e, até mesmo, ontológico.

O Livro de Jó funciona como um espelho, ao refletir que a justiça do homem mais íntegro que já viveu, está aquém da justiça de Deus. A integridade de Jó estabelece um contraste que evidencia a justiça de Deus, de modo que o sofrimento torna-se mero pano de fundo para revelar uma verdade imprescindível ao ser humano.

3. Lugar no Cânon

O Livro de Jó faz parte da terceira divisão do cânon hebraico (o Kethubim, os hagiógrafos, ou Escritos); a ordem nessa divisão tem variado nas diferentes tradições. Atualmente, Jó é colocado entre Provérbios e Cantares de Salomão (Cânticos de Salomão) no cânon hebraico. A Tradução Brasileira coloca Jó entre Ester e os Salmos, onde Jó é o primeiro dos três grandes livros poéticos. Esta é a ordem usada por Jerônimo na sua tradução Vulgata, e subsequentemente ela foi confirmada no Concilio de Trento (1545-1563) em sua declaração oficial do cânon das Escrituras Sagradas.

III. NATUREZA E MENSAGEM DO LIVRO DE JÓ

O Livro de Jó é um emocionante drama de uma pessoa que vai da riqueza à extrema miséria, e é restituído em dobro. Um tratado teológico sobre sofrimento e soberania divina, e um retrato da fé persistente. Ao ler o livro de Jó, analisemos sua vida e chequemos seu alicerce. Possamos estar aptos a afirmar que, quando nada mais restar além de Deus, Ele é suficiente.

1. Por que os justos sofrem?

Se Deus nos ama, por que sofremos? Este é um dos assuntos mais intrigantes da vida. Não é simples refletir a respeito desta questão do sofrimento do justo. Os profetas do Antigo Testamento analisaram esta questão e ficaram muitas vezes angustiados com o sofrimento do justo.

-O profeta Habacuque, num dado momento da sua vida, ficou desesperado ao perceber como o justo era esmagado, injustiçado e pisado pelo ímpio.

-O salmista Asafe, por sua vez, no Salmo 73, entra numa crise espiritual, porque olha de sua janela e vê o ímpio prosperando, tendo saúde, amigos, e ele, que era piedoso, era castigado cada manhã, passando por lutas e provações as mais amargas.

- Jó não compreendeu o motivo de seu sofrimento. Ele, um homem rico e justo, perdeu todas as suas posses, seus filhos e sua saúde. Por que Deus permitiu um sofrimento tão atroz na vida de um homem justo, reto e temente a Deus e que se desviava do mal? Não havia falta em Jó; ele preenchia todos os requisitos dos seus dias de um homem exemplar. Embora haja uma explicação, é possível que não a conheçamos aqui na Terra. Enquanto isto, devemos estar sempre prontos para enfrentar as provações em nossa vida.

Talvez neste momento estejamos passando por dificuldades e aflições indescritíveis, apesar de estarmos em comunhão com Deus. Quem sabe tenhamos perdido o emprego, ou estamos lidando com dramas de enfermidade em nossa casa. Pode ser que estejamos passando por lutas emocionais ou lutas espirituais. Talvez nossa vida esteja sendo encurralada por circunstâncias adversas que fogem ao nosso controle. Talvez estejamos enfrentando como que uma avalanche que desce sobre nós e nos envolve e engole e, então, não sabemos mais o que fazer da vida. Contudo, não existe causa perdida para Jesus. Não existe problema que Ele não possa resolver. Não existe situação irrecuperável para Jesus. Lázaro estava morto e sepultado há quatro dias. Era uma causa perdida para muitos, mas, para Jesus, era uma causa vitoriosa.

Talvez haja algumas causas na vida que consideramos perdidas. Quem sabe com relação à nossa saúde, os médicos já lavraram a sentença, não tem cura. Mas há algo importantíssimo que quero dizer: se Jesus quiser, com toda certeza, tem jeito. Para Ele não há causa perdida. Talvez pensemos: para mim não tem mais jeito, não tem mais recuperação. Se Jesus quiser, tem jeito, porque Ele perdoa pecados, é Ele quem levanta o caído e restaura o abatido, Ele faz novas todas as coisas. Jesus pode restaurar nossa alma e salvar a nossa vida.

Deus é Todo-Poderoso. Sua vontade é perfeita, ainda que nem sempre Ele aja segundo a nossa compreensão. O sofrimento de Jó não fazia sentido, pois todos acreditavam que as pessoas boas deveriam prosperar. Quando Jó estava a ponto de desesperar-se, Deus falou com ele, mostrando-lhe o seu grande poder e sabedoria.

Embora presente em todos os lugares, Deus às vezes parece distante, e isto pode causar-nos um sentimento de solidão. Pelo fato de Ele ser suficiente, devemos permanecer firmes em comunhão com Ele, independente das circunstâncias adversas. Pense nisso!

2. Existe bondade desinteressada?

Muitos imaginam que o crente só permanece fiel a Deus enquanto não chegam as tribulações, enquanto a escassez não bate à porta, enquanto as doenças não chegam. Esta, também, foi a tese de Satanás quando ele acusou Jó diante de Deus.

Jó 1:6-12 narra uma reunião que houve entre Deus e os seus filhos, provavelmente os anjos, certamente nas regiões celestes. Nessa reunião aparece Satanás, o adversário. E o próprio Deus toma a iniciativa da conversa, perguntando a Satanás: “De onde vens? Satanás responde: De rodear a terra e de passear por ela”.

Deus pergunta novamente a Satanás: “Observaste o meu servo Jó? É um homem íntegro e correto, que teme a Deus e se desvia do mal”. Satanás, de uma forma covarde e acusatória, disse: "Também pudera! Porventura Jó inutilmente serve a Deus? Tu tens abençoado a vida desse homem. É um indivíduo rico e poderoso. Tudo em que esse homem põe a mão vira dinheiro. Tu cercaste a vida dele com uma cerca viva, abençoaste as obras de suas mãos. Desse jeito, qualquer pessoa serviria a ti".

O Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu Livro “As Teses de Satanás”, afirma que Satanás é um inveterado turista. Ele está por aí, percorrendo a terra, vasculhando a vida das pessoas, armando laços para uns e instigando outros à queda. Satanás não tira férias nem tem dias de folga. Ele está 24 horas por dia no ar, vivo e ativo no planeta Terra, como um leão que ruge, buscando uma oportunidade para devorar suas presas.

Satanás é um ser rebelde e maligno, por isso, vê tudo de forma distorcida. Olha para Deus e para os seres humanos projetando sua maldade. Satanás suspeitou de Deus e também de Jó. Levantou dúvidas a respeito de Deus e também de Jó. Lançou suas setas venenosas contra Deus e também contra Jó. Segundo Hernandes Dias Lopes, Satanás aqui insinuou duas coisas:

-Primeiro, que Deus precisa subornar as pessoas com bênçãos para receber delas adoração. Satanás está dizendo que Deus não é honesto. Que Deus precisa comprar o louvor dos homens oferecendo-lhes bênçãos especiais. Satanás se levanta contra o caráter de Deus, acusa-o e questiona suas motivações.

-Segundo, que Jó só servia a Deus por interesse. Satanás estava insinuando que Jó também não era honesto. Estava afirmando que a devoção de Jó não passava de uma barganha com Deus. Satanás acusou Jó de ser um utilitarista que se aproximava de Deus não por quem é Deus, mas por aquilo que Deus dava. Na verdade, Satanás estava defendendo a tese de que todo mundo serve a Deus por algum interesse egoísta; que ninguém ama mais a Deus do que ao dinheiro. Satanás estava redondamente enganado. Jó era cônscio de que a riqueza vinha de Deus, e ele sabia que seu amor deveria ser endereçado a Deus, e não às dádivas de Deus. Jó tinha claro em sua mente que o abençoador é melhor do que a bênção e que o doador é melhor do que suas dádivas. Essa é atitude de um verdadeiro filho de Deus, e assim que devemos proceder!

3. Pode o homem compreender Deus?

O homem que procura compreender Deus é chamado, pelo apóstolo Paulo, de “homem natural” (1Co.2:14), que é o homem não salvo, o homem que não se entregou ainda a Cristo Jesus. Dentro da lógica humana, as coisas de Deus são “loucura” e jamais serão entendidas e/ou compreendidas. A questão para Jó não foi tanto o compreender Deus, mas experimentá-lo. Viver e experienciar Deus mudou completamente a vida de Jó (Jó 38-42). Esta é uma grande lição para todos nós.

CONCLUSÃO

Nesta Aula introdutória aprendemos algumas lições básicas sobre o contexto histórico e literário do livro de Jó. Aprendemos que Jó é o primeiro dos livros poéticos na Bíblia hebraica. Alguns acreditam ter sido este o primeiro livro a ser escrito da Bíblia Sagrada. O livro também mostra como Satanás trabalha contra o filho de Deus. O Livro de Jó também nos ensina que Deus está no controle do mundo, e apenas Ele compreende por que o justo sofre. Isto somente nos fica claro quando vemos Deus como Ele realmente é. Precisamos corajosamente aceitar o que Deus permitir que aconteça em nossa vida, e permanecermos firmemente comprometidos com Ele.